Sta. Godeberta recebe o anel de Sto. Eligius |
Quando
a questão de seu casamento estava sendo discutida na presença do rei, o santo
bispo de Noyon, Eligius (Elói), como que por inspiração, presenteou-a com um anel
de ouro e expressou a esperança de que ela poderia dedicar a sua
vida ao serviço de Deus.
Godeberta, movida pelo Espírito Santo e
sentindo o coração de repente cheio de amor divino, afastou-se das brilhantes
perspectivas que poderia advir para ela de suas qualidades e de seu
nascimento, e recusou as ofertas vantajosas feitas por seus nobres
pretendentes. Ela declarou desejar ser esposa de Cristo e pediu ao santo
prelado que lhe concedesse o véu de consagração, o que ocorreu em 657.
Em
pouco tempo toda a oposição à sua vontade desapareceu e ela entrou em sua nova
vida sob a orientação de Santo Eligius. Clotário II, rei dos Francos, ficou
impressionado com sua conduta e seu zelo e presenteou-a com um pequeno palácio
que ele tinha em Noyon, juntamente com uma pequena capela dedicada a São Jorge.
O
exemplo de Godeberta inspirou um grande número de jovens donzelas a seguir o
mesmo caminho; ela fundou em sua nova casa um convento, sob a Regra de Santo Eligius,
do qual ela se tornou a superiora. Ali
ela passou o resto de sua vida em oração e solidão, salvo quando a caridade ou
a religião obrigavam-na a sair e visitar pessoas, muitas das quais ainda
estavam afundadas nos vícios do paganismo.
Ela
foi notável em particular pelas penitências e jejuns constantes a que ela se
submetia. Ela possuía uma fé maravilhosa na eficácia dessa antiga prática dos
primeiros cristãos: o Sinal da Cruz. Está registrado que em 676, durante o
episcopado de São Momelino, quando a cidade estava ameaçada de destruição total
pelo fogo ela fez o Sinal da Cruz sobre as chamas e o incêndio foi
imediatamente extinto.
Durante uma epidemia de peste ela suplicou
ao clérigo que ordenasse um jejum de três dias. No início reticente ao seu pedido,
ele acabou por ceder... e os habitantes se salvaram: a peste debandou.
Com o Sinal da Cruz ela dava visão aos
cegos e curava os doentes.
O
ano exato de sua morte é desconhecido, mas tradicionalmente é considerado que
ocorreu em 11 de junho, dia em que a sua festa é marcada no Proprium de
Beauvais. Em Noyon, no entanto, em virtude de um indulto de 2 de abril de 1857,
ela é celebrada no quinto domingo depois da Páscoa. O corpo da santa foi
enterrado na Igreja de São Jorge, que mais tarde recebeu o seu nome.
Seu convento se tornou mais tarde a sede
de uma paróquia de Noyon.
Em
1168, Dom Baudoin presidiu o solene traslado do corpo de Godeberta da igreja em
ruínas, onde ele tinha descansado por mais de 450 anos, para a Catedral de
Noyon. Providencialmente suas relíquias escaparam à devastação do tempo e do
fogo, e da malícia dos irreligiosos.
No
período da nefasta Revolução Francesa um cidadão piedoso enterrou secretamente
suas relíquias perto da catedral. Quando a tempestade havia passado, elas foram
recuperadas de seu esconderijo e sua autenticidade foi reconhecida
canonicamente, e foram reintroduzidos na igreja.
Um sino que a tradição afirma ter sido o
efetivamente utilizado por Santa Godeberta em seu convento ainda é preservado. É
certamente muito antigo e não parece haver nenhuma boa razão, em particular do
ponto de vista arqueológico, para duvidar da confiabilidade da legenda. No
tesouro da catedral também pode ser visto um anel de ouro que se diz ter sido
apresentada por Santo Eligius a ela. Menção desta relíquia é feita em um
registro do ano 1167, estando atualmente na Igreja de Noyon.
Infelizmente
os documentos mais antigos que temos dando detalhes da vida de Godeberta datam
do século XI, como a “Vita” mais antiga, que na verdade é mais um panegírico
para sua festa do que uma biografia. Acredita-se ter sido composta por Radbodus,
que se tornou bispo de Noyon em 1067.
Naquele
tempo o objetivo desses escritores era a edificação em vez da instrução dos
fiéis, de modo que encontramos nesta vida as maravilhas habituais relatadas em
tais obras pias desse período, mas com poucos fatos históricos.
É
certo, porém, que Santa Godeberta foi venerada como protetora no tempo de
pragas e de catástrofes, e temos todas as razões para considerar que essa
prática era justificada pelos resultados que se seguiram à sua invocação solene.
Em
1866, um surto violento de febre tifoide ocorreu em Noyon, dizimando a cidade.
Em 23 de maio desse ano, um dos principais cidadãos, cujo filho acabara de ser
contagiado, aproximou-se do pároco da igreja e recordando os favores que haviam
sido concedidos em eras passadas aos devotos da santa, pediu encarecidamente
que o relicário contendo suas relíquias fosse exposto e uma novena de
intercessão se iniciasse.
Isto foi feito no dia seguinte, e logo o
flagelo cessou; foi oficialmente certificado que não ocorreu mais nenhum caso
de febre tifoide. Em ação de graças uma procissão solene teve lugar algumas
semanas mais tarde sob a orientação do bispo, Dom Gignoux, sendo as relíquias
de Santa Godeberta levadas triunfalmente pela cidade.
Uma
bela imagem da santa, na Catedral de Noyon, que foi abençoada pelo bispo em 25
de fevereiro de 1867, perpetuou a memória deste evento maravilhoso.
Fonte: A.
A. MacErlean (Catholic Encyclopedia)
Excelentes temas abordados, em especial este,que no momento resgata a oração e interseçâo dos santos do passado que gastaram as suas vidas, em prol dos irmãos em Cristo.
ResponderExcluir