Sta. Cesira e São Cesário |
O primeiro mosteiro de religiosas,
entretanto, construído nas proximidades de Arles ainda não estava concluído
quando foi destruído na guerra entre francos e borgonheses (508). Cesário não
esmoreceu e após as lutas terminarem, mandou construir um segundo edifício no
mesmo local do primeiro. Dedicado a São João, o mosteiro compreendia uma
igreja, um claustro e celas para as monjas, e foi inaugurado em 26 de agosto de
512 e a sua direção foi confiada a Cesira, chamada de Marselha. A jovem se
instalou ali inicialmente com duas ou três monjas.
Logo grande quantidade de virgens atraídas
por seu exemplo se juntam a ela, abandonando voluntariamente seus bens e seus pais,
dizendo corajosamente adeus aos prazeres do mundo. Elas se colocaram sob a
direção de São Cesário e de Santa Cesira, seu pai e sua mãe segundo a graça.
Oração, penitência e trabalho; celebrar a
glória de Deus por meio dos Salmos, dos hinos e dos cânticos; fazer leituras
piedosas, eis suas atividades diárias feitas na alegria. Elas aprendiam também
a escrever e copiavam os livros sagrados.
São Cesário escreveu uma regra excelente
para esta comunidade, cujos pontos principais são a renúncia a toda propriedade
pessoal, a clausura perpétua, a imunidade episcopal, a obediência à superiora,
chamada de mãe.
Cesira conseguiu muitas discípulas e
governou a comunidade por 10 anos. Santa Cesira faleceu, de fato, pouco tempo
depois da dedicação da Basílica de Santa Maria (524), ou seja, em 12 de janeiro
de 525, e foi sepultada perto do túmulo que seu irmão se tinha reservado.
Sua santidade foi reconhecida por toda
parte e de seu mosteiro saíram numerosas famílias de virgens que obedeciam a
Regra de Santa Cesira. Honrada como santa já no tempo de Venâncio Fortunato,
que associa seu nome ao de Inês, Cesira é recordada no Martirológio Romano no
dia 12 de janeiro.
Etimologia: Cesira, do grego Koisyra:
“pomposa”. Cesária (o), do latim Caesarius: “cabelos compridos”.
Martirológio Romano: Em Arles, na
Provença, França, Santa Cesira, abadessa, irmã do santo bispo Cesário, que
escreveu uma regra das santas virgens para ela mesma e suas coirmãs.
* * *
Mosteiro de São João de Arles depois chamado de Abadia de Saint-Césaire
Em 567, uma esposa do rei da Borgonha,
Gontran, provavelmente Marcatrude ou Teutéchilde, segundo São Gregório de
Tours, ingressou no Mosteiro de São João. O brilho do mosteiro e de suas
primeiras abadessas permitiu que a Regra de São Cesário se difundisse
largamente no reino dos Francos, a começar pelo mosteiro criado em Poitiers por
Santa Radegunda, a antiga esposa do rei Clotário, que fez uma estada em Arles e
a este mosteiro por volta de 570.
A Vida
de Rustícula, texto consagrado à quarta abadessa deste mosteiro, assinala a
existência de muitas igrejas no interior do convento: uma igreja dedicada à
Santa Cruz, depois ao Arcanjo São Miguel e outra maior edificada para receber
em melhores condições as relíquias da Santa Cruz. A presença destas relíquias
em Arles está provavelmente relacionada a passagem da Rainha Radegunda nos anos
570. Este documento descreve uma basílica São Pedro que existia ainda no século
X. Em 12 de agosto de 632, o arcebispo de Arles, Teodósio, participa dos
funerais desta abadessa considerada como santa.
O mosteiro parece ter cessado de existir
do VII ao IX séculos. Por volta do fim dos anos 860, o arcebispo de Arles,
Rotland, consegue a autoridade sobre o mosteiro junto ao imperador Luís II.
O historiador Jean-Pierre Poly, por sua
vez, precisa e faz remontar esta propriedade ao ano 869. Em 883, o arcebispo
Rostand, sucessor de Rotland, restaura o túmulo de Santa Cesira violado pouco
tempo antes durante o ataque dos sarracenos à cidade.
Em 887, este mesmo Rostand, em seu
testamento, faz uma nova doação à abadia. Saint-Césaire possuía naquela época
três grupos de domínio A abadia teve em seguida um período de sujeição ao
arcebispo e de independência.
Ruínas do Mosteiro de São João de Arles |
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