Assim diz o Martirológio Romano de 1953: “Em Lisboa, na Lusitânia (agora Portugal), os
santos mártires Veríssimo e suas irmãs Máxima e Júlia, que sofreram durante a
perseguição do imperador Diocleciano” (284-305).
Uma das referências mais antigas dos
mártires de Lisboa é encontrada no Martirológio de Usuardo do século IX. Os
testemunhos litúrgicos multiplicaram-se ao longo dos séculos X e XI. O Padre
Miguel de Oliveira sustenta a opinião de que "os santos mártires de Lisboa já estavam inscritos nos calendários uns
200 anos depois do seu martírio". Esta devoção foi guardada pela
comunidade moçárabe de Córdoba.
Quanto aos detalhes da vida destes mártires, só os conhecemos pelo descrito num códice quatrocentista da Biblioteca Pública de Évora, (cód. CV/1-23d). Segundo a "Legenda", os irmãos lisbonenses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Diocleciano apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, Públio Daciano, legado do imperador, confessando a fé cristã.
Quanto aos detalhes da vida destes mártires, só os conhecemos pelo descrito num códice quatrocentista da Biblioteca Pública de Évora, (cód. CV/1-23d). Segundo a "Legenda", os irmãos lisbonenses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Diocleciano apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, Públio Daciano, legado do imperador, confessando a fé cristã.
O juiz procurou dissuadi-los com promessas
e ameaças; como nada conseguisse, mandou-os prender. Os três irmãos saíram vitoriosos
da prova do cárcere. O juiz então mandou submetê-los a vários tormentos:
açoites, ecúleo, unhas de ferro, lâminas em brasa. Diante de sua inabalável resistência,
mandou que fossem arrastados pelas ruas da cidade e finalmente degolados. Alcançaram
a palma do martírio em 303 ou 304.
Depois de mortos, o juiz ordenou que os cadáveres ficassem insepultos para servirem de pasto aos cães e às aves, mas as feras os respeitaram. Mandou em seguida que eles fossem lançados no mar com pesadas pedras. Quando os barqueiros regressaram à praia do Rio Tejo encontraram ali os santos despojos. Os cristãos recolheram-nos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu a igreja Santos-o-Velho, a primeira igreja em Lisboa a albergar as relíquias destes Santos.
Depois de mortos, o juiz ordenou que os cadáveres ficassem insepultos para servirem de pasto aos cães e às aves, mas as feras os respeitaram. Mandou em seguida que eles fossem lançados no mar com pesadas pedras. Quando os barqueiros regressaram à praia do Rio Tejo encontraram ali os santos despojos. Os cristãos recolheram-nos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu a igreja Santos-o-Velho, a primeira igreja em Lisboa a albergar as relíquias destes Santos.
Em 1475, D. João II ordenou que fossem
trasladados para Santos-o-Novo, mosteiro das Comendadeiras de São Tiago. Em
1529, a comendadeira Da. Ana de Mendonça mandou colocar as relíquias em um
cofre de prata, que foi depositado ao lado direito do altar mor da igreja.
Alguns estudiosos pretenderam que estes
mártires fossem filhos de um senador romano vivendo em Roma, os quais receberam
de um anjo a missão de irem a Lisboa para confessarem a Fé. Esta legenda repercutiu
na iconografia: os três mártires são apresentados em trajes de romeiros,
portanto bordões compridos nas mãos. É como os podemos ver no belo conjunto de
três imagens do século XVII expostas ao culto na igreja do extinto Mosteiro de
Santos-o-Novo, em Lisboa, que guarda parte das relíquias dos mártires.
Fontes: http://evangelhoquotidiano.org/; Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.
Mosteiro de Santos-o-Novo
Uma velha
tradição diz ter o Rio Tejo arrojado a uma das praias da sua margem direita,
que depois se ficou chamanda de Santos, os corpos dos santos mártires
Veríssimo, Máximo e Júlia. No local, pela tradição indicado, mandou D. Afonso
Henriques edificar a Igreja de Santos, e D. Sancho I um mosteiro, destinado aos
cavaleiros da Ordem de Santiago da Espada. Mais tarde, tendo estes recebido de
D. Afonso III as vilas de Mértola, Alcácer do Sal e Palmela, foi o mosteiro
concedido a algumas senhoras parentes dos cavaleiros de Santiago, a quem D.
Afonso Henriques concedera o título de Comendadeira e que por êsse tempo viviam
reunidas numa quinta em Arruda dos Vinhos.
Largos anos estiveram essas donas e donzelas no mosteiro de Santos, sendo conhecidas vulgarmente nessa época por mulheres da obrigação dos cavaleiros de Santiago. Porém, em 1470, D. João II mandou que essas senhoras passassem para a ermida de Nossa Senhora do Paraíso, entre os conventos de Santa Clara e Xabregas, enquanto se construia, o de Santos-o-Novo.
Largos anos estiveram essas donas e donzelas no mosteiro de Santos, sendo conhecidas vulgarmente nessa época por mulheres da obrigação dos cavaleiros de Santiago. Porém, em 1470, D. João II mandou que essas senhoras passassem para a ermida de Nossa Senhora do Paraíso, entre os conventos de Santa Clara e Xabregas, enquanto se construia, o de Santos-o-Novo.
Em 1475
entraram as comendadeiras naquele novo e vasto convento, com bons dormitórios,
grande claustro arborizado, tendo o espaçoso edifício muitos compartimentos e
365 janelas. E anos depois, foram solene e processionalmente transportadas para
o convento de Santos-o-Novo as relíquias dos Santos Mártires, que desde o
reinado de D. Afonso Henriques estavam guardadas na igreja de Santos-o-Velho.
As senhoras
recolhidas naquele mosteiro gozavam de muitas honras e privilégios, não sendo
consideradas freiras. Eram pessoas nobres, que podiam ter criadas ao seu
serviço. Algumas delas professavam votos iguais aos cavaleiros da mesma Ordem
de Santiago. Pertenceram à Ordem senhoras de nobre estirpe, como D. Auzenda
Egas, descendente de Egas Moniz e D. Sancha Martins Peres, que foi a primeira
superiora.
Como D. Afonso
Henriques recomendara em uma carta para Arruda dos Vinhos que as senhoras
usassem toucados honestos, as comendadeiras seguiram sempre essa recomendação
vestindo trajos de sêda preta colocando sôbre êles mantos brancos de tule com
as cruzes de Santiago e toucados também brancos nos cabelos. A princípio
ocuparam, cada uma, várias dependências do convento, mas, pouco a pouco, foram
vivendo mais modestamente, contentando-se cada uma com mais reduzido número de
compartimentos; e o título de comendadeira chegou ao séc. XIX apenas como
honorífico.
O terramoto de 1755 arruinou bastante o edifício, chegando as senhoras ali recolhidas a terem que armar barracas na cêrca do convento para ali se abrigarem, até se reedificarem os seus dormitórios. Em 1833, o mosteiro podia acomodar 500 pessoas. Mas nesse mesmo ano D. Pedro IV ordenou que as religiosas de todos os conventos recolhessem para dentro das linhas de defesa de Lisboa, e a maior parte das comendadeiras de Santo-o-Novo recolheu ao mosteiro da Encarnação, da Ordem de S. Bento de Aviz. Terminadas as lutas civis, as comendadeiras regressaram ao seu convento.
O edifício do convento de Santos é atualmente (1941) patrimônio do Estado e destinado a recolhimento de viúvas e filhas de oficiais do Exército e da Armada e funcionários públicos, dependendo da Direção Geral de Assistência Pública. No edifício estão também escolas primárias e o Instituto Presidente Sidónio Pais, do Prefessorado Primário (secção masculina).
O terramoto de 1755 arruinou bastante o edifício, chegando as senhoras ali recolhidas a terem que armar barracas na cêrca do convento para ali se abrigarem, até se reedificarem os seus dormitórios. Em 1833, o mosteiro podia acomodar 500 pessoas. Mas nesse mesmo ano D. Pedro IV ordenou que as religiosas de todos os conventos recolhessem para dentro das linhas de defesa de Lisboa, e a maior parte das comendadeiras de Santo-o-Novo recolheu ao mosteiro da Encarnação, da Ordem de S. Bento de Aviz. Terminadas as lutas civis, as comendadeiras regressaram ao seu convento.
O edifício do convento de Santos é atualmente (1941) patrimônio do Estado e destinado a recolhimento de viúvas e filhas de oficiais do Exército e da Armada e funcionários públicos, dependendo da Direção Geral de Assistência Pública. No edifício estão também escolas primárias e o Instituto Presidente Sidónio Pais, do Prefessorado Primário (secção masculina).
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