A Congregação das Franciscanas Filhas da
Misericórdia foi fundada em setembro de 1856, em Pina (Mallorca, Espanha), pelo
sacerdote Gabriel Mariano Ribas e sua irmã Maria Josefa. Instituição humilde e
pobre desde suas origens, tinha como objeto as aldeias da Ilha de Mallorca, e
era constituída principalmente de vocações florescentes nos campos da ilha.
Após conveniente preparação, as religiosas ou voltavam para o campo, ou iam
para as cidades, para servir aos pobres e idosos, cuidar dos doentes em suas
casas ou em dispensários, educar as crianças, colaborar nas paroquias, etc. A
Congregação esteve sempre vinculada à Ordem Terceira Franciscana, à qual
pertencia seus fundadores.
Na cidade de Barcelona, próximo ao
santuário dedicado à Nossa Senhora de Coll, havia um humilde convento de quatro
religiosas desta Congregação, todas oriundas de Mallorca. Quando irrompeu a
guerra civil espanhola (18 de julho de 1936) ali se encontravam as Irmãs
Catarina Caldés e Micaela Rullán.
As religiosas tinham como tarefa cuidar de
crianças e de enfermos, com total desinteresse, subsistindo a obra graças a
donativos.
Irmã Catarina deixou muito boas recordações
por todos os lugares que passou. Estava servindo de enfermeira a domicílio
quando na rua lhe dirigiram ameaças e gritarias anticlericais. Embora pessoas
amigas tivessem oferecido para esconde-la, preferiu reunir-se às suas Irmãs
para com elas enfrentar os sofrimentos daqueles momentos inseguros e voltou
para o convento vestida de civil.
Beata
Catarina do Carmo Caldés Socías
Catarina nasceu no dia 9 de julho de 1899,
em Sa Pobla (Mallorca), no seio de uma família de profundas raízes cristãs; era
a segunda de quatro filhos dos esposos Miguel Caldés e Catarina Socías. Foi
batizada no mesmo dia de seu nascimento na paroquia de Santo Antonio e poucos
meses depois recebeu a confirmação. Estudou no colégio das Irmãs Franciscanas Filhas
da Misericórdia, fundadas meio século antes em Pina (Mallorca), e continuou em
contato com elas até que em 13 de outubro de 1921 vestiu o hábito azul que lhe
é característico, professando em 14 de outubro de 1922.
Seu primeiro destino foi Lloseta
(Mallorca) onde ensinou as primeiras letras às crianças e ajudou nas tarefas
domésticas. Além de Mallorca, também atuou em Ciutadella (Menorca), onde
trabalhou no seminário e dali foi transferida para Barcelona. Decidida e
alegre, no convento de Coll passou a cuidar dos doentes e, com ternura
maternal, das crianças.
Segundo testemunhos, Irmã Catarina era
notável por sua bondade, humildade e ternura com as crianças.
Beata
Micaela do Sacramento Rullán Ribot
Micaela nasceu na vila de Petra (Mallorca)
no dia 24 de novembro de 1903 e recebeu o batismo no dia seguinte. Desde pequena
frequentou o jardim da infância que as Irmãs Franciscanas Filhas da Misericórdia
tinham na aldeia e sempre teve muito clara sua vocação de dedicar-se aos
pequenos, uma maneira de exercer a misericórdia, manifestando desta forma o
amor de Deus revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Teve que emigrar para Valencia com seus
pais por alguns anos e ao regressar a Palma de Mallorca, novamente passou a
frequentar as franciscanas, colaborando na catequese; com suas amigas
confeccionava roupas e brinquedos para doar aos mais necessitados. Ao decidir
entrar na vida religiosa, teve que enfrentar comentários contrários, aos quais
não dava importância. Também não mudou de opinião quando algumas pessoas
aconselhavam-na a entrar em outra Congregação de maior ascendência. Escolhia as
franciscanas precisamente por sua humildade e simplicidade.
Em 14 de abril de 1928 ingressou como
postulante nas Franciscanas de Pina; depois de um ano de prova, em 16 de
outubro de 1929, emitiu a primeira profissão. Pouco depois de fazer sua
profissão perpétua, em 16 de outubro de 1935, foi enviada para o convento de
Coll. Tanto ao despedir-se de Palma, como ao chegar a Barcelona, Micaela
expressou o pressentimento de sua morte próxima.
O martírio
No dia 20 de julho, dois dias após a
revolta contra a república, por volta das 15 horas, um grupo de milicianos
anarquistas se apresentou no convento. Diante de suas perguntas, elas se
identificaram abertamente, não ocultando nem sua condição religiosa nem sua
missão. Depois de divagações, os milicianos levaram as Irmãs Micaela e Catarina
para a sede do comitê da FAI (Federação Anarquista Ibérica), onde as mantiveram
presas durante três dias. Foram torturadas e receberam um tratamento cruel,
vexatório e degradante.
Então elas foram levadas para uma estrada
da periferia, em direção a Tibidabo, e na famosa curva chamada Rabassada, foram
fuziladas junto com outras duas religiosas da Companhia de Santa Teresa, Madre
Mercedes Prat y Prat, e a Irmã Joaquina Miguel (que se salvou milagrosamente do
fuzilamento), além do Irmão Pau Noguera, Missionário dos Sagrados Corações, e
da Sra. Prudência Canyelles. Era a tarde do dia 23 de julho de 1936.
Irmã Micaela morreu no ato, tinha 32 anos.
Entretanto, Irmã Catarina ficou gravemente ferida e durante a noite, com
grandes esforços, pode bater na porta de uma casa conhecida, pedindo-lhes um
copo de água. Eles lhe deram um copo de leite e uma cadeira para se sentar no
jardim, porque, por medo de represálias, não a deixaram entrar na casa. Esta
família chamou um parente miliciano para que a acompanhasse ao hospital para
curá-la. Na verdade, ele ia leva-la, mas na estrada para o Vall de Hebron os
milicianos deram cabo de sua vida. Irmã Catarina tinha 37 anos de idade.
Beatificação
Mons. Joan Pons I Payeras, atual reitor da
Igreja de San Antoni Abat de La Puebla e biógrafo da Irmã, foi o promotor da
beatificação de Irmã Catarina do Carmo Caldés. Em 28 de outubro de 2007, foi
proclamada beata da Igreja Católica pelo Papa Bento XVI, junto com a Irmã
Micaela do Sacramento.
https://es.wikipedia.org/wiki/Catalina_del_Carme_Caldés_Socias
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