As informações sobre sua vida são um tanto
escassas, mas suficientes para compreender a grandeza de sua figura,
prevalentemente católica, vivida em um Estado dos Balcãs ameaçado continuamente
pela expansão muçulmana.
Ela nasceu por volta de 1425, em Blagaj
(atual Herzegovina), sede de seu pai Stjepan Vukcic Kosaca, Duque de São Sava,
uma das mais poderosas figuras da nobreza da Bósnia, e faleceu em 1478, exilada
em Roma. Sua mãe Jelena Balšić era neta do Príncipe Lazar da Sérvia. Ela nasceu
na Casa de Kosaca e casou-se na Casa de Kotromanic.
Crescendo na região do Forte Blagaj,
Catarina passou sua infância lendo poesias, tocando órgão e se entretendo com
as apresentações de atores vindos de Florença e Dubrovnik para a corte de seu
pai.
Em 26 de maio de 1446, foi dada em
casamento ao filho ilegítimo do Rei Stephen Ostoja da Bósnia, Stephen Thomas,
para estreitar os laços entre a realeza e a nobreza da Bósnia no tempo em que o
Conde Herman II de Celje e Zagorje, filho de Herman I e de Catarina da Bósnia,
Condessa de Cilli (que por sua vez era filha de Vladislav Kotromanic),
reclamava o trono da Bósnia e o perigo otomano era presente.
Tendo se mudado para Kraljeva Sutjeska,
sede dos reis da Bósnia, Catarina deu à luz duas crianças: Sigismundo, em 1449,
e Catarina em 1459.
Preocupando-se com a difusão da Fé em seu
reino, chamou os Franciscanos para se estabelecerem em Jaice, a capital, para
combater e converter os numerosos hereges e cismáticos que tinham feito da
Bósnia a cidadela de sua heresia que contrapunha o mundo do espírito ao da
matéria, considerado a expressão da força do mal, negava a Santíssima Trindade,
a natureza humana de Cristo, reduzida a uma aparência, o Antigo Testamento, não
reconhecia os ritos litúrgicos, a hierarquia eclesiástica, o batismo e o
matrimônio.
Thomas faleceu em 10 de julho de 1461 e
foi sucedido por seu filho, Stephen Tomasevic, que reconheceu Catarina como
rainha-mãe.
Em 1463 os turcos, capitaneados pelo
sultão Maomé II, ocuparam a Bósnia e, entre outras coisas, capturaram os filhos
de Catarina, obrigando-os a se tornarem muçulmanos. As crianças foram levadas
para Istambul onde o filho de Catarina, agora com o nome de Ishak-beg Kraloglu,
tornou-se bastante influente. Sua filha Catarina morreu em Skopje, onde lhe foi
erigido um monumento, o Kral Kizi.
A Rainha-mãe se exilou em Roma, onde foi
acolhida com honras pelo Papa Pio II, tornando-se Terceira Franciscana e vivendo
santamente, gozando da estima e consideração dos sucessivos pontífices, Paulo
II e Sisto IV.
A
infeliz Rainha levou consigo os símbolos da casa real da Bósnia, esperando que
seu reino fosse restaurado um dia. Em Dubrovnik ela deixou a espada de seu esposo
para ser entregue ao seu filho, se ele retornasse do cativeiro. Sua filha mais
nova casou-se com o governador de Zeta, e épico herói de Montenegro, Ivan
Crnojevic.
Em Roma, ela era respeitada entre os
eslavos, mas tinha poucos recursos porque seu pai a tinha tirado do testamento.
A Igreja Católica foi a única instituição que ainda reconhecia Catarina como a
“rainha legítima”. Entretanto, sua influência entre a nobreza parece ter sido
muito grande, pois consta que em 1472 ela compareceu ao casamento de Sofia
Palaiologina e o russo Duque Ivan III, também conhecido como Ivan o Grande.
Ela viveu em Roma numa casa próxima da
Igreja de São Marcos, com sua “corte”. Eles a serviram até sua morte em 23 de
outubro de 1478. Foi sepultada com solenes funerais na Igreja de Aracoeli. No
seu testamento dispôs que deixava para a Santa Sé o seu reino, a espada e os
símbolos reais, com a cláusula: se seu filho Sigismundo, prisioneiro dos
turcos, uma vez liberado voltasse para o Catolicismo, ele deveria se tornar Rei
da Bósnia.
Os católicos daquela região visitam com
frequência seu túmulo na igreja romana de Santa Maria em Aracoeli. A pedra
tumular apresenta um retrato seu com os emblemas da Casa de Kotromanic e
Kosaca. A inscrição, originalmente escrita em Bosancica, foi substituída em
1590 por uma em latim que diz:
A memória da Rainha Catarina, que foi
beatificada após sua morte, ainda está viva na Bósnia Central, onde os
Católicos tradicionalmente celebram o 23 de outubro com uma Missa em Bobovac
“no altar da terra natal”. Alguns pertences da Rainha e da família Kotromanic
foram levados em 1871 para a Croácia, por Josip Juraj Strossmayer, do mosteiro
franciscano de Kraljeva Sutjeska, a fim de salvaguardá-los até que a “Bósnia
seja libertada”. Eles jamais foram devolvidos.
A Ordem Franciscana celebra Catarina no
dia de sua morte.
Monumento da Beata em Mostar, Bósnia e Herzogovina |
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