São Vital teve uma vasta representação na arte: a ele é dedicada a Basílica de São Vital em Ravena, com seus magníficos mosaicos, e a igreja de mesmo nome em Veneza, onde ele é apresentado vestido como um soldado a cavalo levantando uma bandeira, com espada, lança e maça, instrumento do martírio de sua esposa Valéria. Ainda é dedicada a ele a igreja de São Vital em Roma, com afrescos narrando seu martírio.
As primeiras informações que temos de Vital e Valéria estão contidas em um
livreto escrito por Filipe, chamado 'servus Christi’, que apresentava os mais
antigos grupos de vida cristã em Milão, e que foi encontrado perto da cabeça
dos corpos dos mártires Gervásio e Protásio, encontrados por Santo Ambrósio, em
396.
O livreto, além de narrar o
martírio dos dois irmãos, também descreve o de seus pais, Vital e Valéria, e do
médico Ursicino, natural de Ligúria, mas talvez trabalhando em Ravena, os quais
viveram e morreram no século III.
Vital era um oficial que
acompanhou o juiz Paulino de Milão para Ravena. Quando a perseguição contra os
cristãos começou, acompanhou e encorajou Ursicino condenado à morte, o qual,
durante o trajeto ao local da execução, tinha ficado perturbado pelo horror de
encontrar-se diante de morte violenta. Ursicino foi decapitado e enterrado
decentemente por Vital, dentro da cidade de Ravena.
Vital também foi preso e após ser submetido a várias torturas para fazê-lo apostatar
do Cristianismo, o juiz Paulino ordenou que fosse jogado em um poço profundo e
coberto com pedras e terra; assim, também ele se tornou um mártir de Ravena e seu
túmulo perto da cidade tornou-se uma fonte de graça.
Valéria, sua esposa, queria recuperar o corpo do marido, mas os cristãos de
Ravena o impediram, então ela tentou retornar para Milão, mas durante a viagem encontrou
um bando de idólatras que a obrigaram a sacrificar ao deus Silvano; ela recusou
e foi espancada de forma tão violenta que, levada para Milão, morreu três dias
depois.
Seus filhos, Gervásio e Protásio, venderam todos os seus bens,
dando o valor aos pobres e dedicaram-se às leituras sagradas, oração; dez anos
mais tarde, eles também foram martirizados. O já citado Filipe foi quem cuidou
do sepultamento dos irmãos mártires.
Muitos estudiosos acreditam que a narrativa é em parte imaginativa,
reconhecendo nos personagens mencionados outras figuras de mártires venerados
em Milão e Ravena. A antiga Igreja de Santa Valéria, em Milão, destruída em
1786, para os estudiosos não era senão a “cella memoriae” da primitiva área do
cemitério milanês dedicado precisamente à gens Valéria.
Em todo caso, lengendário ou verdadeiro, a narração é documentada por
monumentos famosos também de considerável antigüidade. A basílica de Ravena,
consagrada em 17 de maio de 548, é dedicada não só a São Vital, como também a seus
filhos Gervásio e Protásio, cujas imagens estão localizadas abaixo da lista dos
apóstolos, enquanto um altar lateral é dedicado a São Ursicino.
Nos mosaicos de Santo Apolinário Novo estão representandos todos os cinco
personagens: do 11 ao 14º lugar, nas fileiras dos santos, estão os quatro
homens; e na fileira das santas, no nono lugar está Valéria.
Numerosos documentos e martirológios os nomearam ao longo dos séculos,
especialmente Sao Vital e São Ursicino mártires em Ravena. Em Milão, surgiram as
três igrejas que, devido à sua proximidade, confirmam a estreita relação dos
mártires: como era costume então, construiram a igreja de Sâo Vital, a igreja
de Santa Valéria (mais tarde destruída) e Santo Ambrosio, onde repousam os
irmãos gêmeos Gervásio e Protásio.
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