Descendente de duas famílias nobres de Cotentin (França), Maria Catarina
de Santo Agostinho, no século Catherine Simon de Longpré, nasceu e foi batizada
a 3 de maio de 1632, em Saint-Sauveur-le-Vicomte, no atual departamento da
Mancha, na França. Seu pai Jacques Simon de Longpré, era advogado e sua mãe,
Francisca Jourdan de Launay, era filha de um lugar-tenente civil e penal.
A educação da menina foi confiada a seus avós maternos. Os Jourdan
tinham em sua casa uma espécie de hospital onde recebiam e tratavam os pobres e
os doentes. Catarina ali recebeu uma grande influência da parte de São João
Eudes (1601-1680) e outros religiosos que frequentavam aquela Instituição.
Em 1642, num escrito assinado com o próprio sangue, ela consagrou-se à
Santíssima Virgem. No ano seguinte fez três votos: tomar a Santíssima Virgem
como mãe, não cometer nenhum pecado mortal e viver uma castidade perpétua.
Seduzida pela vida religiosa, aos 12 anos Catarina entrou como
postulante para o Hôtel-Dieu de Bayeux em 7 de outubro de 1644. Começou a
aprender a profissão de enfermeira neste hospital, onde as religiosas
Agostinianas Hospitalares da Misericórdia de Jesus davam assistência aos
doentes.
Entrou no noviciado dessa Congregação e desde então ela concebeu o
desejo de ir para o Canadá, onde as freiras Agostinianas Hospitalares da
Misericórdia de Jesus tinham, em 1539, fundado o Hôtel-Dieu de Quebec. Quando
estas pediram novas recrutas, Catarina ofereceu-se imediatamente. Ela ainda não
havia completado dezesseis anos de idade.
Tentaram dissuadi-la e seu pai opôs-se ao seu desejo. Ela fez o voto “de viver e morrer no Canadá, se Deus lhe
abrisse a porta deste país”. Todos foram forçados a ceder às suas razões e
Catarina fez profissão religiosa a 4 de maio de 1648, em previsão do seu
embarque, em 27 de maio. No dia 19 de agosto de 1648 ela chegou a Québec.
Madre Catarina de Santo Agostinho ia ser uma grande ajuda para o
mosteiro e o hospital de Quebec. Ela progredira tanto na prática de todas as
virtudes e na profissão de enfermeira, que aos 22 anos foi nomeada
administradora da comunidade e do hospital. Assumiu depois a direção do
hospital e foi escolhida para Conselheira da Superiora e Mestra de Noviças.
Durante seu primeiro triênio como depositária, ela dirigiu a construção do novo
Hôtel-Dieu.
Procurou aprender a língua dos indígenas a fim de poder ensinar-lhes o
catecismo e encaminhá-los para Deus. O seu zelo e caridade não tinham limites.
Humilde, simples e alegre, palmilhou rapidamente o caminho da santidade.
No entanto, esta jovem freira tão ativa esteve quase sempre doente. Ela
esteve mais de oito anos com febre sem nunca acamar, sem reclamar, sem desistir
à obediência, sem perder os exercícios da Comunidade. Não só não se queixava,
mas ela estava sempre de semblante agradável e a sua ternura contínua causava a
admiração de todos.
A discrição de Catarina iludiu até mesmo suas irmãs sobre as suas
disposições interiores. Considerou-se que, enquanto viva, ela se comportava
simplesmente como uma boa religiosa, porque, com exceção do seu diretor e do
seu bispo, ninguém sabia o que nela se passava. As riquezas da sua vida
interior e as maravilhas místicas que o Espírito Santo operava na sua alma
foram reveladas apenas depois de sua morte.
Conta-se sobre ela “coisas extraordinárias”: visões, revelações, constantes
lutas contra os demônios. Ela teve a consolação de ver espiritualmente o Padre
Jean de Brébeuf (1593-1649), jesuíta mártir no Canadá em 1649, proclamado Beato
em 1925 e canonizado em 1930, juntamente com outros sete jesuítas, mártires
entre 1622 e 1649. O santo jesuíta, que fora assassinado pelos iroqueses,
apareceu para ela dizendo: “Era para ele
um sofrimento ver que um país pelo qual ele tinha tanto trabalhado e onde havia
derramado seu sangue, fosse agora terra de abominação e de impiedade” e
prosseguiu: “Irmã de Santo Agostinho!
Tendes piedade de nós? Ajudai-nos, eu vos peço!” Madre Catarina respondeu
abandonando-se “à divina justiça, como
uma vítima pública pelos pecados dos outros”.
No mês de fevereiro de 1663, teve ainda visões do Padre Jean de Brébeuf
que a fez compreender que Deus queria servir-se dela para proteger o país e
todos que recorressem a ela receberiam uma ajuda segura.
O Beato Francisco de Laval, seu bispo, e a Beata Maria da Encarnação
fizeram mais caso, no entanto, das suas virtudes sólidas do que dos “milagres e
maravilhas”. Maria da Encarnação, quanto a ela, sentiu que “as graças que Deus lhe concedeu estavam
baseadas nas três virtudes, humildade, caridade e paciência”.
Estas três virtudes, Catarina praticou-as a um verdadeiro grau heróico.
Nunca, na verdade, ela sofreu tanto, especialmente por parte dos demônios, que
não lhe deixavam qualquer descanso, torturando-a moralmente e batendo-lhe
mesmo. Contudo, nunca saciada de sofrimentos, a humilde hospitaleira queria
imolar-se sempre cada vez mais para a salvação das almas e o bem espiritual de
seu país de adoção. Finalmente, consumida pela tísica, ela morreu em 8 de maio
de 1668, com a idade de trinta e seis anos.
O Beato Francisco de Laval, para o qual Catarina de Santo Agostinho era
“a alma mais santa que conhecera”,
tinha “uma confiança muito especial”
no seu poder, “porque, se ela nos
socorreu tão poderosamente durante o tempo em que viveu entre nós, escreve
ele, que não fará ela agora conhecendo
com mais luminosidade as necessidades, seja do Pastor ou seja do rebanho?”
Madre Maria Catarina foi beatificada em Roma no dia 23 de abril de 1989
e sua festa litúrgica é celebrada a 8 de maio.
Fontes: http://alexandrina.balasar.free.fr;
Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3ª. Ed.; www.santiebeati.it
Nenhum comentário:
Postar um comentário