sábado, 28 de novembro de 2020

Beata Maria Madalena da Encarnação, Fundadora - 29 de novembro

Fundadora da Congregação das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento
 
     Nasceu em Porto Santo Stefano (Itália) no dia 16 de abril de 1770, no seio de uma família fervorosamente católica. Foi batizada no dia seguinte com os nomes de Catarina Maria Francisca Antônia.
     Cresceu em um ambiente impregnado de religiosidade exemplar. Seu pai, Lourenço Sordini, promoveu que se expusesse o Santíssimo Sacramento na igreja paroquial, para a veneração pública, em circunstâncias especiais, com espírito de amor e reparação, como, por exemplo, no carnaval. Assim, desde sua adolescência, Catarina passava horas em adoração junto a Jesus Sacramentado.
     Aos 17 anos recebeu uma proposta de casamento da parte de Afonso, jovem de boa posição, que lhe presenteou joias preciosas. Adornada com elas, ao olhar-se no espelho o rosto doloroso de Jesus Crucificado lhe apareceu, convidou-a a entregar-se totalmente a ele e lhe dizendo: "Catarina, me abandonas por um amor humano?" Em fevereiro de 1788 ingressou no mosteiro das Terciárias Franciscanas de Ischia de Castro. Ao vestir o hábito religioso tomou o nome de Irmã Maria Madalena da Encarnação. Nos primeiros anos foi dirigida pelos passionistas de um mosteiro próximo.
     Em 19 de fevereiro de 1789, terça-feira de carnaval, no refeitório viu "Jesus como em um trono de graça no Santíssimo Sacramento, rodeado de virgens que O adoravam" e ouviu uma voz que lhe dizia: "Te elegi para instituir a obra das Adoradoras Perpétuas, que dia e noite me oferecerão sua humilde adoração para reparar as ofensas e as ingratidões da humanidade e impetrar graças e ajudas de minha divina misericórdia". Aquele dia se converteu para ela no "dia da luz".
     No dia 20 de abril de 1802, aos 32 anos, foi eleita abadessa, cargo que ocupou até 1807. Ela prometeu fortalecer a vida de pobreza e penitência do convento. Sob a direção espiritual do Pe. João Antonio Baldeschi a fundação de uma comunidade religiosa monástica que se dedicasse exclusivamente à adoração do Santíssimo Sacramento amadureceu. Seguindo a vontade de Deus que desejava um novo instituto, e redigidas as Constituições, se mudou para Roma com algumas Irmãs e com a bênção de Pio VII, para fundar o primeiro mosteiro das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, no convento de São Joaquim e Santa Ana, em Quattro Fontane. A fundação teve lugar no dia 8 de julho de 1807. Por iniciativa sua a igreja foi aberta para a adoração dos fiéis leigos.
     O Cardeal Júlio Maria dela Somaglia, Prefeito da Congregação para os Ritos, assinou o Decreto de Aprovação das Regras. 
     Graças a sua união com Deus cada vez mais íntima, a seu grande espírito de fé e a sua intensa oração em tempos muito difíceis devido a invasão dos franceses depois da Revolução Francesa, conseguiu realizar muitas obras em benefício do mosteiro e também de muitas pessoas que recorriam a ela.
     A Madre Maria Madalena profetizou ao Papa Pio VII a sua deportação para a França: "Mas não tenha medo; ninguém lhe poderá prejudicar e voltará glorioso a Roma". A cruz também chegou para as Adoradoras sob a forma da supressão do instituto e ela foi exilada em Florença.
     Com a queda do regime napoleônico, no ano 1814, a Madre voltou para Roma com algumas jovens florentinas e em 18 de setembro de 1817 vestiu o novo hábito religioso, que havia visto no "dia da luz": túnica branca e escapulário vermelho, símbolos do candor virginal e do amor a Jesus Crucificado e Eucarístico.
     Em 10 de março de 1818 a Santa Sé reconheceu oficialmente a Congregação, que a Madre Maria Madalena colocou sob o patrocínio da Virgem das Dores.
     A Beata faleceu em 29 de novembro de 1824, em Roma. Foi sepultada em Santa Ana no Quirinal, com a permissão do papa, que então residia no Palácio do Quirinal, mas em 1839 seus despojos foram transladados para a Igreja de Santa Maria Madalena em Monte Cavallo, nova sede de Roma das Adoradoras Perpétuas.
     Foi beatificada no dia 3 de maio de 2008 na Basílica de São João de Latrão, Roma.
     O Instituto conta hoje com mais de noventa mosteiros espalhados por todo o mundo. 
 
Fontes:
http://www.es.catholic.net/santoral/articulo.php?id=38976i
www.santiebeati/it
https://it.cathopedia.org/wiki/Beata_Maria_Maddalena_dell%27Incarnazione
 
Postado neste blog em 28 de novembro de 2012

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Isabel de Castela, a Católica, 1ª. Grande Rainha da Europa – 26 de novembro

Os reis católicos com sua filha Joana

A rainha que empreendeu uma cruzada
Figura feminina extraordinária a muitos títulos, essa soberana exerceu papel decisivo na História da Espanha e de toda a cristandade por seu espírito de cruzada contra o poder muçulmano da época
 
     Filha de João II, Rei de Castela, e sua segunda esposa, nasceu Isabel a 22 de abril de 1451 na pequena cidade de Madrigal. Aquela que seria a última mulher cruzada descendia, tanto pelo lado paterno quanto pelo materno, de dois reis santos e cruzados: São Luís IX, da França, e seu primo São Fernando III, de Castela.
     Falecendo o pai quando sua idade era pouco mais de três anos, foi educada piedosamente pela mãe, juntamente com seu irmão menor Afonso. “Bordava telas e casulas, costurava roupas para os pobres, aprendia a fiar como as mulheres do povo. Tecia sedas, urdia e confeccionava tapetes com assombrosa habilidade”. (1) Aos 11 anos foi levada com Afonso por Henrique IV, seu meio-irmão, para a corte castelhana, considerada então a mais corrompida da Europa.
Na corte castelhana, dois partidos em disputa
     Na corte castelhana, “a princesinha estudava música, pintura, poesia, costura e gramática. Cada dia passava muito tempo em oração pedindo a Deus que os guardasse, a ela e a Afonso, livres de todo pecado; e especialmente invocava a Bem-aventurada Virgem, São João Evangelista e o apóstolo São Tiago, patrono de Castela”. (2)
     Pela fraqueza dos reis castelhanos, “nesse período [os nobres] tinham chegado ao ponto de despojar completamente o trono de sua autoridade. Aproveitavam-se da incrível imbecilidade de Henrique IV e das escandalosas relações entre Joana de Portugal, sua segunda mulher, e seu favorito Beltran de la Cueva”, (3) a quem atribuíam a paternidade da infanta Joana, por isso cognominada la Beltraneja.
     Com a chegada dos jovens príncipes, formaram-se logo na corte dois partidos: um que defendia a legitimidade destes ao trono, e outro que defendia a da Beltraneja. O primeiro partido tornou-se tão poderoso, que obteve do fraco rei que reconhecesse Afonso e Isabel como seus legítimos herdeiros.
     Falecendo o príncipe Afonso, o partido de Isabel quis aclamá-la rainha no lugar de Henrique IV. “Nessa ocasião, Isabel deu uma das primeiras provas de suas grandes qualidades, recusando a coroa usurpada que lhe era oferecida, e declarando que nunca, enquanto seu irmão vivesse, aceitaria ela o título de rainha”. (4)
     Aos 18 anos, Isabel casou-se secretamente com o herdeiro da coroa de Aragão, o príncipe D. Fernando, para evitar as tratativas que seu irmão fazia para casá-la com outro pretendente.
Assume as rédeas do governo e reconstrói o país
     Isabel assumiu o governo aos 23 anos, à morte de Henrique IV. Com sua energia, e acompanhada de seu marido Fernando, foi obtendo a adesão de cada cidade para sua causa. Mas o Rei de Portugal, Afonso V, querendo assenhorear-se de Castela, entrou no país para casar-se com a Beltraneja, a qual, afirmava ele, era a legítima herdeira do trono. Vários potentados castelhanos tomaram seu partido, aliando-se a ele. A alternativa para Isabel era ceder, ou então guerrear. E ela não cedia num ponto em que julgava estar inteiramente com a razão. Assim, apesar de estar esperando um segundo filho, pôs a cota de malhas e, a cavalo, foi recrutando gente em todas as suas cidades, enquanto Fernando fazia o mesmo em Aragão. Habilíssimo general e grande estrategista, Fernando obteve retumbante vitória sobre o soberano português, consolidando assim Isabel no trono.
     Triste foi a herança que recebeu Isabel de seu fraco e imoral meio-irmão. “As indústrias quebravam, a moeda andava escassa, centenas de cidades desafiavam sua autoridade sob o mando de prefeitos que se criam reis delas, o povo morria de fome e de epidemias. A Igreja necessitava de reforma, o governo existia só de nome, e por todas as partes os camponeses estavam oprimidos por bandos de ladrões”. (5)
     Os jovens soberanos entregaram-se com energia à tarefa de reconstruir o país. Começaram a reprimir severamente os abusos e aplicar a justiça contra quem quer que fosse. Fizeram reviver, para isso, a Santa Irmandade, força de voluntários que servia de polícia local, com jurisdição sobre assassinatos, atos de violência, rapina, atentados a mulheres e desobediência às leis e aos magistrados. Isabel obteve do Papa a instauração da Santa Inquisição em Castela para pôr fim aos abusos, na esfera religiosa, principalmente de cristãos-novos (judeus convertidos), muitos dos quais tinham fé duvidosa e utilizavam a usura para pressionar os cristãos.
     Isabel era muito ciosa de sua autoridade como rainha. Por isso, em 1475 firmou com seu esposo o acordo denominado Concórdia de Segóvia, pelo qual recebeu o título de Rainha e proprietária de Castela, e seu esposo o de rei consorte. “Desde esse momento os esposos formam um bloco impossível de dividir, e com essa firmeza podem fazer frente ao estalido da guerra”. (6)
A cruzada contra os infiéis maometanos
     Um dos maiores empenhos que Isabel teve em seu reinado foi mover a guerra santa contra o invasor muçulmano. Para esse empreendimento, obteve do Papa as mesmas indulgências de Cruzada concedidas aos que iam lutar na Terra Santa, tendo o Sumo Pontífice lhe enviado uma cruz de prata para ir à frente de seus exércitos.
     Nas várias campanhas que encetou, e sobretudo na reconquista de Granada, Isabel arrebatava seus soldados por sua energia sobre-humana, senso do dever e espírito sobrenatural. Estes “criam que ela era uma santa. Como Santa Joana d’Arc, sempre lhes recomendava viver honestamente e falar bem. Não havia nem blasfêmias nem obscenidades no acampamento onde ela se achava, e viam-se curtidos soldados ajoelhar-se para rezar, enquanto se celebrava a missa ao ar livre por ordem da piedosa rainha”. (7) A presença da soberana era para os guerreiros como uma garantia de vitória, pois lhes inspirava valor e confiança. Até os mouros admiravam a grande rainha, cantando sua bondade e beleza em suas canções, apesar de a temerem como inimiga.
     Enquanto Fernando, um dos melhores guerreiros de sua época, comandava o exército, a rainha cuidava de toda a retaguarda, como recrutamento de reforços, envio de alimentos e munições, bem como projetava os hospitais — foi ela quem instituiu o primeiro hospital militar da História, e suas enfermeiras precederam as da Cruz Vermelha em mais de trezentos anos. Cavalgava de um lugar a outro, indo mesmo aos acampamentos revestida de leve armadura de aço, para elevar o moral dos soldados. Mas essa rainha guerreira fazia questão de ela mesma costurar a roupa de seu marido, nunca usando o monarca outras senão as confeccionadas pelas hábeis mãos de Isabel ou de suas filhas.
Título glorioso de “Reis Católicos”

     Um fato mostra a têmpera dessa rainha. No cerco de Granada, uma vela mal colocada ateou fogo na tenda ao lado da rainha, e desta propagou-se para todo o acampamento, que foi tomado pelas chamas. Os mouros, das muralhas, cantavam vitória. Mas a enérgica soberana, para mostrar sua determinação de conquistar a cidade, mandou edificar novo acampamento de pedra, surgindo assim uma verdadeira cidade à qual deu o nome de Santa Fé. Foi de lá que partiram as investidas contra Granada, obtendo-se sua capitulação.
     O Papa Alexandre VI concedeu ao real casal, por seus serviços em prol da Cristandade, o título de Reis Católicos, em harmonia com o de Rei Cristianíssimo, concedido anteriormente ao monarca francês.
     A política matrimonial que seguiram os Reis Católicos teve como intuito isolar a França, sua grande rival na época. Mas não tiveram felicidade com seus filhos. A primogênita, também chamada Isabel, casou-se com o jovem príncipe português Afonso e, ao enviuvar precocemente, contraiu matrimônio com o seu herdeiro Dom Manuel, o Venturoso. O príncipe João casar-se-ia com Margarida de Áustria, filha do Imperador Maximiliano I, mas morreria jovem. Joana, que entrará para a História como Joana a Louca, contraiu matrimônio com Felipe de Áustria, o Formoso, e tornou-se herdeira do trono que passou para seu filho, o futuro Carlos V. Maria casa-se com seu cunhado, o viúvo Dom Manuel, e Catarina será a desafortunada esposa do lúbrico Henrique VIII, da Inglaterra.
     “O bom governo dos soberanos católicos levou a prosperidade da Espanha ao seu apogeu e inaugurou a Idade de Ouro do país”. (8)
     Três meses após a conquista de Granada, Isabel assinou uma ordem de expulsão dos judeus de seus territórios; e favoreceu a empresa de Cristóvão Colombo, que descobriria assim a América.
    A Rainha Isabel morreu em Medina do Campo, Valladolid, a 26 de novembro de 1504. No seu testamento, reflexo de uma concepção patrimonial do reino, não legou os direitos sucessórios a Fernando, mas à filha Joana a Louca, mãe do futuro imperador Carlos V (I da Espanha), que deu início a uma nova dinastia espanhola, a dinastia dos Habsburgos.
     A morte desta grande rainha foi muito lamentada pelos seus contemporâneos. Um deles deixou este depoimento: “O mundo perdeu seu adorno mais nobre; uma perda que deve chorar não somente a Espanha, que ela já não levará mais no caminho da glória, mas todas as nações da Cristandade, porque ela era o espelho de todas as virtudes, o amparo do inocente e o sabre vingador do culpado. Não conheço ninguém de seu sexo, nos tempos antigos nem nos modernos, que, a meu juízo, possa equiparar-se com esta mulher incomparável”. (9)
*
     A expansão territorial de Castela sob o mando dos Reis Católicos, iniciou-se com a anexação do arquipélago das Canárias e terminou (1492), com a conquista de Granada, último reino muçulmano da península ibérica. O evento mais marcante do seu reinado foi a descoberta da América por Cristóvão Colombo, no qual participou ativamente do financiamento da viagem e, depois, da evangelização e implantação da igreja nas novas terras.
     O seu reinado também favoreceu a pecuária ovina em Castela e o comércio de lã, centralizou e fiscalizou as operações mercantis com as Índias e saneou a moeda castelhana. Politicamente fortaleceu as instituições reais, aumentou o controle sobre as ordens militares, a fazenda real, as Cortes, a justiça. No campo religioso e cultural, efetuou uma extensa reforma do clero, com a ajuda do Cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, e terminou o processo de unificação religiosa, com a expulsão dos judeus não-convertidos (1492) e a imposição do Cristianismo à população árabe. Para fiscalizar o cumprimento dessas medidas, fortaleceu o tribunal da Inquisição. Isabel criou uma escola palaciana, que elaborou a primeira Gramática castelhana (1492).
A rendição de Granada

     MADRI, 19 jan. 19 / 06:00 am (ACI).- A Associação ‘Enraizados’, da Espanha, defendeu a figura da rainha Isabel a Católica e observou que as declarações da líder do partido ‘Podemos’ de Andaluzia, Teresa Rodríguez, "não buscam a verdade histórica, mas uma interpretação ideológica da mesma".
     Com suas declarações sobre os Reis Católicos, Rodríguez mostrou "que não sabe muito sobre Isabel a Católica, uma das personagens femininas mais importantes da história da Espanha e da história universal", disse José Castro Velarde, presidente de Enraizados.
     Velarde também assegurou que "a lenda negra em torno da figura de Isabel a Católica continua se difundindo com declarações como as de Teresa Rodríguez, que não buscam a verdade histórica, mas uma interpretação ideológica dela".
     Por isso, Enraizados destaca que durante o reinado de Isabel a Católica, chegou-se à América, desenvolvendo conhecimentos de cartografia e navegação até então desconhecidos, com isso, os "argumentos de Teresa Rodríguez se desfazem por si mesmos".
     Velarde também assegurou que "Isabel a Católica foi a primeira a conceder direitos aos índios, que eram considerados cidadãos da Espanha em igualdade de condições com os moradores da península. De acordo com o decreto de 1500, nenhum índio poderia ser escravizado. Determinou que os índios continuassem sendo os donos das terras que lhes pertenciam antes da chegada dos espanhóis".
     Nesse sentido, a Associação Enraizados ressaltou que Isabel a Católica é um "modelo de mulher, mãe e política. Isabel estabelece que não há diferença na capacidade de governo entre homem e mulher, assim educa suas filhas e assim procede com si mesma. Além disso, ela conseguiu fazer com que as mulheres também embarcassem para o Novo Mundo".
     "Acreditamos que, com boa vontade, Teresa Rodríguez pode mudar de ideia sobre Isabel a Católica. E para informá-la nós lhe enviamos o livro ‘Isabel la Cruzada’. Certamente poderá aprender com a rainha Isabel, que era, como ela, mulher, mãe e política", conclui o presidente de Enraizados.
Processo de beatificação
     Isabel a Católica está em processo de beatificação. Em outubro do ano passado, a Diocese de Valladolid sediou o Simpósio Internacional "Isabel a Católica e a evangelização da América", organizado em colaboração com a Arquidiocese de Granada na tentativa de relançar a causa, destacando seu grande testemunho de santidade.
https://www.acidigital.com/
________
Notas:
1. Luis Amador Sanchez, Isabel, a Católica, tradução de Mario Donato, Empresa Gráfica O Cruzeiro S. A., Rio de Janeiro, 1945, p. 55.
2. William Thomas Walsh, Isabel de España, tradução castelhana de Alberto de Mestas, Cultura Española, 1938, p. 49.
3. Ramón Ruiz Amado, DO, The Catholic Encyclopedia, Vol. VIII, transcrito por WGKofron, copyright © 1910 de Robert Appleton Company, online edition copyright © 1999 by Kevin Knight.
4. Id. ibid.
5. William Thomas Walsh, op.cit., p. 171.
6. (Site: www.artehistoria.com, Protagonistas de la História, Isabel la Católica.)
7. Walsh, op.cit., p. 160.
8. The Catholic Encyclopedia, online edition.
9. Carta de Pedro Mártir, um dos secretários da rainha, comunicando a morte de Isabel ao Arcebispo Talavera, in William Thomas Walsh, Isabel de España, p. 599.
 
http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=E324E968-F714-7F28-2AC8BEF5B88BF868

     MADRI, 19 jan. 19 / 06:00 am (ACI).- A Associação ‘Enraizados’, da Espanha, defendeu a figura da rainha Isabel a Católica e observou que as declarações da líder do partido ‘Podemos’ de Andaluzia, Teresa Rodríguez, "não buscam a verdade histórica, mas uma interpretação ideológica da mesma".
     Com suas declarações sobre os Reis Católicos, Rodríguez mostrou "que não sabe muito sobre Isabel a Católica, uma das personagens femininas mais importantes da história da Espanha e da história universal", disse José Castro Velarde, presidente de Enraizados.
     Velarde também assegurou que "a lenda negra em torno da figura de Isabel a Católica continua se difundindo com declarações como as de Teresa Rodríguez, que não buscam a verdade histórica, mas uma interpretação ideológica dela".
     Por isso, Enraizados destaca que durante o reinado de Isabel a Católica, chegou-se à América, desenvolvendo conhecimentos de cartografia e navegação até então desconhecidos, com isso, os "argumentos de Teresa Rodríguez se desfazem por si mesmos".
     Velarde também assegurou que "Isabel a Católica foi a primeira a conceder direitos aos índios, que eram considerados cidadãos da Espanha em igualdade de condições com os moradores da península. De acordo com o decreto de 1500, nenhum índio poderia ser escravizado. Determinou que os índios continuassem sendo os donos das terras que lhes pertenciam antes da chegada dos espanhóis".
     Nesse sentido, a Associação Enraizados ressaltou que Isabel a Católica é um "modelo de mulher, mãe e política. Isabel estabelece que não há diferença na capacidade de governo entre homem e mulher, assim educa suas filhas e assim procede com si mesma. Além disso, ela conseguiu fazer com que as mulheres também embarcassem para o Novo Mundo".
Processo de beatificação
     Isabel a Católica está em processo de beatificação. Em outubro do ano passado, a Diocese de Valladolid sediou o Simpósio Internacional "Isabel a Católica e a evangelização da América", organizado em colaboração com a Arquidiocese de Granada na tentativa de relançar a causa, destacando seu grande testemunho de santidade.
 
https://www.acidigital.com/

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Santa Cecilia Yu So-sa, Viúva e mártir - 23 de novembro

Em Seul, na Coreia, Santa Cecília Yu So-sa, mártir, que, sendo viúva, em ódio à fé cristã foi privada dos seus bens, encarcerada e doze vezes sujeita a interrogatórios; finalmente, exausta pelo suplício dos espancamentos, morreu quase octogenária.
 
     Cecilia foi elevada às honras dos altares acompanhada de seus dois filhos mártires: São Paulo Chong Ha-sang e Santa Isabel Chong Chong-hye.
     Nasceu em Seul, capital moderna da Coreia do Sul, em 1761, e se casou com o viúvo Agostinho Yak-jong, um dos primeiros cristãos da Coreia. Com ele foi para a capital e ali recebeu o sacramento do batismo das mãos do Pe. Chu Mun-mo, missionário chinês na Coreia. Seu esposo foi martirizado em 1801, e também Carlos Chong Chol-sang, filho do primeiro casamento de seu marido. Ela foi aprisionada e logo deixada livre, porém seus bens foram confiscados.
     Cecília, além de viúva se viu empobrecida e voltou para a região da família de seu marido, Majae, com seus filhos. Ali seu cunhado, inimigo do cristianismo, a recebeu friamente, e foi um amigo de seu falecido esposo que teve compaixão dela e lhe ofereceu uma casa para morar. A frieza dos antigos amigos e parentes a rodeou.
     Ela enfrentou a morte da viúva de Carlos, o filho de seu marido, martirizado; do filho daquele casal e de sua própria filha mais velha. Em meio a sua desgraça Cecilia conservou a fé e a paciência, e em vista da hostilidade de que era objeto, manteve uma conduta prudente, não fazendo alarde do cristianismo, porém transmitindo a doutrina cristã a seus filhos no âmbito de seu lar.
     Quando seu filho Paulo atingiu a idade de 20 anos, ela sugeriu que ele se casasse; ele lhe disse que queria dedicar-se a continuar a obra evangelizadora de seu pai mártir, e para tanto foi para a capital, deixando a mãe e a irmã em Majae.
     Ela temia os perigos pelos quais seu filho passaria para organizar um ressurgimento do cristianismo e aceitava com mansidão que seu filho não pudesse proporcionar a ela alguma ajuda. Em 1827, entretanto, o Bispo de Pequim recriminou Paulo por não prestar ajuda a sua mãe e ele então a levou consigo para a capital, junto com sua irmã Isabel.
     A vida ali se tornou muito difícil e por isso Cecilia resolveu voltar para Majae, porém logo lhe foi oferecido o encargo de auxiliar os missionários que chegavam. Assistia a Missa diariamente e ajudava os católicos mais pobres. 
     Em 1839 a perseguição aos cristãos recomeçou e foi aconselhada que fosse para Majae, mas ela preferiu ficar. Ela e a filha se dedicaram a se preparar para o martírio.
     No dia 1º de junho, estando seu filho ausente, foi aprisionada. Quando lhe perguntaram se era verdade que era católica, respondeu que sim, e quando foi intimada a abandonar sua religião e a delatar os demais católicos, disse que não sabia onde os outros cristãos moravam, e que estaba disposta a morrer para conservar sua fé
     Foi interrogada cinco vezes e cada interrogatório era acompanhado de golpes de cana de bambu, que a deixaram muito machucada. Levada para a prisão, morreu no cárcere de Bo-jeong no dia 23 de novembro de 1839, quase octogenária.
     Foi canonizada em 6 de maio de 1984 em Seul pelo papa João Paulo II, juntamente com 102 mártires coreanos. O grupo conhecido com o nome “Santos André Kim Taegon, Paulo Chong Ha-sang e companheiros” é festejado no calendário litúrgico latino no dia 20 de setembro.
 
Fonte: «Año Cristiano» - AAVV, BAC, 2003; santiebeati.it
Postado neste blog em 22 de novembro de 2012

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Santa Matilde de Hackeborn, o "Rouxinol de Deus” - 19 de novembro

   

     Santa Gertrudes a Grande, no IV livro da obra Liber specialis gratiae (O livro da graça especial), no qual se narram as graças especiais que Deus outorgou a Santa Matilde, afirma: “O que escrevemos é bem pouco em comparação com o que omitimos. Unicamente para a glória de Deus e utilidade do próximo publicamos estas coisas, porque nos pareceria injusto manter o silêncio sobre tantas graças que Matilde recebeu de Deus, não tanto para ela mesma, segundo nosso parecer, mas para nós e para os que virão depois de nós” (Mechthild von Hackeborn, Liber specialis gratiae, VI, 1).
     Com Gertrudes nós nos introduzimos na família do Barão de Hackeborn, uma das mais nobres, ricas e poderosas da Turíngia, aparentada com o imperador Frederico II, e entramos no Mosteiro de Helfta no período mais glorioso da sua história.
     O barão já havia dado uma filha ao mosteiro, Gertrudes de Hackeborn (1231/1232 - 1291/1292), dotada de uma destacada personalidade. Abadessa durante 40 anos, foi capaz de deixar uma marca peculiar na espiritualidade do mosteiro, levando-o a um florescimento extraordinário como centro de mística e de cultura, escola de formação científica e teológica. Gertrudes ofereceu às monjas uma elevada instrução intelectual, que lhes permitia cultivar uma espiritualidade fundada na Sagrada Escritura, na Liturgia, na tradição patrística, na Regra e espiritualidade cistercienses, com particular predileção por São Bernardo de Claraval e Guilherme de Saint-Thierry. Foi uma verdadeira mestra, exemplar em tudo, na radicalidade evangélica e no zelo apostólico.
     Santa Matilde, desde a sua juventude, acolheu e vivenciou o clima espiritual e cultural criado pela irmã, oferecendo depois sua marca pessoal.
     Matilde de Hackeborn, uma das grandes figuras do mosteiro de Helfta e do monaquismo alemão no século XIII, nasceu em 1241 ou 1242, no Castelo de Helft, Saxônia, na nobre e poderosa família Hackeborn, que era possuidora de terras na Turíngia. A terceira filha do barão nasceu tão frágil que se chegou a acreditar estar morta, mas o padre que foi batizá-la profetizou que ela chegaria a ser santa e que Deus obraria grandes coisas por meio dela.
       Aos 7 anos, com sua mãe, visitou sua irmã Gertrudes no mosteiro de Rodersdorf. Ficou tão fascinada por esse ambiente, que desejou ardentemente fazer parte dele. Entrou como educanda e, em 1258, converteu-se em monja do convento que entrementes havia se transferido para Helfta, na propriedade dos Hackeborn.
     Distinguiu-se pela humildade, fervor, amabilidade, limpeza e inocência de vida, familiaridade e intensidade na relação com Deus, com Nossa Senhora e com os santos. Dotada de elevadas qualidades naturais e espirituais, como “a ciência, a inteligência, o conhecimento das letras humanas, a voz de uma suavidade maravilhosa: tudo a tornava adequada para ser um verdadeiro tesouro para o mosteiro, sob todos os aspectos”. (Ibid., Proemio).
     Assim, o "rouxinol de Deus" - como era chamada -, ainda muito jovem converteu-se em diretora da escola do mosteiro, diretora do coro e mestra de noviças, serviço que levou a cabo com talento e infatigável zelo, não somente em benefício das monjas, mas de todo aquele que desejasse acudir à sua sabedoria e bondade.
     Iluminada pelo dom divino da contemplação mística, Matilde compôs numerosas orações. É mestra de fiel doutrina e de grande humildade, conselheira, consoladora, guia no discernimento: “Ela - lê-se - distribuía a doutrina com uma abundância que nunca tinha sido vista no mosteiro, e temos grande temor de que nunca se volte a ver algo semelhante. As monjas se reuniam ao seu redor para escutar a palavra de Deus, como a um pregador. Era o refúgio e a consoladora de todos e tinha, como dom singular de Deus, a graça de revelar livremente os segredos do coração de cada um. Muitas pessoas, não só no mosteiro, mas também estranhos, religiosos e leigos, vindos de longe, testemunhavam que esta santa virgem lhes havia libertado de suas penas e que nunca haviam provado tanto consolo como ao seu lado. Além disso, ela compôs e ensinou tantas orações que, se fossem reunidas, superariam o volume de um saltério” (Ibid., VI,1).
     Em 1261, chegou ao convento uma menina de 5 anos, de nome Gertrudes: foi confiada aos cuidados de Matilde, então com 20 anos, que a educou e guiou na vida espiritual até fazer dela não somente sua discípula excelente, mas sua confidente. Em 1271 ou 1272, entrou no mosteiro também Matilde de Magdeburgo. O lugar acolheu, assim, 4 grandes mulheres - duas Gertrudes e duas Matildes -, glória do monaquismo germânico.
     Em sua longa vida transcorrida no mosteiro, Matilde passou por contínuos e intensos sofrimentos, aos quais acrescentou as duríssimas penitências escolhidas para a conversão dos pecadores. Dessa forma, participou da Paixão do Senhor até o final da sua vida (cf. ibid., VI, 2). A oração e a contemplação foram a fonte da sua existência: as revelações, seus ensinamentos, seu serviço ao próximo, seu caminho na fé e no amor têm aqui sua raiz e seu contexto.
     No primeiro livro da obra Liber specialis gratiae as redatoras recolhem as confidências de Matilde indicadas nas festas do Senhor, dos santos e, de modo especial, de Nossa Senhora. É impressionante a capacidade que esta santa tinha de viver a Liturgia em seus vários componentes, inclusive os mais simples, levando-a à vida monástica cotidiana. Algumas imagens, expressões, aplicações talvez estejam longe da nossa sensibilidade, mas se considerarmos a vida monástica e sua tarefa de mestra e diretora de coro, perceberemos sua singular capacidade de educadora e formadora, que ajuda suas irmãs a viverem intensamente, partindo da Liturgia, cada momento da vida monástica.
     Na oração litúrgica, Matilde deu particular importância às horas canônicas, à celebração da Santa Missa, sobretudo à Santa Comunhão. Nesse momento, ela frequentemente se elevava em êxtase, em uma intimidade profunda com Nosso Senhor em seu Coração ardentíssimo e dulcíssimo, em um diálogo estupendo no qual pedia iluminação interior, enquanto intercedia de modo especial por sua comunidade e por suas irmãs. No centro estão os mistérios de Cristo, aos quais Nossa Senhora remete constantemente, para caminhar pela senda da santidade: “Se desejas a verdadeira santidade, fica perto do meu Filho; Ele é a própria santidade que santifica tudo” (Ibid., I,40). Nesta sua intimidade com Deus está presente o mundo inteiro, a Igreja, os benfeitores, os pecadores. Para ela, céu e terra se unem.
     Suas visões, seus ensinamentos, as circunstâncias da sua existência são descritos com expressões que evocam a linguagem litúrgica e bíblica. Capta-se, assim, seu profundo conhecimento da Sagrada Escritura, seja tomando símbolos, termos, paisagens, imagens ou personagens. Sua predileção era pelo Evangelho:
     “As palavras do Evangelho eram para ela um alimento maravilhoso e suscitavam em seu coração sentimentos de tal doçura, que frequentemente, pelo entusiasmo, não conseguia terminar sua leitura... A forma como lia estas palavras era tão fervente, que suscitava a devoção em todos. Assim também, quando cantava no coro, estava toda absorta em Deus, transportada por tal ardor, que às vezes manifestava seus sentimentos com os gestos... Outras vezes, elevada em êxtase, não ouvia quem a chamava ou a movia e com dificuldade recuperava o sentido das coisas exteriores” (Ibid., VI, 1).
     Em uma das suas visões, o próprio Jesus lhe recomenda o Evangelho; abrindo-lhe a ferida do seu dulcíssimo Coração, disse-lhe: “Considera quão imenso é meu amor; se queres conhecê-lo bem, em nenhum lugar o encontrarás expresso mais claramente que no Evangelho. Ninguém jamais sentiu a expressão de sentimentos mais fortes e mais ternos que estes: como meu Pai me amou, assim eu vos amei (Jo 15, 9)” (Ibid., I,22).
     A discípula Gertrudes descreve com expressões intensas os últimos momentos da vida de Santa Matilde de Hackeborn, duríssimos, mas iluminados pela presença da Beatíssima Trindade, de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, de todos os santos, e também de sua irmã de sangue, Gertrudes. Quando chegou a hora em que o Senhor quis levá-la com Ele, ela lhe pediu para poder viver mais um pouco no sofrimento pela salvação das almas, com o que Jesus aquiesceu, contente com este último sinal de amor.
     Matilde tinha 58 anos. Percorreu o último trecho do caminho caracterizado por 8 anos de graves doenças. Sua obra e sua fama de santidade se difundiram amplamente. Chegada a sua hora, “o Deus de Majestade (...), única suavidade da alma que o ama (...), cantou-lhe: Venite vos, benedicti Patris mei... (Vinde, benditos do meu Pai, vinde receber o Reino) e a associou à sua glória” (Ibid., VI,8).
     Santa Matilde de Hackeborn nos confia ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora. Convida a louvar o Filho com o Coração da Mãe e venerar Maria com o Coração do Filho: “Eu vos saúdo, ó Virgem veneradíssima, neste dulcíssimo orvalho, que do Coração da Santíssima Trindade se difundiu em vós; eu vos saúdo na glória e no gozo com que agora vos alegrais eternamente, Vós que, com preferência a todas as criaturas da terra e do céu, fostes escolhida antes ainda da criação do mundo! Amém” (Ibid., I, 45).
     Matilde percorreu um caminho de íntima união com Nosso Senhor, entrando em diálogo com o seu dulcíssimo e ardente Coração, fonte de luzes interiores e ocasião de intercessão pelas suas irmãs. Pouco após a sua morte, a sua obra e a sua fama de santidade já tinham se difundido grandemente.
     Matilde faleceu em 19 de novembro de 1299 com 59 anos de idade. A fama e a importância que a ela atribui sua discípula, Santa Gertrudes de Helfta, a Grande, acabou por fazer sombra a Santa Matilde, que a partir do século XVI passou para um segundo plano.
 
Fontehttp://zecalambert.blogspot.com.br/2010/10/santa-matilde-de-hackeborn.html 
Postado neste blog em 19 de novembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Santa Gertrudes, a Grande - 16 de novembro

     A famosa Abadia de Helfta foi fundada por Gertrudes de Hackeborn. Gertrudes pertencia à dinastia dos Hackeborn e era irmã de Santa Matilde de Hackeborn (¹).
     Bem jovem entrara na abadia cisterciense de Roderdorf e foi eleita abadessa em 1251. Em 1253, fundou o convento de Hederleben com a ajuda de seus dois irmãos, Alberto e Luís, mas, como faltasse água ali, deram-lhe o Castelo de Helpeda (Helfta), próximo de Eisleben (moderna Alemanha) e as terras ao seu arredor. Em 1258 ela mudou-se para Helfta com toda a comunidade.
   Durante o período em que Gertrudes foi abadessa, Helfta tornou-se famosa em todo o Sacro Império Romano-Germânico, devido às práticas de ascetismo de suas monjas, ao misticismo de algumas e da grande capacidade intelectual que abrilhantou a vida monástica feminina da Idade Média.
     Gertrudes exigia que suas religiosas fossem educadas nas artes liberais, mas acima de tudo tivessem amplo conhecimento das Escrituras. Era considerada um modelo de abadessa, mais especialmente por sua conduta durante o ano de enfermidade que precedeu o seu falecimento.
     Gertrudes de Hackeborn nunca escreveu, nem recebeu qualquer revelação de Deus, nem tão pouco foi canonizada. Não deve ser confundida com Santa Gertrudes, a Grande.
 
Gertrudes, a Grande
     É certo que Gertrudes era de uma família abastada, mas sabemos apenas que ela nasceu em Eisleben, Alemanha, no ano 1256. Não era de família nobre, como acreditaram alguns, confundindo-a com Gertrudes, a Abadessa de Helfta. Seus pais a colocaram como aluna das beneditinas de Roderdorf quando tinha apenas cinco anos.
     Muito piedosa e culta, Gertrudes de Hackeborn vendo a estupenda inteligência de sua homônima, incentivou-a muito não apenas na observância monástica, mas também nas atividades intelectuais que Santa Lioba e suas freiras anglo-saxãs haviam transmitido às suas fundações na Germânia.
     A pequena Gertrudes encantava a todos. “Nessa alma, Deus reuniu o brilho e o frescor das mais belas flores à candura da inocência, de maneira que encantava todos os olhares como atraía todos os corações”, diz sua biógrafa e contemporânea.
     Como vimos acima, a comunidade transferiu-se para Helfta e a Abadia seguia na época a regra cisterciense. Para uma jovem de seu tempo, não era coisa tão comum, mas Gertrudes recebeu uma cultura universal e clássica. Estudou latim, filosofia e teologia; se comprazia com a leitura de Virgílio e Cícero, e a filosofia de Aristóteles.
     A educação de Gertrudes foi confiada à irmã da priora, Matilde de Hackeborn, muito adiantada na via mística e na santidade. Esta procurava incutir nas almas de suas alunas o fogo do amor de Deus que devorava seu coração. E encontrou em Gertrudes um campo propício para isso.
     A narração das experiências místicas de Matilde, Lux divinitatis, constitui um elegante texto poético. Por volta de 1290, Matilde tivera uma visão relacionada com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Estas religiosas eram influências decisivas na vida interior de muitas jovens que delas se aproximavam, e certamente devem ter influenciado Gertrudes.
     Em 27 de janeiro de 1281, depois de um mês de terrível provação, Nosso Senhor apareceu-lhe e fez-lhe compreender sua falta: “Provaste a terra com meus inimigos e sugaste algumas gotas de mel entre os espinhos. Volta a mim, e te inebriarei na torrente de meu divino amor”.  E, como dirá ela mesma, o Senhor "mais brilhante que toda luz, mais profundo do que qualquer segredo, docemente começou a aplacar aquela perturbação que havia entrado em meu coração".
     Nessa visão, não de modo visível externamente, foram-lhe impressos os sagrados estigmas de Cristo Senhor Nosso, e em seguida foi agraciada com êxtases.
     Após tais acontecimentos, que ela chama de “sua conversão”, entregou-se com ardor ao estudo da teologia escolástica e mística, da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, sobretudo de Santo Agostinho, São Gregório Magno, São Bernardo e Hugo de São Vítor.
     No mosteiro ela não exercia outra função senão a de irmã-substituta da irmã-cantora, Santa Matilde. Apesar de sempre doente e lutando tenazmente contra suas paixões, atendia às inúmeras pessoas que a vinham consultar. Gertrudes desejaria viver na solidão, mas as notícias correm e pessoas chegam ao mosteiro para fazerem confidências, para interrogá-la, ou simplesmente para vê-la.
     E esta contemplativa enferma tem momentos de assombrosa atividade no contato com as pessoas e no empenho em divulgar-lhes a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e o culto a São José. A outros mais distantes auxilia com seus escritos, a exemplo de Matilde, e o faz com elegância que é fruto de seus estudos. O empenho da adolescência e da juventude na disciplina escolástica preparara Gertrudes para ser uma apóstola do modo adequado ao seu tempo. E é uma precursora de Santa Teresa d'Ávila e de Santa Margarida Maria Alacoque.
     Santa Gertrudes foi objeto das complacências divinas, como mais tarde haveria de ser Santa Margarida Maria Alacoque. Ambas penetraram no amor íntimo de Jesus, embora de maneira diversa.
     Santa Gertrudes é a Santa da Humanidade de Jesus Cristo e a teóloga do Sagrado Coração. Ela vê o Coração Divino não com a coroa de espinhos e a cruz; não se sente chamada à vocação especial de vítima expiatória pelos pecados do mundo. A chaga do peito que Jesus lhe apresenta é uma porta dourada por onde ela entra. Como São João Evangelista, ela repousa sobre o peito de Jesus, onde seu Coração é para ela um banho de purificação, um asilo e um descanso.
     Um dia Gertrudes não pôde assistir com as Irmãs uma conferência espiritual. Apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: “Queres, minha queridíssima, que o sermão o faça Eu?” Ela aceitou e Jesus fez que ela descansasse sobre o seu Coração e ela ouviu duas pulsações: “Com estas duas pulsações opero Eu a salvação dos homens”, disse-lhe Ele. A primeira pulsação servia para tornar o Pai propício aos pecadores, para lhes desculpar a malícia e movê-los à contrição; a segunda era um grito de alegria e congratulação pela eficácia do sangue de Jesus na salvação dos justos. Era um grito que atraía os bons para trabalharem constantemente na obra de sua perfeição.
     Num ano em que o frio ameaçava os homens, animais e colheitas, durante a Missa Santa Gertrudes implorava a Deus que desse remédio a esses males. E teve a seguinte resposta: “Filha, hás de saber que todas tuas orações são ouvidas”. Ao que ela replicou: “Senhor, dai-me a prova desta bondade fazendo com que cessem os rigores do frio”. Ao sair da igreja, a santa notou que os caminhos estavam inundados pela água produzida pela neve derretida. O tempo favorável continuou, e começou mais cedo a primavera.
     A fama de santidade acompanhava Gertrudes já em vida e perdurou no tempo. As suas obras, o Arauto da bondade divina e os sete Exercícios, em belíssima prosa latina, foram editadas no século XVI pelo cartuxo João Lamperge e foram logo traduzidas para várias línguas europeias.
     Os especialistas afirmam que os livros da Santa Gertrudes, junto com as obras de Santa Teresa d'Ávila e de Santa Catarina de Sena, são as obras mais úteis que uma mulher tenha dado à Igreja para alimentar a piedade das pessoas que se dedicam à vida contemplativa.
     Santa Gertrudes havia escrito uma preparação para a morte, para proveito dos fiéis. Consistia em um retiro de cinco dias, o primeiro dos quais consagrado a considerar a última enfermidade; o segundo, a confissão; o terceiro, a unção dos enfermos; o quarto, a comunhão; e o quinto a dispor-se para a morte. Certamente ela se preparou desse modo para seu falecimento, que ocorreu no Mosteiro de Helfta, em 17 de novembro de 1302.
     Gertrudes já era considerada santa no momento de sua morte; Clemente XII incluiu o seu ofício no Calendário Romano em 1677. Mas somente em 1739 o seu culto foi estendido à Igreja Universal.
     Santa Teresa de Ávila e São Francisco de Sales promoveram muito o culto a essa santa extraordinária. Gertrudes é uma das padroeiras dos escritores católicos.
 
(¹) Santa Matilde de Hackeborn (ou de Helfta) – festa litúrgica 19 de novembro.
 
    Esta Santa, junto com Santa Gertrudes, a Grande, é a glória do monaquismo e uma das maiores escritoras espirituais e místicas do Cristianismo.
     Matilde nasceu em 1241, no Castelo de Helfta, e pertencia a uma das mais nobres e poderosas famílias da Turíngia, os Hackeborn, aparentada com o Imperador Frederico II. Com sete anos foi enviada para o mosteiro beneditino de Roderdorf para ser educada. Em 1258, quando sua irmã mais velha, Gertrudes, foi eleita abadessa da Abadia de Helfta, Matilde a seguiu. Três anos mais tarde ela ficou encarregada da direção de uma jovem monja, Gertrudes, que era alguns anos mais jovem do que ela.
     Matilde foi mestra do coro. Tinha cinquenta anos e estava doente. Sua irmã mais velha já havia falecido quando Matilde revelou o seu grande segredo: as maravilhas que a graça divina operava em sua alma, tudo o que Deus mostrava a ela. Duas Irmãs recolheram suas confidências e uma delas foi Santa Gertrudes, a Grande. Elas trabalharam de 1291 a 1298. Nasceu assim o Livro da Graça Especial, uma das mais belas e das mais célebres obras da literatura mística da Idade Média.
     Como Santa Gertrudes, Santa Matilde é precursora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, fonte do amor divino. Ela teve por este amor expressões de apaixonado lirismo. O renome de Matilde se espalhou.
     No século XIV ela era célebre em Florença, pois os dominicanos tinham propagado o Livro da Graça. Dante, em seu Purgatório, menciona uma encantadora jovem, Matelda, que guarda o Paraíso terrestre, provavelmente inspirado pela cantora do amor divino.
     Matilde faleceu em 19 de novembro de 1298 ou 1299.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Santa Agostinha Lívia Pietrantoni, Religiosa - 13 de novembro

    

     27 de março de 1864. No pequeno povoado de Pozzaglia Sabina, a 800 m de altitude, na bonita zona geográfica entre Rieti, Orvinio, Tivoli, nasceu e foi batizada Lívia, segunda de 11 filhos. Os pais, Francisco Pietrantoni e Catarina Costantini, eram pequenos agricultores que trabalhavam a própria terra e algum terreno arrendado. A infância e a juventude de Lívia respiram os valores da família honesta, laboriosa, religiosa e são marcadas sobretudo pela sabedoria do avô Domingos, verdadeiro ícone patriarcal na casa abençoada, onde "todos procuravam fazer o bem e a oração era comum".
     Aos quatro anos, Lívia recebeu o sacramento da Crisma e por volta de 1876 fez a sua Primeira Comunhão, com uma consciência certamente extraordinária, comprovada pela sua posterior vida de oração, de generosidade e de doação. Ainda muito cedo aprendeu da mãe Catarina as atenções e os gestos de maternidade que exprime com docilidade entre os numerosos irmãozinhos da sua família, onde todos parecem ter direito ao seu tempo e à sua ajuda. Trabalha no campo e cuida dos animais. Portanto, não tem muito tempo para brincar e para a escola. Mesmo assim consegue obter um grande proveito da sua irregular frequência, tanto a merecer das suas colegas o título de "professora".
     Aos 7 anos começou a trabalhar com outras crianças transportando inúmeros baldes de cascalho e areia para a construção da estrada Orvinio-Poggio Moiano. Aos 12 anos parte com as outras meninas que nos meses invernais se encontram em Tivoli para a colheita da azeitona. Lívia, com uma sabedoria precoce, assume a responsabilidade moral e religiosa das jovens colegas: é para elas apoio na dureza do trabalho longe da família e do povoado; com decisão e coragem é também guia nas relações com os chefes prepotentes e sem escrúpulos.
     Lívia era uma jovem admirável pela sabedoria, o senso altruísta, a generosidade, a beleza e isso não passa despercebido aos olhos dos rapazes do seu povoado. Mais que um rapaz a quis para esposa. Um deles deu este testemunho: “Lívia percebeu porque era inteligentíssima... Um dia passei por ela ao longo da estrada, quase por acaso. Estava a ler um livro. Parou e olhou para mim, um pouco atrapalhada. Depois tirou para fora do livro um 'santinho', um Ecce Homo (Cristo flagelado, coroado de espinhos e com as mãos atadas). Mostrou-o e disse: - Este é que será o meu esposo. Respondi-lhe apenas: - Já sabia e és bem digna dEle”.
     Às companheiras, que procuravam dissuadi-la, diz resolutamente: - Hei de ser religiosa e no convento mais difícil.
     Às pessoas da família e do povoado que pretendiam desviá-la da sua decisão, definindo-a uma fuga das dificuldades, Lívia respondia: "Quero escolher uma Congregação onde tenha trabalho para o dia e para a noite" e todos estão certos da autenticidade dessas palavras. A mãe declarou: - Que bênção de Deus esta minha filha! Sabe tratar melhor do que eu com o pai, com os irmãos, com a agulha, com o tear, na cozinha e na limpeza. Que poderia eu fazer sem ela, com uma família tão grande?
     Como mãe católica que era, apesar da falta que lhe fazia, deu-lhe licença, assim como o pai, de seguir a vida religiosa.
     Em 3 de março de 1886, a Superiora Geral das Irmãs da Caridade de Sta. Joana Antida Thouret, a Madre Josefina Bocquin, comunica-lhe que a espera na Casa Geral localizada na rua Sta. Maria em Cosmedin.
     23 de março de 1886. Lívia chega a Roma aos 22 anos, passando a morar na Rua Sta. Maria em Cosmedin. Alguns meses de Postulado e de Noviciado são suficientes para constatar que a jovem possui todas as condições para ser Irmã da Caridade, isto é, uma verdadeira "serva dos pobres", conforme a tradição de São Vicente de Paulo e de Sta. Joana Antida. Lívia levava para o convento, como herança familiar, um potencial humano particularmente sólido que lhe serve de garantia.
     Ao vestir o hábito religioso, recebeu o nome de Irmã Agostinha; ela percebeu que ela mesma deveria ser santa com este nome, visto que, de fato, não existe uma santa Agostinha!
     Enviada ao Hospital Espírito Santo, glorioso pela sua história de 700 anos e definido como "o ginásio da caridade cristã", Irmã Agostinha dá a sua contribuição pessoal a exemplo dos santos que a precederam, entre os quais São Carlos Borromeo, São José Calasâncio, São João Bosco, São Camilo de Léllis, e naquele lugar de dor manifesta a caridade até o heroísmo.
     Começou primeiramente a tratar das crianças; depois passou para a enfermaria dos tuberculosos.
     Naqueles tempos de luta declarada contra a Igreja, a paciente religiosa tinha de ouvir frequentemente blasfêmias, injúrias, palavras malcriadas e provocadoras. Os Padres Capuchinhos são expulsos, o crucifixo é banido, bem como os demais sinais religiosos. O clima no hospital é hostil à religião. Quereriam afastar também as Irmãs, mas temem a impopularidade. A vida torna-se "impossível" para elas e lhes é proibido falar de Deus. Ir. Agostinha, porém, não tem necessidade da boca para "gritar Deus" e nenhuma mordaça a pode impedir de anunciar o Evangelho.
     “Descontentamento, insultos, impaciências, grosserias de toda a espécie nunca lhe faltavam, mas ela sabia pagar tudo com muita delicadeza”, escreveu um enfermo.  E outra testemunha: - Com os doentes era uma verdadeira mãe, especialmente com os mais graves. À noite, antes de se retirar, não deixava de se aproximar das camas dos que estavam em maior perigo. Acomodava-lhes o travesseiro e dizia-lhes qualquer boa palavra. Por vezes, algum doente mau e descontente provocava-lhe algum aborrecimento, como atirar ao chão o prato de comida. Mas a Irmã Agostinha nunca perdia a paciência.
Pela sua dedicação a boa Irmã contraiu depressa a tuberculose. Viu-se obrigada a retirar-se, mas fez a Superiora prometer-lhe que, se se curasse, voltaria para a mesma enfermaria. E assim aconteceu: milagrosamente sara.
     Em segredo, em um pequeno ângulo escondido, Ir. Agostinha encontrou um lugar para a Virgem Maria, para que fique no hospital. A Ela confia os seus "protegidos", prometendo vigílias de oração e maiores sacrifícios para obter a graça da conversão dos mais obstinados.
     José Romanelli era o pior de todos, o mais vulgar e insolente, sobretudo com Ir. Agostinha que se desdobra em atenções e acolhe com grande bondade a mãe cega que vem visitá-lo. Ele tinha sido quatro vezes condenado nos tribunais... Dele se pode esperar de tudo, todos estão aborrecidos.
     Na noite de 23 de outubro de 1894, toma atitudes provocadoras com as lavadeiras. Um enfermeiro avisa o diretor clínico que, dois dias depois, o despede do hospital. Na sua raiva Romanelli quer encontrar uma vítima e a indefesa Irmã Agostinha é a vítima designada. "Matar-te-ei com as minhas mãos! Irmã Agostinha, não tens mais que um mês de vida!", são as expressões de ameaças que ele faz chegar, seguidas vezes, através de bilhetes.
     De fato, Romanelli não brinca, mas nem mesmo Irmã Agostinha fixa limites à sua generosidade ao Senhor. Quando naquele 13 de novembro de 1894 Romanelli a surpreende em um estreito corredor do hospital e a fere mortalmente, dos seus lábios saem somente a invocação à Virgem e palavras de perdão. A Irmã cai de joelhos sem um lamento. Com extremo esforço levanta-se, dá uns passos para a habitação das religiosas, perdoa ao assassino e exala o último suspiro murmurando: Minha Mãe do céu, ajudai-me! A autópsia revelará que o coração tinha sido atravessado em três pontos.
     No dia 15 de novembro toda a cidade de Roma se apinha nas ruas, do Hospital do Espírito Santo para o cemitério, a fim de ver passar o caixão da religiosa mártir. Os jornais do tempo referem que estavam presentes mais de 200 mil pessoas.
     No dia 12 de novembro de 1972, Paulo VI elevou às honras dos altares, com o título de Beata, a Irmã Agostinha Lívia, falecida aos 30 anos. Ela foi canonizada no domingo, 18 de abril de 1999 por João Paulo II.
     Esta Santa tinha feito a promessa solene: Ofereço-me a Deus para amar Nosso Senhor Jesus Cristo e para servi-Lo na pessoa dos pobres. Prometeu e cumpriu.
 


Fontes: www.vatican.va; Santos de Cada Dia, Pe. José Leite, S.J.
 
Postado neste blog em 12 de novembro de 2013

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Beata Alice (Maria Jadwiga) Kotowska, Virgem e mártir - 11 de novembro

 Martirológio Romano: Na cidadezinha de Laski Piasnica, próximo de Wejherowo, na Polônia, Beata Alice Kotowska, virgem da Congregação das Irmãs da Ressurreição do Senhor e mártir, que durante a guerra morreu fuzilada por perseverar firmemente na fé em Cristo.

      Maria Jadwiga Kotowska nasceu em Varsóvia, Polônia, no dia 20 de novembro de 1899 no seio de uma família católica de sete filhos.
     Fez inicialmente estudos de Medicina. Como estudante, ela participou da Cruz Vermelha, trabalhando entre os soldados feridos durante a 1ª Guerra Mundial, sendo premiada com a Cruz da Polônia Restituta.
     A vocação religiosa levou-a a se decidir por ingressar na Congregação das Irmãs da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Após o noviciado, professou no ano de 1924, adotando o nome de Irmã Alice.
     Após seu ingresso na vida religiosa, Irmã Alice mudou a direção de seus estudos. Seus superiores orientaram-na a se tornar professora. Foi então enviada como diretora do Instituto de Wejherovo (1934), tornando-se superiora da comunidade de Wejherowo.
     No começo da 2ª Guerra Mundial, durante a ocupação alemã, foi aprisionada em 24 de outubro de 1939. Junto com outros presos foi levada ao bosque de Laski Pianiska e ali fuzilada no dia 11 de novembro de 1939.
     Foi beatificada pelo papa João Paulo II em Varsóvia, junto com 107 mártires poloneses, em 13 de junho de 1999.
     Entre aqueles mártires estão 3 bispos, 52 padres diocesanos, 26 padres religiosos, 3 seminaristas, 7 religiosos, 8 religiosas e 9 leigos. Eles deram um heroico testemunho de fidelidade a Deus durante o tempo de perseguição contra a Fé levada a cabo pelos nazistas ateus, unindo o sacrifício de suas vidas ao sacrifício de nosso Salvador.

Reflexão: Irmã Alice permaneceu em poder dos nazistas por 18 dias. Como as mártires da Igreja primitiva, ela deve ter sofrido pressões psicológicas e físicas para renunciar a sua Fé. Os relatos sucintos de seu martírio não nos falam desses últimos dias de sua vida, mas certamente foram terríveis, pois a crueldade dos opositores da Fé Católica é implacável. Peçamos a Beata Alice Kotowska a graça de permanecermos fiéis aos dogmas e aos princípios ensinados pela Santa Igreja de sempre. Que não pactuemos com as novas teorias que são insufladas no seio sacrossanto da Igreja Católica! Elas não têm o “bom odor” de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas o “hálito da morte”, e da morte eterna!...

Postado neste blog em 10 de novembro de 2016

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Santa Isabel da Trindade, Carmelita - 9 de novembro

      Maria Isabel Catez nasceu em um acampamento militar, no Campo de Avor, perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês, no dia 18 de julho de 1880.
     Sua mãe contava: “Quando tinha apenas 1 ano, já se manifestava sua natureza ardente e colérica”. No entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Isabel e fazer sobressair nela a ternura. Ela tomou a iniciativa de escrever em seu diário pessoal, aos 18 anos: “Eu tive hoje a alegria de oferecer a meu Jesus muitos sacrifícios sobre o meu defeito dominante, mas como eles me custaram! Eu reconheço minha fraqueza... Parece-me que quando recebo uma observação injusta, eu sinto esquentar todo o meu sangue nas veias, tanto que meu ser se revolta... Mas Jesus estava no meu coração e então eu estava pronta a tudo suportar por amor a Ele”.
     Ainda criança a família se mudou para a cidade de Dijon. Com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido, que a morte lhe roubou.
     O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Isabel, então com 10 anos. Chorou de alegria. Ao sair da igreja, descendo as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “Não tenho fome, Jesus saciou-me”.
     Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a tornar-se uma “excelente pianista”, segundo a expressão do seu professor de música.
     Não atingira ainda os 14 anos e já escolhera Cristo para seu único esposo. Confirmou-se na sua vocação com a leitura da História de uma Alma, autobiografia de Santa Teresinha do Menino Jesus. Deste livro copiou por seu punho e letra o Oferecimento ao Amor Misericordioso e três poesias.
     Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la, mas Isabel respondeu: “O meu coração já não está livre, dei-o ao Rei dos reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Isabel queria entrar para o Carmelo, aonde tantas vezes tinham ido e que ficava apenas a 200 metros de sua casa. Entre lágrimas, a mãe disse que apenas consentiria na entrada da filha no Carmelo quando ela alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade.
     
Na verdade, era um estratagema de sua mãe, que procurava desse modo ganhar tempo. Efetivamente, durante os anos que faltavam para que Isabel completasse os 21 anos, sua mãe a levava constantemente à várias festas e bailes, na esperança secreta que a filha mudasse de ideia e encontrasse um bom partido. Isabel, por outro lado, antes de sair com a mãe para essas festas, se ajoelhava em casa, rezava e se oferecia à Nossa Senhora. Depois ia para as festas com serenidade e alegria, pois não pensava em outra coisa a não ser na comunhão que receberia na missa na manhã do dia seguinte.
     Isabel entrou no Carmelo de Dijon do dia 2 de agosto de 1901, quando recebeu o nome de Irmã Isabel da Santíssima Trindade. Este início foi marcado por muitas graças sensíveis e se tornou um período onde ela descobriria um profundo amor pelo silêncio, próprio da espiritualidade carmelitana.
     Irmã Isabel tomou o hábito a 8 de dezembro de 1901. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Isabel. A sua noite ilumina-se com as claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à Senhora de Sourdon: “O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh! então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma criança nos braços desse Pai que está nos céus...”
     Irmã Isabel fez sua profissão simples no dia 8 de dezembro de 1901 e sua profissão perpétua dia 21 de janeiro de 1903, tendo recobrado a paz e a serenidade interior. Na véspera de sua profissão perpétua, ela passou a noite toda em oração, como era o costume no Carmelo. Ela afirma ter recebido nesse momento sua vocação: “Na noite que precedia o grande dia, enquanto eu estava no coro à espera do Esposo, eu compreendi que meu céu começaria na terra, o céu na fé, com o sofrimento e a imolação por Aquele que eu amo”.
     Ela descobriu a passagem de São Paulo sobre o Louvor de Glória, nas Cartas aos Efésios: “Em Cristo, segundo o propósito daquele que opera tudo de acordo com a decisão de sua vontade, fomos feitos seus herdeiros, predestinados a ser, para louvor da sua glória, os primeiros a pôr em Cristo nossa esperança” (Ef 1, 11-12). Escreve um seu biógrafo: “A Irmã Isabel da Trindade foi verdadeiramente a alma de uma ideia: ser, para a Santíssima Trindade, um Louvor de Glória”.
     Esta ideia e esta vocação serão o rumo e o norte de Isabel da Santíssima Trindade: “louvor de glória” é uma alma que mora em Deus e O ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sob o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas. “Louvor de glória” é uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.
     Isabel entrou no mistério de Deus através de Maria, a quem gosta de chamar a Porta do céu. Seguindo Santa Teresa de Jesus e, sobretudo, São João da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Isabel mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela se sente envolvida por dentro e por fora. Tal como São João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Isabel da Trindade se sentia atraída pela beleza de Deus. Isabel gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa que dizia que a alma é como um cristal que reflete a Deus. “Cada dia na minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminoso, mais envolto em paz e amor”
     Numa carta à sua mãe, que à maneira francesa tratava por “tu”, assim se expressa: “Ele escolheu a tua filha para associá-la à sua grande obra de Redenção. Ele marcou-a com o selo da sua Cruz e sofre nela como que uma extensão da sua Paixão. Não ambiciono chegar ao Céu somente pura como um Anjo, mas transformada em Jesus Crucificado”.
     Esta crucifixão atingiu-a, sobretudo nos últimos nove meses de vida, por meio de uma doença que a transformou numa hóstia de imolação. No Céu, para onde voou, consumou-se a união desta grande Mestra da vida espiritual. Nos fins de março de 1906, a Irmã Isabel foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita e escreve esta frase que é uma cópia do verso de São João da Cruz: “sem outro ofício senão o de amar, estou na enfermaria”.
     As Irmãs rezavam pela sua cura e Isabel juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.
     No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “É provável que dentro de dois dias eu esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.
     Alguns dias antes de sua morte, Isabel dissera às suas Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre: “Tudo passa! No declinar da vida só o amor nos resta...” A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Isabel sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos e exclamou: “Vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.
     Isabel da Trindade foi beatificada por João Paulo II no dia 25 de novembro, festa de Cristo Rei, de 1984. Sua canonização ocorreu no dia 16 de outubro de 2016.
 
Oração de Santa Isabel da Trindade
 
Ó meu Deus, Trindade que eu adoro
     Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente, para me estabelecer em vós, imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundeza do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada amada e o lugar de vosso repouso. Que nunca aí eu vos deixe só, mas que esteja lá inteiramente, toda acordada em minha fé, perfeita adoradora, toda entregue à vossa Ação criadora.
     Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quereria ser uma esposa para o vosso Coração, quereria cobrir-vos de glória, quereria amar-vos… até morrer de amor! Mas sinto a minha incapacidade e peço-vos para me “revestirdes de vós mesmo”, para identificar a minha alma com todos os movimentos de vossa alma, me submergir, me invadir, e Vos substituir a mim, a fim que a minha vida não seja senão uma irradiação da vossa Vida. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a escutar-vos, quero tornar-me inteiramente dócil ao vosso ensino, a fim de tudo aprender de vós”.
 
Fontes: Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.; www.santiebeati/it;
Postado neste blog em 8 de novembro de 2012