segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Santas Festejadas no mês de novembro


nov 02  Beata Margarida de Lorena, Viúva  MR
nov 02  Santa Vinfreda (Gwenfrewi, Winfred) de Gales, Virgem e mártir  MR
nov 03  Santa Ida de Fischingen  MR
nov 03  Santa Odrada  MR
nov 03  Santa Sílvia, Mãe de S. Gregório Magno  MR
nov 03  Santa Margarida de Oingt, Certosina  
nov 03  Beata Alpaide de Cudot,Virgem  MR
nov 04  Santa Modesta de Treviri, Virgem   MR
nov 04  Beata Francisca De Amboise  MR
nov 04  Beata Helena Enselmini, Monja   MR
nov 04  Beata Teresa Manganiello, Terciária franciscana 
nov 05  Santa Bertila, Abadessa de Chelles  MR
nov 05  Santa Canônica, Anacoreta  
nov 05  Santa Comasia, Virgem e mártir  
nov 05  Santa Trofimena, Virgem e mártir  
nov 05  Beata Beatriz da Suábia, Rainha
nov 05  Beata Maria Carmela Viel Ferrando, Virgem e mártir  MR
nov 06  Santa Beatriz de Oliva, Monja cistercense   
nov 06  Beata Cristina de Stommeln, Mística   MR
nov 07  Beata Eleonora de Portugal, Rainha, mercedária 
nov 07  Beata Lúcia de Settefonti, Virgem 
nov 08  Beata Maria Crucifixa Satellico, Clarissa   MR
nov 09  Beata Elisabete da Trindade Catez, Carmelita   MR
nov 09  Beata Joana de Signa, Virgem  MR
nov 09  Beata Maria do Monte Carmelo do Menino Jesus, Fundadora
nov 09  Santas Eustólia e Sopatra, Monjas   MR
nov 10  Santa Ninfa, Mártir   
nov 10  Santa Osnat, Virgem irlandesa    
nov 11  Beata Alice Kotowska, Virgem e mártir  MR
nov 11  Beata Vicenta Maria (Luiza) Poloni, Religiosa   
nov 11  Santa Marina de Omura, Virgem e mártir   MR
nov 12  Beata Branca de Aragão, Rainha, mercedária  
nov 13  Santa Agostinha (Livia) Pietrantoni, Religiosa  MR
nov 13  Santa Maxelendis, Virgem e mártir   MR
nov 13  Beata Maria do Patrocínio de S. João, Virgem e mártir    MR
nov 13  Beata Maria Teresa de Jesus (Maria Scrilli), Fundadora 
nov 14  Santa Balsâmia, Nutriz 
nov 14  Beata Maria Merkert, Virgem   
nov 14  Santa Veneranda, Mártir   
nov 15  Beata Lúcia (Broccadelli) de Narni, Dominicana   MR 
nov 15  Beata Maria da Paixão (Helena Ma.C.de Neuville) Religiosa, fundadora  MR
nov 16  Santa Gertrudes a Grande, Virgem  MR
nov 16  Santa Inês de Assis  MR
nov 16  Santa Margarida da Escócia, Rainha e viúva   MR
nov 17  Santa Isabel da Hungria, Religiosa  MR
nov 17  Santa Hilda, Abadessa   MR
nov 17  Beata Salomé da Cracóvia, Rainha da Hungria, abadessa   MR
nov 18  Santa Filipina Rosa Duchesne, Monja   MR
nov 18  Beata Carolina Kozka, Virgem e mártir  MR
nov 18  Beata Maria Gabriela Hinojosa e 5 comp. visitandinas mártires na Espanha  MR
nov 19  Santa Matilde de Hackeborn (ou de Helfta), Monja  MR
nov 20  Beata Maria dos Milagres Ortelles Gimeno, Virgem e mártir   MR
nov 20  Beata Maria Fortunata Viti, Beneditina   MR
nov 20  Beatas Ângela de S. Jose e comp. Mártires  MR
nov 21  Beata Francisca Siedliska (Ma.de Jesus Bom Pastor) Fundadora  MR
nov 22  Santa Cecília, Virgem e martir  MR
nov 22  Beata Joana de Montefalco 
nov 23  Santa Cecília Yu So-sa, Viúva e mártir  MR
nov 23  Santa Felicidade e sete irmãos Mártires  MR
nov 23  Santa Lucrecia de Mérida, Mártir  MR
nov 23  Santa Mustíola, Mártir  MR
nov 23  Beata Henriqueta Alfieri, Filha da Caridade 
nov 23  Beata Margarida de Savóia, Religiosa dominicana  MR
nov 23  Beata Maria Cecília Cendoya Araquistan, visitandina, mártir na Espanha  MR
nov 23  Beata Teresa de Jesus Menino, mercedária 
nov 24  Santa Enfrida, Rainha de Bernicia, Abadessa  
nov 24  Santa Firmina (ou Fermina) de Amélia, Mártir   MR
nov 24  Santas Flora e Marta (Maria) de Córdoba, Mártires  MR
nov 24  Beata Maria Ana Sala, Virgem  MR
nov 24  Beatas Niceta de Sta.Prudência  e 11 comp.Virgens e mártires  MR
nov 25  Santa Catarina de Alexandria, Mártir  MR
nov 25  Beata Beatriz de Ornacieu, Virgme e monja certosina  MR
nov 25  Beata Elisabete Achler de Reute, Virgem, Terc.franciscana  MR
nov 25  Beata Malcolda Pallio, Monja beneditina  
nov 26  Beata Caetana Sterni  MR
nov 26  Beata Delfina de Signe, Viúva  MR
nov 26  Santas Magnância e Máxima, Virgens   
nov 27  Santa Bililde, Duquesa  MR
nov 27  Santa Odalberta (brilho, esplendor dos bens) Virgem de Mons  (sec.VIII)
nov 28  Santa Fausta Romana, Viúva  
nov 28  Santa Teodora de Rossano, Abadessa   MR
nov 29  Beata Maria Madalena da Encarnação (Catarina Sordini), Fundadora
nov 29  Santa Iluminada, Venerada em Todi  MR
nov 30  Santa Maura de Constantinopla, Mártir  

sábado, 29 de outubro de 2011

Beata Benvinda Boiani, Virgem dominicana - 30 de outubro

     Era o mês de maio de 1255, na cidade de Cividale del Friuli, Itália. Um pai esperava ansioso que a sétima criança a nascer fosse um menino, pois já eram seis as filhas que tinha. Mas, diante da chegada de uma sétima menina, bom católico que era, exclamou: “Esta também é benvinda!”. E depois deste ato de fé decidiu que o nome da criança seria Benvinda.
     Este piedoso pai haveria de se alegrar sempre mais com esta filha que foi uma verdadeira bênção, pois parecia mais do céu do que da terra. Nada de transitório a atraia e as irmãs jamais conseguiram induzi-la às vaidades humanas.
     Guiada somente por seu fervor e pela inexperiência da juventude, entregou-se a penitências extraordinárias. São Domingos lhe apareceu reprovando-a severamente por seus rigores indiscretos e lhe ordenando que se colocasse sob a régia via da obediência. Ele mesmo indicou o santo dominicano sob cuja direção ela deveria passar toda a vida.
     Após receber o hábito da Ordem Terceira da Penitência de São Domingos, imitou nas vigílias e nos jejuns os religiosos da Ordem. Tendo adoecido gravemente, como resultado de tantas penitências, foi curada pelo glorioso Patriarca Domingos depois de cinco anos de sofrimentos. Benvinda então visitou o túmulo de São Domingos em Bologna.
Igreja da Assunção de Na Sra em Cividale
     Benvinda permaneceu sempre em família, vivendo apartada e humilde. Os poucos anos de vida que lhe restaram ela os passou na contemplação e no sacrifício de si mesma. Foi atormentada de todos os modos pelo demônio; por outro lado, gozou também de favores celestes: muitas foram as aparições de Nossa Senhora, belas e sempre ricas de símbolos.
     Aos confrades e às irmãs da Ordem Terceira, e sobretudo ao povo, a sua breve vida foi luz e exemplo admiráveis.
     Benvinda morreu aos 38 anos, em 30 de outubro de 1292, na sua cidade natal de Cividale. Foi sepultada na igreja local dos dominicanos e seu corpo não foi encontrado. Logo foi objeto de veneração e de um culto popular.
     O Papa Clemente XIII confirmou seu culto e deu-lhe o título de Beata em 6 de fevereiro de 1765.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Santa Ermelinda, Virgem do Brabante (Bélgica) - 29 de outubro

     Ermelinda nasceu em Lovenjoul, próximo de Louvain, no Brabante (atual Bélgica), filha de Ermenoldo e Armesinda, de família ilustre ligada aos duques do Brabante.
     Recebeu uma educação adequada à sua classe social, mas longe de prender seu coração aos atrativos da vaidade ou ao brilho da grandeza, desde criança ela aspirava pela vida solitária, pela oração e pela Palavra de Deus.
     Recusando qualquer proposta de casamento e tendo feito voto de castidade, para que seus pais não a ligassem a nenhum compromisso, cortou seus cabelos, renunciou às pompas do século e dedicou-se inteiramente a Deus praticando severas austeridades.
     Mas, desejando ainda maior entrega, deixou a casa paterna e foi viver em Bevec (Beauvechain). Ali, pés nus, Ermelinda ia à igreja onde passava os dias e as noites em oração. Ela não tinha outra ambição que ser uma humilde serva de Nosso Senhor.
     Advertida por um anjo que dois jovens senhores do local iam tentar seduzi-la, ela abandonou Bevec e fugiu para Meldrik (chamada depois Meldaert ou Meldert), na atual Diocese de Malinas (Mechelen).
      Ermelinda passou ali os restantes dias de sua vida, vivendo de ervas e numa ascese semelhante a dos antigos solitários do deserto do Egito, combatendo o demônio e a carne. Ela faleceu no final do século VI, ou no início do século VII, no dia 29 de outubro.
     Anos depois, o local onde seu corpo fora enterrado pelos anjos foi encontrado. Em 643, uma capela foi erguida no local onde fora sepultada e numerosos milagres ocorreram ali.
     Há doze séculos Santa Ermelinda é venerada em toda Diocese de Malinas (Mechelen), mas particularmente em Meldert e em Lovenjoul. Em Lovenjoul surgiu uma fonte de água milagrosa, que obtém a cura das doenças dos olhos, chamada “Fonte de Santa Ermelinda”, porque irriga as terras que pertenceram aos seus pais.
Catedral e mercado de Malinas
     A partir do século XIII suas relíquias sofreram inúmeras vicissitudes, transladações, ocultação, para protegê-la das profanações dos invasores e dos ímpios durante a invasão francesa em 1792. Finalmente, em 22 de julho de 1849, foram definitivamente depositadas na igreja de Meldert num magnífico relicário. Nesta cidade existe ainda a Confraria dedicada a esta Santa.
     A Diocese de Malines a festeja no dia 29 de outubro, tradicionalmente tido como o dia de sua morte.
     O nome Ermelinda caiu em desuso, mas existe ainda numa forma abreviada, Linda. O nome Ermelinda é de origem alemã: ‘Erme’ = ‘poderosa’; ‘linda’, de ‘linta’ = ‘escudo’. Portanto, temos aí um “escudo poderoso” que é venerado há séculos numa demonstração do apreço que Deus Nosso Senhor tem por esta sua dedicada e fiel serva.
 
Fontes diversas

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Santos irmãos mártires Vicente, Sabina e Cristeta - 27 de outubro

     No inicio do século IV, durante a perseguição de Diocleciano, e por ordem do pretor Daciano, os irmãos Vicente, Sabina e Cristeta (de Ávila, Espanha) sofreram o martírio por negarem-se a assinar um documento no qual deviam reconhecer que tinham oferecido sacrifícios aos deuses romanos, segundo estabelecia o quarto edito da perseguição.
     Segundo a tradição, Vicente deixou a impressão dos seus pés em uma pedra na prisão para mostrar aos guardas quem era Jesus, e isto foi o suficiente para convertê-los. Alguns livros antigos comentam esse milagre: os guardas viram os pés de Jesus na rocha e sentiram o odor de Nosso Senhor.
     Por um tempo tudo correu bem para Vicente: seus guardas estavam convertidos e com a ajuda de Sabina e Cristeta ele conseguiu escapar. Mas, ao chegar a Alba, todos os três foram presos. Eles foram chicoteados, espancados e esmagados com pedras. E então, em vez de deixar uma impressão na pedra, Vicente deixou um grande impressão em toda a Espanha.
     Ele é mostrado com suas duas irmãs, todos sendo torturados e desmembrados na roda. Seus corpos foram depositados num buraco de uma rocha. Posteriormente uma igreja em honra destes mártires foi construída sobre o local (a rocha é a que se pode contemplar na capela direita da cripta).
     As relíquias foram transladadas para o Mosteiro de São Pedro de Arlanza por ordem do Rei Fernando I de Leão e Castela no ano de 1062, porque a igreja de São Vicente estava bastante abandonada e havia o risco de perderem-se os santos despojos. 
     Mais tarde houve um novo translado, em 1835, para a Colegiata de São Cosme e São Damião de Covarrubias, de onde passaram a capela das relíquias da catedral de Burgos, até seu último translado ao seu primeiro lugar de veneração, a basílica de São Vicente de Ávila, dentro de umas urnas colocadas no altar mor.
     Na Basílica de São Vicente de Ávila se encontra o monumento fúnebre erigido em memória dos Santos Mártires, em estilo românico, cujo autor é o mestre Fruchel (ou Eruchel). Nele consta cenas da perseguição de Daciano, a prisão de São Vicente, a visita das irmãs na prisão, a fuga dos irmãos e finalmente sua execução.
Basilica de S. Vicente em Ávila, Espanha
     São Vicente é muito venerado em toda a Espanha especialmente em Ávila.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Santa Tabita de Jope - Festejada 25 de outubro

     Tabita é um nome sugestivo, quando se conhece que em hebraico significa “gazela” e que “gazela” por sua vez era um nome composto com a palavra “beleza”, evidentemente graças à delicada elegância deste animal. Em grego, a Santa de hoje é chamada Dorcas. O significado deste nome é idêntico: gazela.  
     O que sabemos desta “gazela” católica? Nos Atos dos Apóstolos, 9, 36 a 43, encontramos a resposta. Ali é narrado o episódio que retrata um dos milagres mais celebres do Apóstolo São Pedro.
 
     Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que em grego que dizer Dorcas. Esta era rica em boas obras e dava muitas esmolas.
     Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.
     Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.
     Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercaram-no todas as viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.
     Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Depois, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.
     Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.
     Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor.
     Pedro permaneceu ainda muitos dias em Jope, em casa de um certo Simão, curtidor.
 
     Além desta narração, nada mais se conhece de Tabita de Jope, a moderna cidade portuária de Jaffa, em Israel. O episódio narrado acima é o único testemunho histórico da existência desta Santa.
     Os gregos introduziram o nome da “querida discípula” no Calendário dos Santos, mas não se pode dizer que Tabita tenha tido um culto particular. A sua memória entre os Santos permaneceu a parte, embora as legendas se referem a miúdo ao milagre de Jope.
     Mas, a memória desta “gazela” ressuscitada do sono eterno pelas orações de São Pedro não se perdeu, e das páginas do texto sagrado, a figura da mulher generosa se ergue eloqüente diante de nós, saindo da obscuridade que a rodeia.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Santas Alódia e Nunila, mártires de Huesca - Festejadas 22 de outubro

     O Martirológio Romano dá como local de nascimento das Santas a cidade de Huesca, mas o célebre cronista do Rei Felipe II, Ambrósio de Morales diz que elas eram naturais de um povoado da Província de la Rioja, em Bañares, chamado Bosca, que alguns escreveram "Ósea" ou Huesca, um pouco distante da antiga cidade de Castroviejo, pequena vila à entrada da Serra de Cameros, e dá como local do martírio Nájera.
     Como era muito comum na Espanha, naqueles lamentáveis tempos em que ela estava sob o domínio maometano, Alódia e Nunila eram filhas de um maometano e de mãe cristã, matrimônios usuais então. O pai, um descendente dos visigodos, se tornara islamita passando a se chamar Ben Molit.
     A mãe, natural de Betorz, educou-as na Religião Católica, e embora crescessem em uma região ocupada pelos bárbaros, eram tão zelosas no cumprimento da Lei de Deus e tão piedosas, que atraiam a admiração de todos, e eram tomadas por modelo.
     Tendo seus pais falecido, um tio tomou-as sob sua tutela. Este era ferrenho maometano.
     O rei de Córdoba, Maomé, inimigo capital dos cristãos, publicou um edito pelo qual, sob pena de morte, obrigava os filhos de cristão e mouro a seguir a religião de Mafoma, e deixar a religião de Jesus Cristo. O tio, que por várias vezes tentara pervertê-las sem resultado, viu uma boa ocasião para renovar suas investidas. Tomando como pretexto o novo edito, fez de tudo para obrigá-las a seguir a lei que o pai professara. Elas, porém, repeliam sempre com firmeza e constância as tentativas do tio de convencê-las.
     Ele então delatou-as a Jalaf ibn Rasid, máximo poder muçulmano da região, que residia na cidade de Castroviejo, uma légua de distância de Bañares.
     Ordenou Rasid que Alódia e Nunila comparecessem no seu tribunal. Inspiradas pelo Espírito Santo, as jovens viram naquela convocação um sinal do combate a que eram chamadas e, para dar prova de sua fé e de sua fortaleza cristã, puseram-se a caminho, de Bosca a Castroviejo, descalças, alentando-se mutuamente.
     No tribunal, Rasid perguntou-lhes se a denúncia do tio era verdadeira, se seu pai era maometano. Nunila, que era a mais velha, respondeu: "Nós não conhecemos o nosso pai, que nos faltou quando ainda muito meninas; sabemos porém que a nossa mãe era cristã e que nos educou nesta santa religião que professamos e pela qual estamos prontas a perder a vida".
     Após várias tentativas de separá-las, e vendo que eram inúteis todos os esforços, Rasid perdoou-as e deixou-as voltar para casa, argumentando que eram muito jovens e mal aconselhadas, mas advertiu-as que, caso não se emendassem, mandaria decapitá-las.
     As jovens voltaram cheias de alegria por terem confessado a fé em Nosso Senhor diante do tribunal de um juiz infiel. Desejosas de dar testemunho das verdades de nossa santa religião vertendo seu sangue, resolveram desde então se preparar para sofrer o martírio. Dedicaram-se a fervorosas orações, rigorosos jejuns e assombrosas penitências, certas de que não demoraria muito tempo para oferecerem a Deus o sacrifício de suas vidas.
     O tio, que esperava ficar com as propriedades das jovens, observava a conduta delas. Notando que em nada mudavam e ostentavam a religião que professavam, delatou-as desta vez ao governador de Huesca, Zumayl.
     Zumayl chamou-as ao seu tribunal e insistiu com muito empenho que negassem Jesus Cristo, valendo-se de promessas vantajosas e de terríveis ameaças. Mas, vendo-as irredutíveis, deu ordem para que fossem separadas e entregues a famílias mouras de sua confiança, para que as persuadissem da obrigação que tinham de seguir, como filhas de pai maometano, a lei que ele professou, para se cumprir assim o decreto, sob pena de padecerem morte terrível.
     Por quarenta dias estas virgens insignes suportaram os mais tremendos assaltos dos infiéis, mas não esmoreceram e permaneceram sempre mais firmes na fé.
     Dois dias antes de seu glorioso martírio, Alódia, em profunda oração, foi vista pela filha de seu hospedeiro toda rodeada de luzes celestiais. Diante de tal maravilha, ofereceu-se para ajudá-la a escapar e salvar-se da morte. Alódia agradeceu a oferta, não a aceitou, mas rogou que a deixasse ver a irmã. Foi possível então às irmãs se encontrarem e se animarem reciprocamente a padecer por Nosso Senhor.
     O governador ficou sabendo que as tentativas de persuadi-las foram sem efeito. Tendo ordenado que elas comparecessem novamente à sua presença, redobrou as ameaças, dizendo-lhes que mandaria matá-las se não negassem a fé na Santíssima Trindade e na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Elas responderam que estavam prontas a antes morrer do que negar Jesus Cristo.
     Encontrava-se em Castroviejo um péssimo sacerdote que havia apostatado do Catolicismo para viver impunemente nos seus vícios. Zumayl teve a idéia de servir-se daquele infeliz para perverter as duas castas jovens, entregou-as a ele e solicitou-lhe que as convencesse eficazmente. Ele usou de todos os sofismas para enredá-las, mas elas não seguiram seus ímpios conselhos. Vencido, o ímpio sacerdote comunicou ao governador a inutilidade de seus esforços.
     Enfurecido, o tirano deu ordem de as degolarem imediatamente.
     A primeira a se oferecer ao sacrifício foi Nunila. Ajoelhou-se, compôs os cabelos para receber o cutelo e corajosamente disse ao verdugo: "Eia, infiel, fere depressa!" Perturbado o carrasco errou o golpe, sem lhe cortar a cabeça, mas ferindo-a mortalmente. Seu corpo caiu por terra e, com os estertores naturais da morte os seus pés se descobriram.
     Alódia, sem se perturbar diante dos algozes, apressou-se em compor a roupa de sua irmã. Depois, colocou-se à disposição do algoz, mas antes amarrou aos pés as orlas de seu vestido, para evitar o que havia ocorrido com a irmã. Ajoelhando-se sobre o corpo de sua irmã, como em um altar, recebeu o golpe do verdugo.
     Segundo Morales, ambas receberam a palma do martírio no dia 22 de outubro de 851. Os corpos, que apesar de expostos aos abutres ficaram intactos, foram enterrados no bairro moçárabe. Mas, como à noite resplandecessem luzes no local em que as Santas foram enterradas, Zumayl mandou transladá-los para um poço profundo, junto a uma mesquita.
     O poço foi completado com terra e pedras enormes, a fim de apagar a lembrança das santas relíquias, e para que elas não pudessem ser encontradas pelos cristãos. Ainda hoje este poço existe, e junto a ele há uma fonte cristalina chamada Santas Alódia e Nunila, e uma ermida sob a invocação das Santas.
     Entretanto, todos os esforços dos infiéis foram inúteis: as luzes resplandeciam sobre o poço, ou aonde quer que as relíquias fossem ocultadas. E este prodígio continuava quando o Rei de Navarra, Dom Iñigo Jimenez, conquistou a província de la Rioja, subjugando os mouros.
     Dom Iñigo transladou os corpos das Santas para o Mosteiro de São Salvador de Leyre, onde ficaram expostos à grande veneração do povo, dignando-se Deus conceder muitos milagres pela intercessão das suas fiéis servas.
     Em 1097, D. Pedro I doou a mesquita ao Mosteiro de Leyre. Além de a mesquita ser consagrada como igreja, deveria ter a invocação de São Salvador, patrono de Leyre, das Santas mártires e de Santo Estevão, protomártir. A igreja desapareceu desde o século XVIII, mas a rua onde ela existiu ainda tem o nome de São Salvador.
     O culto das Santas mártires se espalhou por toda Espanha. A devoção chegou às terras andaluzas na época dos Reis Católicos, devido à conquista da cidade de Huesca. Por causa do desterro do último rei Navarro, Juan III de Albret, o conde de Lerin se refugiou em Huesca com um grande número de famílias navarras, as quais trouxeram consigo a devoção às Mártires.
     Inúmeras cidades espanholas possuem pequenos fragmentos de suas relíquias. No século XX, a devoção se estendeu a Madrid, Valência, Múrcia e Cornellà (Barcelona).

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Santa Madalena de Nagasaki, jovem mártir japonesa - Festa 20 de outubro

     Madalena nasceu entre 1611 e 1612, em uma aldeia próxima de Nagasaki, no Japão. Desde cedo ela recebeu esmerada educação. Os antigos manuscritos relatam que ela era uma jovem graciosa, delicada e bela. Seus pais eram católicos de nobre linhagem.
     Sua infância coincidiu com um período de cruéis perseguições contra os católicos. O ditador Tokugawa Yematsu, budista, decretou uma terrível perseguição contra os católicos em 1614. Com seus sucessores, Hidetada e Yemitsu, essa perseguição tornou-se ainda mais virulenta e cruel, a ponto de em poucos anos quase exterminar a cristandade do Japão.
     Os pais e irmãos de Madalena foram martirizados quando ela era ainda pequena. Ela certamente foi também testemunha da morte de muitos outros católicos. É provável que tivesse lido o livro “Exortação ao martírio”, que circulava clandestinamente entre os católicos. Neste livro davam-se conselhos para resistir à ira dos tiranos e eram lembrados os exemplos de crianças frágeis, além de jovens, homens e mulheres, que sofreram com paciência os mais terríveis suplícios por causa da sua fé em Jesus Cristo, recebendo assim a glória do martírio.
     A oração, a leitura dos livros sagrados e o exemplo de tantos mártires, compatriotas seus, foram fortalecendo o ânimo de Madalena.
     Por volta de 1624, chegaram a Nagasaki dois zelosos missionários agostinianos: Frei Francisco de Jesus e Frei Vicente de Santo Antônio. Ambos criaram a Ordem Terceira Agostiniana Recoleta para auxiliá-los no apostolado. Formada por leigos, a Ordem Terceira, hoje denominada Fraternidade Secular, ficava encarregada da catequese.
     Atraída pela profunda espiritualidade dos dois missionários, Madalena se consagrou a Deus como Terceira Agostiniana Recoleta, sendo uma das primeiras a entrar para aquela Ordem. Começou o seu apostolado com tanto carinho e abnegação, que foram incontáveis os pagãos que se converteram ao Cristianismo.
     Ela consolava os aflitos, animava os fracos, fortalecia os que fraquejavam por causa das perseguições, apoiava os corajosos e esforçados, dava catecismo para as crianças, e arrecadava esmolas para os pobres entre os comerciantes portugueses. Fez várias amigas entre as filhas dos ocidentais que moravam em Nagasaki, as quais muito se edificavam com as suas virtudes, tendo algumas delas relatado suas impressões e lembranças para os primeiros biógrafos da Santa.
     Em 1628 a perseguição ficou mais violenta. Como quase todos os católicos de Nagasaki, Madalena se viu obrigada a refugiar-se nas montanhas. Homens e mulheres virtuosos viviam nas grutas e se alimentavam de ervas silvestres. Ali vivia ela na companhia dos demais, amada e querida de todos, mesmo dos pagãos.
     Os santos religiosos, Frei Francisco e Frei Vicente, também viviam nas montanhas zelando pelas almas e oferecendo-lhes o conforto dos Sacramentos. Entretanto, ambos foram detidos e passaram vários dias na prisão antes de serem queimados vivos no dia 3 de setembro de 1632.
     No dia seguinte, chegaram ao Japão outros dois missionários agostinianos recoletos, Frei Melquior de Santo Agostinho e Frei Martinho de São Nicolau. Estes também foram presos no dia 1° de novembro de 1632 e no dia 11 de dezembro foram queimados vivos a fogo lento, tal como havia acontecido com os Bem-aventurados Francisco e Vicente.
     Após a morte desses religiosos, Madalena permaneceu nas montanhas cerca de dois anos dedicando-se ao apostolado, batizando, aconselhando, consolando e fortalecendo os que a procuravam. Numerosos foram os católicos que preferiram morrer a renegar a fé. Infelizmente, muitos também foram os que fraquejaram e apostataram diante do horror dos suplícios.
     Desolada e triste pela apostasia destes irmãos e desejosa de sofrer o martírio, Madalena acreditou ter chegado o momento de apresentar-se aos juízes e torturadores para dar exemplo vivo aos católicos.
     Vestindo o seu hábito de Terceira e portando um pequeno alforje cheio de livros de santos para meditar e pregar no cárcere, ela se apresentou aos carcereiros e guardas dizendo-se católica e religiosa.
     Num primeiro momento os guardas mandaram-na embora, dizendo que sendo ela tão jovem e frágil não poderia suportar os horríveis tormentos a que eram submetidos os religiosos. Contudo, no dia seguinte ela foi presa.
     Admirados com sua beleza e comovidos pela sua tenra idade, vendo-a estimada e admirada pelos católicos e também por ser de família nobre e ilustre, os juízes tentaram convencê-la a abandonar a fé através de atenções especiais e promessas as mais diversas, mas tudo foi em vão.
Igreja Católica em Nagasaki em honra a 26 mártires japoneses
     Depois de sofrer vários tipos de torturas sem perder a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Madalena foi tirada da prisão no início de outubro de 1634, e com outros dez católicos foi levada ao lugar do martírio.
     Suspensa pelos pés, com a cabeça e o peito imersos num poço, durante o suplício a corajosa jovem invocava os nomes de Jesus e Maria, e cantava hinos ao Senhor. Ela resistiu ao tormento por treze dias. Na noite do 13° dia, o poço foi inundado por uma tempestade e Madalena morreu afogada. Tinha então 22 ou 24 anos de idade.
     Depois de morta seu corpo foi queimado, e as cinzas foram espalhadas nas águas do mar, a fim de que suas relíquias não caíssem nas mãos dos fiéis. Seu martírio deu-se em meados de outubro de 1634.
     Beatificada em 1981, foi declarada Santa por João Paulo II em 18 de outubro de 1987. Santa Madalena de Nagasaki é comemorada no dia 20 de outubro.  A Ordem Agostiniana a comemora no dia 19 de novembro.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Santa Laura de Córdoba, Abadessa e Mártir - Festejada 19 de outubro

     Laura pertencia a uma nobre família e era casada com um importante funcionário do emirado independente cordobês. Ao enviuvar, entrou no Mosteiro de Santa Maria de Cuteclara(¹), vizinho de Córdoba, chegando inclusive a ser abadessa em 856, sucedendo Santa Áurea.
     Quando desatou uma perseguição muçulmana contra os cristãos, Laura proclamou publicamente sua Fé católica e o emir Muhammad I mandou prendê-la e açoitar. Ao verem que ela não renegava o Cristianismo, foi levada perante o tribunal islâmico, foi processada e condenada a morrer em um banho de óleo fervente. Depois de três horas de atrozes sofrimentos, entregou sua alma a Deus, no dia 19 de outubro de 864.
     Embora haja poucas informações sobre esta Santa, o seu culto se expandiu enormemente e o seu nome é muito difundido em toda a Europa. Muitos estudiosos acreditam que o seu nome derive do Latim, ‘laurus’: ‘loureiro’ (árvore) símbolo de sabedoria e de glória. Também pode ter como origem a ‘coroa de louros’ ou ‘laurel’, que significa ‘vitória, triunfo’, pois das folhas daquela árvore eram feitas coroas que cingiam a cabeça dos vencedores de jogos e de torneios poéticos. Nos tempos dos romanos era mais comum encontrar o nome Laurência do que Laura.
     O Martyrologium hispanicum narra que durante a ocupação muçulmana Laura recusou abjurar a Fé cristã. Ela faz parte do grupo dos 48 Mártires de Córdoba. Sua festividade se celebra no dia 19 de outubro.
 
 
     (¹) O Mosteiro de Santa Maria de Cuteclara, provavelmente existia desde antes da invasão muçulmana e era um mosteiro do tipo chamado duplo, quer dizer, acolhia uma comunidade masculina e outra feminina no mesmo cenóbio, sendo a feminina, segundo alguns estudos, predominante neste caso.
     Existiam, portanto, um abade e uma abadessa ao mesmo tempo, e de vários deles conhecemos os nomes, como, por exemplo, Frugelo, Pedro de Écija e Artêmia. Áurea, Maria, Columba foram monjas de Cuteclara, e tanto elas como os outros mencionados são considerados santos mártires pela Igreja Católica, ao serem executados em meados do séc. IX, por sua pública e deliberada rejeição ao Islã.
     Não se tem dados sobre quando o mosteiro desapareceu.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Santa Margarida Maria Alacoque, Visitandina - Festejada 16 e 17 de outubro

    
     Margarida Maria Alacoque nasceu no dia 22 de julho de 1647, na Borgonha, França. Seu pai, Claude Alacoque, era escrivão real; sua mãe, Philiberte Lamyn, era filha do também escrivão real François Lamyn. Sua família de posses, religiosa, com reputação de seriedade e honra, sofreu duro golpe após a morte do pai. Margarida teve uma juventude difícil: enfermidades, sua e da mãe, a resistência dos parentes para que abraçasse a vida religiosa. Finalmente, aos 24 anos, entrou no convento da Visitação de Santa Maria, em Paray-le-Monial, Ordem fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal.
     Ela permaneceu entre as Visitandinas por 20 anos, e desde o princípio se ofereceu como “vítima ao Coração de Jesus”. Foi incompreendida pelas religiosas, mal julgada pelos superiores; até os diretores espirituais desconfiaram dela julgando-a uma visionária.
     Finalmente, São Cláudio La Colombière tornou-se o guia precioso desta mística Visitandina, ordenando-lhe narrar, numa autobiografia, as suas experiências místicas. Por inspiração desta Santa a festa do Sagrado Coração de Jesus nasceu, e a ela se deve a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras do mês.
     Santa Margarida Maria faleceu no dia 17 de outubro de 1690, em Paray-le-Monial, na França. Em março de 1824, Leão XIII a declarou Venerável, e em 18 de setembro de 1864, Pio IX a beatificou. Santa Margarida Maria foi canonizada por Bento XV em 1920.
     Quando seu túmulo foi aberto canonicamente, em julho de 1830, ocorreram duas curas instantâneas. Seu corpo repousa sob o altar da capela em Paray, e muitos favores são obtidos por peregrinos atraídos a este lugar de todas as partes do mundo.
 
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     A humilde visitandina, à qual o Sagrado Coração de Jesus fez suas confidências, viveu no tempo em que reinava na França Luís XIV, consagrado universalmente com o título de Roi-Soleil. Epíteto que correspondia à realidade, diziam que havia nele estofo para cinco reis. Luís XIV representava o tipo clássico daqueles reis de contos de fada que costumam deslumbrar a imaginação das crianças.
     Com uma alma privilegiada chamada a grandes realizações, cheio de predicados físicos e de grande personalidade, se aquele Rei tivesse seguido o exemplo de São Luis, talvez ele tivesse podido impedir a explosão da Revolução Francesa, a pseudo-reforma protestante sofresse desastres irreparáveis, e a História teria tomado um outro rumo.
     A vida de Luis XIV teve altos e baixos. Ávido de prazeres, ambicioso e vaidoso, sacrificou os recursos e prestígio que Deus lhe havia dado à sua sede de prazeres e à sua própria glória. Provocou guerras com o intuito de dilatar seus Estados, desuniu as potências católicas ameaçadas pelo protestantismo; aliou-se aos próprios muçulmanos contra o Santo Império, enfim, mereceu a censura de todos os franceses verdadeiramente católicos, mesmo os seus mais fieis súditos.
     Entretanto, ele prestou assinalados serviços para a Igreja, entre os quais figura com destaque a revogação do Edito de Nantes. Além disso, grandes foram os avanços em todos os campos da vida temporal, impulsionados por sua inteligência e bom gosto.
     O certo é que o Rei não desempenhava aquela missão providencial à qual fora chamado por Deus.
     Em determinado momento, a humilde Visitandina intervém. Entre as revelações que o Divino Redentor lhe fazia, certa feita mandou que ela dissesse ao Rei para consagrar a si próprio e o Reino ao Sagrado Coração. Nosso Senhor usou de um tom imperativo, e deixava claro que a sua recusa acarretaria para ele e para a França os mais severos sofrimentos. O Sagrado Coração de Jesus desejava uma consagração autêntica, que implicava na renúncia a todos os pecados e a todos os erros do Rei.
     Santa Margarida Maria fez chegar a comunicação a Luis XIV por meio de uma pessoa da nobreza com quem tinha relações. O Rei, porém, não lhe deu importância e a consagração não foi efetuada.
     Resultado: o Reino foi caindo mais e mais nos abismos da impiedade e da libertinagem, até que a Revolução Francesa lançou por terra o trono dos Bourbons, e espalhou pelo mundo inteiro o espírito de rebeldia e de ódio a Deus e a Religião Católica.
     Tempos mais tarde, entre os papéis do Rei Luis XVI, encontrados em sua prisão do Templo, se achou uma nota em que este soberano prometia se consagrar, e toda a França, solenemente, ao Coração de Jesus, caso fosse libertado, o que desde logo, em forma privada, ele o fazia no cárcere. Ele esperava com isto que o Coração de Jesus arrancasse a França aos horrores da Revolução. Mas, este ato piedoso valeu apenas para que ele enfrentasse com dignidade a guilhotina, e muitos o consideram como mártir.
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     A devoção ao Sagrado Coração de Jesus enfrentou muitas peripécias na sua expansão, mas atingiu o seu auge na Santa Igreja Católica no século XIX e no período que vai mais ou menos até meados do reinado de Pio XI, já no século XX.
     Com efeito, esta devoção foi muito estudada, ela teve grandes doutores, entre os quais São João Eudes, ela foi bem recebida pelos papas, Leão XIII fez uma consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Um pouco por toda parte encontramos igrejas consagradas ao Sagrado Coração de Jesus nas cidades construídas em fins do século XIX, ou no começo do século XX no Brasil, por exemplo. Era uma devoção que realmente fazia muito bem às almas.
     Esta devoção começou a ser objeto de uma campanha a partir do momento em que a heresia modernista, condenada por São Pio X, e que parecia estar em letargo, começou a levantar a cabeça com o rótulo de Ação Católica e Movimento Litúrgico.
     No reinado de Pio XI e até o reinado de Pio XII, inclusive, o modernismo não fez senão se desenvolver sorrateiramente dentro da Igreja e começou a combater a devoção ao Sagrado Coração de Jesus numa manobra a mais perigosa: o silêncio! Deixou-se de impulsionar esta devoção; deixou-se de falar a respeito dela; fez-se caso omisso disto.
     Com isto, esta devoção, como tantas outras, está posta de lado. São tesouros com que ninguém se preocupa, são fontes de graças que a Providência abriu para salvar o mundo e que, por estarem esquecidas, não produzem os frutos de salvação desejados pelo Coração que tanto nos ama.
 
A Grande Revelação (entre 13 e 20 de junho de 1675)
     “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares”.
     “Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”(¹).
 
(¹) Cf. Vida e Obras de Santa Margarida Maria, publicação da Visitação de Paray, 1920.