Martirológio
Romano: Em Amélia, na Úmbria, Beata Lúcia Bufalari, virgem, irmã do Beato João
de Rieti, das Oblatas da Ordem de Santo Agostinho, insigne por seu espírito de
penitência e zelo pelas almas.
Uma tradição secular, embora não baseada em
documentos, diz que a Beata nasceu em Porchiano del Monte, uma aldeia a
poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria, Itália, onde, em meados do século
XIII, fora construído o convento dos Agostinianos, cuja espiritualidade
certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu irmão, João. Este ingressou no
convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu muito jovem, e é conhecido com
o nome de Beato João de Rieti (festa em 1º de agosto).
As
mais antigas fontes históricas à disposição para traçar um esboço biográfico da
vida da Beata Lúcia são “Os Séculos Agostinianos” de Luís Torelli, usado mais
tarde por Ludovico Jacobilli, mas ambos parecem se alimentar mais de
estereótipos do que de eventos históricos.
Torelli fala do pedido feito pela jovem Lúcia
à seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na clausura que em Amélia tinha nossas
religiosas", mas nenhuma documentação relativa a algum convento
feminino que seguisse a regra agostiniana no século XIV em Amélia chegou até nós.
A
conclusão lógica é que Torelli para aprofundar a sua história
da Ordem, procura tornar menos escassa as poucas informações que se tem sobre a Beata,
que já há séculos gozava de um culto popular generalizado, isto
também só certificado por documentos do século XVII e numerosos ex-votos conservados na Igreja
de Santo Agostinho.
É o que diz também o Pe. João Lupidi em um
livro de memórias históricas que apareceu na transladação do corpo para a Igreja
de Santa Monica.
Torelli
descreve mortificações e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em
muitas vidas de santos. O cronista agostiniano continua a falar da
afabilidade da Beata, de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua
prioresa, apesar de ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum
documento contemporâneo atestando a presença de uma comunidade estruturada de
religiosas Agostinianas. Mas podemos presumir que algum grupo de
"terciárias" realmente viveu à sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de Santa Monica, sempre foi indicada
pela piedade popular a cela onde a Beata Lúcia teria vivido e morrido, e dentro
da qual foi colocado um quadro de Jacinto Gimignani que a retrata.
Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de
1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único
e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do
túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças
"enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata
Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.
Os
registros históricos sobre a Beata aparecem somente em 1614, quando os Anciãos
da Cidade de Amélia certificaram com um ato público que o corpo incorrupto da
Beata "foi mantido na sacristia da
igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os
habitantes da cidade como de uma santa".
Nos anos seguintes seu corpo foi exumado
da sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um
altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma
cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da
igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então,
devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi
recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.
O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo
Papa Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de
julho. Ela é invocada contra a possessão diabólica.
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