Antônia Maria
Verna nasceu no dia 12 de junho de 1773 em Pasquaro, pequena localidade da
fértil e delicada planície do Piemonte italiano, terra regada pelo rio Orco, a
poucos quilômetros de Rivarolo (Turim). Seus pais eram Guilherme Verna e Domingas
Maria Vacheri, pobres camponeses; ela era sua segunda filha e a batizaram no mesmo
dia de seu nascimento.
Um único cômodo servia de lar para todos os
membros da família, fortemente unida e ancorada na fé e seus princípios. Mamãe
Domingas foi sua primeira catequista. Pequenina frequentava a igreja paroquial,
seguindo com atenção as homilias e participava das aulas de catecismo; assim
que voltava para casa, ensinava o aprendido às crianças que se reuniam em torno
dela. Aprendeu a amar o Menino Jesus, a Virgem Imaculada (a quem se consagraria
e que teria grande influência na fundação de seu instituto) e a São José, a quem
elegeu como seu especial patrono. Três devoções que a acompanharão durante toda
sua vida.
Aos 15 anos estava desejosa de compreender
o que Deus queria para ela. Os pais querem encontrar-lhe um bom marido, mas Antônia
Maria tem uma ideia completamente diferente. Esta divergência de opções causou
muito sofrimento a ela. Naqueles tempos de "combate espiritual"
encontrou a força e a coragem na oração, e depois de longo estudo com seu
confessor, tomou a decisão de se consagrar a Deus com o voto de virgindade
perpétua. Não sabemos exatamente onde e quando ela fez o voto, talvez na igreja
de sua terra natal, ou em uma capela dedicada a Nossa Senhora da Providência.
Devido a insistência reiterada para o
casamento (de fato não faltavam os pretendentes), Antônia Maria se vê obrigada
a deixar Pasquaro por um certo período de tempo.
Entrementes, as comoções causadas pela
ideologia da Revolução Francesa de 1789 debilitavam também na Itália o sentimento
religioso, reduzindo o senso ético da sociedade. A lava revolucionária ia
invadindo e cobrindo de naturalismo e de racionalismo todos os campos, para
proclamar com violência os “direitos humanos”, direitos que nada têm que ver
com a dimensão sobrenatural, dimensão que era expulsa com agressão e ódio.
O protestantismo, o iluminismo, a filosofia
laicista, a maçonaria penetraram no tecido da civilização europeia. Antônia
Maria, inteligente e com visão do futuro, dá conta de que chegara o momento de
enfrentar o mal, apesar de ter somente 17-18 anos de idade.
Seu primeiro biógrafo, Francisco Vallosio,
escreveu: “Ela intuiu a causa do mal de
seu tempo: ‘a falta de instrução e de uma educação cristã básica’. E assim
surgiu nela o pensamento generoso de opor-se àquele rio, para deter o vício
desenfreado, dissipar as trevas da ignorância, formar os jovens na virtude e levá-los
a Deus”.
Depois do voto de virgindade, emitido aos
15 anos, decidiu retornar humildemente aos bancos escolares, percorrendo a pé 8
quilômetros diariamente para por em prática o que tinha em mente e que sentia
que fora ditado por Nosso Senhor. A oração e a penitência são as armas de sua
impetuosa chamada: assim começou o apostolado em Pasquaro, com simplicidade, porém
com grande eficácia, cuidando maternalmente das crianças e dos jovens.
Vallosio escreve: “Com amor de mãe reprova, reza e evitava que aqueles rechaçassem as práticas
cristãs: toda zelo e paciência para instruir os ignorantes, reconfortar os débeis,
consolar os aflitos, e com doçura inefável compartilha o pão do intelecto com as
crianças, instruindo-as nos princípios básicos da religião”.
Ela sente que os confins de Pasquaro são
demasiado estreitos para sua missão e se muda, entre 1796 e 1800, para Rivarolo
Canavese. Eram tempos duros e difíceis: primeiro os ventos da Revolução
Francesa chegaram ao Piemonte, depois chegaram as campanhas militares de
Napoleão; as pessoas estão cada vez mais pobres, a delinquência se expande.
A nova casa de Antônia Maria era constituída
de um único quarto que serve de “templo, sala de aula e claustro”. Neste local
inicia aulas que incluem o ensino do catecismo e a alfabetização. Sua caridade
também se estende a assistência aos doentes em suas casas. Mas, está sozinha,
as tarefas são muitas e não dá conta de todas, por isto, entre 1800 e 1802, reúne
várias companheiras (não se tem os dados precisos), e a primeira comunidade foi
constituída. Assim surgiu as Irmãs da Caridade da Imaculada Conceição.
Para conseguir a ereção canônica da Congregação,
Madre Verna teve que enfrentar muitos obstáculos. Em 7 de março de 1828 obteve
a Patente Real de aprovação do Instituto; nesse mesmo ano, em 10 de junho, e
com o apoio do Bispo de Ivrea, as fundadoras da Congregação puderam tomar o
hábito e realizar sua profissão religiosa. Em 27 de novembro de 1835 recebeu a
aprovação eclesiástica definitiva.
Madre Verna faleceu no dia de Natal de
1838, deixando a suas filhas uma atividade fecunda, capaz de oferecer
gratuitamente (“grátis”, como a fundadora costumava dizer), sem reservas, e por
amor de Deus, “o aceso completo ao
trabalho da salvação, à exemplo de Maria Imaculada”, como é indicado na
Regra da Congregação.
Data de sua beatificação: 2 de outubro de
2011, durante o pontificado de S.S. Bento XVI.
Fonte: www.santiebeati.it
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