Martirológio
Romano: Em Sint-Truiden, no Brabante, moderna Bélgica, Beata Cristina, virgem,
dita a Admirável, porque nela, na mortificação do corpo e nos êxtases místicos,
o Senhor operou maravilhas.
Nascida de família aldeã, em Brusthem, na diocese de Liège, cerca do ano
de 1150, Cristina ficou órfã aos quinze anos; vivia com duas irmãs mais velhas
e ocupava-se em guardar os rebanhos nos campos.
Os fatos que a seu respeito narram o
dominicano Tomás de Cantimpré (+ 1270) e o Cardeal Tiago de Vitry não merecem
grande crédito, mas compõem a sua legenda.
Tomás
de Cantimpré, antigo professor de Teologia em Lovaina, afirma narrar o que
ouviu da boca dos que a conheceram, mas mostra-se demasiado crédulo. Quanto a
Tiago de Vitry, trata-se de cronista sério que afirma ter conhecido Cristina
pessoalmente.
“Deus
operou nela”, escreve ele, “coisas verdadeiramente maravilhosas. Já estava
morta há muito tempo, mas conseguiu a graça de retomar o corpo, a fim de sofrer
o seu Purgatório cá na terra. Desta forma sujeitou-se a mortificações
inauditas, ora rolando-se por cima do fogo, ora permanecendo nos túmulos dos
mortos. Acabou por ser favorecida com graças sublimes e gozar duma paz
profunda. Muitas vezes, transportada em êxtase, levou as almas dos mortos para
o Purgatório e outras vezes tirou-as do Purgatório para as levar para o
Paraíso”. (ed. in Acta SS. Iulii, V, Veneza 1748, pp. 650-60).
Ativados pela contemplação, os
ardores da sua alma tornaram-se tão intensos, que o corpo não pôde resistir: ela
caiu doente e “morreu” pela primeira vez quando tinha pouco mais de vinte anos.
No dia seguinte, levaram os seus despojos à igreja para a cerimônia dos
funerais.
Durante a missa de Réquiem, viram-na
de repente mexer-se, levantar-se no esquife e voar, como um pássaro, até à
abóbada do templo, tal era o desgosto que lhe causava a presença dos pecadores
que assistiam às cerimônias. Os
assistentes fugiram espantados, à exceção da irmã mais velha, que ficou imóvel,
mas não sem terror, até ao fim da missa. Atendendo à ordem do sacerdote,
Cristina desceu ilesa e voltou para casa, onde tomou a refeição com as suas
irmãs.
Contou depois aos amigos, que vieram
interrogá-la, que logo depois da sua morte os anjos a tinham sucessivamente
transportado ao Inferno, onde encontrara muitas pessoas conhecidas; a seguir ao
Purgatório, onde ainda encontrara mais; e por fim ao Paraíso, onde lhe foi dada a escolha de ficar para sempre ali ou
de voltar a Terra para, com os seus sofrimentos, trabalhar no resgate das almas
do Purgatório, orar e sofrer pelos fiéis defuntos, o que ela aceitara
sem hesitação.
A sua existência transcorreu no meio de
milagres e fenômenos misteriosos. O odor do pecado repugnava-lhe de tal forma,
que só depois de algum tempo conseguia suportar o contato com os seus
semelhantes. Envergonhados das suas aparentes
extravagâncias, que o público atribuía a uma legião de demônios, suas
próprias irmãs e amigos a perseguiam.
Cristina retirou-se primeiro no castelo de
Looz, depois em Saint-Troud, onde faleceu cerca do ano de 1224, no Convento de
Santa Catarina, cuja superiora declarou ter sido Cristina sempre duma submissão
perfeita.
Suas relíquias, conservadas em Nonnemielen,
se encontram atualmente na igreja dos Redentoristas de Saint-Troud.
Fonte: www.portalcatolico.org.br; Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3a. ed. Editorial A.O. –
Braga.
Etimologia: Cristina, do latim Christinus, diminutivo derivado de Christus, do grego Christó:
“o ungido, consagrado”, derivado do verbo chrio:
“ungir”.
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