sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Beata Francisca Ana da Virgem das Dores, Fundadora - 27 de fevereiro

    
     Francisca Ana, chamada habitualmente Francinaina, nasceu em Sencelles, Mallorca, Baleares, em 1º de junho de 1781, sendo batizada no mesmo dia; pertencia a uma família de camponeses.
     Desde pequena se sentia chamada a se consagrar a Deus na vida religiosa. Mas inúmeras e variadas dificuldades a impediram de fazê-lo, com muito pesar de sua parte. Cresceu como qualquer menina do povoado de então; como ajudava os pais e os três irmãos mais velhos nos trabalhos do campo e da casa, Francinaina não fez os estudos elementares. Analfabeta, aprendia o catecismo de memória; também aprendeu a costurar.
     Desde pequena se dedicava às devoções do Rosário, da Via Sacra, bem como à frequência na Comunhão. Pediu permissão para entrar em um convento, mas seu pai não aceitou, o que a fez se tornar terciária franciscana desde 1798, levando uma vida de religiosa em sua casa e em meio aos seus trabalhos seculares.
     Aos 26 anos, falecida sua mãe e também seus irmãos, Francinaina vivia junto a seu pai na casa familiar. Além de cuidar de seu pai, ela se encarregava de todas as tarefas do campo e domésticas.
         Em 1821, seu pai falece. Por ocasião de sua morte Francinaina tinha quarenta anos; ela reafirmou seu projeto de dedicar sua vida a Deus e aos demais. Decidiu levar uma vida de retiro em sua casa, onde vivia em companhia de outra mulher, Madalena Cirer Bennazar, a qual permanecerá junto a ela até sua morte.
     Em Sencelles ela era popularmente conhecida como "Sa Tia Xiroia". Trabalha na paróquia e atende ao povo que com frequência recorria a seus conselhos. O que ganha na colheita investe nos pobres, reservando para si mesma apenas o indispensável.
     Em 1850 o reitor de Sencelles, Juan Molinas, decidiu estabelecer uma casa de caridade, no espírito das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, na localidade. Encarregou a direção desta nova instituição a Francisca, que ofereceu sua casa e seus bens para a obra. Em 7 de dezembro de 1851 fez, junto com outras duas mulheres Ir. Madalena e Ir. Conceição, os votos na nova Congregação, tomando o nome de Francisca Ana da Virgem das Dores.
     Apesar de analfabeta, Ir. Francisca ensinava e educava crianças e jovens na fé cristã. Oferecia consolo aos pobres e aos doentes, e os ajudava no limite de suas possibilidades. Orientava e aconselhava as meninas, e qualquer pessoa que necessitasse; também assistia aos moribundos.
     Diversos milagres lhe são atribuídos: uma menina foi e voltou de Sencelles à Binisalem, situada a oito quilômetros, em busca de medicamentos. Como chovia Ir. Francisca lhe cedeu sua sombrinha para que a usasse como guarda-chuva. Ao voltar a menina estava completamente seca. Outros milagres se referem à cura de enfermidades de crianças. A fama destes milagres correu pela ilha e muitos vão até Sencelles, como a família Femenias, desde Artá, ou os pais de Guillermo Puigserver, da vila de Lluchmayor.
     Ir. Francisca faleceu no dia 27 de fevereiro de 1855 como consequência de um acidente cerebrovascular; pessoas de todas as classes sociais foram prestar homenagem a ela, que foi sepultada na cripta do Convento das Irmãs de Caridade de Sencelles.

Beatificação

     O Papa João Paulo II a beatificou em Roma em 1º de outubro de 1989.
     A Beata Francisca Ana é venerada em toda a Ilha de Mallorca por todas as curas milagrosas que lhe são atribuídas. Sua festividade se celebra em 27 de fevereiro; nesse dia os habitantes de Sencelles, e de outras povoações, saem às ruas para levar uma oferenda floral para aquela que foi a fundadora das Irmãs de Caridade.
     Desde 1986, a cada ano se realiza uma romaria no 2º domingo do mês de maio que vai da localidade de Casa Blanca até o túmulo da Beata. Esta romaria é feita a pé, a cavalo ou de carro. Em 2005 ela foi nomeada Filha Predileta da ilha pelo Conselho de Mallorca. Desde 2009 ela é a patrona dos catequistas.
Fontes:
Wikipedia

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Santa Aldetrudes, Abadessa - 25 de fevereiro

    
 
Santa Aldetrudes, sua irmã e sua mãe Santa Valdetrudes (ou Waldru) 


     Canon O' Hanlon traz um relato de uma abadessa belga no dia 25 de fevereiro, a quem o hagiologista do século XVII, o Padre John Colgan, dizia ser de ascendência irlandesa: Santa Aldetrudes, ou Aldetrudis, Virgem e abadessa de Malbod, ou Maubeuge, na Bélgica.
      Esta santa virgem é reivindicada como pertencente aos santos da Irlanda pelo Padre João Colgan, porque do lado do pai seu sangue ancestral era irlandês, mesmo embora ela tivesse nascido na Bélgica e vivido lá.
      Os Bolandistas, depois de uma introdução escolástica, produziram uma breve Vida Latina da santa, adicionando algumas poucas notas, a título de esclarecimento. Estes atos são feitos a partir de um manuscrito Codex da Vida de Santa Aldetrudes encontrado no Mosteiro de Rubra Vallis, perto de Bruxelas, e inserido na primeira parte da Hagiologia Brabantina, a partir das lições do Breviário para a Igreja Colegiada de Mons, fundada por Santa Waldetrude.
      O pai de Santa Aldetrudes foi Maelceadar ou Maldegarius, também chamado Vicente, tendo recebido este último nome por conta das inúmeras vitórias que obteve; por esta razão também ele foi criado Conde de Hainault, nos Países Baixos, por Dagoberto, o famoso rei dos francos. Para aumentar essas honras, este monarca deu-lhe em casamento sua parente Santa Waldetrude (Waldetrudis ou Waudru).
     Esta feliz aliança deu quatro filhos santos à Igreja: São Landrico, bispo de Meaux; São Dentelino, Patrono de Rosensis, em Cleves; Santa Aldetrudes e Santa Madelberta.
       A irmã de Santa Waldetrude, Santa Aldegunda, tinha fundado uma instituição religiosa em Maubeuge, uma cidade nas Flandres francesa, e perto da fronteira sul da Bélgica. Desde sua mais tenra infância, Santa Aldetrudes, com sua irmã Santa Madelberta, foi distinguida por suas disposições piedosas. Ambas foram colocadas sob a proteção de sua santa tia Aldegunda, para receber uma formação religiosa e secular.
      A influência e os preceitos desta santa mulher logo levaram as sobrinhas a desprezar as vaidades deste mundo e a dedicar suas almas virgens para Cristo. Nossa santa especialmente gostava de ouvir as frases do Evangelho relativas às virgens prudentes e às insensatas. Ela vivia em oração fervorosa e constante, em vigílias contínuas, em abundantes esmolas.
     Um fato interessante lhe é relacionado. Certa de que a cera utilizada nas velas do altar não devia ir para o lixo, Aldetrudes reuniu os gotejamentos e os fragmentos de círios para colocá-los novamente na panela. Quando colocado sobre o fogo, no entanto, a cera derretida incendiou-se. Pensando que havia perigo de incêndio, e não querendo perder a cera, Aldetrudes corajosamente pegou a panela e levantou-a em suas mãos, levando-a para o chão de pedra. Embora parte da cera derretida atingisse suas mãos e os braços, ela milagrosamente escapou sem qualquer queimadura ou machucado como consequência dessa corajosa aventura. Isto foi de grande edificação para todos os servos do convento que estavam presentes.
     Quando sua santa tia, Aldegunda, foi levada da terra para o céu, nossa santa foi nomeada para sucedê-la na administração dos assuntos conventuais, em Maubeuge. Ela presidiu este convento por 12 anos. Durante este período, Santa Aldetrudes governou suas freiras com muito cuidado e caridade.
     Uma de suas filhas espirituais teve uma visão do Apóstolo São Pedro com Santa Aldetrudes. Eles apareciam de pé, no canto do altar e envolvidos numa conversa. Com um sorriso benévolo o Apóstolo, exclamava: "Tenha coragem, virgem amável, pois eu tenho a ti e aos teus servos sob a minha tutela constante, e eu vou reduzir a nada os esforços do velho inimigo". Olhando de novo, a freira viu um favo de mel nos lábios de sua abadessa e uma escada pela qual ela se esforçava para subir ao céu. A narração desta visão foi de grande consolo para comunidade religiosa de Aldetrudes.
     Numa outra ocasião, águias foram vistas voando em direção ao céu e levando para lá Santa Aldetrudes e suas orações. No entanto, ela tinha dúvidas em relação à eficácia de suas orações e aos seus próprios méritos, mas ela foi reconfortada por uma visão noturna quando ela viu um grande globo de cristal brilhante voar diante dela indo para o Oriente.
     Poucos dias depois um santo sacerdote disse a ela que na noite da Epifania do Senhor ele viu um homem venerável de longos cabelos vindo como um rei oriental, com três varinhas, levando flores em sua mão. Estas ele apresentou a Aldetrudes, dizendo: "Tu regerás com uma varinha, e elas devem crescer em tuas mãos para as nuvens". A santa abadessa caiu de joelhos e orou com lágrimas a Deus.
     Uma das irmãs de religião de Santa Aldetrudes relacionada com São Dado ou Audeon, Bispo, fez um relato completo da vida de sua abadessa, sendo que uma cópia deste documento devia existir no Convento de Maubeuge, pois o Abade Sobnias, ou Sobinus, escreveu uma Vida de sua tia, Sta. Aldegunda para o Mosteiro de Nivelles.
     Santa Aldetrudes faleceu no dia 25 de fevereiro, o ano de sua morte sendo 676, embora os Bolandistas creem que ela sobreviveu a São Audeon, mas isto não é certo.
 
Fonte:
Etimologia: Aldetrudes = este nome deriva do nome Adeltraud, do alemão antigo, composto de dois elementos: “adal” (nobre) mais “brübi” (força). Ou seja, nobre e forte.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Beata Josefina Vannini, Fundadora - 23 de fevereiro

    
     Judite Adelaide Vannini nasceu na Itália, no dia 7 de julho de 1859. Órfã de pai e mãe, Judite foi educada pelas Irmãs de Caridade até a idade de 21 anos.
     A data da  sua Primeira Comunhão, que esperou com amor indescritível, foi também o germe de uma decisão por muito tempo pensada com especial carinho: dar-se a Deus e a Ele consagrar sua pobre vida, desejo que cultivou e fez  crescer imperiosamente.
     O tempo amadureceu ainda mais a decisão de que seria Deus seu único e indivisível amor. Foi aos 20 anos de idade que pediu o ingresso  no convento das Irmãs de Caridade. Em 2 de março de 1883,  ingressou no noviciado de Siena.  Mas, por razões de saúde, foi obrigada a voltar para Roma, para o antigo pensionato onde recebera o diploma de instrutora. Esta prova causou-lhe grande sofrimento. No silêncio, teve de aplicar-se aos trabalhos manuais (bordado) para ganhar seu pão.
     Posteriormente, foi novamente aceita ao noviciado e enviada à comunidade de Montenero (Leghorn), onde permaneceu até 1886, em seguida a Bracciano até 1888, quando novamente teve de retornar ao pensionato. Era mais uma prova imposta pelo Senhor, que provava a pureza deste ouro no cadinho da humilhação. Os superiores definitivamente haviam decidido que não tinha vocação e por isto decidiram que retornasse aos afazeres do mundo.
     Judite tinha então 29 anos. A boa superiora do pensionato encontrou alojamento para ela nos arredores da cidade, e percebendo a piedade e a disponibilidade de Josefina, explicou-lhe que aceitariam de boa vontade que permanecesse entre elas, mas este tipo de vida não era compatível com seu caráter de profunda espiritualidade. Além de todos estes contratempos, teve de lutar contra as intenções de seu irmão Augusto, que tentava dissuadi-la da ideia de sua eventual consagração à Deus e a aconselhava a  permanecer entre eles para formarem uma só família.
     Aos trinta e poucos anos confiou-se aos cuidados de sua tia e madrinha Ana Maria.  A esta altura todas as suas aspirações pareciam ter caído por terra, mas o Senhor a predispunha para outros horizontes sem contudo poupá-la de muitos outros sacrifícios e renúncias. Os frutos destes dois anos em que ali permaneceu, imprimiu nela ainda mais a qualidade incontestável de seu caráter, o grande abandono em Deus e a mais perfeita obediência ao seu diretor espiritual.
     Numa conversa privada que teve com o Padre Luís Tezza, Judite abriu a sua alma ao pregador.  Falou de seus projetos, dos seus malogros, das suas aspirações. Enquanto o Padre Luís a ouvia pela primeira vez, descobria nela rara sabedoria e uma grande maturidade espiritual. E viu nela um belo instrumento a ser usado em uma fundação em amadurecimento.  Havia chegado o momento em que Deus realizaria nela plenamente a Sua vontade.
     O Padre Tezza não perdeu tempo: expondo-lhe os detalhes de uma fundação movida pelo espírito de São Camilo de Lellis, propôs que nela colaborasse. Judite pediu um tempo para dar uma resposta definitiva. Após refletir sobre a proposta diante de Deus, finalmente aceitou o encargo, colocando-se à inteira disposição do Padre Luís Tezza.  Assim, na humildade e no silêncio, surge a nova fundação.
     Obtendo permissão de seus superiores eclesiásticos, no dia 2 de fevereiro de 1892 (festa da Purificação de Nossa Senhora e aniversário da conversão de São Camilo de Lellis), Judite e duas companheiras foram empossadas em um pequeno apartamento na Rua Merulana, 141.  Mantidas na solidão, no silêncio, oração e trabalho, santamente preparavam-se para receber o ingresso na Congregação Filhas de São Camilo.  Foi na festa de São José, em 19 de março de 1892, que Judite tomou o nome definitivo de Irmã Maria Josefina, tornando-se superiora da pequena comunidade.
     É fácil imaginar a suprema alegria do Padre Luís, das suas primeiras filhas e dos camilianos presentes. Uma nova congregação tinha nascido, limitada, extremamente pobre, mas com plena confiança depositada em Deus, na Santíssima Virgem, em São José, escolhido como protetor específico, sob a proteção paterna de São Camilo de Lellis.
     Em 1909 a fundadora atingiu a idade de cinquenta anos. Exatamente neste ano Nosso Senhor concedeu a ela a alegria desejada por muito tempo: a aprovação eclesiástica do Instituto. O cardeal vigário, Pedro Respighi, por decreto firmado em 21 de junho de 1909, criava os piedosos asilos, junto à Congregação de Direito Diocesano e aprovava as suas constituições.
     Madre Josefina Vannini, frágil desde a juventude, nunca teve boa saúde. Os sofrimentos da adolescência, as desilusões da juventude, o peso da fundação, a apreensão e o amor intenso e dedicado às suas religiosas, consumiram-na sobremaneira.  Seu coração estava cansado e não batia mais regularmente.
     Por ocasião de uma visita à uma comunidade, retornou extremamente esgotada e foi obrigada, pela grande fraqueza,  a pôr-se de cama. Todos estavam conscientes de que a Madre tinha chegado a uma fase em que talvez não pudesse mais continuar nas suas funções de superiora. Ela mesma havia compreendido isto e com muita resignação facilmente aceitou os afetuosos cuidados de suas filhas.
     Pouco tempo de vida restou-lhe depois disto. Ao final da jornada, um padre escreveu sobre ela: “Como ocorre em cada boa alma, nesta enfermidade terminal resplandecerá mais do que nunca as virtudes que a acompanharam durante sua vida religiosa. Piedade para com Deus, paciência nas suas dores, afeição para seus irmãos, docilidade aos confessores, mortificação para si mesma, gratidão em cada pequeno serviço, humildade nos sentimentos, espírito de fé e amor de Deus, eram coisas que a animavam eu diria quase continuamente”.
     Estando próximo o fim, repetia aos padres que a assistiam frases de amor e de fé em Deus e na Virgem. À véspera de sua morte quis ver as suas filhas, dando-lhes as últimas instruções. Morreu serenamente na noite de 23 de fevereiro de 1911, aos cinquenta e dois anos, em Roma.
     Em apenas 19 anos de trabalho, Madre Josefina Vannini conseguiu difundir o seu providencial instituto na Itália, na França, na Bélgica e na América do Sul. Hoje as Filhas de São Camilo trabalham em quatro continentes: Europa, Ásia, África, América.
     A causa de canonização foi enviada ao tribunal do Vicariato de Roma em 1955. Em 16 de outubro de 1994 João Paulo II a proclamou Beata. 
Fontes: www.santiebeati.it; e material traduzido,  sintetizado e adaptado por Página Oriente do original em francês, através do site dos camilianos na França.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Beata Maria Henriqueta Dominici, Virgem - 21 de fevereiro

    
     Catarina, era seu nome civil, nasceu em Carmagnola (Borgo Salsasio, Turim), em 10 de outubro de 1829, no seio de uma humilde família camponesa. Teve uma infância serena, circundada pelos afetos familiares, mas, em 1833, o pai abandonou a família, um pesar que marcou a sua infância e adolescência. Sua mãe, com os filhos, foi viver com um tio sacerdote em Borgo San Bernardo (também em Carmagnola), junto ao avô e uma tia. 
     Diante do infortúnio, Catarina se abre para uma vida de doação e se volta para Deus, a quem sempre se refere como o “Bom papai”, dirigindo-se a Ele com confiança filial. Catarina, de temperamento orgulhoso e independente, mas também terno e sensível, desde a juventude trava uma luta interior com a sua natureza, deixando que Deus molde o seu caráter. Transforma-se pouco a pouco em uma criatura humilde, simples, disponível, aberta e dócil à ação da graça. Aprende a dizer “sim” a Nosso Senhor dia após dia e começa a viver as virtudes de um modo heroico.
     Quando manifestou seu desejo de fazer-se religiosa, seu tio sacerdote se opôs firmemente, enquanto sua mãe, se bem que não era contrária, sentia medo de ficar sozinha. Foi preciso que cinco anos se passassem para ela poder cumprir seus desejos. Fez parte da Companhia dos Humilhados, que tinha a missão de acompanhar os mortos à sepultura.
     Em 1850, obteve a permissão de tornar-se religiosa, mas não de clausura como ela desejava: ingressou nas Irmãs de Santa Ana. Foi recebida no palácio Barolo de Turim pela fundadora, a Marquesa Júlia.
     O Instituto de Santa Ana havia sido fundado em 1834 por Carlos Tancredi Falletti, Marquês de Barolo, para acolher as crianças de rua e nascia com a missão de educá-los e instrui-los. O marquês morreu no dia 4 de setembro de 1838 em Chiari. Sua esposa, Júlia Cobert, nascida em Maulevrièr, na católica Vadeia, viveu até o dia 19 de janeiro de 1864, cumprindo a missão que assumiu com ele no serviço aos mais pobres.
     No dia 26 de julho de 1851 Catarina vestiu o hábito religioso, recebendo o nome de Ir. Maria Henriqueta. Nas comunidades nas quais o Senhor a coloca e nas várias situações nas quais se encontra vivendo, Ir. Henriqueta continuou de modo sempre mais intenso a vida de doação. A fidelidade nas pequenas ações é o segredo do seu caminho: “As pequenas ações feitas com grande amor valem muito mais que os atos heroicos feitos com objetivos humanos”.
     Ao seu diretor espiritual, um jesuíta, manifestou sua aridez espiritual e seu desejo de ir como missionária à Índia. Para preparar-se obteve a permissão de privar-se "das coisas não absolutamente necessárias".
     Em 1854 foi enviada a Castelfidardo, onde havia uma casa fundada uns anos antes, a pouca distância do Santuário de Loreto. Foi acolhida por suas Irmãs de religião "como uma espiã", mas em pouco tempo se fez amar.
     Um ano depois de sua chegada eclodiu uma epidemia de cólera na cidade, quando as Irmãs se ofereceram para cuidar dos doentes; a dedicação da Beata foi extraordinária. Foi nomeada mestra de noviças.
     O dia 17 de maio de 1857 foi memorável: com outras religiosas ela assistiu à audiência com o Beato Pio IX que visitava Loreto. Assistindo à audiência estava presente Santa Madalena Sofia Barat.
     Com 32 anos foi eleita Superiora Geral. Recebeu assim, ainda muito jovem, a herança de uma Congregação também muito jovem e deveria ser “a Madre” até o final da sua vida (1894). Escolhida por Deus para consolidar e desenvolver o Instituto, Madre Henriqueta foi fiel ao espírito dos Fundadores.
     Abriu o Instituto aos horizontes da missão ad Gentes, enviando as primeiras seis missionárias à Índia, em 1871, pois desejava fortemente que Deus e o Seu amor fossem conhecidos no mundo inteiro, porque pensava: “é impossível conhecê-Lo e não amá-Lo”. Presentes primeiramente em Secunderabad, as Irmãs se propagaram em vários estados indianos, e hoje a missão na Índia é a maior do Instituto.
     A Madre Maria Henriqueta esteve à frente da Congregação até sua morte, e a desenvolveu de forma excepcional. Fundou 32 casas, chegando a Roma e Sicília.  Foi conselheira de São João Bosco quando este criou a Regra das Filhas de Maria Auxiliadora, e lhe "emprestou" duas irmãs para a nova congregação.
     Afável e gentil, Madre Maria Henriqueta era reservada e de poucas palavras. Com a permissão de seus superiores fez o voto extraordinário de buscar no cumprimento de cada ação o modo "mais perfeito". Meditava longamente diante do Tabernáculo e obteve da Santa Sé que suas religiosas pudessem comungar diariamente. Ao ler seus escritos, a Autobiografia e o enorme epistolário, se percebe seu total abandono nas mãos da Providência.
     A Beata Maria Henrique procurou em todas as coisas a vontade de Deus e se abandonou, tornando-se com a sua própria vida um canto de louvor à Santíssima Trindade. É esta herança espiritual que deixa para suas filhas e a todos aqueles que têm a graça de encontrá-la no seu caminho.
     Ela faleceu em Turim de um câncer de mama. Seus restos se encontram na capela da Casa Mãe de Turim.
     No dia 7 de maio de 1978 o Papa Paulo VI a proclamou bem-aventurada, reconhecendo a sua riqueza e fecundidade espiritual e indicando o seu caminho de santidade como modelo a seguir. 
 
Fontes: www.santiebeati.it;

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Venerável Ana Madalena Rémuzat, Religiosa - 15 de fevereiro

    
     Irmã Ana Madalena Rémuzat nasceu em Marselha a 29 de novembro de 1696, no seio de uma família profundamente cristã e piedosa; foi batizada no mesmo dia na igreja de Accoules. Muito pequena expressou seu desejo de ser religiosa. Depois de uma oposição inicial e diante de sua insistência, em 1705, os pais concordaram em deixá-la entrar por algum tempo no segundo mosteiro da Visitação de Marselha, fundado em 1652, onde já se encontrava uma parenta.
     No ano seguinte, Madalena recebeu a Primeira Comunhão e foi cumulada de favores espirituais. Em 1708, Nosso Senhor Jesus Cristo a chamou a uma maior fidelidade e pediu, na linguagem da época, que fosse a sua "vítima", ou seja, sua mensageira, sua enviada. Assim começou um período de renúncia e mortificação. Jesus lhe aparecia frequentemente, conversava com ela; apesar disso, ela sofria provações e a noite do espírito.
     Em 1709, por ocasião de uma visita ao mosteiro, a menina pediu a seu pai para voltar para casa. Na família, a amável menina dedicava-se com cuidados especiais a seus numerosos irmãos e irmãs.
     Toda a família passava o verão no castelo da Glacière, situado perto de Auriol. Lá, como em Marselha, a oração, o trabalho e as obras de caridade ocupavam uma larga parte dos dias de Madalena. Enfeitar os altares, ensinar às crianças da aldeia, visitar os pobres doentes, eram suas práticas diárias.
     Madalena passou assim dois anos no mundo, exercendo um verdadeiro apostolado sobre todos os que se aproximavam dela. A beleza de sua alma se refletia em seu rosto marcado por uma virginal modéstia. Suas maneiras afáveis e dignas, sua conversa edificante impunham respeito e faziam sentir a presença de Deus. Uma irradiação toda divina parecia fazer-se em torno da piedosa jovem e ela tornou-se, sem saber, objeto de uma espécie de veneração; ela adquirira uma verdadeira influência em sua cidade natal que, no momento apropriado, iria lhe facilitar a realização da ordem celeste.
     Nesses dois anos conhecera e passou a ser dirigida espiritualmente pelo Pe. Claude Francis Milley, SJ.
     No dia 2 de outubro de 1711, Madalena ingressou como postulante no primeiro mosteiro da Visitação de Marselha. Neste mosteiro, fundado em 1623 e chamado das Grandes Marias, desde 1691 havia um oratório dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, substituído em 1696 por uma capela.
     Em 14 de janeiro de 1712, recebeu o hábito das noviças durante uma cerimônia presidida por Mons. de Belsunce, o qual a chama pela primeira vez de Ana Madalena. Em 14 de agosto de 1712, sua irmã Ana ingressou no mosteiro, e três meses depois vestiu o hábito com o nome de Ana Vitória († 1760). Ana Madalena pronunciou os votos perpétuos em 23 de janeiro de 1713.
     No dia 17 de outubro de 1713, Nosso Senhor confiou a Irmã Ana Madalena uma missão, conforme ela contou em carta dirigida a seu diretor, em 14 de outubro de 1721: “Sexta-feira próxima, dia da morte de nossa Venerável Irmã Alacoque, fará oito anos que Jesus Cristo me fez conhecer, de maneira especial e extraordinária, seus desígnios sobre mim, com respeito à glória de seu Coração adorável. Se esta carta vos for entregue antes da sexta-feira, vós me fareis o favor de não esquecer, no altar, de dar graças a Deus”.
     Ao confiar a Irmã Ana Madalena sua missão no dia do aniversário da morte de Santa Margarida Maria, Nosso Senhor dava a entender que aquela devia, ao realizar sua missão particular, continuar e completar a missão desta.
     Assim começou para ela um tempo de provação e sofrimento, mas também de consolo na oração. Apóstola e vítima, ela era assim mediadora que intercedia pela salvação dos pecadores. Muitos vêm consultá-la no parlatório do mosteiro. Deus queria que ela exercesse junto às almas uma espécie de ministério excepcional, único mesmo na história da Visitação. Para isso, Ele tinha dotado sua serva com os dons da profecia, de uma visão sobrenatural das consciências e do conhecimento dos acontecimentos que se passavam ao longe. Inumeráveis fatos o provaram e viu-se, então, em Marselha, um espetáculo inaudito: uma jovem religiosa, de dezenove a vinte anos servir de árbitro nas questões mais obscuras e decidir com tal autoridade que toda objeção desaparecia diante de sua palavra: “A Irmã Rémuzat disse”.
     Em 1716, durante um êxtase, ela obteve permissão para ver a Santíssima Trindade. Seguem numerosas visões e colóquios com Jesus. Um ano depois, com a aprovação e o apoio de Mons. Belsunce, ela redigiu os estatutos da Associação da Adoração Perpétua do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Em 30 de março de 1718, com a aprovação do Bispo de Marselha, são impressos os regulamentos e os exercícios piedosos, e a Associação vem à luz no mês de abril. As inscrições logo chegaram aos milhares e vários mosteiros da Visitação criaram a Associação em suas igrejas. Foi neste mesmo ano em que as doutrinas jansenistas se espalhavam em Marselha com virulência, que durante as Quarenta Horas Nosso Senhor Jesus Cristo milagrosamente apareceu no Santíssimo Sacramento exposto na igreja dos Frades Observantes Franciscanos em frente à multidão reunida para a oração.
     Ana Madalena Rémuzat foi advertida deste evento por via sobrenatural, bem como de um castigo que viria se a cidade não prestasse atenção à misericórdia do Senhor. Ela mencionou esta mensagem ao seu diretor espiritual, Pe. Milley, que a transmitiu ao Mons. Belsunce.
     Em maio 1719 a nova superiora do mosteiro, Madre Francisca-Benigna de Orlyé dos Santos Inocentes († 1738) nomeou Irmã Ana Madalena superintendente da comunidade. Seus sofrimentos aumentaram e não vão deixá-la mais até sua morte. Passava noites inteiras em oração diante do Tabernáculo.
     Em julho 1720 a peste atingiu Marselha. Em outubro, enquanto ela estava em adoração, Jesus mostrou-lhe que graças a este flagelo seria estabelecida uma festa em honra do Sagrado Coração, e, alguns dias depois, Ele indicou as condições necessárias. A mensagem foi enviada imediatamente ao Mons. Belsunce, que no dia 22 do mesmo mês publicou a ordem em que formalmente se instituía, na diocese de Marselha, a festa do Sagrado Coração, e em 1º de novembro seguinte - é a primeira no mundo – consagrou solenemente a cidade e a diocese ao Sagrado Coração Jesus.
     A peste, que parecia enfim superada, reapareceu em 1722 e foi somente após os vereadores terem feito voto de participar desta festa a cada ano que o flagelo desapareceu. Não tendo se poupado nos cuidado aos doentes da epidemia, Pe. Milley morreu da mesma doença. Seguindo o conselho de Mons. Belsunce, Ir. Ana Madalena foi colocada em contato epistolar com o Pe. Girard, que mais tarde se tornou seu diretor espiritual.
     Em 1723, durante os retiros anuais, ela tem uma nova visão da Santíssima Trindade. Em 1724 ela recebeu os estigmas da Paixão, mas pediu a Jesus que estes sinais permanecessem invisíveis.
     Em maio de 1725, a Madre Nogaret († 1731), uma antiga superiora do mosteiro, assumiu o comando e substituiu a Madre dos Santos Inocentes. Em maio 1728, Madre Nogaret nomeou-a tesoureira do mosteiro, cargo no qual seria incansável.
     Em janeiro 1730, Irmã Ana Madalena caiu gravemente doente e morreu no dia 15 de fevereiro seguinte – pedira que lhe recitassem a Ladainha do Sagrado Coração que ela mesma tinha composto. Mons. Belsunce presidiu o funeral e o sepultamento, enquanto a multidão, chorando, repetia incessantemente: "Morreu a santa!". Desde então, muitos milagres lhe foram atribuídos. Ela é considerada a herdeira de Santa Margarida Maria Alacoque e por isso é chamada de apóstola, a propagandista do Sagrado Coração.
     A Igreja a declarou Venerável e a causa de sua beatificação, introduzida em 24 de dezembro de 1891 e, em seguida retomada em 1921, ainda está sem resultado. Então, na Quinta-feira Santa, 9 de abril de 2009, Mons. Georges Pontier, Arcebispo de Marselha, nomeou postulador da causa o Mons. Jean-Pierre Ellul, reitor da Basílica do Sagrado Coração, onde está o coração de Irmã Ana Madalena desde que as Visitandinas de São Jerônimo deixaram Marselha para se juntar ao mosteiro de Voiron.
     No dia 15 de fevereiro de 2014, o processo de beatificação e canonização foi apresentado na Basílica do Sagrado Coração.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Beata Cristina de Spoleto, Leiga Penitente - 13 de fevereiro

    
     O início da vida desta figura singular de mulher pode muito bem se colocar quando, por volta de 1430, ela decide mudar de vida, abandonar a família e os locais nos quais havia vivido, e vestir o hábito secular das Agostinianas.
     Daquele momento em diante sua existência foi uma permanente peregrinação em busca de um local para viver no esquecimento. Permaneceu próximo de alguns mosteiros agostinianos não ingressando jamais em nenhum deles. A vida de oração, de mortificação, mas sobretudo as obras de misericórdia junto aos necessitados, a obrigavam a se afastar todas as vezes que percebia ser objeto de atenção.
     Em 1457, visitou os locais santos de Assis e de Roma, para depois se dirigir à Terra Santa em companhia de outra terciária. No retorno, chegou a Spoleto onde permaneceu por um breve período, dedicando-se ao cuidado dos doentes no hospital da cidade. Nesta cidade, embora ainda muito jovem, faleceu no dia 13 de fevereiro de 1458, com fama de santidade.
     O seu corpo foi sepultado sob as expensas da comuna de Spoleto na igreja agostiniana de São Nicolau. Numerosas graças e milagres atribuídos à sua intercessão contribuíram para difundir e a aumentar o seu culto, iniciado imediatamente após sua morte, o que levou Gregório XVI a ratificá-lo proclamando-a Beata em 1834.
     Os hagiógrafos são concordes quanto aos dados relativos à sua vida após a decisão de vestir o hábito de terceira agostiniana. Não, entretanto, quanto ao tempo anterior à sua heroica decisão de fugir do mundo permanecendo no mundo, motivo pelo qual é conhecida sob várias denominações.
     Alguns consideram que ela pertencia à família dos Visconti de Milão, ou àquela dos Calvisanos, na Brescia. Sua fuga teria sido motivada pelo desejo de livrar-se de quantos desejavam casar-se com ela contra os seus próprios desejos e ideais.
     Segundos outros, seu nome era Agostinha, nascida em Osteno, nas proximidades do lago de Lugano, por volta de 1432, filha do médico João Camozzi e casada bem jovem com um artesão do local. Tendo enviuvado muito jovem, num relacionamento com um cavalheiro milanês teve um filho que morreu pequenino. Casando-se de novo, perdeu o marido morto por um soldado.
     A Beata Cristina é um exemplo de penitência e de humildade para o laicato católico.
 
Martirológio Romano: Em Spoleto na Úmbria, Beata Cristina (Agostinha) Camozzi, que, depois da morte do marido, tendo vivido durante algum tempo sob a concupiscência da carne, deixou-a para abraçar uma vida de penitência na Ordem Secular de Santo Agostinho, dedicando-se à oração e ao serviço dos doentes e dos pobres.
 
Fonte: www.santiebeati.it

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Nossa Senhora de Lourdes - 11 de fevereiro


Silêncio sobre os milagres operados em Lourdes
                                                                                                       Plinio Corrêa de Oliveira
     No dia 11 de fevereiro celebra-se a aparição de Nossa Senhora em Lourdes [1858]. Sobre ela já temos feito vários comentários. Mas há um ponto a respeito do qual toda insistência é pouca. Nossa Senhora indicou a Santa Bernadette Soubirous [foto abaixo] um lugar no chão e ordenou a ela que o escavasse, pois encontraria uma fonte de cujas águas resultariam muitos milagres.
     Esse fato foi visto por um grande número de pessoas que assistiam a aparição em torno da gruta de Lourdes. Santa Bernadette obedeceu e surgiu uma minazinha de água, que se transformou na famosa fonte de Lourdes, na qual as pessoas se têm banhado e alcançado milagres.
     Esses milagres são verificados por uma junta médica. Qualquer um dos médicos tem o direto de examinar os doentes antes de entrarem na piscina de Lourdes. São exigidas radiografias, exames médicos etc., que atestam que o doente sofre dessa ou daquela doença. Comprovada a natureza da enfermidade, o doente entra na piscina. E com certa frequência, sai imediatamente curado, o que constitui um indiscutível milagre tratando-se de doenças incuráveis.
     Entretanto, notem a maldade do mundo contemporâneo: esses milagres se realizaram em quantidade, mas quase não se fala disso. Maldade enorme por parte dos que não creem, apesar desses milagres. Maldade muito grande também por parte dos que creem, mas não fazem propaganda desses milagres, até os abafam. Nossa Senhora faz maravilhas contínuas e os homens não sabem agradecer. É uma das razões por onde se considera que os castigos anunciados em Fátima [1917] são de todo em todo explicáveis. É o desfecho natural da História contemporânea. É a ingratidão obstinada em relação aos milagres operados em Lourdes.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 11 de fevereiro de 1970. Sem revisão do autor.
Fonte: www.ipco.org.br