quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Beata Delfina de Provença, Patrona das Noivas - 26 de novembro


Martirológio Romano: Em Apt, da Provença, Beata Delfina, esposa de São Elzear de Sabran, com quem prometeu guardar a castidade, e depois de sua morte permaneceu na pobreza e na oração.
 
     Delfina de Signe nasceu por volta de 1284 em Puy Michel nos montes de Luberón, França, da nobre família Glandèves. Uma encantadora figura de mulher, que passa pelo mundo levando a todas as partes a luz de sua graça, o perfume da virtude, o calor de seu afeto. Não era uma santidade ruidosa, que tenha marcado a história de seu tempo, mas uma santidade delicadamente feminina que se difundiu a seu redor como linfa silenciosa e generosa para alimentar no bem a quantos estiveram em contato com ela durante sua vida.
     Desde menina sua presença foi luz e consolo para sua família. Aos 12 anos já estava prometida a um jovem não inferior a ela por sua gentileza, nobreza de sangue e beleza de alma. Elzear, o noivo, era filho do Senhor de Sabran e Conde de Ariano no reino de Nápoles. Desde o nascimento sua mãe o havia oferecido em espírito a Deus e mais tarde um austero tio o havia educado em um mosteiro.
     O casamento teve lugar quatro anos mais tarde. Foi um matrimônio “branco”, porque os dois jovens esposos escolheram a castidade, um meio de perfeição espiritual mais alto e árduo. No Castelo de Ansouis, os dois nobres cônjuges viveram não como castelãos mas como penitentes; não como senhores feudais mas como ascetas dignos dos tempos heroicos da primitiva Igreja.
     Tendo se transferido para o Castelo de Puy Michel, entraram na Ordem Terceira Franciscana. Sua vida interior se enriqueceu com uma nova dimensão, a da caridade, mediante a qual eles, ricos por sua condição, se fizeram humildes e pobres para socorrer aos pobres. Delfina e seu esposo além das penitências, orações e mortificações, se dedicaram a todas as obras de misericórdia, destacando-se em todas.
     Quando Elzear foi enviado ao seu ducado de Ariano como embaixador no reino de Nápoles, a atividade benéfica dos dois esposos continuou em um ambiente ainda mais difícil. Em meio a tumultos e rebeliões, os dois Santos foram embaixadores de concórdia, de caridade, de oração. Continuaram suas boas obras multiplicando seus próprios esforços e sacrifícios até conquistar a admiração do povo.
     Elzear morreu pouco depois em Paris. Delfina entretanto sobreviveu a ele por muito tempo e honrou a memória de seu esposo do melhor modo possível, continuando as boas obras e imitando suas virtudes. Teve a alegria de ver seu esposo colocado pela Igreja no número dos Santos. Ela, aos 74 anos pode reclinar sua cabeça serena e feliz para o eterno descanso. Morreu em Calfières, em 26 de novembro de 1358. Foi beatificada pelo Papa Inocêncio XII em 24 de julho de 1694.
 
Etimologia: Delfina = do grego, “aquela que mata serpentes”.
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Santas Flora e Maria de Córdoba, Mártires - 24 de novembro


     A “passio” destas duas virgens mártires foi escrita por Santo Eulógio de Córdoba, que as conheceu na prisão.
     Flora, nascida em Córdoba, era filha de pai muçulmano e mãe cristã, e foi por esta educada. Foi batizada clandestinamente e praticava em segredo a religião. Quando seu pai morreu, seu irmão muçulmano denunciou-a ao cadi que a mandou pender e castigar com severidade. Foi açoitada barbaramente, bateram-lhe na cabeça e entregaram-na ao denunciador para que a fizesse apostatar. Ela porém conseguiu escapar e foi procurar asilo na casa de uma irmã. Durante seis anos ficou escondida nas vizinhanças de Martos (Jaén).
     Os mouros do califado de Córdoba andavam então desenfreados, e as pessoas que escondiam cristãos em suas casas expunham-se aos piores aborrecimentos. Receando qualquer desgraça, a irmã de Flora e a gente da casa avisaram a refugiada de que tinha de sair.
     Flora voltou para Córdoba e, sem saber para onde ir, entrou na Basílica de São Acisclo, mártir, onde se encontrou com Maria, que crescera no mosteiro de Santa Maria de Cuteclara, próximo de Córdoba, sob a direção da santa viúva Artemia. Como seu irmão, o diácono Valabonso, fora martirizado, ela própria andava a ser procurada e talvez estivesse em vésperas de ser presa. Maria saíra então do mosteiro em busca do martírio.
     Assim, Flora e Maria, não vendo outra saída senão a morte, foram juntas se apresentar ao juiz e professaram publicamente a fé católica. Colocadas na prisão, foram visitadas por Santo Eulógio, que também se encontrava na prisão, o qual, comovido pela fortaleza e os sofrimentos das duas virgens, ao voltar à sua cela apressou-se em escrever para elas o ardente tratado Documentum martyriale, que é a mais nobre apologia e exortação ao martírio.
     Interrogadas e instigadas pelo cadi por diversas vezes, elas perseveraram fortes na Fé e por isso foram decapitadas em 24 de novembro de 851, durante a cruel perseguição do emir Abd al-Rahmàn II.
     Os seus corpos, abandonados nos campos e respeitados pelos animais, foram então lançados no Rio Guadalquivir. O corpo de Maria foi encontrado e sepultado pelos cristãos na igreja do Mosteiro de Cuteclara. As cabeças das duas mártires foram colocadas na Basílica de São Acisclo.
     Santo Eulógio, que atribuiu à intercessão destas virgens a sua libertação ocorrida poucos dias depois, informou o martírio delas em duas cartas ao seu amigo Álvaro Paolo e à irmã de Flora, Baldegoto, e as inseriu no seu Memoriale sanctorum.
     As Santas Flora e Marta são recordadas no Martirológio Romano em 24 de novembro.
 
Martirológio Romano: Em Córdoba na Andaluzia, na Espanha, Santas Flora e Marta, virgens e mártires, que durante a perseguição dos Mouros foram lançadas no cárcere junto com Santo Eulógio e depois mortas com a espada.
 
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.; Isidoro da Villapadiema, www.santiebeati/it
     Nota: As execuções estão recolhidas em uma única fonte, escrita por Santo Eulógio, que foi um dos últimos a morrer. Em Oviedo se conserva um manuscrito de seu Documentum martyriale, três livros Memoriale sanctorum e o Liber apologeticus martyrum, que são os únicos escritos conservados deste Santo, cujos restos foram trasladados para a capital asturiana em 884. O Santo registrou 48 execuções de católicos entre 850 e 859, 38 homens e 10 mulheres. Todos, salvo Sancho e Argemiro, foram decapitados.
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Beata Maria Fortunata Viti, Religiosa beneditina - 20 de setembro


     Além de uma longevidade extraordinária, quase 96 anos, nesta vida não há nada de excepcional: uma vida tão humilde, escondida, alguns diriam, insignificante, que quase é difícil falar sobre ela.
     Ela veio ao mundo no seio de uma família mais que remediada, aos 10 de fevereiro de 1827, em Veroli (Itália). Com a mãe e uma piedosa senhora, aprendeu as primeiras letras. Acompanhava a mãe à igreja todos os dias para assistir à Santa Missa e visitar o Santíssimo Sacramento.
     Seu pai é um rico proprietário de terras de Veroli que vai arruinar a saúde e a carteira graças à sua paixão pelo jogo e sua tendência a se consolar com muitos copos de vinho. Sua mãe não resistiu a esta desgraça e faleceu aos 36 anos, depois de ter dado à luz nove filhos. Ela, aos 14 anos, se torna a mãezinha de seus irmãos menores.
     Tem tanta coisa para fazer – cuidar da casa, do pai e dos irmãos – que não pode pensar em si mesma e no seu futuro. Sua ocupação principal é fazer com que todos na casa respeitem o pai colérico, alcoólatra e empobrecido, como ela é capaz de fazer: todas as noites beija sua mão e pede a bênção, engolindo lágrimas e humilhação. E pensar que a haviam batizado com o nome de Ana Felix e a irmã a chamava de Fortunata!
     Diante de tantas agruras, buscava alívio na frequência dos Sacramentos e nos exercícios de piedade.
     Com 20 anos empregou-se como criada em casa de uma boa família a fim de lograr meios para ajudar os seus e também para poder entrar na vida consagrada, como tanto desejava. Ficou nesta casa três anos. Regressou então à família e tratou do pai e dos irmãos.
     Aos 24 anos, quando viu que não precisavam mais de si, decidiu entrar no convento das "boas irmãs", ou seja, as beneditinas de sua cidade, no dia 21 de março de 1851.
     Ela manteve sua proposta firme, formulada naquele dia, de "ser santa"; não sabia que para atingir a meta teria de viver mais de 70 anos "enterrada viva" no anonimato de sua cela, com todos os dias iguais marcados por ações repetitivas que algumas pessoas podem definir monótona: fiar e costurar, lavar e consertar. E rezar, embora para ela isto não devesse ser um problema, pois parecia estar sempre absorta na contemplação de seu Deus.
     Só depois se descobrirá quanta aridez espiritual se escondia atrás daquele fervor; quantos tormentos e batalhas íntimas estavam encobertos por sua serenidade aparentemente imperturbável. Ela não possuia muita facilidade em ler e escrever devido os eventos familiares conhecidos, e por isso não pode ser aceita entre as monjas do coro, as religiosas que se dedicam a funções litúrgicas. Para ela, portanto, somente o trabalho, que começa às 3:30 da manhã e continua em ações fatigantes e humildes que ela executa tão bem, que as transforma em uma obra-prima, temperando-as com muita oração, mesmo no meio da aridez espiritual mais completa.
     Gasta pelo trabalho e consumida pelos anos, atormentada por reumatismos nos últimos anos, foi obrigada a permanecer no leito, incapaz até mesmo do menor movimento, cega, surda e aleijada.
     Depois de 72 anos de reclusão, faleceu no dia 22 de novembro de 1922. Ninguém parecia perceber-se dela e assim a enterram tão rapidamente no dia seguinte na vala comum. Mas ela é exumada 13 anos depois e sepultada na igreja, resultado de seu grande sucesso junto ao povo, tantos são os milagres que ocorrem em seu túmulo.
     Em 1967, Paulo VI proclamou beata a Irmã Maria Fortunata Viti, a monja que trabalhando e sorrindo tinha se santificado na monotonia da vida cotidiana, na clausura de um convento, com um monte de doenças, e que desde então podemos comemorar no dia 20 de novembro.
 
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.; www.santiebeati/it
   

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Quarenta Santas Mártires de Eracléia - 19 de novembro


Na cidade de Eracléia, sofreram o martírio, devido o ódio à fé cristã, 40 santas mulheres, virgens e viúvas, que a tradição oriental distingue em um único e grande ícone. O Martirológio Romano recorda este grupo de mártires em data moderna.

     No dia 19 de novembro, o Martirológio Jeronimiano recorda o martírio de quarenta mulheres em Heraclea (Trácia). Nicéforo Calisto levanta a hipótese de que estas mulheres seriam esposas dos 40 mártires de Sebaste (comemorados em 9 de março), mas não é possível documentar tal fato.
     O relato do martírio foi feito no primeiro Martirológio Romano e a sua autenticidade é digna de fé. Todas as fontes antigas, como o Menológio de Basílio Porfirogenito, dão validade a esta antiga tradição. A "Paixão" menciona o diácono Amon como o mestre e promotor da conversão ao Cristianismo do numeroso grupo de senhoras.
     No tempo do Imperador Constantino (280-337), Licínio Valério Liciniano (250-325) estava associado na direção do Império no Oriente. A perseguição contra os cristãos, cessada definitivamente com o Edito de Milão de 313, e firmado por dois imperadores, ainda estava esporadicamente em uso.
     Licínio mandou Baudo à Berea como funcionário. Apenas instalado, ele recebeu uma denúncia contra Celsina, priora, e as quarenta virgens e viúvas reunidas com ela em uma comunidade monástica. Depois de um interrogatório em que finge se sujeitar às disposições do funcionário pagão, Celsina se retira em oração e é exortada a perseverar pelo diácono Amon, seu diretor espiritual.
     Durante o segundo interrogatório, estando presente toda a comunidade de monjas, os ídolos se esmigalharam e o sacerdote de Zeus foi elevado por anjos pelos ares e precipitado ao solo, esfacelando-se, enquanto Amon e as 40 senhoras cristãs se retiravam.
     Baudo ficou enfurecido e mandou colocar um elmo de bronze na cabeça de Amon, mas o elmo voou em direção à cabeça do mesmo Baudo, que nada fez para perdoar os mártires. Enviou o grupo para Licínio, em Eracléia, onde as virgens veneraram as relíquias de Santa Glicéria, virgem e mártir, depois elevada à padroeira da cidade.
     O imperador ordenou que todo o grupo fosse jogado às feras, mas os animais não quiseram tocá-lo. Licínio então mandou matar o diácono Amon, as virgens encabeçadas por Celsina e as viúvas por Lourença, massacrando-as por grupos em meio aos maiores suplícios inventados pelos pagãos.
     A data do martírio, levando-se em conta os anos de governo dos imperadores Constantino e Licínio, e do Edito de Milão de 313, se pode deduzir que tenha sido 312 ou nos primeiros dias do ano 313.
 

Beatos Isabel Fernandes, Domingos Jorge e Inácio, mártires - 18 de novembro

    

     Domingos Jorge nasceu em Vermoim da Maia, perto do Porto (Portugal). Muito jovem, partiu para a Índia, onde combateu pela fé e pela Pátria. Aventureiro por natureza, empreendeu viagem para o Japão, onde nesse tempo reinava perseguição furiosa. Todos os missionários eram mortos, e mortos também todos aqueles que os acolhessem em suas casas. 
     Apesar de todos os riscos, não quiseram os missionários estrangeiros abandonar aqueles fervorosos católicos. Disfarçados de comerciantes andavam de terra em terra para os instruir, animar e lhes administrar os sacramentos.
     Domingos Jorge, membro da Companhia do Rosário, casou com uma jovem japonesa, à qual o missionário português, Padre Pedro Gomes, oito dias após o nascimento, deu o nome de Isabel Fernandes. Vivia este casal modelo no amor de Deus, na paz e na felicidade, perto da cidade de Nagasaki.
     Por bondade e piedade, receberam em sua casa dois missionários jesuítas, o Padre Carlos Spínola, italiano, e o Irmão Ambrósio Fernandes, natural da povoação do Xisto, na Diocese do Porto.
     Às 11 horas da noite do dia 13 de dezembro de 1618, festa de Santa Luzia, o governador de Nagasaki ordenou que fossem presos os dois missionários juntamente com Domingos Jorge. Após um ano de prisão, foram condenados à várias Ordens, condenados a morrer a fogo lento; os outros 32 eram constituídos por 14 mulheres e 18 homens (a maioria deste segundo grupo recebeu como condenação serem decapitados).
     Isabel Fernandes, antes de ser degolada juntamente com seu filhinho Inácio, exclamou: “De todo o coração ofereço a Deus as duas coisas mais preciosas que possuo no mundo: a minha vida e a do meu filhinho”. Voltando-se para a criança, disse: “Olha, Inácio, para quem te fez filho de Deus (o Padre Carlos Spínola) e te deu uma vida muito melhor do que esta, que vai agora acabar. Recomenda-te a ele para que te abençoe e reze por ti”. O anjinho ajoelhou-se, juntou as mãos e pediu a bênção ao Padre que o tinha batizado e já estava envolto em chamas.
     O carrasco aproximou-se de Isabel, que levanta ao alto a mão e agita o lenço morte. Domingos Jorge, após escutar a sentença, pronunciou estas palavras: “Mais aprecio eu esta sentença do que me fizessem Senhor de todo o Japão”.
      Era o ano de 1619. Domingos Jorge fez a pé o percurso até o “Monte Santo” de Nagasaki, onde tantos cristãos deram a vida por Deus. Ao oferecerem ser levado de carro, nosso destemido Domingos respondeu “que a pé e descalço havia de ir, para imitar a Jesus Cristo Nosso Senhor que a pé descalço fora ao monte Calvário a morrer por nós”. Ali, foi amarrado a um poste e juntamente com outros mártires rezou com voz timbrada a oração do Credo até as palavras “nasceu da Virgem Maria”,quando o fumo e o fogo tolheram-lhe a fala, e em veneração do Mistério da Encarnação baixou a cabeça para depois erguer os olhos ao céu e continuar a oração até expirar. Domingos Jorge foi queimado vivo.
      Passados três anos, na manhã de 10 de novembro de 1622, o “Monte Santo” de Nagasaki, regado com o sangue de tantas centenas de cristãos, apresentava um aspecto solene e comovedor. Ali se apinhavam mais de 30.000 pessoas para assistirem ao Grande Martírio, isto é, à morte de 56 filhos da Santa Igreja Católica. Entre eles, encontravam-se Isabel Fernandes, de uns 25 anos de idade, viúva do Beato Domingos Jorge, e seu filhinho Inácio, de quatro anos.
      Os mártires foram divididos em dois grupos: 24 religiosos de num adeus de despedida. Cai de joelhos, ergue as mãos, recolhe-se em oração e o alfanje assassino corta-lhe a cabeça. A cabeça desta heroica mártir rola pelo chão e vai cair mesmo junto do filhinho, que não se assusta. Sem mostrar medo, ajoelha-se. Afasta a gola da camisa, cruza as mãos sobre o peito e estende a cabeça ao ferro cruel do algoz, e a cabecinha do pequeno mártir rola também pelo chão.

   Esta cena impressionante comoveu o mundo, até o próprio Papa Pio IX, que no Breve de Beatificação, ocorrida em julho de 1867, assim expressou os seus sentimentos acerca desta família santa:
     “Domingos Jorge, com a esposa Isabel Fernandes e o filho, menino de quatro anos, foi levado ao local do martírio pelos algozes. Dele se lê nas Atas algo que parece prodigioso, pois imóvel, sem dar um ai, ao ver a cabeça da mãe rolar, como desejasse associar-se à confissão da fé de sua mãe, com a mesma alegria, mostrada por ela, perante a admiração da multidão que presenciava, oferece ao algoz o pequeno pescoço para ser decapitado”.
 
Fonte: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.

domingo, 16 de novembro de 2014

Santa Isabel da Hungria, Duquesa, 3ª. Franciscana - 17 de novembro


     Isabel foi prometida em casamento a Luís, Duque hereditário da Turíngia, pouco depois de nascer em Presburgo, Bratislava, no ano de 1207. Seus pais, André II, rei da Hungria, e Gertrudes de Meran, levaram-na num berço de prata, quando tinha apenas quatro anos, para o castelo de Wartburg, em Marburgo, onde a esperava o noivo de onze.
     Antes do casamento Isabel já sofreu muito: devido ao falecimento do sogro, a viúva e o irmão do defunto, tentaram recambiá-la para a Hungria. O amor que já unia os noivos impediu isto, mas tudo fizeram para persegui-la.
     Conta-se que sempre que Luís passava por uma cidade comprava um presente para sua prometida: uma bolsa, ou luvas, ou um rosário de coral. "Quando chegava o momento da chegada de Luís, Isabel saía ao seu encontro; o jovem lhe dava o braço amorosamente e lhe entregava o presente que havia trazido".
     O casamento aconteceu em 1221, quando Luís tinha 21 anos e Isabel 14. Antes do casamento, a viúva do sogro de Isabel e o irmão do falecido aconselharam Luís a enviá-la de volta para a Hungria, mas ele declarou que estava disposto a perder uma montanha de ouro antes que a mão de Isabel.
     Segundo os cronistas, Isabel era "muito formosa, elegante, morena, séria, modesta, bondosa em suas palavras, fervorosa na oração, muito generosa com os pobres, cheia sempre de bondade e de amor divino". Diz-se também que era "modesta como uma donzela", prudente, paciente e leal; seu povo a amava.
     Foi um matrimônio feliz. Luís IV era muito piedoso. Isabel dizia à sua fiel dama de honra Isentrude: "Se eu amo tanto uma criatura mortal, quanto mais devo amar o Senhor, imortal e Criador de todos!". Isentrude insistia sobre o afeto recíproco entre os esposos, para argumentar que a piedade divina não reprime nem suprime o afeto humano. Ela escreveu: "Eles se amavam de um amor maravilhoso e se encorajavam mutuamente no louvor e no serviço de Deus". Porém a vida matrimonial da Santa só iria durar seis anos.
     A Duquesa era desprezada na corte por causa de sua simplicidade no vestir e modéstia no modo de viver. No castelo de Wartburg, quase não era distinguida das servas. Sua devoção era considerada excessiva por muitos. Era seu costume levantar-se à noite para rezar ajoelhada no seu leito conjugal. Além disso, a jovem Duquesa tinha pouco tempo para as distrações mundanas, pois aos 15 anos tivera o seu primeiro filho, Hermano, aos 17 uma filha, Sofia (depois Duquesa do Brabante), e aos 20 uma segunda filha, Gertrudes (que seria beatificada após viver como monja premonstratense). Esta última nascida já órfã de pai.
     No verão de 1227, Luís IV partiu para a 6ª Cruzada na Terra Santa, quando Isabel esperava o terceiro filho. Luís se empenhara em organizar essa Cruzada porque o Papa Honório III havia prometido liberá-lo da intromissão do Arcebispo de Mogúncia. Ele partiu sob o comando do Imperador Frederico II. Mas, não veria a Palestina: ele contraiu uma doença contagiosa em Otranto, Itália. Três meses depois de sua partida, um mensageiro trazia a notícia: o Duque morrera na Itália, onde aguardava para embarcar com Frederico II.
     Segundo Isentrude, "ainda quando o marido vivia, ela era como uma religiosa humilde e caridosa, toda dedicada à oração. Cumpria todas as obras de caridade na maior alegria e sem alterar sua fisionomia".
     Viúva aos 20 anos com três filhos pequenos, Isabel tinha direito a um dote. O confessor sugeriu a ela que contraísse novas núpcias, ou entrasse em um mosteiro, como outras rainhas fizeram. Mas, ela já ouvira os franciscanos que pregavam na Turíngia, e sabia onde encontrar "a perfeita alegria". Com seu dote tinha planos de construir um hospital (e o faria realmente).
     Seu infortúnio haveria de começar com a morte do esposo. A sogra sempre hostilizara a jovem Duquesa. Certa feita, na festa da Assunção em que acompanhara a futura sogra, Isabel tirara a coroa e prostrara-se durante muito tempo diante do Crucifixo. Aborrecida, a mulher começara a ridicularizá-la dizendo: "Quando é que encerras esta cena de te deitares por terra como mula velha cansada? Pesa-te muito a coroa? Dessa maneira pareces uma provinciana dobrada em duas!" Erguendo-se, Isabel apenas disse que não pudera usar uma coroa de pérolas diante de Cristo crucificado e coroado de espinhos.
     Ao saberem do falecimento de Luís IV, Isabel foi alvo da ambição do tio do falecido e dos cunhados que não queriam suportá-la mais. Isabel foi expulsa do castelo de Wartburg; saiu à noite, com a filha recém-nascida nos braços e os outros dois agarrados à saia. Foi preciso se abrigar com as crianças num curral de porcos até ser socorrida como uma pobre pelos franciscanos de Eisenach. Com receio de desagradar o regente, ninguém mais se atrevia a ajudá-la. Por fim, seu tio, Bispo de Bamberg, lhe deu asilo.
     Esteve por uns tempos no Castelo de Pottenstein e finalmente fixou moradia em uma casa modesta de Marburgo, onde mandou construir um hospital com seus últimos recursos, ficando reduzida à miséria. No espírito e à exemplo de São Francisco, que morrera há apenas um ano, vestiu o burel de Terceira Franciscana em 1227, e se dedicou a todas as obras de misericórdia. Ela socorria os doentes e cuidava dos leprosos, colocando-se sob a direção espiritual de um religioso muito exigente. Viveu como pobre, renunciando retornar à Hungria, como desejavam seus pais, o rei e a rainha da Hungria.
     Entrementes os companheiros de armas de seu esposo voltam da Cruzada. Luís IV incumbira-os de proteger sua esposa e eles já se preparavam para atender ao pedido do moribundo, quando o usurpador mudou de atitude para com Isabel. Os direitos de seus filhos foram reconhecidos, mas, em virtude de sua escolha pela pobreza, foram tirados de seu convívio.
     Durante quatro anos viveu praticando extrema penitência e intensa caridade, não comendo, não dormindo, dando tudo aos pobres, sempre pressurosa no atendimento aos doentes. A sua dedicação era disfarçada sob uma normalidade que incluía pequenos gestos exteriores inspirados não numa simples benevolência, mas por um verdadeiro respeito pelos inferiores. Não se excedia nas penitências pessoais que pudessem impedi-la de praticar as obras de caridade.
     No dia 19 de novembro de 1231, com apenas 24 anos, Santa Isabel faleceu em Marburgo, Alemanha.
     Em tão breve tempo de vida foi esposa e mãe dedicada e afetuosa, Terceira Franciscana penitente e caridosa. Após sua morte, o confessor revelou que ainda quando seu esposo estava vivo, ela já se dedicava aos enfermos, até aos mais repugnantes. "Alimentava alguns, a outros procurava leito, levou outros sobre os próprios ombros, dedicando-se sempre, sem todavia entrar em discordância com o marido".
     A fama de sua santidade levou o Papa Gregório IX a ordenar um inquérito sobre os prodígios que lhe eram atribuídos. Foi um trabalho difícil e cheio de complicações, inclusive trágicas, pois o confessor de Isabel, o Arcebispo de Mogúncia, morreu assassinado. Roma retomou as investigações e chegou à canonização em 1235, ainda sob o Papa Gregório IX.
     Os seus despojos foram retirados de Marburgo durante os conflitos no tempo da Pseudo-reforma protestante, e parte deles estão em Viena. É patrona dos enfermeiros, das associações de caridade e da Ordem Terceira Franciscana.
 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Beata Maria da Paixão, Fundadora - 15 de novembro

     Hélène Marie Philippine de Chappotin de Neuville, em religião Maria da Paixão, nasceu em 21 de maio de 1839 em Nantes, França, numa família católica da pequena aristocracia da Bretanha. Desde a infância manifesta eminentes dons naturais e uma fé profunda.
     Em abril de 1856, em um exercício espiritual, teve uma primeira experiência de Deus que a chama para uma vida de consagração total.
     Após a morte súbita de sua mãe, que retardou a realização de sua vocação, em 1860, com o consentimento do Bispo de Nantes, aos 21 anos de idade, entrou como postulante num convento de Clarissas daquela cidade. Em 23 de janeiro de 1861, ainda postulante, Deus a convida a oferecer-se como vítima pela Igreja e pelo Papa. Esta experiência marcará toda sua vida. Embora profundamente influenciada pelo espírito franciscano, foi obrigada a regressar a casa devido a uma grave doença que a afetou.
     Após a recuperação da saúde preferiu optar por uma congregação de vida ativa, ingressando na Sociedade de Maria Reparadora, na qual a 15 de agosto de 1864, em Toulouse, começou o seu noviciado adotando então o nome religioso de Maria da Paixão.
     Em 1865, ainda noviça, foi enviada como missionária para a Índia, passando a trabalhar no Vicariato Apostólico de Maduré, onde as Reparadoras têm a tarefa principal de formar religiosas de uma congregação autóctone e outras atividades apostólicas. O vicariato era então confiado à direção da Companhia de Jesus. No dia 3 de maio de 1866, Maria da Paixão pronuncia os votos. Em 1867, com 28 anos de idade, por seus dons e virtudes foi eleita superiora local e em julho do mesmo ano provincial de três conventos das Reparadoras.
     Em 1874, com um grupo de irmãs, fundou uma casa em Ootacamund, no Vicariato Apostólico de Coimbatore, assistida pelos padres da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris. Mas em Maduré as dissensões se agravam até o ponto de vinte religiosas, entre elas Irmã Maria da Paixão, se virem obrigadas, em 1876, a deixar a Sociedade de Maria Reparadora. As irmãs acabaram por se reunir em Ootacamund sob a jurisdição do Vigário Apostólico de Coimbatore, Mons. José Bardou, M.E.P.
     Em novembro de 1876, Irmã Maria da Paixão se dirige a Roma para regularizar a situação das vinte irmãs separadas. O Beato Pio IX regularizou a situação das religiosas, permitindo que a Irmã Maria da Paixão fundasse uma nova congregação especificamente destinada às missões, com a designação de Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria. Para esta nova congregação, por sugestão da Congregação de Propaganda Fide, foi fundado um noviciado em Saint-Brieuc, na Bretanha, que rapidamente acolheu numerosas vocações.
     Em abril de 1880 e em junho de 1882, Irmã Maria da Paixão regressou a Roma para resolver as dificuldades que ameaçavam obstaculizar a estabilidade e o crescimento do jovem Instituto. A última viagem (junho de 1882) marca uma etapa importante em sua vida: ela foi autorizada a fundar uma casa em Roma, e por circunstâncias providenciais encontra a orientação franciscana indicada por Deus vinte e dois anos antes. Em 4 de outubro de 1882, na Igreja de Aracoeli, é recebida na Ordem Terceira de São Francisco e entra em contato com o Servo de Deus Padre Bernardino de Portogruaro, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, que a apoia em suas provas com paternal solicitude.
     Em março de 1883, no meio de forte controvérsia interna, Madre Maria da Paixão foi destituída das suas funções de superiora do Instituto, mas, na sequência de um inquérito ordenado pelo papa Leão XIII, a sua inocência foi plenamente reconhecida e ela foi reeleita no capítulo de julho de 1884.
     O Instituto inicia seu rápido desenvolvimento: em 12 de agosto de 1885 emitem o Decreto laudatório e o de filiação à Ordem dos Irmãos Menores; as Constituições são aprovadas ad experimentum em 17 de julho de 1890 e definitivamente em 11 de maio de 1896. É o momento de envio de missionárias, inclusive aos pontos mais distantes e perigosos. O zelo missionário da fundadora não conhece limites para responder aos chamados dos pobres e abandonados. Também a promoção da mulher e a situação social lhe interessam particularmente; com inteligência e discrição oferece aos pioneiros que trabalham neste campo uma colaboração que eles muito apreciam.
     Sua intensa atividade e seu dinamismo brotam da contemplação dos grandes mistérios da Fé. Para Madre Maria da Paixão tudo conflui na Unidade-Trinidade de Deus Verdade-Amor, que se dá a nós através da Eucaristia. Unida a estes mistérios vive sua vocação missionária. Jesus Eucaristia é para ela “o Grande Missionário” e Maria, na disponibilidade de seu “Ecce”, traça o caminho da doação sem reserva à obra de Deus. Deste modo abre os horizontes da missão universal de seu Instituto no espírito evangélico de humildade, pobreza e caridade de São Francisco de Assis.
     Dotada de uma extraordinária capacidade de trabalho, encontra tempo para redigir numerosos escritos para formação de suas religiosas e para manter uma frequente correspondência com suas missionárias espalhadas pelo mundo, exortando-as com insistência a uma vida de santidade.
     Em 1900, o Instituto recebe o selo de sangue com o martírio de sete Franciscanas Missionárias de Maria na China, beatificadas em 1946 e canonizadas no transcurso do Grande Jubileu de 2000. Este martírio foi para Madre Maria da Paixão, junto com uma grande dor, uma imensa alegria, uma emoção intensa de ser a mãe espiritual destas missionárias que souberam viver o ideal de sua vocação até a efusão do sangue.
     Esgotada pelas fatigas de viagens incessantes e pelo trabalho cotidiano, Madre Maria da Paixão, após uma breve enfermidade, faleceu serenamente em San Remo, localidade para onde se tinha retirado após adoecer, em 15 de novembro de 1904, deixando 2.069 irmãs em 86 comunidades distribuídas por 24 países. Seus restos mortais repousam em um oratório privado da Casa Geral do Instituto em Roma.
     A causa da sua canonização foi aberta em San Remo em 1918. A 28 de junho de 1999 o papa João Paulo II promulgou o decreto reconhecendo as suas virtudes heroicas e declarando-a venerável. Foi beatificada a 20 de outubro de 2002, em cerimônia presidida por João Paulo II na Basílica de São Pedro de Roma. A sua festa litúrgica celebra-se a 15 de novembro, aniversário da sua morte.
 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Beata Branca de Aragão, Rainha - 12 de novembro

   
    
    Branca d’ Anjou, Rainha de Aragão, nasceu em data desconhecida e faleceu em Barcelona no dia 14 de outubro de 1310. Era filha de Carlos II de Nápoles (1254-1309) e de Maria da Hungria (1257-1323), filha do rei húngaro Estevão IV.
     Casou-se com Jaime II, Rei de Aragão, segundo o estipulado no Tratado de Anagni de 20 de junho de 1295 entre angevinos e aragoneses; o papa Bonifácio VIII havia idealizado este casamento como solução aos enfrentamentos entre ambos. Previamente este mesmo pontífice havia declarado nulo o matrimônio entre Jaime II e Isabel de Castela por causa de seu parentesco, pois Jaime II e o pai de Isabel, o Rei Sancho IV de Castela, eram primos.
     Assim, Branca chegou a Perpignan por Montpellier acompanhada de seu pai e do legado pontifício, o Cardeal de San Clemente, junto com uma comitiva de nobres napolitanos e provençais. Prosseguiu viagem com outros aristocratas aragoneses, e em Peralada (Gerona) se encontrou com seu futuro esposo. Em 29 de outubro desse mesmo ano se celebrou as bodas, em meio de grandes festejos, no mosteiro de Vilabertrán.
     De profunda religiosidade inspirada na doutrina do teólogo Arnaldo de Vilanova, costumava acompanhar seu esposo em suas viagens (assistiu, por exemplo, a entrevista de Tarazona de 1304 entre o Rei de Aragão e os de Castela e Portugal) e campanhas militares (como as de Almería e Sicília, entre outras). Teve certa influência em alguns assuntos de estado, como a política matrimonial aragonesa (e também na de sua família napolitana).
     Tinha chancelaria própria e residiu geralmente em Montblanch (Tarragona), Tortosa (Tarragona) e Santes Creus (Gerona). Neste último mosteiro foi enterrada segundo sua própria vontade (testamento de 1308), quando de sua morte em 1310 (foi trasladada para ali em 1316). A Beata Branca morreu ao dar à luz a infanta Violante.
     O cronista Ramón Muntaner escreveu sobre ela que era "fonte de graça e de todas as bondades”, enquanto outros eruditos aragoneses contemporâneos a chamavam “Doña Blanca de la Santa Paz” por ter contribuído para o fim dos enfrentamentos com os da Casa de Anjou da Itália.
     Jaime II contraiu mais tarde dois novos matrimônios: o primeiro com Maria de Lusignan ou de Chipre e o segundo com Elisenda de Moncada, porém somente com Branca teve dez filhos. Foram cinco meninos e cinco meninas:
            Jaime de Aragão e Anjou (1296-1334) (o mais velho, que renunciou ao trono);
            Afonso (1299-1336) (sucessor no trono aragonês como Afonso IV o Benigno);
            Maria de Aragão (1299-1347) (casada com o infante castelhano Pedro e, depois de enviuvar, monja no mosteiro de Sigena, Huesca);
            Constança de Aragão (1/1/1300-1327) (casada com João Manuel de Castela);
            Branca de Aragão (c. 1301-1348), priora no Mosteiro de Santa Maria de Sigena;
            Isabel de Aragão (1302-1330), (casada com o duque austríaco Frederico III da Áustria, filho de Alberto I da Germania);
            João de Aragão e Anjou (1304-1334) (Arcebispo de Toledo e Tarragona, Patriarca de Alexandria);
            Pedro IV de Ribagorza (1305-1381) (casado com Joana de Foix);
            Raimundo Berenguer de Aragão (1308-1364) (casado por duas vezes, a primeira com Branca de Anjou e a segunda com Maria de Aragão);
            Violante de Aragão (1310-1353) (casada por duas vezes, a primeira com Felipe d’Anjou, déspota da Romênia, e depois com Lope de Luna, Senhor de Segorbe).
     Quando Branca faleceu, Constança, filha natural de Frederico II da Sicília e viúva de João IV Ducas, imperador latino de Niceia, passou a cuidar de seus filhos.
     Jaime II consolidou a Coroa de Aragão ao declarar a união indissolúvel entre os reinos de Aragão, Catalunha e Valência (1319); obteve a vassalagem dos reis de Maiorca (membros da casa real aragonesa); recuperou o Vale de Arám; fundou em 1300 a Universidade de Lérida.
     Para Jaime II era vergonhoso que o culto a Maomé fosse prestado diante dos olhos dos reis da Espanha e se dedicou à luta pela Reconquista. Os aragoneses não viam para a guerra contra os muçulmanos invasores senão o motivo religioso, e acusavam os espanhóis de tíbios na fé e de lutar por interesses materiais com abandono dos espirituais.
     Obedecendo aos mandados pontifícios, Jaime II submeteu os Templários de seus reinos ao processo; eles foram declarados inocentes, mas apesar disto a Ordem foi dissolvida. Com parte de seus bens Jaime II criou a Ordem de Montesa, reforçando a defesa do flanco sul frente aos muçulmanos. A Ordem aprovada pelo papa João XXII em 1317, tinha como finalidade lutar contra a passagem de hostes inimigas da fé cristã pelos seus territórios e facilitar o combate aos mesmos no Mediterrâneo.
     Jaime II faleceu aos sessenta anos e foi sepultado junto ao seu pai, Pedro III, e a sua esposa, a Beata Branca, no Mosteiro de Santes Creus. Ainda hoje podemos admirar o túmulo mandado construir pelo rei para o pai e a esposa, e onde ele próprio foi sepultado. 
 
Fonte: Autor: Bernardo Gómez Álvarez

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Santa Natalena ou Lena, mártir em Pamiers - 10 de novembro

     No século IV, a cidade de Pamiers (França) estava sob a dominação romana. O estabelecimento do Cristianismo em Pamiers aparece através da história de Natalena.
     Segundo a legenda, Natalena nasceu por volta do ano 360, em Frédélas (antigo nome de Pamiers) em uma nobre família romana. Seu pai, governador da cidade, ocupara o castelo Castella. Esperando um filho, após o nascimento de oito filhas, ele ficou desapontado com o nascimento desta criança e ordenou a uma serva que a afogasse. No momento em que ia realizar o afogamento, a mulher foi surpreendida por São Martinho que passava por ali. Ele acolheu Natalena, batizou-a e a confiou a uma família cristã.
     Natalena cresceu na religião cristã. Denunciada e levada perante o governador, ela confessou a sua origem, mas também a sua fé, o que a levou a ser condenada. Foi decapitada no fim do atual quarteirão Lestang. Quando o carrasco cortou sua garganta, uma fonte jorrou naquele local. Por muito tempo a água foi considerada milagrosa. As pessoas vinham até a fonte na esperança de uma cura.
     Venerada em Pamiers no tempo das Cruzadas, o culto à Santa Natalena naquela cidade desde o ano 1320 é confirmado pelo registro de Jacques Fournier: “igreja de São João e Santa Natalena” (Claeys 2001, p.65). O santuário onde ela era invocada foi destruído durante as guerras de religião (século XVI).
    Hoje em dia os devotos de Natalena recorrem à Fonte de Milliane, pois o local exato do martírio é desconhecido. A fonte se encontraria onde atualmente está localizada a Fonte de Santa Helena.
     Há uma antiga igreja em honra de Santa Natalena em Dordogne (França).
 
(Fonte: Diocese de Pamiers)
Igreja de Santa Natalena em Dordogne (França)