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"O encanto grandioso e delicado da Cristandade não provém tanto do que ela realizou, como da harmonia profunda e da veracidade cintilante dos princípios sobre os quais ela construiu". Graças a Igreja Católica a mulher foi elevada a uma dignidade nunca antes atingida. Essas mulheres virtuosas também contribuíram para a grandeza da Cristandade. Aquelas glorificadas pela Igreja, o foram para que as mulheres de todos os tempos as tomassem como exemplo.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Santas do mês de maio
domingo, 29 de abril de 2012
Beata Maria da Encarnação Guyart, Viúva e fundadora - Festa 30 de abril
Filha de um mestre padeiro, Florêncio Guyart, e de Joana Michelet,
Maria Guyart, nasceu em Tours, França, no dia 28 de outubro de 1599.
Dotada de grande memória, sobretudo para
as coisas de Deus, ainda criança repetia, no final da Missa, a homilia escutada
com toda a atenção. Aos sete anos, depois de uma experiência mística, manifestou
o desejo de ser religiosa. Mas os pais casaram-na aos dezessete anos com
Cláudio Martin, fabricante de sedas. Têm um filho e, aos vinte anos, enviuvou.
Após pagar as dívidas do marido, que
entrara em falência, fez-se bordadeira; e novamente sente o desejo de se
consagrar totalmente a Deus. Vai para casa da irmã e trabalha numa empresa de
transportes terrestres e marítimos dirigida pelo cunhado. Rapidamente chega a
chefe de administração, coisa bastante inusitada na época.
Embora empenhadíssima nas suas várias
atividades, Maria mantém sempre uma estreita visão de Deus em uma vida ativa e
contemplativa. Mas o antigo sonho continua vivo em sua alma e, no dia 21 de
janeiro de 1631, ingressou no convento das Ursulinas de Tours, depois de
entregar o filho aos cuidados da irmã.
Quem não ficou satisfeito foi o pequeno
que rodeado de uma chusma de colegas pensa ir libertar a mãe, mas nem puderam
entrar. Quando adulto, fez-se beneditino e entendeu o procedimento daquela de
quem foi o primeiro biógrafo, já que tinha conhecido seu misticismo e suas
virtudes.
Maria Guyart tomou o véu em 25 de março de
1631, com o nome de Maria da Encarnação; e professou em 25 de janeiro de 1633.
Foi logo indicada para Mestra de Noviças.
Em 1622, o Papa Gregório XV havia
instituído a Congregação de “Propaganda Fide” para ajudar os missionários que
partiam para as terras longínquas, especialmente o Novo Mundo.
Iluminada por um sonho, Maria percebe que
o Senhor a deseja no Canadá. Iniciou uma correspondência com os missionários
jesuítas do Canadá, e em 1639 entrou em contato com Madame de la Peltrie , uma viúva de Alençon, que pensava fundar
um convento em Quebec para a educação das meninas indias.
Em 22 de fevereiro de 1639,
Maria deixou Tours e foi para Paris, na companhia da jovem Irmã Maria de S.
José, preparando-se para a fundação.
Em 1639, depois de
tormentosa viagem, chegou finalmente à terra do seu destino, onde grassava uma
epidemia de varíola. É a primeira missionária dessa região. Sem nada temer,
lança-se na evangelização dos índios cujas línguas aprende rapidamente. Ensina
os pequenos por meio de catecismos que ela própria traduziu – um na língua dos
Hurões, outro na dos Iroqueses e ainda outro na dos Algonquins – depois de
compor vários dicionários daqueles dialetos.
Nos anos de 1642 a 1649, oito missionários
foram martirizados e, diante do perigo, convidaram Maria a voltar para a
França, mas ela não quis abandonar o Canadá. Depois de construir o convento, em
1642, dirige-o, com uma competência assombrosa, e aí permaneceu por trinta
anos. Em maio de 1653 foi inspirada a se oferecer em holocausto a Deus para o
bem daquela terra.
Seu dinamismo apostólico não lhe roubava o
espírito contemplativo nem o tempo de oração. Em 1669, foi dispensada da
responsabilidade de Superiora devido suas condições de saúde, que continuaram a
agravar-se, e, no dia 30 de abril de 1672, faleceu em Quebec, aquela que foi
exemplar como esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, freira, mística,
missionária, mestra de religiosas, numa mescla admirável de dotes naturais e
divinos, deixando uma comunidade de cerca de 30 religiosas, das quais se
originou as Ursulinas do Canadá.
As suas relíquias repousam no Oratório da
Capela das Ursulinas de Quebec e por seu papel de mestra de vida espiritual e
promotora das obras evangelizadoras goza de tal estima na história canadense,
que é considerada a “mãe” da Igreja Católica do Canadá.
Madre Maria da Encarnação Guyart
foi beatificata em 22 de junho de 1980.
sábado, 28 de abril de 2012
Santa Gianna Beretta Molla, Mãe de Família - Festa 28 de abril
Gianna era ardorosa defensora da vida, sobretudo das crianças, nascituras ou já nascidas. Defendia corajosamente o direito de a criança nascer. Dizia: "O médico não se deve intrometer... O direito à vida da criança é igual ao direito à vida da mãe. O médico não pode decidir. É pecado matar no seio materno!.."
Gianna Beretta nasce em Magenta (Milão, Itália) aos 4 de outubro de 1922. Desde sua primeira juventude, acolhe plenamente o dom da fé e a educação cristã, recebidas de seus ótimos pais. Esta formação religiosa ensina-lhe a considerar a vida como um dom maravilhoso de Deus, a ter confiança na Providência e a estimar a necessidade e a eficácia da oração.
Durante os anos de estudos e na Universidade, enquanto se dedicava diligentemente aos seus deveres, exercia generoso apostolado entre os jovens da Ação Católica e de caridade para com os idosos e os necessitados nas Conferências de São Vicente. Laureada com louvor em Medicina e Cirurgia em 1949 pela Universidade de Pavia (Itália), especializou-se em Pediatria. Em 1950 abre seu consultório médico em Mêsero (nos arredores de Milão). Especializa-se em pediatria na Universidade de Milão em 1952 e, entre seus clientes, demonstra especial cuidado para as mães, crianças, idosos e pobres.
Pretendia unir-se ao seu irmão, Padre Alberto, médico e missionário no Brasil, que havia fundado um hospital na cidade de Grajaú, no estado do Maranhão, mas foi desaconselhada por seu Bispo.
No ano de 1954, conheceu o engenheiro Pietro Molla. Noivaram em 11 de abril de 1955 e casaram-se no dia 24 de setembro do mesmo ano, tendo a cerimônia sido presidida por seu outro irmão, Padre José, na Basílica de São Martinho, em Magenta. Durante o noivado escreveu ao seu noivo: "Quero formar uma família verdadeiramente cristã; um pequeno cenáculo onde o Senhor reine nos nossos corações, ilumine as nossas decisões, guie os nossos programas".
Em novembro de 1956, já é a radiosa mãe de Pedro Luís; em dezembro de 1957 de Mariolina e, em julho de 1959, de Laura. Com simplicidade e equilíbrio, harmoniza os deveres de mãe, de esposa, de médica e da grande alegria de viver.
Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Três opções lhe foram apresentadas naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez.
Alguns dias antes do parto, sempre com grande confiança na Providência, demonstra-se pronta a sacrificar sua vida para salvar a do filho: «Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei - e isto o exijo - a criança. Salvai-a!».
Deu entrada, para o parto, no hospital de Monza, na sexta-feira da Semana Santa de 1962. Na manhã de 21 de abril de 1962 nasce Joana Manuela, a quem teve por breves instantes em seus braços. Sempre afirmou: "Entre a minha vida e a do meu filho salvem a criança!".
Apesar dos esforços para salvar a vida de ambos, na manhã de 28 de abril, em meio a atrozes dores e após ter repetido a jaculatória «Jesus eu te amo, eu te amo» morre santamente. Tinha 39 anos. Seus funerais transformaram-se em grande manifestação popular de profunda comoção, de fé e de oração.
O milagre para a beatificação aconteceu no Brasil, em 1977, na cidade de Grajau, no Maranhão, naquele mesmo hospital onde Gianna queria ser missionária. Foi beatificada em 24 de abril de 1994; e canonizada no dia 16 de maio de 2004, quando recebeu de João Paulo II o sugestivo título de "Mãe de Família". Na cerimônia estavam presentes o seu marido Pietro Molla, as filhas Gianna Emanuela e Laura, e o filho Pierluigi. Mariolina faleceu com seis anos, dois anos após a mãe.
A Santa repousa no cemitério de Mêsero, distante 4 quilômetros de Magenta, nos arredores de Milão (Itália).
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Beata Maria Antonia Bandrés y Elósegui, Religiosa - Festa 27 de abril
Foi a primeira flor de
santidade a desabrochar na Congregação das Filhas de Jesus fundada por Santa Cândida
Maria de Jesus Cipitria em Salamanca, em 1871.
Maria
Antonia Bandrés y Elósegui nasceu em Tolosa (Guipúzcoa, Espanha), no dia 6 de
maio de Naquele lar a fé e a caridade eram vividas com empenho. Dona Teresa era uma mulher exemplar e santa que soube ajudar seus filhos a crescer em tudo, porém especialmente no amor a Deus, a Maria Santíssima e aos pobres e necessitados.
A saúde de Antoninha era um pouco frágil; seus pais tiveram com ela cuidados especiais. A debilidade e o excessivo zelo dos seus parentes ajudaram a acentuar naquela menina um caráter sensível até a suscetibilidade, que nos primeiros anos chegou a preocupar Dona Teresa: “Que menina fastidiosa! Quanto vai sofrer com esse caráter!” E sofreu mesmo, porém sem que o sorriso se apagasse de seus lábios.
Recebeu os primeiros estudos com as irmãs de seu confessor o Pe. Ilario Oscoz. Frequentou depois o Colégio das Filhas de Jesus, fundado em Salamanca em 6 de janeiro de 1874 pela Madre Cândida Maria de Jesus.
Maria Antonia foi um admirável exemplo de
virtude especialmente para seus numerosos irmãos mais novos. A família usufruía
de todo conforto, mas ela sentia como suas as preocupações e as necessidades
dos pobres. Assim sendo, desde muito jovem dedicou-se a um trabalho voluntário
nos subúrbios de Tolosa, e ao trabalho social e de evangelização junto aos
operários, bastante raro naqueles dias.
Em
1913, durante um retiro em Loyola, ela se lembrou do que alguns anos antes Madre
Cândida lhe havia dito: "Tu serás Filha de Jesus" e, em seguida,
tomou a decisão de ser integral e inteiramente de Nosso Senhor.Ingressou na Congregação das Filhas de Jesus no dia 8 de dezembro de 1915 aos 17 anos e em 31 de maio de 1918 fez os votos religiosos
Pouco tempo depois a sua saúde, que já não era boa, começou a enfraquecer ainda mais. As várias biografias não dizem qual era a doença, mas logo se soube que era inexorável.
A evolução do mal foi acompanhada pelo Dr. Filiberto Villalobos, que confessou ficar "comovido por aquela serenidade de espírito e por aquela fé que a faziam tão feliz em suas últimas horas de vida".
Segundo seu depoimento, o médico confidenciou suas impressões a dois amigos intelectuais agnósticos, exclamando: "Quão errada é nossa vida! Isto sim que é morrer!", provocando na mente daqueles homens um impacto emocional vendo Maria Antonia morrer, na idade de apenas 21 anos, com a certeza de quem “sabe para onde vai".
Poucos meses antes, movida por um impulso do Espírito Santo, Irmã Maria Antonia havia oferecido sua vida pela salvação de seu tio, padrinho de batismo, que começou a trilhar um mau caminho. Ele havia manifestado desacordo quando ela entrou no noviciado, por ter uma postura agnóstica. Entretanto, esse tio, entendendo a espiritualidade da sobrinha, num momento de graça voltou ao bom caminho.
Irmã Maria Antonia faleceu no dia 27 de abril de 1919, em Salamanca, dia da festa de Nossa Senhora de Montserrat, um ano depois de sua profissão. Ela morreu invocando Maria, Mãe de Misericórdia. Nos últimos instantes, foram-lhe concedidas graças de paz e de consolação. Ela exclamou: “Isto é morrer? Que doce é morrer na vida religiosa! Sinto que a Virgem está a meu lado, que Jesus me ama e eu O amo...”
Ela foi beatificada em 12 de maio de 1996 juntamente com a Fundadora, Madre Cândida Maria de Jesus. Sua celebração litúrgica é 27 de abril.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Santa Salomé, mãe dos Apóstolos João e Tiago - Festa 24 de abril
Santa Salomè, segundo o Martirológio Romano, que faz referência a ela com citações do Evangelho, foi, com Santa Maria de Cleofa (ela também comemorada em data moderna) e Santa Maria Madalena, uma das primeiras discípulas de Nosso Senhor que na manhã de Páscoa se dirigiram ao sepulcro e ouviram o anúncio da Ressurreição.
Ela é mencionada no Evangelho de São Marcos (15, 40-41), como segue: E encontravam-se também ali algumas mulheres vindas de longe, entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria mãe de Tiago menor e de José, e Salomé; as quais já o seguiam quando ele estava na Galileia. Bem como no seguinte trecho (Mc. 16, 1): E tendo passado o dia de sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus.
A tradição identifica Santa Salomé com a mulher que por duas vezes é citada por São Mateus como a mulher de Zebedeu e mãe dos Apóstolos Tiago e João. Foi uma das três Marias que ajudaram Jesus durante o inicio de seu ministério e O acompanharam nas suas viagens e testemunharam a sua crucificação, a retirada do corpo, e a sua Ressurreição. Diz os Evangelhos que ela pediu a Jesus para colocá-la e seus filhos com Ele em Seu Reino no céu.
A legenda relata que, após a Ascenção do Senhor, Salomé fez uma longa peregrinação com São Demétrio e outro discípulo, e chegou próximo de Veroli, Itália, para ali anunciar o Evangelho. Cansada da viagem, a Santa pediu hospitalidade a um pagão, depois batisado com o nome de Mauro, a pouca distância das muralhas da cidade. Os seus companheiros entraram na cidade e foram martirizados. Salomé permaneceu na casa de Mauro após convertê-lo ao Cristianismo e faleceu cerca de seis meses depois.
Com reverência Mauro deu sepultura a Santa, e sobre a urna contendo seus restos mortais, inscreveu as seguintes palavras: "Hae sunt reliquiae B. Mariae Matris apostolorum Jacobi et Joannis". Receoso de ser aprisionado e martirizado, Mauro encontrou refúgio na Gruta de Paterno, onde morreu.
Algum tempo depois alguns pagãos encontraram a urna contendo as relíquias da Santa e informaram ao governante. Este, acreditando tratar-se de um tesouro, mandou abri-la e ali foram encontrados os restos da Santa, mas, sem prestar atenção no epígrafe, ordenou que com desprezo fossem jogados na praça.
Entrementes, um grego, após ter lido a inscrição, pensou em salvar o precioso tesouro e à noite recolheu furtivanente todos os ossos, os envolveu em um pano e os levou fora da cidade. Ali, sobre a pedra e numa carta escreveu as palavras: "Maria Mater Joannis Apostoli et Jacobi ene ista". Escondeu tudo em um lugar secreto, pensando levar as relíquias para sua pátria, depois que retornasse de uma viagem a Roma. O homem entretanto não pode concretizar o seu projeto e as relíquias foram encontradas em 1209 por um certo Tomás, a quem São Pedro e Santa Salomé apareceram em sonho revelando o local da sepultura.
As relíquias foram encontradas no dia 25 de maio daquele ano, e três dias depois visitaram o local o Bispo de Penne, o abade de Casamari e o abade de Santa Anastásia em Roma, com alguns de seus monges. Quando as relíquias foram erguidas para que a multidão que afluira ao local pudesse vê-las, de um osso da tibia viu-se sair sangue, como se a carne não tivesse se separado do osso seco depois de tantos anos. Diante daquilo, o povo deu graças ao Senhor.
Sobre o local mais tarde foi construida a basílica atual. Durante o terremoto de 1350 a igreja sofreu graves danos e as relíquias foram transladadas para a catedral, para retornar novamente a basilica em 1742.
Santa Salomé é padroeira da cidade de Veroli, na Itália.
sábado, 21 de abril de 2012
Santa Senhorinha de Vieira, Abadessa Beneditina - Festa 22 de abril
Nasceu no ano de 924, mais provavelmente em Vieira do Minho. Era a filha mais nova de Avulfo, Conde e Senhor de Vieira e de Basto, e de Da. Teresa, irmã do Conde Gonçalo Soares. Chamou-se primeiro Domitila, mas o pai, regressando já viúvo de guerras, começou a chamar à filha queridíssima sua senhorinha e este passou a ser o seu nome.
Ficando órfã muito cedo, o pai confiou-a a Da. Godinha, tia materna da Santa, abadessa no Mosteiro de S. João, de Vieira do Minho, da Ordem de S. Bento.
Narram velhos códices que Senhorinha, tão bem acompanhada, se exercitou desde a mais tenra idade em jejuns, cilícios e disciplinas, consumindo o melhor do seu tempo na oração e em ouvir a palavra de Deus. Resistiu com energia a um nobre pretendente para matrimônio, pessoa que encontrava em Avulfo o melhor apoio. Mas o pai compreendeu esses desejos de perfeição.
Ela professou aos 15 anos, segundo os costumes monásticos peninsulares. E Avulfo doou à filha, para que se sustentassem, ela e as companheiras que aparecessem, os direitos que possuía, como padroeiro, nas igrejas de São João de Vieira, São Jorge de Basto e de Atei. Assim parece ter-se originado o Mosteiro de Vieira.
Dizem-nos que a Santa lia assiduamente a regra do Convento, os escritos de Santo Ambrósio, a Vida dos Santos e, muito naturalmente, a Escritura Sagrada. Teve grandíssimos desejos de martírio, que a tia lhe fez compreender estar na observância monástica. Mas Godinha não durou muito e a sobrinha mandou dar-lhe honrosa sepultura na sua Igreja de São Jorge de Basto.
E, para ocupar o seu lugar no governo do mosteiro, foi eleita Senhorinha. Teria então uns 36 anos de idade e aproximadamente 20 de professa. A partir desta data, falam os velhos textos de numerosos milagres seus: fazer que aparecesse o pão necessário, transformar água em vinho (ver os azulejos da Igreja de São Vítor em Braga, do séc. XVII), e outros prodígios ainda.
Vivia então em Celanova (junto a Orense, na Galiza), onde fundara um notabilíssimo mosteiro, o ex-bispo de Dume. São Rosendo, primo de Santa Senhorinha. Era visitador e reformador dos mosteiros de todo o Minho e Douro. Como tal vinha de vez em quando a Vieira.
Não se sabe porquê, Santa Senhorinha transferiu-se, com as suas religiosas, para a terra que hoje tem o nome da Santa, no município de Cabeceiras de Basto. Essa freguesia chamava-se então São Jorge de Basto. Nela, ao lado da atual igreja paroquial seiscentista, ainda se encontra o chamado campo da feira, em cujo subsolo se descobrem sinais do que deve ter sido o mosteiro.
Gervásio, irmão da santa, levava vida mundana e por orações da Santa converteu-se e santificou-se. Senhorinha, segundo um testemunho igualmente antigo, teve conhecimento, ao rezar no coro, da entrada de São Rosendo no céu. Estando também a orar, ela ouviu uma voz que lhe dizia: "Vem, minha escolhida, porque desejou o Rei a tua beleza". Percebeu logo de que se tratava, pediu os sacramentos e exortou as religiosas a perseverarem no amor de Deus e do próximo.
Deu a sua alma a Deus com 58 anos de idade, a 22 de abril do ano 982. Ficou sepultada na igreja do mosteiro, entre os túmulos da tia e do irmão: Santa Godinha e São Gervásio.
Havendo por ela muita devoção, o Arcebispo de Braga, D. Paio Mendes (1118-1138), veio visitar o sepulcro da Santa em ordem à canonização, pois se dizia que ela estava na sepultura "inteirinha, incorrupta, como que dormindo".
Deslocara-se pois até à igreja onde se encontrava o venerado túmulo, e - diz a crónica - tendo convocado o povo, que acorrera em massa, dispunha-se a exumar o corpo santo, sepultado em campa rasa, junto do altar-mor, quando, inesperadamente, um homem cego de nascença começou a bradar: "Vejo as mãos do Arcebispo e vejo o Arcebispo".
Grande alvoroço da multidão, espanto enorme do Prelado; interroga-se o miraculado que responde: "Eu fui sempre cego, desde o nascimento, senti uma mão que tocou nos meus olhos e agora vejo o Arcebispo e a sepultura de Santa Senhorinha".
Desistiu então o Arcebispo de abrir a sepultura, crendo piamente na santidade de Senhorinha e na verdade dos milagres. Mas depois, no ano de 1130, mandou-o levantar da terra e apor-lhe uma inscrição que fala da virgem consagrada, Senhorinha, e dos seus milagres inumeráveis em vida e numerosos depois da morte.
Constituiu esta lápide uma verdadeira canonização, que estava nessa altura nas atribuições dos bispos locais. Mais tarde o Papa Alexandre III (1159-1181) reservou as canonizações aos Papas.
Com a visita e o epitáfio de D. Paio Mendes começou uma época de mais intensa devoção à Santa, com peregrinos de Portugal inteiro, da Galiza, de Leão, etc.
D. Sancho I (1185-1211), vendo o filho e herdeiro D. Afonso em perigo de morte, veio a Santa Senhorinha (nome do lugar que sucedeu a S. Jorge de Basto) pedir a saúde dele e prometer, se obtivesse a graça, constituir um refúgio à volta da igreja; obteve-a e andou a pé a indicar o sítio dos marcos que D. Gonçalo Mendes, senhor da terra, mandou pôr.
O rei D. Pedro I firmou, a 15 de setembro de 1360, a doação do padroado de Santa Maria de Basto, com os seus frutos e rendas, à Igreja de Santa Senhorinha, sob a condição, entre outras, de que este templo tivesse três lâmpadas com azeite, uma diante do crucifixo, outra diante do corpo de Santa Senhorinha e a terceira na capela em que jaz o corpo de São Gervásio. E explica o rei que esta capela foi mandada construir por D. Inês de Castro - terá sido entre 1340 e 1357. Conclui-se que, por essa altura, o túmulo de Santa Senhorinha estava no corpo da igreja.
Apesar de só no século XVIII ter entrado o oficio litúrgico de Santa Senhorinha no Breviário Bracarense, deve datar do século XIII a introdução da festa da mesma nos calendários da Igreja ou de Ordens monásticas.
A festa de Santa Senhorinha foi introduzida no Breviário Bracarense de D. Rodrigo de Moura Teles (1724). Temos indícios de que desta Santa se rezava liturgicamente em todo o país a 22 de abril até ao fim do século passado; assim em almanaques de 1854 e 1898. De Santa Godinha, fora da Diocese de Braga, nada se encontra; de São Gervásio rezou a Sé Patriarcal de Lisboa de 1322 até 1761, pelo menos.
Com solenidade, celebrou-se em Santa Senhorinha de Basto o milenário da morte da Santa em 1982.
Fonte: www.portalcatolico.org.br
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Beata Clara Bosatta, Religiosa - Festejada 20 de abril
No dia 27 de maio de 1858, em Pianello Lario (Como, Itália), nasceu a última dos 11 filhos de Alexandre e Rosa Mazzuchi. Deram-lhe o nome de Dina.
Aos três anos ficou órfã de pai, um pequeno industrial da seda. A menina foi educada pela irmã mais velha, Marcelina, e desde cedo aprendeu a arte de fiar. Mas Marcelina, jovem piedosíssima, que sob a orientação do Beato Luís Guanella, será cofundadora do Instituto das Filhas de Santa Maria da Providência, convenceu os irmãos a enviá-la ao Instituto das Irmãs Canossianas de Gravedona para que continuasse os estudos, prestando ao mesmo tempo serviços domésticos.
Ali permaneceu por seis anos, que a marcaram profundamente. Dina admirava a vida das Irmãs, impregnou-se de seu espírito, viveu dias de intensa piedade. Acreditava ser chamada para a vida religiosa, conforme o programa de Santa Madalena de Canossa, que proclamava: "Deus só!" Devido, entretanto, ao seu caráter tímido e reservado, inclinado ao silêncio e à contemplação, mais do que a ação, foi considerada inapta para aquele Instituto e voltou para a família.
Entrementes, em Pianello Lario, o pároco, Padre Carlos Coppini, havia agrupado jovens numa Pia União de Filhas de Maria, sob a proteção de Santa Úrsula e Santa Ângela Merici (10 de julho de 1871), e Marcelina se tornara superiora da obra. Com algumas daquelas jovens foi possível ao pároco inaugurar, em outubro de 1873, um providencial albergue para velhos e crianças abandonadas.
Regressando a terra natal, o pároco aconselhou Dina a ingressar no albergue. Ela o fez sem muito entusiasmo, pois aquela piedosa casa, que ela não conhecia muito, lhe parecia imersa em uma grande atividade com as crianças, os anciãos e na ajuda aos necessitados da região, enquanto ela preferia uma casa toda dedicada à oração e à contemplação. Mas, em 27 de outubro de 1878 ela emitiu a profissão religiosa, tomando o nome de Clara.
Em julho de 1881, o pároco faleceu, vindo substitui-lo o Beato Luís Guanella, que passou a dirigir as religiosas de que fazia parte Clara Bosatta.
No ano escolar 1881-82 Clara completou a preparação para diplomar-se professora do curso elementar, sem poder prestar os exames. Foram-lhe confiadas as mais variadas tarefas, entre as quais a de Mestra de Noviças. Dedicou-se a educação das órfãs com maternal solicitude.
O Beato Luís Guanella se dedicou em transformar a Pia União das Ursulinas em uma congregação com o título de Filhas de Santa Maria da Providência. Se dedicava também à formação das religiosas e foi diretor espiritual de Irmã Clara, guiando-a na via da contemplação mais alta, especialmente da Paixão de Cristo, e fazendo que ela se empenhasse no serviço da caridade com os necessitados.
Irmã Clara portou-se sempre com humildade, dedicação e abnegação até o heroísmo. Além do intenso trabalho no albergue, ajudava na paróquia ensinando catecismo a crianças e adolescentes, e visitava os doentes em suas casas.
Em 1885, o Padre Lourenço Guanella, irmão do Beato Luís Guanella, pediu que as Irmãs Marcelina e Clara, com mais uma Irmã, abrissem uma nova casa em Ardenno. Não lhes faltaram trabalhos e sérias dificuldades. Foi uma experiência que preparou Irmã Clara para uma nova tarefa: em maio do ano seguinte, foi-lhe confiada a direção da Casa da Divina Providência, que se tornaria a casa-mãe da obra do Beato Luís Guanella.
Irmã Clara tornou-se logo o centro propulsor e amoroso daquela casa: das Irmãs, das postulantes, dos hóspedes, dos anciãos necessitados, das jovens operárias na cidade. De saúde delicada, ela trabalhou até ao esgotamento. No outono de 1886 adoeceu dos pulmões. Esperando que o ar da terra natal pudesse ajudá-la, transportaram-na para Pianello, onde faleceu no dia 20 de abril de 1887.
O próprio Beato Guanella promoveu a abertura da causa de sua beatificação. O processo informativo foi aberto em Como no ano de 1912. Foi beatificada em 21 de abril de 1991. Seu corpo é venerado no Santuário do Sagrado Coração de Como, ao lado do Beato Luís Guanella.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Santa Antusa, Virgem, Princesa Imperial - Festa 18 de abril
Imperatriz, princesa e serva bizantinas (*) |
A princesa Antusa nasceu cerca de 750 em Constantinopla, filha do imperador do Oriente, Constantino V Coprônimo, e da imperatriz Irene. Seu nome foi uma homenagem à Santa homônima de Onoriade (venerada no dia 27 de julho, fundadora de mosteiros masculinos e femininos, perseguida por causa da iconoclastia), que tinha vaticinado o feliz êxito da gravidez difícil da imperatriz.
A princesa foi levada à piedade pela mãe, que cedo a deixou órfã. Após a morte da mãe, ela e seu irmão gêmeo, Leão, permaneceram na corte do seu ímpio pai. Antusa, porém, perseverou na verdadeira fé e cedo consagrou a Deus a sua virgindade.
A princesa foi levada à piedade pela mãe, que cedo a deixou órfã. Após a morte da mãe, ela e seu irmão gêmeo, Leão, permaneceram na corte do seu ímpio pai. Antusa, porém, perseverou na verdadeira fé e cedo consagrou a Deus a sua virgindade.
Constantino V Coprônimo (718-775), imperador do Oriente de 741 a 755, filho de Leão III, continuou a obra de seu pai. Em 751, entretanto, perdeu o exarcado de Ravenna. Depois, as intervenções de Pepino e de Carlos Magno fizeram fracassar seus projetos de reconquista da Península Italiana, e as dissidências religiosas com o Papado provocaram sua ruptura com Roma.
No interior do império, a sua política administrativa trouxe uma real prosperidade a monarquia, mas a questão iconoclasta perturbou profundamente o seu reinado. O Concílio de Hieria, de 754, composto basicamente por bispos iconoclastas, condenou o culto de imagens e aprovou as novas leis religiosas e um novo patriarca, também iconoclasta. Seguiu-se uma campanha para remover imagens de igrejas e uma perseguição a monges que em sua maioria eram iconófilos. Muitos monges fugiram para a Itália e para a Sicília.
Antusa não partilhava da posição do pai e, renunciando ao matrimônio, dedicou sua vida ao serviço de Cristo. Foi perseguida por suas posições, açoitada e desterrada. Após a morte de seu pai, em 775, tendo subido ao trono seu irmão gêmeo com o nome de Leão IV, Antusa pode voltar para Constantinopla e tomar posse de sua herança.
A princesa distribuiu parte de seus bens aos pobres e empregou o resto em reconstruir os mosteiros que seu pai destruíra. Fez presente dos vestidos preciosos para ornato das igrejas e dos altares. Mandava recolher as crianças abandonadas e ela mesma as instruía; ajudava os pobres; libertava os escravos.
Quando Leão IV morreu, em 780, sua esposa Irene tornou-se regente em nome do filho menor de idade, futuro Constantino VI, e ofereceu a Antusa associar-se a ela no governo do império. Mas Antusa já era toda de Deus e preferiu recusar a oferta, continuando a dedicar-se às suas práticas de caridade.
Em 784 Antusa recebeu o hábito monástico das mãos do santo patriarca São Tarásio, no mosteiro da Concórdia de Constantinopla, onde permaneceu os últimos anos de sua vida desempenhando os ofícios mais humildes e assistindo com amor as irmãs de hábito. Faleceu no ano de 801.
Embora a tradição oriental a considere mártir, tal título não é reconhecido pelo Martirológio Romano. Santa Antusa é comemorada tanto no Oriente como no Ocidente no dia 18 de abril.