Andrônico
e Anastásia viveram no Egito no fim do século IV, no tempo do imperador
Teodósio, como testemunham as comemorações relatadas nos menológios e
sinassários gregos nas datas de 2 de março, 6 e 12 de maio e 9 de outubro.
Andrônico
era um alexandrino que se estabeleceu na Antioquia como ferreiro. Vivia muito
feliz com sua esposa Atanásia e seus dois filhinhos, João e Maria, e seu negócio
prosperava. Porém, quando completaram 12 anos de casados, subitamente seus dois
filhos morreram no mesmo dia. Desde então, Atanásia passava a maior parte do
tempo chorando junto ao túmulo e rezando na igreja vizinha.
Um dia, ela viu de repente junto a si um
forasteiro que lhe assegurou que seus filhos gozavam da felicidade celeste e
desapareceu. Atanásia reconheceu nele São Julião mártir, patrono da igreja em
que ela costumava rezar. Cheia de alegria, dirigiu-se imediatamente à oficina
de seu esposo e lhe disse que já era tempo de abandonarem o mundo, ao que
Andrônico aquiesceu.
Ao partirem de sua casa, cuja porta deixaram
aberta, Atanásia invocou para si e para seu marido a bênção que Deus havia
concedido a Abraão e Sara, dizendo: "Já que por amor a Ti deixamos aberta
a porta de nossa casa, abri-nos Tu as portas de teu Reino". Os dois foram
juntos para o Egito, sua terra natal e se dirigiram para o deserto de Esqueta em
busca de São Daniel o Taumaturgo. O santo enviou São Andrônico para o Mosteiro
de Tabena e aconselhou Santa Atanásia a disfarça-se de homem e a ir viver como
anacoreta na solidão.
Após 12 anos, São Andrônico se encontrou com um monge imberbe, que lhe disse
que se chamava Atanásio e que ia para Jerusalém. Ambos fizeram a viagem, juntos
visitaram os lugares santos e juntos voltaram ao deserto. Eram então muito
amigos e não querendo impor-se o sacrifício da separação, se dirigiram ao
Mosteiro “Dezoito” (assim chamado porque ficava a uma distância de 18 léguas de
Alexandria), onde o superior lhes designou duas celas contiguas.
Pouco antes de morrer, Atanásio se pôs a
chorar; um monge perguntou a causa de seu pranto e ele respondeu: "Quando eu
estiver morto, entrega ao Padre Andrônico a carta que encontrareis sob meu
travesseiro". Quando Andrônico leu a carta, ficou sabendo que o morto era
sua própria esposa e que ela o havia reconhecido desde o momento em que se
encontraram.
Vestidos de branco e levando em suas mãos
ramos de palma os monges sepultaram Santa Atanásia. Um monge ficou com São Andrônico
até o sétimo dia depois da morte de sua esposa e então lhe rogou que partisse
com ele. Como o santo se negasse a partir, o monge foi sozinho. Porém, um mensageiro
alcançou-o e disse-lhe que o Padre Andrônico agonizava. O monge reuniu todos os
seus irmãos, e juntos chegaram à cela de São Andrônico, que morreu suavemente, assistido
por eles e foi sepultado junto a sua esposa.
O Cardeal Barônio introduziu seus nomes no
Martirológio Romano e acrescentou que haviam morrido em Jerusalém.
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