sábado, 29 de março de 2014

Beata Restituta Kafka, Virgem e mártir - 30 de março

   

    
     Sua terra natal, Moravia, estava sujeita ao imperador austríaco Francisco José quando Helena nasceu, no dia 1º de maio de 1894; era a sexta dos sete filhos de Anton e Maria Kafka. A família mudou-se em 1896 da região nativa para Viena, a capital do império. Sua família era de um humilde sapateiro; Helena é pobre e além disso gaga. Era também um pouco teimosa, pelo menos a julgar pelo caráter forte e por sua maneira de fazer, rápida e decidida, que a acompanhou por toda a vida.
     Aos 15 anos, Helena desejaria continuar a estudar, mas mandaram-na trabalhar como empregada; aos 18 anos manifestou sua vocação de se tornar freira, mas os seus familiares se opõem fortemente. Então, ela resignou-se a esperar os 20 anos, e quando atingiu aquela idade fugiu de casa para ir para o convento. As Irmãs Franciscanas da Caridade Cristã de Viena lhe deram o nome de Irmã Restituta e designaram-na para a enfermaria, ocupação que sempre fora o seu maior desejo, porque ela gostava de servir Jesus nos doentes.
     No hospital regional de Mödling, perto de Viena, a religiosa tornou-se uma instituição para os médicos, para as outras enfermeiras, mas especialmente para os doentes, aos quais sabia como comunicar com extraordinária eficácia o seu amor pela vida, a sua própria e a dos outros, na alegria e no sofrimento. Ela era uma mulher, diriamos hoje, esplendidamente realizada.
     Aqui e ali continuou a demonstrar o seu caráter cordial, mas firme, de modo que Irmã Restituta logo foi chamada de "Irmã Resoluta". Na cabeceira dos doentes, no entanto, ninguém a podia superar, porque é de uma delicadeza e de uma ternura únicas. A Primeira Guerra Mundial eclodiu e a Irmã Restituta ficou ao lado dos feridos, solícita a cada chamada, pronta para qualquer emergência.
     Em 1938 os nazistas invadiram Viena e foram duas as primeiras disposições de Hitler: se livrar dos crucifixos de locais públicos e afastar as religiosas da ala da enfermaria do hospital. Irmã Restituta, no entanto, era tão indispensável devido sua experiência indiscutível, que pode mais ou menos secretamente continuar o seu trabalho de caridade na cabeceira dos doentes. O crucifixo nos quartos e enfermarias do hospital tornou-se quase uma questão pessoal: Irmã Restituta, resoluta como sempre, se ocupava da tarefa de ir pessoalmente substituí-los onde fossem tirados; ela sabia o risco que corria com o seu gesto provocativo, mas quanto mais crucifixos eram excluídos tanto mais ela os repunha.
     Entre ela e os nazistas se declarou uma incompatibilidade, porque ela não podia compartilhar a ideologia de morte e de racismo que Hitler vinha professando. E assim a fúria nazista se desencadeou até mesmo sobre ela: ela foi presa na Quarta-feira de Cinzas de 1942 e colocada na prisão, e em sua cela continuou a ajudar as mulheres grávidas e as companheiras debilitadas, além de consolar e apoiar as condenadas à morte.
     A sentença de morte veio quase um ano depois e Irmã Restituta foi decapitada em 30 de março de 1943. Antes de morrer, ela pediu ao capelão que traçasse na sua fronte o Sinal da Cruz, quase o selo de autenticidade de uma vida que esteve sempre inspirada pelo crucifixo. Às irmãs mandou um recado: "Tenho vivido por Cristo, por Cristo quero morrer".
     Em 21 de junho de 1998, Irmã Restituta Kafka, a mártir do crucifixo, foi proclamada beata e sua memória litúrgica foi fixada no dia 29 de outubro.
 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Beata Panaceia de' Muzzi, Virgem e mártir - 27 de março


     Panaceia, conforme o dicionário, é “o remédio pretensamente eficaz para todos os males, físicos e morais”. Quem traz este nome estranho é uma jovenzinha que viveu na segunda metade do século 13, cuja existência histórica e cujo martírio são bem documentados a partir de registros antiquíssimos, e que ao longo dos séculos tem estimulado a imaginação de artistas e escritores, entre os quais certamente se destaca Silvio Pellico.
     Panaceia nasceu em Quarona (cidadezinha entre Borgosesia e Varallo), em 1368, e logo perdeu a mãe. O pai se casou novamente com uma certa Margarida, também ela viúva com uma filha, e para a pequena começaram os problemas. A madrasta e a meia-irmã se coligaram contra ela, reservando-lhe os trabalhos mais duros e humildes, zombando dela por sua piedade, contestando seus atos de caridade.
     As biografias de fato concordam em descrever Panaceia como uma jovem que reza muito, cuida dos doentes e socorre os pobres: uma autêntica cristã, portanto, que além disso suporta com paciência heroica os maus tratos com que é recebida todos os dias ao voltar para casa. Panaceia é vítima de um ciúme familiar ou de uma simples antipatia.
     Contra essa jovenzinha que vive com simplicidade, mas também com intensidade, a sua fé, se desencadeia uma verdadeira perseguição "doméstica" que atingiu o seu clímax em uma noite de primavera de 1383. Panaceia, que tem 15 anos, naquela noite não voltou do local de pastagem do rebanho com a pontualidade que a madrasta reivindicava. Com raiva no coração e o ressentimento de sempre, esta última foi procurá-la e encontrou-a nas pastagens que circundam Quarona e a sua ira se desencadeou ao observar que Panaceia estava rezando.
     A raiva é sempre má conselheira. A mulher passou facilmente das palavras aos atos, batendo repetidamente na jovem com um objeto pontiagudo, possivelmente um fuso ou um pedaço de pau encontrado no local, até matá-la. Talvez não tenha sido realmente um homicídio intencional, isso é demonstrado pelo fato de que a madrasta, levada pelo desespero, após o ocorrido foi imediatamente cometer suicídio pulando de um barranco nas proximidades.
     Para Panaceia iniciou-se uma devoção popular, porque as pessoas viam na sua morte um verdadeiro martírio. O seu corpo foi trazido para Ghemme e ela foi sepultada ao lado de sua mãe, que a tinha deixado órfã muito cedo. Nesse túmulo porém pouco restou, porque as suas relíquias foram logo levadas para a igreja, cercadas de veneração e meta de peregrinações.
     A devoção por Panaceia atravessou os séculos e se transformou em culto popular que recebeu a confirmação papal em 1867. Em todo o Vale do Sesia ela é indicada simplesmente como "a Beata", sendo comemorada em 5 de maio com cerimônias religiosas e festas seculares, enquanto os bispos indicam Panaceia como um modelo de santidade de uma leiga, enfatizando sua fé vivida no dia a dia, capaz de superar adversidades e incompreensões, fé que é alimentada pela oração e testemunhada pela caridade.
 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus

                                   
                                                   

     A festa da Anunciação, que se comemora no dia 25 de março, é uma das maiores da Cristandade, pois nela comemora-se o Mistério sublime da Encarnação do Verbo no seio puríssimo de Maria.
     Desde o século V já se tem indícios da comemoração desta festividade mariana.
     A esse Mistério foram dedicadas em toda a Cristandade inúmeras igrejas, mosteiros, ordens religiosas e inclusive uma Ordem Militar de Cavalaria, a da Anunciação, na França do século XIV.
 
Maria, a obra-prima das mãos de Deus
     No Oriente, havendo uma festa especial para celebrar o papel de Nossa Senhora na Redenção a 26 de dezembro, a festa da Anunciação é considerada uma comemoração de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Encarnação do Verbo de Deus.
     Na Igreja Latina sempre foi uma festa de Nossa Senhora.
     Isso é bem compreensível, como explica o Doutor Marial por excelência, São Luís Maria Grignion de Montfort:
     "Deus Padre só deu ao mundo seu Unigênito por Maria. Suspiraram os patriarcas e pedidos insistentes fizeram os profetas e os santos da lei antiga durante quatro milênios, mas só Maria o mereceu e alcançou graça diante de Deus pela força de suas orações e pela sublimidade de suas virtudes. Porque o mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, Ele o deu a Maria a fim de que o mundo o recebesse por meio dEla". (1) 
     Para nos explicar o amor de Deus por Maria, diz o teólogo dominicano francês Pe. Garrigou-Lagrange:
     "O Verbo feito Carne ama todos os homens, pelos quais está preparado a derramar Seu Sangue. Ele ama de um modo especial os eleitos, e entre eles, de um modo ainda mais especial, os apóstolos e os santos. Porém, seu amor por Maria, destinada a estar mais intimamente associada com Ele em Seu trabalho pela salvação das almas, é o maior de todos. Mas Jesus é Deus. Assim, Seu amor por Ela produz na alma de Maria graças em superabundância, de modo a transbordar para as outras almas". (2)

Excertos de Artigo de Plinio Maria Solimeo
Notas
(1) São Luís Maria Grignion de Monfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Editora Vozes, Petrópolis, 1953, p. 26.
(2) Fr. Reginald Garrigou-Lagrange O.P., The Mother of the Saviour and our interior Life, translation by Fr. Bernard J.Kelly, CSSp, D.D., B. Herder Book Company, Saint Louis, MO (USA), 1953, p. 101.
 

sábado, 22 de março de 2014

Beata Maria Serafina do Sagrado Coração, Fundadora - 24 de março

      
     Clotilde Micheli nasceu em Imer (Trento) no dia 11 de setembro de 1849. Seus pais eram profundamente católicos. Com 3 anos, como era uso então, recebeu o Sacramento da Crisma em Fiera di Primiero, do bispo-príncipe de Trento Mons. Tschiderer. Aos 10 anos recebeu a Primeira Comunhão.
     No dia 2 de agosto de 1867, com 18 anos, quando estava em oração na igreja de Imer, Nossa Senhora manifestou-lhe que era a vontade de Deus que fosse fundado um instituto religioso com a finalidade especifica de adorar a Santíssima Trindade, com especial devoção a Nossa Senhora dos Anjos, estes modelos de oração e de serviço.
     Seguindo os conselhos de uma senhora sábia e prudente, Constança Piazza, Clotilde dirigiu-se para Veneza para se aconselhar com Mons. Domenico Agostini, futuro patriarca daquela cidade, que a aconselhou a iniciar a obra desejada por Deus, começando por redigir a Regra do Instituto. Mas temendo não conseguir levar adiante o projeto, Clotilde retornou a Imer.
     Em 1867, se transferiu para Pádua, onde permaneceu por nove anos, sendo dirigida por Mons. Ângelo Piacentini, professor do Seminário local, buscando compreender melhor a mensagem recebida.
     Com a morte de Mons. Piacentini, em 1876, Clotilde mudou-se para Castellavazzo, onde o arcipreste Jerônimo Barpi, conhecedor das intenções da jovem, colocou à sua disposição um velho convento para a nova fundação.
     Em 1878, para fugir de um casamento combinado, Clotilde vai para a Alemanha para onde seus pais tinham ido para trabalhar. Ali permaneceu por sete anos, de 1878 a 1885, trabalhando como enfermeira no Hospital das Irmãs Elisabetanas e tornando-se notável por sua caridade e delicadeza com os enfermos.
     Depois da morte da mãe em 1882 e do pai em 1885, decidiu deixar a Alemanha e voltar para Imer, sua terra natal.
     Dois anos depois, aos 38 anos, Clotilde e sua prima Judite, iniciam a pé uma peregrinação a Roma, fazendo visitas a vários santuários marianos com devoção e espírito de penitência, sempre em busca da vontade de Deus acerca da fundação idealizada. 
     Em agosto chegaram a Roma e se hospedaram nas Irmãs de Caridade Filhas da Imaculada, fundação de Maria Fabiano. A fundadora, conhecendo Clotilde mais profundamente, convenceu-a a tomar o hábito de sua fundação nascente, prometendo deixá-la livre se o seu plano juvenil se concretizasse.
     Clotilde adotou o nome de Irmã Anunciada e permaneceu naquela fundação até o início de 1891, ocupando inclusive o cargo de superiora de 1888 a 1891 no convento de Sgurgola de Anagni.
     Em 1891, Clotilde vai para Caserta, atendendo ao convite do Pe. Francisco Fusco de Trani, franciscano conventual, que queria propor a ela a realização de uma fundação idealizada pelo bispo Mons. Scotti, mas ela constatou que o projeto do prelado não concordava com o que lhe parecia ser a vontade de Deus.
     Depois de permanecer em Caserta como hóspede de uma família que a sustentava, Clotilde mudou-se para Casolla, com duas jovens que a ela tinham se unido. Alguns meses depois, o bispo de Caserta, Mons. de Rossi, príncipe de Castelpetroso, autorizou a vestição religiosa do primeiro grupo de cinco irmãs.
     No dia 28 de junho de 1891, com a presença do Pe. Fusco, a nova instituição adotou o nome de Irmãs dos Anjos, adoradoras da Santíssima Trindade. Clotilde Micheli, a fundadora, tinha 42 anos; ela adotou então o nome de Irmã Maria Serafina do Sagrado Coração.
     Um primeiro núcleo de irmãs foi enviado para dirigir um orfanato em Santa Maria Capua Vetere (Caserta), o qual se tornou a primeira Casa do Instituto, seguido de outras obras voltadas ao serviço da infância e da juventude abandonada.
     A partir do fim de 1895, iniciou-se para Madre Serafina um período de sofrimentos físicos. Após uma cirurgia muito delicada, solicitada pelo próprio bispo de Caserta, sua debilidade era visível. Neste tempo, depois de vários problemas, foi aberta a Casa de Faicchio (Benevento), em junho de 1899. Esta casa se tornará o Instituto de formação da Congregação.
     Madre Serafina empenhava-se em realizar outras obras, mas a fragilidade da saúde a constrange a não mais sair de Faicchio.
     Como quase todas as fundadoras de Congregações religiosas, ela também teve muito que sofrer moralmente pela incompreensão até no interior de seu Instituto, e no dia 24 de março de 1911, consumida pelos sofrimentos físicos, faleceu na Casa de Faicchio, onde foi sepultada.
     As Irmãs dos Anjos introduziram a causa de sua beatificação na Santa Sé em 9 de julho de 1990. A mensagem da Virgem no longínquo ano de 1867 a acompanhou por toda a vida e se difundiu na sua Congregação como um dom do Espírito Santo: Como os Anjos adorem a Trindade e sereis na terra como eles são nos céus”.
     Madre Serafina foi beatificada em 28 de maio de 2011.
 
A Beata Maria Serafina e a visão de Lutero no inferno
     Em 10 de novembro de 1883, a Beata passou por Eisleben, na Saxônia, cidade natal de Lutero. Naquele dia se festejava o quarto centenário do nascimento do grande herege que dividiu em duas a Europa e a Igreja. As ruas estavam lotadas, as varandas enfeitadas com bandeiras. Entre as numerosas autoridades presentes aguardava-se, a qualquer momento, a chegada do imperador Guilherme I, que presidiria a celebração solene.
     A futura beata, embora notasse o grande tumulto, não estava interessada em saber a razão para aquele entusiasmo inusitado: seu único desejo era procurar uma igreja para fazer uma visita a Jesus Sacramentado.
     Depois de caminhar por algum tempo, finalmente encontrou uma, mas as portas estavam fechadas. Então ela se ajoelhou na escadaria de acesso para fazer as suas orações. Sendo noite, não havia percebido que não era uma igreja católica, mas protestante. Enquanto rezava, o Anjo da Guarda lhe apareceu e disse: “Levanta-te, pois esta é uma igreja protestante”. E acrescentou: “Mas eu quero fazer-te ver o local onde Martinho Lutero foi condenado e a pena que sofreu em castigo do seu orgulho”.
     Assim dizendo, mostrou a ela um terrível abismo de fogo, no qual um incalculável número de almas eram cruelmente atormentadas. No fundo deste precipício havia um homem, Martinho Lutero, que se distinguia dos demais: estava cercado por demônios que o obrigavam a se ajoelhar e todos, munidos de martelos, se esforçavam em vão para fincar em sua cabeça um grande prego.
     A Irmã pensou: “se o povo em festa visse esta cena dramática, certamente não tributaria honra, recordações, comemorações e festejos para um tal personagem”. Quando se apresentou a ocasião, recordou às suas irmãs que vivessem na humildade e no recolhimento. Estava convencida de que Martinho Lutero fora punido no inferno sobretudo por conta do primeiro pecado capital: o orgulho.
     O orgulho o fez cair em pecado, conduziu-o à rebelião aberta contra a Igreja Católica Romana. A sua conduta, a sua postura para com a Igreja e a sua pregação foram determinantes para enganar e levar muitas almas superficiais e incautas à ruína eterna.  [...]
 
Cf. Stanzione, Pe. Marcello: Futura beata viu Lutero no inferno. [tradução do site http://fratresinunum.com]

quinta-feira, 20 de março de 2014

Beata Joana Véron, Virgem e mártir de 1794 - 20 de março

     Joana Véron nasceu em Quelaines no dia 6 de agosto de 1766. Ela professou seus votos religiosos na Congregação das Irmãs da Caridade de Nossa Senhora de Evron, dedicada à educação de jovens e às várias obras de caridade. Por seu característico hábito cinza as irmãs eram conhecidas como "as irmãzinhas cinza".
     Ela foi enviada para Saint-Pierre-des-Landes para auxiliar Irmã Francisca Tréhet na gestão da escola paroquial fundada por ela para o ensino e também para ajudar os doentes. Joana se destacou por sua ternura para com o próximo, sua bondade e caridade.
     Se avizinhavam porém tempos nada tranquilos para a Igreja e para toda a nação francesa. Com o advento da Revolução, apesar de não haver reclamações ou queixas contra as duas Irmãs, no entanto elas foram colocadas em uma lista de pessoas condenadas à guilhotina, para serem depois presas entre o final de fevereiro e o início de março de 1794. Ambas foram detidas em Ernée, Irmã Francisca foi para a prisão, enquanto a Irmã Joana foi levada para o hospital, pois estava gravemente enferma.
     Em 13 de março a primeira foi julgada e morta, e sete dias depois Joana Véron foi finalmente levada ao tribunal em uma cadeira de rodas. Ali então foi pedido que ela gritasse: "Longa vida à República!", mas a religiosa se recusou a fazê-lo e foi então definitivamente condenada à guilhotina. O veredicto elaborado pela comissão a acusou de ter "escondido padres refratários e alimentado e protegido os revoltosos Vandeanos".
     A sentença trágica foi executada no mesmo dia e Joana teve que ser transportada em uma maca até o cadafalso: ela tinha apenas 28 anos. Seus restos mortais, juntamente com os da Irmã Francisca Tréhet, desde 1814 são venerados na Igreja de St-Pierre-des-Landes. Ambas foram beatificadas em 19 de junho de 1955, juntamente com outros mártires da Diocese de Laval.

terça-feira, 18 de março de 2014

São José, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo - 19 de março

    
     Amanhã comemoraremos a Solenidade de São José, Padroeiro da Igreja Católica Universal, assim proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1870.
     Entre todos os homens do seu tempo, Deus escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de seu Filho divino e humanado. E Jesus lhe era submisso, como mostra São Lucas.
     Santa Gertrudes (1256-1302), a grande mística alemã, afirmou que “viu os Anjos inclinarem a cabeça quando no céu pronunciavam o nome de São José”.
     Santa Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira doutora da Igreja, a reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E declarava que em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada necessidade, mas que São José nos socorre em todas.
     O Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo “a obediência da fé” (cf. Rm 1,5). Deus nos dá a graça para viver pela fé (cf. Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstâncias. São José, um homem humilde e justo "viveu pela fé", sem a qual “é impossível agradar a Deus” (cf. Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).
     O grande doutor da Igreja, Santo Agostinho, compara os outros santos às estrelas e São José ao Sol. A esse grande santo Deus confiou Suas riquezas: Jesus e a Virgem Maria. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, propôs que ele fosse tido como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o declarou como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de maio como festa de São José Trabalhador.
     Rezemos a São José:
     A Vós, São José, recorremos em nossa tribulação e depois de ter implorado o auxílio de vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus Cristo conquistou com o seu sangue e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder. Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo. Afastai, para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas e, assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda a adversidade. Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio a fim de que a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio possamos viver virtuosamente, piedosamente morrer e alcançar no céu a eterna bem-aventurança. Amém.
     Glorioso São José, rogai por nós.




Relicário com o “cinto de São José”. No ano de 1254, Sire de Joinville, um dos Cruzados, trouxe o cinto do Oriente para a França, e mandou construir uma capela em honra a São José para guardar este tesouro; nela ele foi sepultado em 1319. Esta capela foi muito visitada pelos peregrinos franceses, entre os quais o Rei Luís XIV e o Cardeal Richelieu. Este relicário está atualmente na Igreja de Nossa Senhora, Joinville, Haute-Marne, França.

sábado, 15 de março de 2014

Beata Benedita de Assis, Abadessa - 16 de março


     Ingressou nas Clarissas de Assis em 1214; sendo sucessora de Santa Clara no governo do Mosteiro de São Damião, permaneceu no cargo até sua morte em 16 de março de 1260. É quase certo que é a mesma que encontramos como abadessa em Siena em 1227, e de 1240 a 1248 em Vallegloria próximo de Spello.
     Ela esteve presente no processo de canonização de Santa Clara, em novembro de 1253, no qual entretanto não testemunhou, talvez por ter estado muito tempo ausente de Assis. Os Irmãos Leo e Ângelo passaram para ela o breviário usado por São Francisco após a morte de Santa Clara.
     A Beata assistiu o início da construção da Basílica de Santa Clara (1257), a transferência das Clarissas de São Damião para os locais adjacentes à antiga Igreja de São Jorge, e talvez também tenha presenciado a transferência do corpo de Santa Clara da Igreja de São Jorge para a nova basílica, se com os Bolandistas for aceita como a data de sua morte o dia 19 de outubro em vez de 16 de março de 1260.
     O Martirológio Franciscano diz que sua vida brilhou por uma prudência singular e uma grande reputação de virtude e milagres. Ela foi enterrada na Igreja de São Jorge.
     Em 1602, o bispo de Assis, Crescêncio, mandou colocar as suas relíquias com as da Beata Amada e de Santa Inês na capela dedicada a esta última na Basílica de Santa Clara. Nela é venerada, acima do altar mor, uma grande cruz com as laterais contendo pinturas de Santa Clara e da Beata Benedita, com a seguinte legenda em letras góticas: “Domina Benedicta post Sanctam Claram prima Abbatissa me fecit fieri” (Dona Benedita, primeira abadessa depois de Santa Clara, me fez pintar).

quarta-feira, 12 de março de 2014

Santa Judite de Hildesheim, Abadessa - 13 de março

Mosteiro de São Miguel de Hildesheim

 
     Judite era irmã de São Bernoardo de Hildesheim (vide abaixo), falecido em 1022.
     Há poucas notícias sobre sua vida. Mas, a julgar pelas virtudes de seu santo irmão, ela deve ter sido uma grande abadessa. O obituário da Igreja de São Miguel de Hildesheim indica o dia 13 de março como a data de seu falecimento. Seu túmulo foi objeto da veneração dos fieis e em 1497 foi feita uma exumação de suas relíquias. Entretanto, todos os indícios de culto desapareceram com a Pseudo-Reforma Protestante.
 
Etimologia: Judite = zeladora de Deus, do hebraico.
 
* * *
 
Martirológio Romano: Em Hildesheim na Saxônia, Alemanha, São Bernoardo, bispo, que defendeu o rebanho dos ataques, renovou a disciplina do clero com numerosos sínodos e promoveu a vida monástica. 
 
     Tipo perfeito dos grandes prelados da Idade Média, que enquanto pais de almas eram defensores e educadores do povo, Bernoardo nos mostra em sua vida as mais variadas atividades. Ele era bispo, estudioso, artista, santo, político e militar, e tudo em um grau eminente. Nascido em uma das famílias aristocráticas mais ricas da Saxônia, criança ainda deixou o seu castelo para se dedicar ao estudo da filosofia.
     O bispo metalúrgico, podemos chamá-lo assim, estudava as Escrituras e a doutrina da Igreja, e era atraído pela arte de forjar, fundir e modelar os metais nas oficinas artesanais de Hildesheim, grande centro comercial da Baixa Saxônia.
     Quando jovem sacerdote foi chamado para a corte onde foi mestre do novo imperador Otão III, que era ainda criança. Em 992 foi nomeado bispo de Hildesheim. Ele introduziu os primeiros beneditinos na região. Enquanto iniciava a construção do grande Mosteiro de São Miguel, participou de uma expedição militar, fortificou a sua cidade e outros locais do território diocesano.
     Nos anos 1000-1001 acompanhou o imperador Otão III, então com 18 anos, para enfrentar uma revolta na Itália.
     O Mosteiro de São Miguel foi concluído em 1022, poucas semanas antes de sua morte. Ali São Bernoardo foi sepultado.
     Hildesheim conserva ainda algumas obras de arte realizadas sob sua influência: a porta de bronze da catedral, a imponente coluna de bronze, o seu crucifixo de prata, etc.
 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Santa Maria Eugênia de Jesus, Fundadora - 10 de março



     Ana Eugênia Milleret de Brou nasceu em Metz no dia 25 de agosto de 1817; sua infância transcorreu entre a casa natal dos Milleret de Brou e a vasta propriedade de Preisch, na fronteira entre Luxemburgo, Alemanha e França. De uma família incrédula cujo pai, voltairiano, era um alto funcionário e a mãe, uma excelente educadora que só praticava um formalismo religioso, Ana Eugênia teve um verdadeiro encontro místico com Jesus Cristo no dia de sua Primeira Comunhão, no Natal de 1829: “Nunca o esqueci”.
     Aos 13 anos uma grave doença obrigou Ana a interromper os estudos, que teve que prosseguir sozinha. As provas de Ana continuaram em 1830: durante a revolução contra o rei Carlos X, que deu o trono da França a Felipe de Orleans, o pai caiu na ruína e teve que vender o Castelo de Preisch, e mais tarde a casa de Metz. Seus pais se separaram; ela foi para Paris com a mãe, que uma epidemia de cólera – uma doença que açoitava com grande força Paris naquela época – colherá brutalmente em 1832. Uma rica família amiga de Châlons a acolheu.
     Aos 17 anos, conheceu a solidão em meio dos mundanismos que a rodeiam: "Vivi uns anos me perguntando sobre a base e o efeito das crenças que não havia compreendido... Minha ignorância sobre o ensino da Igreja era inconcebível e contudo havia recebido as instruções comuns do Catecismo". (Carta ao Pe. Lacordaire, 1841).
     Seu pai a fez voltar para Paris. Durante a Quaresma de 1836, ouviu o Pe. Lacordaire pregar na Catedral de Notre-Dame. "Vossa palavra despertava em mim uma fé que nada pode fazer vacilar". "Minha vocação começou em Notre-Dame", diria mais tarde.
     Na Quaresma de 1837, Ana Eugênia encontrou o Pe. Combalot, que pregava em São Sulpício, e que a orientou na fundação de uma nova Congregação. Ele sonhava fundar uma congregação dedicada a Nossa Senhora da Assunção para formar jovens dos meios dirigentes, a maioria irreligiosa; ela sonhava com a vocação religiosa.
     O Pe. Combalot enviou Ana Eugênia ao Convento da Visitação de La Côte-Saint-André (Isère), experiência que deixaria nela a marca do espírito e da espiritualidade de São Francisco de Sales. Já tinha as bases de sua pedagogia: rechaçava uma educação mundana em que a instrução cristã fosse pouca, queria um cristianismo autêntico e não um verniz superficial, queria dar para as jovens uma educação à luz de Cristo.
      Em outubro de 1838, se encontrou com o Pe. d’Alzon. Esta grande amizade duraria 40 anos. Em 30 de abril 1839, com 22 anos, se unem a ela duas jovens para realizar o seu projeto em um apartamento pequeno da Rua Férou; em outubro já eram quatro em um andar da Rua de Vaugirard. Elas estudam teologia, a Sagrada Escritura e as ciências profanas. Kate O’Neill, uma irlandesa, se uniu a elas e tomou o nome de Teresa-Emanuel. De personalidade forte, ela acompanharia Ana Eugênia oferecendo-lhe sua amizade e sua ajuda durante toda sua vida.
     Em maio de 1841, as Irmãs se separaram definitivamente do Pe. Combalot. Mons. Affre lhes ofereceu o apoio de seu vigário geral, Mons. Gros.
     As Irmãs retomam os estudos e fazem sua primeira profissão religiosa em 14 de agosto de 1841. A pobreza em que viviam era grande e a comunidade não aumentava. Isto não impediu Madre Maria Eugênia de abrir o primeiro colégio na primavera de 1842, no Impasse des Vignes. Mais tarde se instalou em Chaillot, porque a comunidade crescia e se tornava cada vez mais internacional. Às vezes ela se queixava dos sacerdotes e dos leigos: "Seu coração não bate por nada que seja grande".
     No Natal de 1844, Madre Maria Eugênia fez sua Profissão perpétua, com um quarto voto: “Estender por toda minha vida o Reino de Jesus Cristo...”.
     Madre Maria Eugênia desejava para suas filhas “contemplativas da ação” a recitação do Ofício Divino como devoção principal por ser a oração oficial da Igreja, e o centro de sua espiritualidade devia ser Jesus Eucaristia. Roma reconheceu esta nova Congregação em 1867. As Constituições, ou a Regra da Congregação da Assunção, foram definitivamente aprovadas em 11 de abril de 1888.
     A morte do Pe. d’Alzon em 1880 pressagiava o despojamento que ela havia entrevisto como necessário em 1854: "Deus quer que tudo caia ao meu redor". Irmã Teresa-Emanuel faleceu em 3 de maio de 1888, e sua solidão se tornou mais profunda.
     Entre 1854 e 1895, nasceram novas comunidades na França, seguidas das fundações na Inglaterra, Espanha, Nova Caledônia, Itália, América Latina e Filipinas.
     As viagens, as construções, os estudos, as decisões se sucediam. Sua preocupação constante porém será sempre sua intuição inicial, a que as Irmãs têm que ser fieis aos chamados do Senhor: "Na educação, uma filosofia, um carácter, uma paixão. Porém, que paixão dar? A da Fé, a do Amor, a da realização do Evangelho”. As religiosas devem ser professoras educadoras adaptando-se às necessidades que vão se apresentando, sem deixar de lado a observância monástica.
     Quando descobriu a debilidade da velhice, "um estado no qual só resta o amor", Madre Maria Eugênia foi se apagando pouco a pouco: "Só me resta ser boa". Vencida por uma paralisia em 1897, somente terá seu olhar para expressar essa bondade. Em 10 de março de 1898, entregou sua alma a Deus.
     Madre Maria Eugênia de Jesus foi beatificada em 9 de fevereiro de 1975 pelo papa Paulo VI; e em 3 de junho de 2007 o papa Bento XVI canonizou-a em Roma, na Festa da Santíssima Trindade.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Santa Teresa Margarida do Coração de Jesus - 7 de março

 
"Jovem flor do Carmelo, a imitar a brancura das açucenas"
 
     Ana Maria Redi nasceu na Itália, na cidade de Arezzo, de nobre família, na vigília da Festa de Nossa Senhora do Carmo, dia 15 de julho de 1747. Seus pais, Inácio Fernando Maria Redi e Maria Camila Ballati, tiveram 13 filhos, Ana Maria foi a segunda. Teve três irmãs religiosas e dois irmãos sacerdotes. Foi alma contemplativa desde menina. Frequentemente enchia-se de entusiasmo e questionava: “Diga-me, quem é esse Deus?” Desde muito pequenina, gostava de colher flores para oferecê-las a Jesus. Na adolescência, procurava exercitar cada dia uma virtude. Na juventude, gostava de rezar diante do sacrário, onde dizia palpitar não só o Amor, mas o Coração do Amor.
     Aos nove anos, junto com a irmã, Eleonora Catarina, foi mandada para Florença para receber formação com as Beneditinas de Santa Apolônia. Recebeu a Primeira Comunhão no dia da Assunção de 1757. Um fato significativo: seu maior confidente era o pai, Inácio Maria Redi, homem ilustre e religioso. Entre os dois se iniciou uma intensa troca de correspondência, infelizmente quase toda perdida devido a sua promessa de queimar as cartas. Ana Maria muitas vezes disse que era grata ao pai mais pelo que lhe ensinava do que por tê-la gerado.
     Após ter lido a vida de Santa Margarida Maria Alacoque nasceu nela uma grande devoção ao Sagrado Coração.
     Tinha 17 anos quando ouviu uma voz que lhe dizia: «Sou Teresa de Jesus e quero-te entre as minhas filhas». Foi o seu chamamento ao Carmelo, à «casa dos Anjos», como gostava de chamar os conventos de carmelitas, assim como Santa Teresa de Jesus lhes chamava «pombais de Nossa Senhora». A exemplo da amiga Cecília Albergotti resolveu entrar no Carmelo. A separação da família foi dolorosíssima. No dia 1° de setembro de 1764 foi recebida no Mosteiro de Santa Maria dos Anjos de Florença, recebendo o nome de Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus.
     Quando era postulante uma doença provocada por um tumor maligno a fez sofrer muito. Uma vez restabelecida, iniciou o Noviciado tomando o véu em 11 de março de 1765. Fez a profissão religiosa em 12 de março de 1766.
     Por ocasião da sua profissão religiosa, por amor a Jesus, renunciou a manter a troca de correspondência com seu pai. Custou-lhe muitíssimo, mas eles combinaram que a partir daquela data todas as noites, antes do repouso, se encontrariam no Coração de Jesus.
     Quando ainda jovem professa desejou profundamente conhecer a vida escondida de Jesus. Apagar a sede de Deus através da imitação de Cristo se tornou o objetivo de sua existência. Nasceu assim a singular expressão: "Que bela escada, que escada preciosa, indispensável é o nosso Bom Jesus!", Mestre, modelo e instrumento para compreender e entrar no Mistério Divino.
     O mistério da Cruz e os espinhos que rodeavam o Coração de Cristo atraíam-na fazendo-a humilde, alegre e caridosa. No dizer das Irmãs, era um anjo do Céu no convento de Florença.
     Durante toda a sua vida viveu o lema: "Escondida com Cristo em Deus". Mais que mestra foi um contínuo e magnífico testemunho de vida espiritual. Assimilou com perfeição os ensinamentos de Santa Margarida Maria Alacoque sobre o Sagrado Coração de Jesus e viveu-os de modo bem pessoal, até chegar à intimidade com a Santíssima Trindade. Foi Apóstola do Sagrado Coração e de Nossa Senhora do Carmo, a quem amou entranhadamente. Outro lema que lhe era muito caro, como fiel herdeira do espírito do Carmelo, era "padecer e calar".
     No domingo 28 de junho de 1767, encontrando-se no coro para o Ofício de Terça, ouviu a leitura breve: Deus é caridade, e quem permanece na caridade, permanece em Deus (Ep. Jo. 1, 4-16). Um sentimento sobrenatural a invadiu e por vários dias ficou abalada. Doou então o seu coração a Cristo, oferecendo-se para ser consumida por Seu amor. Havia chegado ao último degrau da escada... Tudo isto na mais profunda humildade, com o desejo de transmitir tais dons místicos às irmãs de hábito. Pediu ao confessor a permissão para fazer a oferta de Santa Margarida Maria Alacoque: colocar a sua vontade própria na Chaga do Lado de Cristo e entrar em Seu Coração.
     O amor de Deus se concretizou no ofício de auxiliar de enfermeira, cargo que exerceu com extraordinária abnegação, em particular com uma irmã que devido a problemas psíquicos havia se tornado violenta. A sua caridade foi silenciosa e heroica.
     Temos poucos escritos de Santa Teresa Margarida Redi: algumas cartas, vários bilhetes que gostava de enviar às irmãs e os propósitos dos exercícios de 1768 e um outro breve propósito. Mas a sua ardente devoção a fez atingir uma altíssima experiência mística. Apesar de não ter muitos conhecimentos teológicos, teve profundíssima compreensão das Sagradas Escrituras como um dom do Espírito Santo. Tinha muito interesse também pela leitura das obras da Santa Madre Teresa.
     Ardente foi também seu amor pela Eucaristia: "No Ofertório renovo a profissão (religiosa): antes que elevem o Santíssimo, rogo a Nosso Senhor que assim como Ele opera o milagre de tornar aquele pão e aquele vinho no Seu preciosíssimo Corpo e Sangue, assim também se digne transmudar-me nEle mesmo. Quando O elevam, O adoro e renovo ainda a minha profissão, depois peço o que desejo dEle".
     A festa do Sagrado Coração foi celebrada pela primeira vez na comunidade por sua influência, pondo ela todo empenho em que a festa fosse solene. Nisto foi apoiada pelo pai e pelo tio, o jesuíta Diego Redi. Eram os anos em que essa devoção começava a se propagar, nem sempre bem acolhida devido à influência dos jansenistas.
     Conforme um de seus biógrafos, ela pertence “à estirpe espiritual sanjoanista mais pura. A chama obscura do amor infuso que a abrasa, consome, ilumina e dirige toda a vida, fazendo-a tocar o centro da vida trinitária, de onde se abre ao mais ardente apostolado contemplativo”.
     Soube cobrir com as cinzas da santa humildade seus dons naturais: nobreza, cultura e inteligência. Conservou no mais profundo silêncio as graças que recebia de Deus, dissimulando continuamente todo ato de virtude.
     No dia 4 de março de 1770 pediu ao confessor que a ouvisse em confissão geral, pois queria comungar no dia seguinte tão preparada como se fosse a última vez. No dia 5 de março, depois de comungar fervorosamente, caiu doente. A doença degenerou em gangrena que lhe provocava dores horríveis e insuportáveis. O Crucifixo, que sempre teve nas mãos, foi a sua força. Morreu dois dias depois da doença se ter declarado, aos 23 anos, no dia 7 de março de 1770. Expirou abraçada a seu crucifixo. O seu corpo emanava um perfume suave e ainda hoje permanece incorrupto no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Florença, no passado antiga herdade da família Redi.
     Um século antes, outra carmelita, Santa Maria Madalena de Pazzi, tinha glorificado Florença com a sua santidade. Teresa Margarida hauriu nas chagas de Cristo e no seu Coração o segredo da sua pureza, simplicidade, amor e caridade.
     O papa Pio XI a beatificou no dia 9 de junho de 1929 e a canonizou no dia 19 de março de 1934, definindo-a como neve ardente. A ata de beatificação chama-a "jovem flor do Carmelo, a imitar a brancura das açucenas”. Sua festa é celebrada no dia 7 de março. 
     A seu respeito, disse o papa Pio XII: “Santa Teresa Margarida, ardente do amor divino, mais se assemelhou a um anjo que a uma criatura humana, podendo assim ajudar muitas almas a alcançar a virtude”. 
 
Fontes: www.santiebeati.com e sites Carmelitanos.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Beata Joana Irrizaldi, Virgem mercedária - 5 de março


     A vida religiosa da Beata Joana Irrizaldi, monja mercedária, transcorreu no Mosteiro de São José em Nalan, pequena cidade das Astúrias, na Espanha, onde deu testemunho de uma exemplar fé em Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Ela ficou notabilizada pelo seguinte milagre: tendo que se dirigir a outro local, como faltasse uma embarcação para levá-la, estendeu um véu sobre as ondas do mar, saltou sobre ele e foi transportada sobre as águas sem que molhasse sequer os pés.
     Ao término de sua vida terrena, o seu corpo foi sepultado no mosteiro. A Ordem a festeja no dia 5 de março.