domingo, 31 de janeiro de 2021

Venerável Juliette Colbert, a primeira nobre protetora de São João Bosco

     Júlia (Juliette) Colbert nasceu no dia 27 de junho de 1786, em Maulévrier, no seio da família Colbert, da alta aristocracia da Vendée, filha de Eduardo Victurnien Charles René Colbert e de sua esposa Ana Maria Luísa de Crénolle. O pai era descendente direto de Jean Baptiste Colbert, o Ministro das Finanças de Luís XIV de França, o Rei Sol.
     Juliette estudou arte e música em seus estudos privados e aprendeu grego e latim, bem como inglês, italiano e alemão. A Revolução Francesa forçou seu pai a se mudar com a família para o Reino da Alemanha antes de se estabelecer na Holanda e na Bélgica (sua mãe morreu em Bruxelas em outubro de 1793). Seu pai se casou novamente em 19 de abril de 1812 com Pauline Le Clerc e ela tinha um meio-irmão.
     Seu retorno à França veio depois que Napoleão Bonaparte assumiu o poder. Ao retornar, constatou que seu castelo fora queimado e suas terras devastadas. Juliette ficou traumatizada com a morte de sua tia e avô paterno na guilhotina em 1794 (durante o Terror) somada à morte de sua mãe meses antes. Em 1804, ela serviu a Imperatriz Josefina na corte imperial, onde conheceu seu futuro marido.
     Casou-se em Paris, aos 18 de agosto de 1806, com o marquês piemontês Carlo Tancredi Falletti di Barolo, trazido para Paris em criança quando da incorporação do Piemonte na esfera da França napoleônica, e que fora pajem na corte imperial. Os dois tinham em comum uma profunda fé e desejo de ajudar os outros, embora seus temperamentos fossem diferentes: ela era impetuosa com uma mente brilhante, enquanto ele era gentil e reservado por natureza.
     Após a derrota de Napoleão Bonaparte e a restauração da monarquia sarda, em 1814 o casal fixou residência em Turim, no Palazzo Barolo, a residência ancestral da família dos marqueses de Barolo.
     Apesar da proeminência social que atingiram em Turim, o interesse predominante do casal foi a caridade. Juliette dedicou-se ao cuidado dos presos e, em conjunto com instituições de caridade fundadas ou apoiadas pelo marido, desenvolveu ações de apoio à educação dos mais pobres, com a fundação de escolas gratuitas, de apoio social aos presos e às suas famílias, às jovens mães e às prostitutas.
     Em 1814 - durante a Oitava da Páscoa - ela encontrou uma procissão eucarística para uma pessoa doente e se ajoelhou diante do Santíssimo. Mas um grito agudo interrompeu a procissão: "É de sopa que preciso, não de viático!" Esta provocação de um recluso em uma prisão perto da procissão levou-a a visitar a prisão, onde ficou chocada com a degradação dos prisioneiros e suas condições. Isso a moveu a ajudá-los.
     Ela gostava de visitar as prisões femininas onde, com autorização oficial, passava de três a quatro horas todas as manhãs. Ali ela suportou insultos e às vezes até golpes. Ela aceitava essas humilhações, rezava e induzia outros a rezar, dava esmolas generosas, e assim foi capaz de transformar aquelas criaturas selvagens em mulheres arrependidas e resignadas.
     Anteriormente, a pedido do rei Carlos Felix, Juliette havia trazido para Turim as Irmãs do Sagrado Coração para educar meninas de classe alta, e tinha colocado à sua disposição uma grande e magnífica vila não muito longe de Turim.
     Também promoveu a assistência médica e alimentar aos pobres e doações diversas, incluindo uma importante doação destinada a erigir o Cemitério Monumental de Turim, e múltiplas oferendas pias destinadas a igrejas e instituições católicas.
     O seu compromisso a favor dos presos, com apoio na educação, fornecimento de comida e roupas decentes e higiene, chegou a tal ponto que, apresentado ao Governo um projeto de reforma das prisões, a 30 de outubro de 1821, foi nomeada pelo Governo para o cargo honorário de superintendente das prisões. Em resultado da sua ação, a prisão de Turim tornou-se um modelo, para a qual elaborou um novo regulamento interno, colocado à discussão com os prisioneiros, dos quais obteve aprovação unânime.
     Em 1821 fundou no bairro popular de Borgo Dora uma escola para meninas pobres. Em 1823 fundou em Valdocco o Instituto do Refúgio, um abrigo para mães solteiras. Em 1825 fez instalar em parte do edifício em que vivia (o Palazzo Barolo) um jardim de infância, o Asilo Barolo, destinado a filhos dos trabalhadores, o qual foi a primeira instituição deste tipo na Itália.
     Em 1833 mandou construir ao lado do Instituto do Refúgio, em Valdocco, um mosteiro destinado às Irmãs Penitentes de Santa Maria Madalena, que foi ampliado para acomodar as vítimas da prostituição infantil. No ano de 1834, fundou, em conjunto com o seu marido, a Congregação das Irmãs de Santa Ana, com o Arcebispo de Turim Luigi Fransoni incentivando o seu trabalho; mais tarde ela fundou as Filhas de Jesus, o Bom Pastor.
     Para além da sua ação caritativa, o casal também se distinguiu como mecenas das artes e das ciências, recebendo no seu Palazzo Barolo a elite política e cultural do Piemonte e muita da intelectualidade italiana, incluindo alguns dos nomes mais conhecidos da literatura e do pensamento transalpino do tempo. Entre os mais conhecidos hóspedes conta-se o patriota italiano Silvio Pellico, retornado do cativeiro no Castelo de Spilberk em Praga.
     Em 4 de setembro de 1838, seu esposo faleceu, após consequências da epidemia de cólera de 1835, durante a qual ele tinha prestado generoso apoio para aos mais carentes, financiando hospitais e empenhando-se pessoalmente, como membro da administração municipal de Turim, no controle da epidemia e no apoio aos doentes e às famílias das vítimas da doença.
     Após a morte do marido, Juliette contratou Silvio Pellico como seu secretário e bibliotecário do Palácio Barolo, cargos que manteria até falecer em 1854. Terá sido através de Pellico que a marquesa conheceu em 1844 o jovem Padre João Bosco, o futuro fundador dos salesianos, com quem travou amizade e que nomeou capelão da capela de São Francisco de Sales do seu instituto de Valdocco, no qual ele trabalhou até 1846, ano em que iniciou o seu próprio instituto em Valdocco.
    
Dom Bosco, um homem que sabia apreciar nobres ações, tinha conhecimento de que quando a epidemia de cólera varreu Turim em 1835, esta magnânima senhora, que estava de férias perto de Moncalieri, voltou imediatamente para a cidade. Dia após dia ela cuidou dos doentes em casas particulares e hospitais, consolou os moribundos e prometeu cuidar de suas pobres viúvas e filhos, o que ela fielmente fez.
     A venerável senhora tinha agora sessenta anos de idade. Neste primeiro encontro, Dom Bosco detectou uma grande humildade sob seu comportamento majestoso, e sentiu que sua reserva e nobre porte estavam misturados com a afabilidade e bondade de uma mãe e de uma dama dada à caridade. Ele ficou satisfeito com esta primeira entrevista. (1)
     Juliette tornou-se membro professo da Ordem Franciscana Secular em algum momento após a morte de seu marido. Foi nessa fase que seu diretor espiritual foi São José Cafasso. Em 1845, ela viajou para Roma por seis meses na esperança de acelerar sua reivindicação do reconhecimento papal de suas ordens. Ela teve sucesso nessa aventura e o papa Gregório XVI concedeu o reconhecimento canônico em um decreto de 8 de março de 1846, não muito antes da morte do pontífice.
     Em 1845 Juliette abriu o Asilo de Santa Filomena para adolescentes com deficiência, a que se seguiu em 1847 uma escola profissional fundada no seu próprio palácio, para as meninas de famílias operárias, na qual em 1857 estabeleceu uma escola de tecelagem e bordados.
     Estendeu as suas ações de beneficência para fora da cidade de Turim e fundou um asilo em Castelfidardo e uma casa para meninas em risco em Lugo di Romagna. A sua última obra de beneficência foi a construção da Igreja de Santa Júlia, no popular bairro de Vanchiglia.
     Após a sua morte, em 19 de janeiro de 1864, por seu testamento foi estabelecida a Obra Pia Barolo à qual legou todo o patrimônio da sua família, já que o casal não tivera filhos. De acordo com alguns documentos, ela havia dedicado à obras de caridade um total de 12 milhões de libras, uma soma igual ao orçamento de um Estado naquele tempo.
     Em 1899 o seu féretro foi trasladado para a Igreja de Santa Júlia, em Vanchiglia, que ela mesma fizera construir. A 21 de janeiro de 1991 foi iniciado o processo da sua beatificação. Em 5 de maio de 2015, após a promulgação do decreto de virtudes heroicas, tornou-se Venerável.
 

(1) As Memórias Biográficas de São João Bosco, do Padre Giovanni Battista Lemoyne, 1839-1916
Nota: Seu esposo também recebeu o título de venerável.
 
Fontes:
January 31 – St. John Bosco Meets His First Noble Patroness - Nobility and Analogous Traditional Elites
Juliette Colbert – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

sábado, 30 de janeiro de 2021

De mãe para filha: as virtudes da Imperatriz Tereza Cristina e da Princesa Isabel


Dom Pedro II, Tereza Cristina e as filhas do casal em pintura oficial - Wikimedia Commons 1860
 
     Sensível e tão humilde a ponto de fazer qualquer brasileiro se sentir parte da família, assim poderíamos descrever tanto a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon como sua filha, a Princesa Isabel de Bragança.
     Tereza Cristina, nasceu em Nápoles, Itália. Era filha de Francisco Bourbon, príncipe herdeiro e mais tarde Rei Francisco I do Reino das Duas Sicílias. Chegou ao Brasil em data de 3 de setembro de 1843, acompanhada de uma comitiva formada por vários intelectuais, cientistas, artistas e artesãos italianos.
     No dia seguinte, desembarcou no Rio de Janeiro, onde Dom Pedro II, sua irmã e todo ministério aguardavam. Um enorme cortejo percorreu as ruas enfeitadas. A cidade estava toda enfeitada, a população a saudava calorosamente e o cortejo a acompanhou até a capela real do Paço onde foi celebrada a união do casal real.
     A imperatriz Tereza Cristina cozinhava as refeições diárias da Família Imperial, apenas com a ajuda de uma empregada, que fazia questão de remunerar com salário. Fim de sua biografia.
     Não obstante o desinteresse das historiografias italiana e brasileira pela imperatriz, cujo foco e deferência constantes se voltavam para Dom Pedro II, Tereza Cristina viria a validar a assertiva de que por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher.
     Suas ações, realizadas sem alarde, prestaram inestimáveis serviços à cultura brasileira e às relações entre a sua pátria de nascimento e a de adoção. A imprensa brasileira pouco falou da imperatriz, cuja vida pública permaneceu à sombra do marido. O comportamento discreto de Tereza Cristina, natural em uma princesa europeia elevada à imperatriz dos Trópicos, sugere o injusto esquecimento de sua atividade cultural, digna da maior atenção.
     Nascida numa região rica em sítios arqueológicos, desde jovem a princesa do ramo Bourbon dedicou-se ao estudo da história e arqueologia.
     Três anos depois, nascia Isabel de Bragança, a segunda de quatro filhos, mas a primeira menina, do imperador Pedro II e sua esposa a imperatriz Tereza Cristina. Como herdeira do Império do Brasil, ela recebeu o título de princesa.
     A personalidade de Isabel viria a distanciá-la da política, achegando-se, assim, à vida doméstica. Contudo, como sua educação foi bem ampla, enquanto seu pai viajava pelo exterior, a princesa serviu três vezes como regente do Império. Na terceira, em 1888, assinou a Lei Áurea, ação que se mostrou amplamente popular e lhe garantiu a alcunha de “A Redentora”.
     Sua condição de mulher, seu forte catolicismo e seu casamento com um estrangeiro – o Conde D’Eu, príncipe francês – renderam forte oposição contra eventual sucessão ao trono, o que me parece uma grande injustiça. A princesa Isabel teria sido uma rainha digna, íntegra, uma governante tão ou ainda mais competente que Dom Pedro II.
     Da parte de alguns nobres e dos jornais da época, mãe e filha seriam razão de chacota por conta da simplicidade e falta de capricho de seus trajes. A imperatriz, por exemplo, nunca usou as joias da coroa e, no mesmo ano em que a filha assinava a Lei do Ventre, Tereza viria a doar todas as suas joias pessoais para a causa abolicionista o que enfureceu a elite escravocrata.
     A princesa recebia, com frequência, amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Antes do advento da Lei Áurea, Isabel escondia escravos fugidos na casa de veraneio da família, em Petrópolis, e arrecadava fundos para alforriá-los.
     A imperatriz Tereza Cristina, por seu turno, apesar do empenho de nobres e imprensa em desacreditá-la como medíocre, conduziu trabalhos em sítios etruscos ao norte de Roma e graças ao seu empenho, a coleção Greco-Romana do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista incluía peças recuperadas de escavações em Herculano e Pompéia, acervo que continuou sendo enriquecido até seu marido ser deposto pelo golpe militar de 1889. Herança arqueológica com mais de setecentas peças que se perderam no incêndio de 2018.
     Além de inspirar as primeiras pesquisas arqueológicas brasileiras, a imperatriz foi conselheira de Dom Pedro II na área da música, aconselhando-o a financiar bolsas de estudos para diversos musicistas brasileiros na Europa, bem como trazer ao Brasil companhias de ópera mundialmente famosas. Tereza Cristina estimularia, ainda, a política de imigração italiana.
     Antes de embarcar para o exílio, a imperatriz teria dito: “Que mal fizemos nós ao Brasil? Nunca mais verei o meu Brasil.” Então, numa atitude totalmente distinta daquela que Carlota Joaquina teve em 1821, Tereza Cristina, aos 67 anos de idade, ajoelhou-se e beijou o chão.
     Em seu exílio, em 1904, Isabel foi perguntada por que a família não usava as joias imperiais do Brasil. Respondeu que tanto ela como a mãe sabiam que aquelas joias não pertenciam a elas, que poderiam usá-las em qualquer ocasião, mas que simplesmente não o faziam porque se tratavam de “adornos grandes, pesados e de extrema arrogância com nosso povo”.
 
Por M.R. Terci – 19/1/2020
M. R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/
 

 
    A Princesa Isabel se correspondia constantemente com o Papa de sua época, Leão XIII, e com São João Bosco, a quem ela encontrou pessoalmente em Milão, em 1880. Pela amizade com o fundador dos Salesianos, ela auxiliou na construção do Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, construído em 1885, com objetivo de oferecer aos negros libertos a oportunidade de estudar lá, gratuitamente.
     “Escritos de intelectuais e autoridades da época e mesmo durante o século XX (apesar do patrulhamento ideológico e da conspiração do silêncio que sofreu), atestam suas inúmeras qualidades e virtudes, e o quanto a sua firme adesão à fé foi um dos elementos que fizeram tantos temerem o 3º Reinado. Há relatos também do povo, de quem conheceu D. Isabel e recebeu dela acolhida e apoio, e muitos gestos concretos de quem soube exercer com elevada consciência a caridade cristã”, conforme professor Hermes Rodrigues Nery.
 
A CARTA DE SÃO JOÃO BOSCO A SUA AMIGA PRINCESA ISABEL.
Alteza Imperial,
     A Divina Providência dispôs que duas casas Salesianas fossem estabelecidas no Império do Brasil. Uma em Niterói e a outra em S. Paulo, ambas destinadas para acolher os orfãozinhos mais pobres e abandonados.
     Alguns destes religiosos que voltaram temporariamente a Itália têm falado muito para mim da bondade e da caridade de V. A. Imperial e por isso que recomendo a Senhora e a Sua Majestade o Imperador todos estes meus Salesianos que outra coisa não desejam que ganhar almas para o céu e diminuir o número dos turbulentos. Estes rezam muito e fazem também rezar os seus alunos para a saúde e prosperidade de toda a sua família e de sua Majestade Imperial o Augusto de Seu Pai.
     Que Maria Santíssima proteja esta memorável dinastia para a qual nossos orfãozinhos, em número superior a duzentos mil, suplicam a Deus. Eu, pois, faço o augusto dever na Santa Missa de invocar as bênçãos, enquanto com suma gratidão tenho a alta honra de poder humildemente professar-me
Turim, março 1886.
Obrigadíssimo Servidor
Sacerdote João Bosco

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Beata Olímpia (Olga Bidà), mártir – 28 de janeiro

Martirológio Romano: No campo de concentração de Kharsk, próximo de Tomsk, na região da Sibéria, Rússia, Beata Olímpia (Olga) Bidà, virgem e mártir, da Congregação das Irmãs de São José, que durante a perseguição antirreligiosa suportou toda forma de provas por amor a Cristo (1952).
 
     Olha Bidà nasceu em 1903 na aldeia de Tsebliv (região de Lviv) na Ucrânia. Sua família tinha três filhos e Olha, após se formar na quarta série, entrou na Congregação das Irmãs de São José. Fez seus votos assumindo o nome de Olímpia. Sabe-se que ela realizou suas atividades pastorais na aldeia de Zhuzhil, trabalhando na escola da área rural, dedicando-se à educação das meninas.
     Em 1938 foi eleita superiora, e se dedicou a atender as necessidades sociais e espirituais do povo, apesar das dificuldades e da pressão comunista.
     Em 1939 foi realizada uma ofensiva contra a Igreja e as freiras foram advertidas que deveriam tirar seus hábitos para evitar a prisão. Os cidadãos passavam fome, e as Irmãs se uniam para distribuir os poucos alimentos e celebrar orações juntas.
     Depois de 1945, durante a perseguição comunista, ela substituiu vários sacerdotes que haviam desaparecido nas prisões e nos campos de concentração soviéticos. 
     Em abril de 1950, a Irmã Olímpia também foi capturada junto com a Irmã Loureça, enquanto acompanhavam o funeral de um fiel no cemitério. Em 27 de maio de 1950, foi declarada culpada de atividade antissoviética e depois deportada para o campo de concentração de Kharsk, na fria e inóspita Sibéria, onde morreu em decorrência dos maus tratos e da falta de assistência médica, em 28 de janeiro de 1952, aos 49 anos. 
     Ela foi beatificada em 27 de junho de 2001, junto com outros 24 mártires ucranianos pelo papa João Paulo II, em Lviv, durante sua peregrinação apostólica à gloriosa terra da Ucrânia.
 
COISAS DE SANTOS: 28 de janeiro - Beata Olimpia (Olha Bida)
Catholic.net - Olympia (Olga) Bidá, Beata
 

sábado, 23 de janeiro de 2021

Beata Paula Gambara-Costa, Esposa, Mãe de família - 24 de janeiro

          Paula nasceu no dia 3 de março de 1463 em Brescia, norte da Itália, filha de João Paulo Gambara e de Catarina Bevilacqua, nobres e piedosos. Por ocasião de seu nascimento a família repartiu doações entre instituições de caridade e famílias pobres. A jovem recebeu uma boa educação e foi orientada espiritualmente pelo franciscano André de Quinzano.
     Desde a adolescência foi muito admirada por sua beleza e sobretudo pelo equilíbrio e profundidade de suas virtudes cristãs. Apesar de sua tendência para a vida de oração e de recolhimento, seus pais a deram em casamento, sendo muito jovem, ao Conde Luís Antônio Costa, senhor de Bene Vagienna (Cúneo), muito mundano e dado aos prazeres e diversões.
     Depois de umas núpcias principescas e de uma entrada faustosa no Piemonte, pois em Turim foram acolhidos pelo próprio chefe do estado, o Duque Carlos I de Saboia, se estabeleceram nos domínios do esposo. Tiveram um filho a quem chamaram João Francisco.
     Paula continuou levando o estilo de vida espiritual e piedoso do ambiente de sua casa natal, embora num novo contexto de luxo e dissipação. Porém, pouco a pouco, tendo que participar da vida de sociedade, foi se deixando conquistar pelo fausto e ostentação dos usos e costumes do mundo que a envolvia. Jovem e inexperiente, Paula se deixou arrastar por seu esposo a uma vida similar, esfriando nela a vida de piedade que havia levado antes de seu matrimônio.
     A Providência, entretanto, velava por ela e não tardou em reconduzi-la ao bom caminho, dispondo que passasse por Brescia o Beato Ângelo Carletti de Chiavasso, sacerdote franciscano piemontês, figura eminente de sua Ordem e pregador afamado, a quem ouviu pregar e a quem confiou a direção de sua alma. Com sua pregação e exemplo de vida franciscana o Beato arrastava muitas almas a um teor de vida mais de acordo com a condição católica.
     Paula, sob sua direção espiritual, ingressou na Ordem Terceira franciscana e realizava os exercícios de devoção e caridade próprios dela, e se entregava com grande fervor a oração, a mortificação e as obras de misericórdia, socorrendo os pobres nas suas casas e visitando os hospitais, consolando os tristes e ajudando os mais necessitados.
     Abandonando os usos e costumes mundanos que havia adotado depois de seu casamento, voltou à vida interior e devota de sua adolescência. Mas, ao invés de fugir do mundo para fazer penitência, se comprometeu a viver sua conversão permanecendo no mundo, no lugar que a Providência a havia levado e no meio das pessoas de sua classe e condição. Ali, segundo seu diretor espiritual, tinha que demonstrar que é possível viver de maneira coerente com a Fé e o Evangelho em qualquer ambiente e circunstâncias.
     Um dos documentos autênticos que nos falam sobre a Beata é o plano de vida que submeteu à aprovação do Beato Ângelo. Paula tinha que se levantar todos os dias ao amanhecer para rezar e recitar o Rosário. Depois ia para a igreja dos franciscanos da localidade onde ouvia duas Missas. À tarde, recitava o Ofício de Nossa Senhora e, antes de deitar-se, rezava outro Rosário e suas orações da noite. Dedicava também algum tempo à leitura espiritual. Jejuava nas vésperas das festas da Santíssima Virgem e de algumas outras festas, e se confessava cada quinze dias. A regra mais reveladora de seu plano de vida é a seguinte: "Sempre obedecerei a meu esposo, não levarei a mal seus defeitos e farei quanto possa para que ninguém se dê conta deles”.
     Entre os anos 1493-1503 houve uma grande falta de alimentos, o que deu ensejo de Paula exercitar a generosidade com os muitos indigentes que acudiam a sua porta.
     A primeira coisa que aborreceu seu esposo foi seu hábito inveterado de dar grandes somas de dinheiro aos pobres. A coisa não teria maior importância nas épocas de bonança, porém naqueles tempos a fome constituía uma ameaça constante, os mendigos abundavam e os ricos armazenavam zelosamente tudo que podiam para os momentos de escassez. Os biógrafos da Beata asseguram que as sementes, o azeite e o vinho se multiplicavam milagrosamente à medida que Paula os repartia, de sorte que sua caridade mais a enriquecia que a empobrecia.
     Seu marido não compreendia nem participava dos novos sentimentos da esposa. Mantinha Paula prisioneira, e não poucas vezes o conde a maltratava com golpes, bofetadas; tornou-se cruel com ela e a humilhava até o extremo, fazendo com que até os serviçais não tivessem respeito algum a sua senhora. Ela tudo sofria em silêncio e oferecia a Deus o seu calvário.
     Luís tinha uma amante que acabou acolhendo em sua própria casa por mais de dez anos, à vista de sua mulher, dos domésticos e das pessoas conhecidas. Aconselhada pelo Beato Ângelo, Paula não explodiu nem simplesmente se resignou; reagiu, sim, porém não como inimiga ou vítima, mas como esposa preocupada em salvar seu marido das redes passionais que o aprisionavam e o levavam à perdição. Em 1504 a amante do conde adoeceu gravemente e todos a abandonaram. Somente Paula cuidou dela e a preparou para morrer reconciliada com Deus.
     Finalmente, o sacrifício e o comportamento de Paula deram seu fruto: o exemplo de paciência e de humildade calou no ânimo de seu esposo, que se uniu ao seu estilo de vida, permitindo inclusive que ela vestisse o hábito franciscano na rua.
     Em santa harmonia passaram uns anos até que o Senhor chamou a si o Conde Luís. Paula se entregou então por completo a meditação, levando uma vida exemplar que edificava a todos da região onde vivia.
     No dia 24 de janeiro de 1515, a Beata morreu em Bene Vagienna (Cúneo), onde havia vivido depois de casada. Imediatamente o povo passou a venerá-la, apreciando nela sobretudo o seu modo de viver o matrimônio com tal marido. Em sua terra natal subsiste o dito: “Foi provada como a Beata Paula”. Seu culto imemorial foi confirmado pelo Papa Gregário XVI em 14 de agosto de 1845.
 
Fontes: Ferrini-Ramírez, Santos franciscanos para cada día; R. Bollano, Vita della B. Paola Gambara-Costa (1765); Léon, Auréole Séraphique, vol. I, pp. 534-536. 
 
Postado neste blog em 23 de janeiro de 2013 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Santa Teodolinda, Rainha dos Longobardos – 22 de janeiro

     Teodolinda era filha de Garibaldo, rei da Baviera. Vendo-se por um lado apertado pelos Francos e por outro pelos Longobardos, para segurança desejou contrair um parentesco com os Francos prometendo a filha Teodolinda ao jovem rei Childeberto II. Mas este projeto não teve êxito e Teodolinda foi então dada como esposa ao rei longobardo Autari. Os dois esposos transferiram a capital do reino longobardo para Monza.
     A Rainha Teodolinda, de religião católica, mantinha correspondência com o Papa São Gregório Magno com a finalidade de alcançar a conversão ao cristianismo do povo do qual se tornara rainha. Porém, não conseguia converter o marido, Autari, que não aceitava fossem batizados os filhos dos longobardos. Teodolinda, contudo, conseguiu que seu filho Adaloaldo fosse batizado em Monza.
     Tendo enviuvado em 589, dois anos depois desposou o Duque de Torino, Agilulfo, ao qual transmitiu o título real. Por ocasião da morte do segundo marido, em 616, por nove anos assumiu a regência em nome do filho Adaloaldo, ainda menor de idade.
     A cristianização dos longobardos continuou durante o período da sua regência, apesar da forte oposição e hostilidade de alguns duques que haviam aderido à heresia ariana.
     Alguns meses após sua subida ao trono, o jovem Adaloaldo foi deposto pelo Duque de Torino, Ariovaldo, e teve que fugir com a mãe, se refugiando em Ravenna junto ao exarca bizantino Eleutério.
     Ambos faleceram em 628, Teodolinda provavelmente de velhice, enquanto Adaloaldo talvez envenenado. Teodolinda é venerada como santa, mas o seu culto não foi confirmado oficialmente pela Igreja.
 


Etimologia: Teodolindo (a), do alemão Theodelinde, Theodolind. Theodelinda: “serpente(linde) (adorada) pelo povo (theode)”, ou “escudo de tília (linde) do povo”.
 
Fonte: Santa Teodolinda (santiebeati.it)
 
Postado neste blog em 21 de janeiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Beata Maria Teresa Fasce, Abadessa do Mosteiro Agostiniano de Cássia – 18 de janeiro

      Maria Teresa Fasce nasceu em Torriglia, Gênova (Itália) no dia 27 de novembro de 1881. Pertencia a uma família nobre de Gênova; foi educada na fé católica numa família religiosíssima e rica. Foi catequista de crianças. Quando, em 1900, se celebrava, em Gênova, na paróquia frequentada pela família Fasce, a canonização da insigne Santa Rita de Cássia, a jovem ficou bastante impressionada pelo extraordinário testemunho de santidade da Santa.
    Em 1906, decidiu tornar-se monja agostiniana contemplativa em Cássia, superando todas as resistências familiares, entrando no mosteiro a 18 de junho de 1906. A comunidade estava em grave crise quando Maria Teresa ingressou e ela se desiludiu. Permaneceu com sua família por um período de reflexão, porém voltou ao convento, e emitiu os votos solenes no dia 28 de maio de 1912, com o firme propósito de imolar a sua vida por Cristo e pela sua Igreja.
     Exerceu o cargo de Mestra das noviças, foi Vigária do convento de 1917 a 1920. Em 1920, aos 39 anos, as religiosas a elegeram Abadessa, cargo para o qual foi reeleita ininterruptamente até sua morte.
     Era a “mãe” por antonomásia não somente para as monjas senão também para quantos por um motivo ou outro se aproximavam do convento. Dedicou sua vida a difundir com perseverança e inteligência o culto à Santa Rita, a cuja intercessão devia sua vocação. Deu início às obras que fizeram de Cássia um lugar de espiritualidade e caridade conhecido no mundo inteiro.
     A pequena capela que continha o corpo de Santa Rita era quase desconhecida quando Madre Maria Teresa ingressou no mosteiro. A Basílica que ela construiu é hoje um lugar de peregrinação para milhares de pessoas.
     Nos difíceis anos de entre as duas guerras mundiais, testemunho claro, vivo e esplêndido da sua atividade foram as inúmeras obras por ela instituídas em favor dos habitantes de Cássia: fundou um hospital e outras obras assistenciais. Na Itália é reconhecido seu valor durante a 2ª. Guerra Mundial, quando resistiu por duas vezes aos nazis que haviam ido ao convento em busca de resistentes refugiados.
     Transformou o seu mosteiro num centro de irradiação da devoção à Santa Rita no mundo inteiro, a qual foi por ela imitada com a experiência mística da Cruz, aceitando um tumor maligno como um seu tesouro e longo calvário. Morreu serenamente no dia 18 de janeiro de 1947, em Cássia, na Perugia, aos 66 anos de idade. Foi beatificada por João Paulo II em 12 de outubro de 1997.
     Seu corpo foi exumado 50 anos depois, encontrando-se praticamente intacto. Embora sua pele tenha sido envernizada em 1998, não houve qualquer tipo de reconstrução. A pele tinha uma aparência rosada e firme, e o corpo quase inalterado.
 

Fontes:
Beata María Teresa Fasce (parroquiasanmartin.com)
Beata Teresa Fasce, virgem - Agustinos Recoletos
Maria Teresa Fasce, Biografia (vatican.va)

A Caridade de Maria Antonieta e do Delfim

     
     O Delfim frequentemente acompanhava sua mãe em sua ronda de caridade. Quando a rainha visitava os hospitais ou os pobres, ela levava seu filho com ela, e tinha o cuidado de que ele mesmo distribuísse as esmolas que ela deixava no sótão. Às vezes eles iam aos Gobelins; e em uma ocasião em que o presidente do distrito veio elogiá-la, ela disse para ele: "Senhor, vós tendes muitos desamparados; mas os momentos que gastamos em aliviá-los são muito preciosos para nós”.
     Às vezes, ela ia para a Sociedade Maternal gratuita que tinha fundado, onde havia autorizado as Irmãs a distribuir 1.600 libras para alimentos e combustível todos os meses, e 1.200 para cobertores e roupas, sem contar as roupas de bebê que eram dadas a trezentas mães.
     Em outras ocasiões, ela ia à Escola de Design, também fundada por ela, para a qual ela enviou um dia 1.200 libras economizadas com grande esforço, poias as recompensas não podiam ser diminuídas nem os queridos bolsistas deviam sofrer com sua própria angústia. Outra vez ela colocou na casa de Mademoiselle O' Kennedy quatro filhas de soldados deficientes, órfãos para quem ela disse: "Eu fiz um agrado".
Hospital Goüin, parte da Casa Filantrópica, fundada em 1780 por Luís XVI, que ajudou idosos, cegos, órfãos e viúvas.

A bondade de Maria Antonieta
     Mas o que mais atraia o Delfim, como se fosse por um misterioso pressentimento, era o Hospital Foundling (*). Maria Antonieta levou-o lá muitas vezes; e a gratidão dessas pobres crianças expressava-se em aclamações o que era mais agradável para ele; elas gritavam muitas vezes: "Viva o rei!", e não raramente: "Viva a rainha!" O jovem príncipe sempre saía do hospital com relutância, e todas as suas pequenas economias eram dedicadas ao alívio desses pequenos infelizes.
     Um dia seu pai se deparou com ele enquanto colocava algumas moedas em uma linda caixinha que havia sido dada a ele por sua tia, Madame Elisabeth. "O que, Carlos!", exclamou com um olhar de descontentamento, "Você acumula seu dinheiro como um avarento?" A criança corou, mas recuperando-se imediatamente, respondeu: "Sim, pai, eu sou, miseravelmente, mas é para as crianças do hospital. Ah, se você pudesse vê-los! Eles são verdadeiramente lamentáveis!” O rei inclinou-se sobre seu filho, e abraçando-o com uma efusão de alegria que ele raramente experimentava, disse-lhe: "Nesse caso, meu filho, eu vou ajudá-lo a encher sua caixinha".
 
 
A Vida de Maria Antonieta, Volume 2, por Maxime de La Rocheterie; Traduzido do francês por Cora Hamilton Bell; Nova Iorque, Dodd Mead e Companhia 1893. 68-69.
Contos sobre Honra, Cavalheirismo e o Mundo da Nobreza — nº 759
 
 
     (*) Um hospital foundling era originalmente uma instituição para a recepção de crianças que haviam sido abandonadas ou expostas, e deixadas para o público encontrar e salvar.  Um hospital foundling não era necessariamente um hospital médico, mas mais comumente um lar de crianças, oferecendo abrigo e educação aos ingressos nele.
     Os antecedentes dessas instituições foram as práticas da Igreja Católica proporcionando um sistema de alívio às crianças deixadas nas portas da igreja, e cuidadas primeiro pelos matricularii ou enfermeiros do sexo masculino, e depois pelos nutricarii ou pais adotivos. Mas foi nos séculos VII e VIII que instituições definitivas foram estabelecidas em cidades como Trèves, Milão e Montpellier.
     Historicamente, o cuidado com essas instituições tendeu a desenvolver-se mais lentamente ou com maior variação de país para país do que, por exemplo, cuidar de órfãos A razão dessa discrepância foi a percepção de que as crianças abandonadas pelos pais carregavam consigo um fardo de imoralidade. Seus pais tendiam a ser solteiros e pobres. Aliviar o fardo das gravidezes indesejadas era frequentemente visto como encorajador da infidelidade e da prostituição.
     Na França de Luís XIII, São Vicente de Paulo resgatou, com a ajuda de Santa Luísa de Marillac e outras senhoras religiosas, as crianças do hospital foundling de Paris dos horrores de uma instituição primitiva chamada La Couche (na rue St Landry), e finalmente obteve de Luís XIV o uso do bicêtre para sua acomodação. 


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Santa Macrina, a Anciã – 14 de janeiro

      Nosso conhecimento sobre a vida de Santa Macrina, a Anciã, é derivado principalmente do testemunho dos grandes Padres da Igreja, seus netos: São Basílio (Ep. 204:7; 223:3), Gregório de Nissa ("Vita Macrinae Junioris"), e a panegirica de São Gregório Nazianzeno em São Basílio (Gregori Naz., Oratio 43).
     Ela é chamada de "Confessora de Fé". Sua família contém tantos santos que ela é conhecida como mãe e avó de santos. Ela deveria receber outro título: Ponte da Teologia, por suas contribuições invisíveis para a compreensão de nossa fé e sua expressão no mundo.
     Sua família era de Neocesareia, na província romana no Ponto. Santa Macrina, a Anciã, cresceu pagã. A maior parte da cidade em que ela morava era pagã, até a chegada de São Gregório, o primeiro bispo de sua cidade natal. Como este venerável doutor da Igreja, que propagou o Cristianismo em Neocesareia, morreu entre 270 e 275, Santa Macrina deve ter nascido antes de 270.
     Macrina e seu marido se familiarizaram com São Gregório, e ela acabou se tornando sua filha espiritual. Quando o grande bispo de Neocesareia, Gregório, viu-se obrigado a buscar refúgio nas montanhas para escapar à brutal perseguição das autoridades imperiais, algumas famílias cristãs o seguiram, buscando um abrigo seguro contra a violência e a morte. Macrina, filha de ilustre família, e seu marido, estavam entre estes cristãos. Passada a fase mais crítica da perseguição, Macrina e os seus, apesar de terem seus bens confiscados pelo império romano, puderam retomar a vida cotidiana.
     No entanto, o contato com Gregório, cognominado mais tarde como “o Taumaturgo”, deixaram marcas profundas em sua vida, a ponto de Macrina ser considerada uma de suas mais fiéis discípulas. A influência de São Gregório, o Taumaturgo, não se limitou à vida de Macrina, mas estendeu-se à sua descendência. Ela amou-o e reverenciou-o tanto, que guardou suas relíquias por toda a sua vida, finalmente as instalando em uma capela nas propriedades da família em Annesi, e apreciava a sabedoria que ele passou para ela.
     Santa Macrina, a Anciã, foi mãe de São Basílio, o Ancião, pai de São Basílio, o Grande, de São Gregório de Nissa, de São Pedro de Sebaste, de Santa Macrina, a Jovem, e do asceta Neucrásio. São Basílio, o Grande, diz explicitamente que recebeu da avó Macrina o vigor e a ortodoxia da fé (Ep. 204, 7; 223:3). Os irmãos Basílio e Gregório de Nissa, junto com o amigo Gregório de Nazianzo, são conhecidos como os Padres Capadócios, bispos que ocuparam importantes sedes na região da Capadócia e que, com sua vivência da fé e sua reflexão teológica de altíssimo nível, influenciaram as decisões dos concílios na época das grandes discussões acerca da Trindade.
     A história de Macrina, a Anciã, revela-nos a seriedade na vivência da própria fé, que era exigida dos cristãos em tempos de perseguição, pois a qualquer momento a opção cristã era colocada duramente à prova, exigindo o testemunho até o derramamento de sangue pelo martírio. 
     O exemplo de fé de Santa Macrina, a Anciã, revela-nos a qualidade de vida cristã de uma mulher, mãe e esposa, que conseguiu transmitir os valores da fé aos seus filhos e netos, que vão se destacar como bispos, ascetas, santos, e que vão se referir a esta mulher como inspiradora, educadora e incentivadora no caminho da vivência cristã.
     Sobre a formação intelectual e religiosa de São Basílio e seus irmãos e irmãs mais velhos, ela exerceu uma grande influência, implantando em suas mentes aquelas sementes de piedade e aquele desejo ardente pela perfeição cristã que mais tarde alcançaria um crescimento tão glorioso. Como São Basílio Magno provavelmente nasceu em 331, Santa Macrina deve ter morrido no início da quarta década do século IV. Sua festa é celebrada em 14 de janeiro. Como ela se tornou viúva, é a padroeira das viúvas e invocada contra a pobreza
 
Fontes:
J.P. KIRSCH (Enciclopédia Católica); (DOC) Uma mãe espiritual do século IV: A " Vida de Macrina " | Sandro da Costa - Academia.edu
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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Beata Lúcia de Valcaldara ou Núrcia, Clarissa - 12 de janeiro

      Na região de Valcaldara, distrito de Núrcia, ainda hoje é celebrada a festa da sua Patrona, a Beata Lúcia.
     Lúcia nasceu em 1370 e se consagrou totalmente a Nosso Senhor na idade de apenas 15 anos. Fundou em Núrcia, com sete companheiras, próximo à casa paterna, um primeiro núcleo de virgens consagradas que, em 1386, com a aprovação do Patriarca de Jerusalém, D. Ferdinando, administrador da diocese de Espoleto-Núrcia (1370-1390), se tornou o Mosteiro de São Jerônimo.
     A sua escolha de vida foi um grande exemplo para toda a cidade e em 28 de janeiro de 1386 o Conselho deliberou ajudá-la.
     Em 1390, Lúcia fundou um segundo mosteiro próximo da igreja de Santa Maria, em Valcaldara. Com as companheiras, Lúcia se submetia a direção do bispo, “usando o hábito eremítico, vivendo em comunidade e observando a norma evangélica, por muitos anos não professando nenhuma Regra aprovada pela Igreja”.
     Reunidos em um só, com a aprovação do Bispo Agostinho, os dois mosteiros adotaram a Regra das Clarissas, em 1407, se definindo como Irmãs Pobres de Santa Clara, e constituíram o Mosteiro de Santa Clara, que depois do terremoto de 1703 tomou o nome de Santa Maria da Paz.
     A Beata faleceu em 12 de janeiro de 1430 e logo foi venerada e invocada como Santa. Ela é particularmente venerada em Valcaldara, onde todos os anos uma festa é organizada em agosto, com Missa, procissão, terminando com um espetáculo pirotécnico.
     O seu corpo, ainda hoje incorrupto, guardado em seu “depósito” de 1637, é exposto na igreja das Clarissas de Santa Maria da Paz.
 
Postado neste blog em 11 de janeiro de 2013
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Festa da Beata Lúcia de Valcaldara
     Próximo à igreja do Mosteiro Santa Maria da Paz, do dia 9 ao 11 de janeiro de 2020 será celebrado um tríduo em honra da Beata Lúcia de Valcaldara (Núrcia), cujo corpo jaz sob o altar da igreja e é venerado pela comunidade das Irmãs Pobres de Santa Clara em Biccari.
     O corpo da Beata vem sendo exposto na igreja do Mosteiro das Clarissas desde 2017. Após os danos provocados pelo terremoto ao seu mosteiro, as Irmãs Pobres de Santa Clara se transferiram para o convento de Santo Antônio, em Biccari, na Puglia, rebatizado em 26 de novembro de 2017 como mosteiro de Santa Maria da Paz em Santo Antônio. Para este mosteiro também foi transferida a relíquia do corpo da Beata, colocada sob o altar principal.
 
http://diocesiluceratroia.it/festa-della-beata-lucia-da-valcaldara/

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Santa Rafaela Maria do Sagrado Coração, Fundadora – 6 de janeiro

     Ildefonso Porras e Rafaela Ayllón, abastado casal, não suspeitaram quais eram os misteriosos desígnios de Deus quando lhes nasceu a décima de seus treze filhos, Rafaela, no dia 1º de março de 1850. Rafaela Maria Porras y Ayllón nasceu em Pedro Abad, província de Córdoba (Espanha). Dos seus pais recebeu uma educação cristã, especialmente eficaz porque baseada no exemplo.
     Santa Rafaela Maria tinha quatro anos quando seu pai, Presidente da Câmara de Pedro Abad, tombou vítima de sua religiosidade e de seu heroísmo: ao cuidar dos doentes de cólera, ele próprio contraiu a doença. Sua viúva, mulher forte, passou a dirigir a família. Dedicou especial atenção na educação das "duas perolazinhas", como eram chamadas as duas únicas meninas, Rafaela e Dolores, esta última quatro anos mais velha que a irmã.
     A educação recebida de sua mãe, uma mistura de solícita ternura e de suave exigência, fez amadurecer nela os melhores traços do seu temperamento. Ao chegar à adolescência, era uma criança precocemente reflexiva, doce e tenaz ao mesmo tempo, senhora de si, sempre disposta a ceder nos seus gostos perante os gostos dos outros.
     Rafaela e a irmã, jovens finas, cultas, bem dotadas, podiam frequentar a melhor sociedade de Córdoba e Madri. Mas Rafaela, de joelhos diante do altar de São João dos Cavaleiros, em Córdoba, consagrou-se a Nosso Senhor com um voto de castidade perpétua aos quinze anos de idade. Isto aconteceu no dia da Anunciação de Nossa Senhora, a Escrava do Senhor. Mais tarde ela diria: "É tão formosa a flor da pureza!" Por uma coincidência providencial, a propriedade daquela igreja seria mais tarde entregue às Escravas do Sagrado Coração de Jesus, obra que Rafaela fundaria.
     A morte da sua mãe, quando ela tinha dezenove anos, foi outro momento forte na reta trajetória da sua entrega a Deus. A partir de então se dedicou completamente aos mais carentes e não havia na povoação uma necessidade ou dor que ela não consolasse. Em tudo isto era acompanhada por sua irmã Dolores, que iria ser também sua companheira inseparável na fundação do Instituto das Escravas do Sagrado Coração de Jesus.
     "Inteiramente órfãs e sendo muito perseguidas por nossos parentes mais chegados, minha irmã e eu, depois de quatro anos de terrível luta, decidimos nos tornar religiosas", relatou Dolores.
    Em 1874, as irmãs transladaram-se para Córdoba, a princípio pensando em tornarem-se carmelitas. Por insistência de algumas autoridades diocesanas, acabaram por entrar em tratativas com as visitandinas, a fim de estabelecer na cidade um pensionato dirigido pela ordem da Visitação.
    Foi então que conheceram o Pe. José Antônio Ortiz Urruela, sacerdote que as havia de orientar e aconselhadas por ele uniram-se à Sociedade de Maria Reparadora, um Instituto de recente criação, não sujeito à rigorosa clausura monástica, que visava conjugar a devoção eucarística às tarefas de apostolado a serviço da Santa Igreja.
     Em março de 1875, provenientes de Sevilha, algumas religiosas desta congregação se transladaram a Córdoba para fundar um noviciado, aproveitando o espaçoso prédio que lhes era oferecido pela família Porras. As duas irmãs começaram ali o postulantado e, em curto tempo, outras jovens seguiram seu exemplo.
     Quando se aproximava a primeira emissão de votos, algo veio perturbá-las: o Bispo, Dom Zeferino González y Díaz Tuñón, OP, ao examinar as constituições desejou introduzir diversas modificações, pois desejava dar ao novo instituto uma nota mais dominicana. Deus, entretanto, havia inspirado no coração das fundadoras que adotassem as regras da Companhia de Jesus e, ao tomarem conhecimento daquelas imposições, resolveram ir para a vizinha cidade de Andújar, pertencente à Diocese de Jaén. Fizeram-no à noite, sem prévio aviso e de comum acordo entre si.
     Após idas e vindas, as "fugitivas" acabaram por se estabelecer em Madri, onde o Arcebispo Primaz da Espanha, Cardeal Juan de la Cruz Ignacio Moreno y Maisanove, as acolheu e aprovou-as com o nome de Instituto das Irmãs Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, que mais tarde o Vaticano mudaria para Escravas do Sagrado Coração de Jesus.
     Por caminhos inesperados, as duas irmãs viram-se convertidas em fundadoras. A 14 de abril de 1877 estabelecia-se em Madri a primeira comunidade das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, dedicadas a adorar o Santíssimo Sacramento e a educar crianças e jovens, principalmente as pobres. Aprovadas pelo Cardeal Moreno, das dezoito noviças que haviam começado aquela aventura "nenhuma se perdera".
     O pequeno apartamento em que se instalaram era paupérrimo, tão pobre, que se alguém desejasse visitá-las deveria levar a cadeira para se acomodar... Mas o entusiasmo era grande.
    
Como primeira devoção tinham a Sagrada Eucaristia e logo pediram autorização para manter em sua capela a reserva do Santíssimo Sacramento. Rafaela escreveu ao Papa nestes termos: "Humildemente prostradas aos pés de Vossa Santidade, encarecidamente lhe rogamos e suplicamos se digne conceder-nos a graça inestimável de ter reservado em nossa capela, para nosso maior consolo e principal objeto de nossa reunião, Jesus Cristo Sacramentado".
     Fortalecido pelo fervor eucarístico e pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus, o Instituto se expandiu. Em 1885 já contava com quase cem religiosas. As fundações se multiplicavam, floresciam as obras de apostolado: "escolas populares, colégios, casas de exercícios espirituais, congregações marianas e de adoradoras do Santíssimo Sacramento etc.". O novo instituto ia adquirindo a característica tão desejada por Santa Rafaela Maria: "universal como a Igreja". Santa Rafaela Maria era a encarnação do ideal de uma Escrava. O nome que adotou na vida religiosa – Maria do Sagrado Coração de Jesus – exprime a sua atitude constante de resposta ao Amor.
     Às suas filhas espirituais incutia a necessidade de estarem unidas para enfrentarem as futuras provações: "Agora, minhas queridas, que estamos nos alicerces, assentemo-los bem, para que os vendavais que vierem depois não derrubem o edifício; e todas juntas, sem deixar nenhuma fresta por onde o diabo possa meter a unha da desunião; todas unidas em tudo, como os dedos das mãos, e assim conseguiremos tudo o que queremos, porque temos a Deus, Nosso Senhor, a nosso favor".
     Em 29 de janeiro de 1887, o papa Leão XIII aprovava definitivamente o Instituto e, temporariamente, as Constituições pelas quais elas tinham lutado com denodo.
     As Escravas espalharam-se rapidamente, e Rafaela dirigiu-as, com Maria del Pilar, nome que sua irmã adotara, como ecônoma geral, até 1893.
     Neste ano, depois de ter dirigido o Instituto durante dezesseis anos, Madre Rafaela Maria teve de enfrentar momentos muito dolorosos. Por uma série de mal entendidos, as suas mais íntimas colaboradoras começaram a desconfiar dos seus atos, a pôr em dúvida as suas qualidades e inclusive a clareza do seu juízo. Ela simplesmente, seguindo o conselho de pessoas autorizadas, resignou do cargo de Superiora Geral a favor da sua irmã, vendo a mão invisível de Deus que com infinito amor modelava o seu barro, e aceitou para o resto da sua vida – tinha quarenta e três anos – o martírio do “não fazer”. Irmã Maria del Pilar substituiu-a no cargo; teve, deste modo, o gosto de ser Superiora Geral durante dez anos (1893-1903).
     Estes dez anos e os 22 seguintes passou-os Rafaela a um canto, esquecida e desprezada, mas feliz por não ter senão que dar bom exemplo e entregar-se continuamente à oração e à humildade, sem amargura de coração, sem críticas, sem o menor ressentimento. Entregue à oração e às simples tarefas domésticas, nas quais soube traduzir o seu imenso desejo de ajudar o Instituto e a Igreja, Santa Rafaela Maria pode ver o crescimento daquela obra nascida do seu amor e fecundada pela sua dor. Sempre serena, acreditou contra toda a esperança no Deus fiel que levaria a feliz término a empresa que por meio dela e de sua irmã tinha começado.
     Naqueles anos de isolamento, só teve o consolo de uma viagem a Loreto e Assis. Por todas as casas que visitou deixou uma esteira de edificação. As religiosas mais jovens podiam comprovar o que tinham ouvido as mais velhas comentarem sobre a fundadora. Ela nunca mais exerceu a autoridade no Instituto, mas edificava a todas o verem-na, já idosa, ajudando a uma postulante recém-chegada a pôr as mesas.
     Santa Rafaela tornou-se uma desconhecida dentro da obra que fundara. "Sem que ninguém estranhasse, verão a madre, já anciã, ajudando uma postulante coadjutora recém-chegada a montar as mesas. […] Cada vez mais desconhecida, chega um momento em que nem mesmo as que vivem na congregação sabem que a fundadora é ela".
     Grandes tribulações atormentavam seu puro coração, como ela escreve: "Minha vida foi sempre de luta, mas de dois anos para cá são penas tão extraordinárias, que só a onipotência de Deus, que me ampara milagrosamente a cada instante, impede que meu corpo caia por terra. […] Todo o meu ser está em contínua angústia e desamparo, e prevendo que isto vai durar muito, muito. Por isto penso que Deus me abandonou? Não!"
     O prolongado e doloroso holocausto estava para se consumar. Devido às longas horas que passava ajoelhada diante do Santíssimo Sacramento, centro de sua vida, contraiu uma doença no joelho direito que pouco a pouco a foi consumindo em meio a dores intensas. Os últimos oito meses que passou retida em seu leito foram de acerbo sofrimento. "Aceitai todas as coisas como se viessem das mãos de Deus", repetia ela.
     No dia 6 de janeiro de 1925, Santa Rafaela morreu santamente na casa de Roma, onde permanecera os últimos anos de sua vida. Depois de seu falecimento as autoridades eclesiásticas compreenderam o que se tinha passado; foi aberto o processo de sua beatificação.
Corpo incorrupto de Sta. Rafaela
     Quase ao final da 2a. Guerra Mundial, um bombardeio americano atingiu o cemitério onde Madre Rafaela estava sepultada. Seu túmulo milagrosamente foi preservado e, ao fazerem a exumação de seus despojos, encontraram seu corpo incorrupto e flexível como se ela dormisse.
     Está sepultada na Casa Generalícia da Congregação em Roma e, como morreu no dia da Epifania, sua festa é celebrada no dia 18 de maio, data da sua beatificação e do translado de seus restos mortais.
     Pio XII beatificou-a em 1952 e Paulo VI canonizou-a no dia 23 de janeiro de 1977.
 
Fontes:
www.aciportugal.org/content/view/44/33/ ; Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.
YAÑEZ, Amar siempre. Rafaela María Porras Ayllón, Madrid: BAC, 1985
 
Postado neste blog em 5 de janeiro de 2013

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Santa Kentigerna (ou Caintigern), viuva – 7 de janeiro

          Kentigerna é comemorada no dia 7 de janeiro no Breviário Aberdeen, que nos informa que ela era de sangue real, filha de Cellach Cualann, Rei de Leinster, Irlanda; sua mãe era Caintigern, filha de Conaing Cuirre. Seu esposo foi o Feriacus regulus de Monchestre, que Mac Shamhrain identifica com o Feradach hoa Artúr de Dál Riata, o provável neto do Rei Artur que assinou o Cáin Adomnáin em Birr no ano de 697 e que talvez fosse um rei em Dál Riata.
     Além de outros filhos, foi mãe do santo abade São Fœlan ou Felan (ou ainda, Fillan). Fœlan nasceu com uma deformidade, como se tivesse uma grande pedra em sua boca, e seu pai, considerando-o um monstro, ordenou que ele fosse lançado em um lago próximo. Santo Ibar viu-o na superfície do lago brincando com anjos e o trouxe com segurança para a margem e o batizou. Diante do milagre, Kentigerna também se tornou cristã. Conta-se que São Felan estudava em uma cela escura onde ele escrevia com a mão direita iluminada pela mão esquerda.
     Após a morte de seu marido, ela deixou a Irlanda com seu irmão São Comgan e seu filho São Felan, e se tornou ermitã na Escócia, primeiro em Strath Fillan, consagrando-se a Deus, e vivendo em grande austeridade e humildade.
     Já bem idosa, ela desejou se dedicar mais inteiramente à devoção e foi viver na ilha de Inchelrock ou Inch-Cailliach, em Loch Lomond. Naquele local ela podia com maior liberdade se entregar à meditação das coisas celestes.
     Santa Kentigerna faleceu no dia 7 de janeiro de 734. Adam King nos informa que uma igreja paroquial famosa em Locloumont, Inchelroch - a pequena ilha em que ela se retirou algum tempo antes de sua morte - leva o seu nome. 
 
Inch-Cailliach em Loch Lomond, Escócia

Vide Brev. Aberdon. e Colgan ad 7 janeiro p. 22. Cfr. As Vidas dos Santos, 1866, pelo Rev. Alban Butler (1711-1773). Volume I: janeiro. p. 105. 
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Postado neste blog em 7 de janeiro de 2014

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Beata Maria Repetto, “a monja santa” - 5 de janeiro

          Maria Madalena Peregrina Repetto nasceu em Voltaggio, na província de Alexandria, diocese de Gênova, em 31 de outubro de 1809. Era a filha mais velha do notário João Batista Repetto e de Teresa Gazzale, que tinham dez filhos. Ela foi batizada no mesmo dia com o nome da Santíssima Virgem. Como a mais velha, logo teve que ajudar sua mãe no cuidado dos irmãos e nas tarefas domésticas. Era uma família profundamente religiosa de modo que quatro irmãs e um irmão se consagraram a Nosso Senhor.
     O dia da 1ª. Comunhão, que ela fez quando tinha dez anos, imprimiu em seu coração o desejo de viver o resto de sua vida em união com Jesus. Maria frequentou a escola por alguns anos, mantendo vivo o interesse pela leitura, especialmente hagiografias. É muito provável que ela aprendeu com seu pai, que tinha uma certa cultura, enquanto sua mãe lhe ensinou a bordar. A serenidade da família foi perturbada quando Maria tinha treze anos, devido à morte prematura de dois irmãos.
     A condição social dos Repetto era certamente melhor do que da maioria dos habitantes de Voltaggio, uma região essencialmente agrícola. Dirigidas por sua mãe, Maria e sua irmã Josefina visitavam as famílias mais necessitadas da região fazendo pequenas doações ou trabalhos domésticos. Às vezes elas levavam para casa roupas para lavar ou consertar (um compromisso não leve para duas meninas). A fé realmente iluminava cada passo seu, e ela amadurecia lentamente no coração o desejo da consagração religiosa. Aos 20 anos, quando sua cooperação em casa podia ser dispensada, Maria comunicou seu desejo aos pais.
     Em 7 de maio de 1829, Maria entrou no Conservatório de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, de Gênova. Este Instituto havia sido fundado em Gênova dois séculos antes por Santa Virginia Bracelli Centurione. Estas religiosas são chamadas de "Brignoline" do nome do nobre Emanuel Brignole, que lhes deu o local da primeira Casa Mãe.
     O dote que seu pai lhe deu foi suficiente para mantê-la por toda vida, além de uma soma que, com a permissão da superiora, ela poderia dar para instituições de caridade. Devido suas habilidades e sua instrução foi admitida como religiosa do coro e não como uma auxiliar. Ela pode viver a sua vocação na obscuridade total. No dia da Assunção do ano 1831 fez os votos privados de pobreza, castidade e obediência.
     De caráter simples e alegre, sua calma era edificante. Na oficina de bordado passava seus dias trabalhando e rezando. A oficina garantia importante renda para a casa e para Irmã Maria significava imitar seu patrono e mestre de vida São José, que com o trabalho de carpinteiro provia a subsistência da Sagrada Família. Maria tinha uma confiança ilimitada em São José.
     Em 1835, uma epidemia de cólera eclodiu em Gênova: o desejo de servir a Cristo no doente que sofria fez Irmã Maria vencer sua própria reserva. Com outras Irmãs ela dedicou-se com abnegação e amor. Seu compromisso foi tão grande, que começaram a chamá-la de "monja santa". E pensar que por sua pequena estatura e sua humildade era muito difícil ser notada. Cessada a emergência, voltou para a oficina.
     Vinte anos mais tarde, outra epidemia de cólera atingiu a cidade (foi o verão de 1854) e Irmã Maria de novo deu tudo de si mesma como voluntária. As pessoas agora a consideravam uma criatura eleita. Posteriormente, por causa do enfraquecimento da vista, foi-lhe dado o trabalho de porteira. Uma tarefa aparentemente simples, mas fundamental para uma comunidade, uma vez que representa o principal contato com o exterior.
     Eram muitos os que batiam na porta do convento para mendigar ou para receber uma palavra de conforto e Irmã Maria era atenciosa e carinhosa com as necessidades de todos; para cada um tinha uma palavra. Foi nesta missão que se tornou proverbial sua devoção a São José. Ela recomendava a ele todos os doentes. No corredor, ao lado da recepção, havia uma imagem do santo e ela, quando eles pediam graças especiais, se apressava em ir pedir-lhe e implorar.
     Alguns episódios de sua vida são autênticos "fioretti". O grau de oração era muito intenso, gostava de meditar todos os dias as Estações da Via Sacra. Sua serenidade e seu sorriso encantavam; também tinha uma grande sensibilidade pelas vocações. Um dia Irmã Emanuela perguntou-lhe quando a reverenciada fundadora, Virginia Centurione, seria elevada a honra dos altares. Irmã Maria candidamente respondeu que isto iria ocorrer precedida, porém por sua "filha". Ela não sabia que aludia a si mesma: Santa Virginia foi beatificada quatro anos após a Irmã Maria (mais tarde também foi canonizada).
     Em 1868 a comunidade teve que deixar o convento para dar lugar à construção da nova estação ferroviária de Brignole. A nova casa foi construída em Marassi e ali Irmã Maria foi novamente nomeada porteira. Naqueles anos, em Gênova outro homem de Deus ajudava os necessitados: o capuchinho São Francisco Maria de Camporosso (1804-1866). Os dois nunca se encontraram, mas estavam "misteriosamente" em contato por meio de seus assistidos.
     Maria viveu toda sua vida em uma pobreza tal, que ela preferia usar as roupas usadas das Irmãs, que acomodava à suas medidas diminutas. No entanto, muito dinheiro passou por suas mãos: recebia dos ricos e com alegria dava aos pobres.
     Aos seus oitenta anos ela ingressou na enfermaria. Expirou serenamente no dia 5 de janeiro de 1890 tendo nos lábios as palavras "Regina Coeli Laetare, aleluia". Grande era sua fama de santidade, as Irmãs mantiveram viva a sua memória, continuando em seu nome uma intensa atividade caritativa. Maria Repetto foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 4 de outubro de 1981. Suas relíquias são veneradas na igreja da Casa Mãe de Gênova.
Medalha Pontifícia 1981












Fonte: www;santiebeati.it
 
Postado neste blog em 4 de janeiro de 2016