O Martirológio Romano apresenta-nos quatro santas com este nome. A primeira é uma
jovem mártir de Antioquia, que se jogou da janela para evitar a perda da
virgindade. São João Crisóstomo louva a sua coragem, dando origem a
intermináveis discussões. O mesmo santo bispo narra as vicissitudes de uma
célebre atriz, belíssima tanto quanto dissoluta que, depois da conversão, levou
vida austera de penitência. Mas não diz seu nome. Assim, um autor desconhecido,
que se nomeia Tiago, julgou bom dar-lhe o nome de Pelágia e escrever um longo
relato sobre sua história. Narra que Pelágia mudou de vida, recebeu o batismo e
se retirou para viver como eremita em uma cela escavada junto ao monte das
Oliveiras. O pseudo-Tiago acrescenta que a mulher, para não ser objeto de
desejos, travestiu-se de homem e viveu longamente em penitência,
purificando-se, assim, dos passados desregramentos.
Retirado do livro
‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.
Pelágia,
Virgem e Mártir
Esta Pelágia, comemorada hoje, era uma
jovem de quinze anos que no princípio da perseguição do imperador Diocleciano,
em 302, acusada de cristã, viu um dia os soldados do perseguidor varejarem-lhe
a casa dando-lhe voz de prisão. Como ela estava só em casa, ninguém podia vir
em seu auxílio.
Pelágia recebeu-os bem e quando se
propuseram levá-la, pediu-lhes permissão para que fosse trocar de roupa. Dado o
consentimento pelo chefe da escolta, Pelágia dirigiu-se ao quarto. Certamente
por inspiração divina e desejosa de escapar dos ultrajes que a esperavam,
infalíveis, e a temer pela virgindade que consagrara a Deus, não titubeou:
ganhou o mais alto da casa em que vivia, em Antioquia, e de lá se atirou ao
chão, falecendo quase que instantaneamente.
Santo Ambrósio de Milão, no seu tratado Das Virgens, apresenta-nos esta Santa
Pelágia como irmã das mártires Bernicéia e Prosdocéia. Santa Pelágia se ligou
àquelas santas porque Bernicéia e Prosdocéia também tiraram suas vidas para
escapar do horror. Presas, iam sendo levadas ao cárcere. Em dado momento, a
meio caminho, quando chegaram perto dum rio, solicitaram licença aos soldados
para afastarem-se um pouco, o que lhes foi concedido. Destarte, sem que pudessem
ser impedidas, atiraram-se, de comum acordo, à correnteza.
Pergunta-se: cometeram o suicídio? Sem
sombra de dúvida. Todavia, foram honradas com um culto público, porque aquele
tirar-se a vida foi considerado como um ato de obediência a Deus. Muitas santas
virgens assim agiram, como vimos e veremos no transcorrer dos dias e dos meses.
Digna de Aquiléia, depois de Átila
sujeitar a cidade, coubera a um capitão como despojo, e ficaram alojados numa altíssima
torre que se erguia à beira do rio Batizon. Disse a jovem ao capitão: – Se me queres lograr, segue-me. E, assim
dizendo, do mais alto da torre atirou-se ao rio, onde se afogou. “Salvou com a morte a sua castidade”.
(Vida
dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVII, p. 421 a 423)
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