Durante a perseguição de Elizabeth I da Inglaterra, hospedava sacerdotes e religiosos em sua casa. Denunciada por seu próprio filho, foi presa em Dublin e morreu vítima de torturas atrozesSer a mãe do prefeito de Dublin para ela não foi fonte de orgulho ou de prestígio, mas foi causa de enormes sofrimentos que a levaram a morte, ou certamente a apressaram. A vida e o martírio da irlandesa Beata Margarida Ball deve ser enquadrada no clima de perseguição religiosa que se seguiu ao cisma anglicano iniciado na Inglaterra por Henrique VIII.Os laços estreitos que ligam a causa sócio-político britânica com a Irlanda resultaram que em 1536, ou seja, cinco anos após o "ato de supremacia" famoso, que proclamou que o rei era chefe supremo da Igreja da Inglaterra, e depois de apenas dois de sua excomunhão e do interdito lançado contra a Inglaterra pelo Papa Clemente VII, o parlamento de Dublin também reconhecesse Henrique VIII como chefe da igreja irlandesa, determinando desta forma a separação da Igreja de Roma.Margarida tinha 21 anos nesse período, tendo nascido em 1515, na bem sucedida família Berminghan. Aos 16 anos, casou-se com Bartolomeu Ball e deu a luz a mais de 20 filhos, dos quais apenas alguns atingiram a idade adulta. Eles formavam um casal muito unido, profundamente religioso, com uma sólida posição econômica, e o marido gozava de prestígio indiscutível, que o levou a ser prefeito de Dublin.Embora eles não estivessem alheios à situação político-religiosa dominante, eles se comportavam como verdadeiros católicos, continuando a reconhecer o primado do Papa. Em seu palácio vivia um capelão, que celebrava a Missa normalmente, sua casa estava aberta a encontros de catequese e oração. Valendo-se da reputação de seu marido, Margarida chegou a abrir em sua propriedade uma escola católica.Bartolomeu morreu em 1568 e Margarida, além da tristeza pela perda de um ente querido, também fica privada da proteção e do apoio com que ele garantia que ela professasse e defendesse a Igreja Católica. Apesar de tudo, ela continuou em seu compromisso, dando hospitalidade em sua casa aos sacerdotes e religiosos, mesmo quando se tornava extremamente arriscado.Em 1570, Elizabeth I, que desde que ascendera ao trono permitira que uma feroz perseguição se acendesse na Inglaterra, especialmente contra os padres católicos, e que se espalhara rapidamente na Irlanda, foi excomungada. No final dos anos setenta Margarida foi presa sob a acusação de ter permitido a realização de uma missa em sua casa, mas logo foi libertada sob fiança.Enquanto isso, o seu filho Walter, alimentando o desejo de se tornar prefeito de Dublin, se adaptou às exigências para o cargo que era negar sua fé e reconhecer a supremacia religiosa da rainha da Inglaterra.Margarida cumpriu inteiramente o seu dever de mãe, tentando fazer seu filho entender que nenhum cargo político, de prestígio, pode ser negociado com a fé. O filho não se convenceu, mas, o que é pior, viu nela a maior inimiga e o maior obstáculo para alcançar os seus anelos políticos.Pouco depois de sua eleição como prefeito, mandou prender a própria mãe sob a acusação de ter dado hospitalidade em sua casa aos sacerdotes perseguidos.Margarida, na idade de quase 70 anos, foi levada em uma carroça pelas ruas de Dublin, exposta ao escárnio e zombaria de toda a cidade. Uma cela suja, gotejando umidade, sem ar, a espera, o que inevitavelmente prejudicou a sua saúde.Precisamente por causa de sua saúde precária, uns anos depois lhe ofereceram a liberdade em troca de uma negação pública da sua fé. Receberam a resposta negativa desta mulher forte e corajosa, que escolheu terminar seus dias na prisão, mártir da Eucaristia e do Primado Pontifício.Ela morreu em sua cela numa data incerta do ano de 1584 e, juntamente com dezesseis outros fieis (incluindo quatro bispos, seis padres, um irmão religioso e cinco leigos), ela, a única mãe de família do grupo, foi beatificada por João Paulo II em 27 de setembro de 1992.NOTAA Irlanda está convidando o mundo inteiro para o Congresso Eucarístico Internacional, que se realizará em Dublin de 10 a 17 de junho de 2012.O Cardeal Sean Brady, arcebispo de Armagh, afirmou que espera que "o Congresso de 2012 possa ajudar a renovar a Igreja Católica na Irlanda, refletindo sobre a centralidade da Eucaristia em nossa comunidade, cada vez mais diversificada, e que dê um novo impulso à vida de fé".Os padroeiros para o Congresso de 2012 são: São Columbano, Santa Maria MacKilop e a Beata Margarida Ball.
"O encanto grandioso e delicado da Cristandade não provém tanto do que ela realizou, como da harmonia profunda e da veracidade cintilante dos princípios sobre os quais ela construiu". Graças a Igreja Católica a mulher foi elevada a uma dignidade nunca antes atingida. Essas mulheres virtuosas também contribuíram para a grandeza da Cristandade. Aquelas glorificadas pela Igreja, o foram para que as mulheres de todos os tempos as tomassem como exemplo.
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