Segundo uma primeira tradição, Grata teria vivido entre os séculos IV e
VI. Sua irmã seria Asteria, virgem e mártir, festejada em 10 de agosto.
Santa Grata, alguns dias depois da execução de Santo Alexandre, bispo,
tendo encontrado seus despojos – em torno dos quais havia nascido lírios, pois
algumas gotas de sangue caíram na terra – ela recolheu-os e fez com que fossem
sepultados em um horto fora da cidade. A Santa posteriormente continuou o
apostolado do Santo.
Outra versão coloca sua existência entre os séculos VIII e o IX, e diz
que ela era filha de um tal Lupo, duque longobardo de Bergamo, vencido e
convertido à fé católica por Carlos Magno. Provavelmente as tradições se
referem a duas santas distintas.
De acordo com a primeira tradição, a santa teria edificado três igrejas
na região de Bergamo em honra a Santo Alexandre: Santo Alexandre in Colonna,
Santo Alexandre da Cruz e outra sobre seu túmulo (a basílica e antiga catedral
de Santo Alexandre, depois demolida em 1561 durante a construção das muralhas
venetas).
Na outra tradição, a santa, ajudada por sua poderosa família e pela
nobreza de Bergamo, teria edificado três igrejas sobre algumas das colinas da
cidade: Santa Eufêmia, São João e Santo Estevão (depois igreja do Santo
Salvador). Depois de ter convertido os próprios pais e o marido, permaneceu
viúva e se dedicou ao serviço dos doentes e dos necessitados no hospital
fundado por ela.
Os Bolandistas do século XVIII aceitaram a distinção das
duas santas e publicaram pela primeira vez (Antuérpia, 1748) a Vita Sanctae gratae, composta entre 1230
e 1240 pelo Beato Pinamonte Pellegrino de Brembate, um dominicano, a pedido de
Graça d’Azargo, Abadessa do Mosteiro de Santa Grata. Esta vida é a mais
conhecida das legendas sagradas do citado autor. Gian Filippo Foresti, no cap.
III de sua Crônica, nos dá um resumo daquela obra, enquanto a Abadessa Graça a
transcreve na íntegra em um códice de seu mosteiro, decorando-a com miniaturas,
uma das quais representa o Beato Pinamonte no ato de oferecer-lhe o seu
trabalho. A partir desse códice, Branca de Gandino (século XIV) fez outra
transcrição que está entre os códices da Biblioteca Municipal de Bergamo.
O autógrafo de Pinamonte foi usado na
edição feita na editora de Luigi Fantoni, em Rovetta, em 1822, e desapareceu,
aparentemente na dispersão da livraria de Fantoni.
Também Maria Aurélia Tasso, religiosa do
mosteiro de Santa Grata, escreveu uma vida da santa, publicada em Pádua em
1723, impressa por José Comino de João Baldano, com o título fantástico: A vida
de Santa Grata - virgem - Rainha da Alemanha – depois princesa de Bergamo - e
Protetora daquela cidade. No frontispicio traz uma inscrição com a figura da
santa e abaixo a inscrição: "Efiigies Sanctae Gratae Bergomi civitatis
Patronae".
Por vários séculos o corpo de Santa Grata permaneceu sepultado fora dos
muros da cidade, em Borgo Canale, na igreja de seu hospital, a qual leva o seu
nome e sobre a qual surgiria outra igreja no século XVIII, com o nome de Santa
Grata inter vites.
Em 9 de agosto de 1027, por ordem do Bispo Ambrósio II, os despojos
foram solenemente transferidos para dentro do perímetro da cidade, sendo
colocados na Igreja de Maria Vecchia, depois chamada de Santa Grata alle
Colonnette.
É também conhecido o fato de que o Bispo Ambrósio, no Domingo de Ramos,
após ter benzido os ramos de oliveira na catedral de Santo Alexandre, costumava
dirigir-se à catedral de São Vicente e dali, como recordação da transladação de
Santa Grata, ia à igreja da santa, onde distribuía ramos de oliveira bento a
cada uma das monjas, terminando assim a cerimônia.
A celebração de Santa Grata (que nos documentos litúrgicos ora vem
descrita como virgem, ora como viúva) acontece em 1º de maio, dia em que a
recorda o Martirológio Romano. A transladação é celebrada no dia 9 de agosto.Fonte: santiebeati/it
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