sexta-feira, 12 de junho de 2015

Festa do Sagrado Coração de Jesus: esta devoção é fundamental

     O que é, propriamente, a devoção ao Sagrado Coração? É a devoção ao órgão de Nosso Senhor, que é o Coração.
     Mas na Escritura, o coração não tem o significado sentimental que tomou no fim do século XVIII, mais ou menos, e certamente no século XIX. Não exprime o sentimento.
     Quando diz a Escritura: “A ti disse o meu coração: eu te procurei”, o coração aí é a vontade humana, é o propósito humano, é propriamente, a santidade humana. Aí quando Nosso Senhor diz isso, diz: “na minha vontade santíssima, Eu quero”.
     O Evangelho diz: “Nossa Senhora guardou todas as coisas em seu coração e as meditava”. Os senhores percebem que não é o coração sentimental, mas a vontade dEla, a alma dEla que guardava aquelas coisas e pensava sobre elas.
     O coração é a vontade da pessoa, o seu elemento dinâmico que considera e pondera as coisas.
     O Sagrado Coração de Jesus é a consideração disso em Nosso Senhor, simbolizado pelo coração, porque todos os movimentos da vontade do homem podem ter no coração uma repercussão. Nesse sentido, então, é o órgão adequado para exprimir isso.
     E é nesse sentido, então, que se adora o Santíssimo Coração de Jesus.
     Por correlação, por conexão, existe a devoção imensamente significativa, do Imaculado Coração de Maria. O Imaculado Coração de Maria é um escrínio dentro do qual encontramos o Sacratíssimo Coração de Jesus (vide por exemplo o artigo publicado no “Legionário” de 21-7-1940 e intitulado Nossa Senhora do Sagrado Coração).
     A essa devoção Nosso Senhor prometeu um caudal de graças. Comentei o ano passado as promessas do Coração de Jesus a quem fizer as nove primeiras sextas-feiras. A mais marcante delas, talvez, é que as almas que fizerem as nove sextas-feiras não morrerão sem terem a graça especial de se arrependerem antes.
     Não quer dizer que elas certamente irão para o Céu. Quer dizer que terão uma grande graça antes de morrer; não quer dizer que vão perceber que vão morrer, mas no momento relacionado com a morte, elas terão uma grande graça, tão grande que todas as esperanças se podem ter de sua salvação.
     Os senhores compreendem quanto empenho há na Igreja em que essa devoção seja conhecida, seja apreciada, seja medida com a razão, porque devoção sentimental não tem sentido.
     Devoção varonil é a que procura conhecer a razão de ser da coisa e ama a coisa pela sua razão de ser; assim é que um homem e uma mulher forte do Evangelho pensam a respeito das coisas de piedade.
     Então, pensar nisso, querer isso, dirigirmos nossa alma ao Coração de Jesus como fonte de graças calculadas para a época de Revolução, calculada para as épocas difíceis que deveriam vir e pedir que o Coração de Jesus, regenerador pelo sangue e pela água que dEle saiu, nos lave.
     Isto é propriamente a oração magnífica que nas sextas-feiras e, sobretudo, na primeira sexta-feira do mês, e na Sexta-feira da Paixão se deve considerar. [...]
     Se queremos ter distâncias psíquicas para termos equilíbrio mental e nervoso e para nos curarmos  — o quanto possível — de molezas de toda ordem, podemos e devemos recorrer ao Sagrado Coração de Jesus que, com uma graça jorrada dEle — como a água que curou o centurião — possa eliminar a cegueira de nossas almas, porque somos cheios de cegueiras de todos os graus e ordens.
     Peçamos ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria — porque só assim, por intermédio de Nossa Senhora é que se obtém dEle as graças que nos curem dessa múltipla cegueira —, e teremos feito um esplêndido pedido e estaremos a caminho de conseguir uma magnífica graça.
Plínio Correa de Oliveira – grande líder católico do século XX
 
 
 

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