domingo, 29 de maio de 2016

Visitação da Virgem Maria - 31 de maio

    

     Festa do Magnificat, a Visitação estende e expande a alegria da salvação. Maria Santíssima, a Arca da Nova Aliança, é recebida por Santa Isabel como a Mãe do Senhor. A Visitação é o encontro entre a jovem mãe, Maria, a serva do Senhor, e a idosa Isabel, símbolo de Israel expectante. A solicitude amorosa de Maria, com a sua viagem apressada, expressa juntamente com o ato de caridade o anúncio de que os tempos chegaram. João, que exulta no seio materno, já começou a sua missão de Precursor. O calendário litúrgico leva em conta a narrativa do Evangelho que coloca a Visitação no terceiro mês da Anunciação e do nascimento de São João Batista.
     Após o anúncio do Anjo, Maria sai às pressas, diz São Lucas, para visitar sua prima Isabel e prestar-lhe serviço. A cidadezinha onde residia a futura mãe de São João Batista, situada na pequena aldeia de Ain-Karin, requeria uma viagem de cerca de cem quilômetros através de região montanhosa, e não estava isenta de fadigas e perigos. Provavelmente Maria juntara-se a uma caravana de peregrinos que viajavam a Jerusalém, por meio de Samaria, e atingia Ain- Karim, na Judéia, onde vivia a família de Zacarias.
     A Virgem Santíssima caminhava alegremente, não apenas pelo desejo de auxiliar a parente, mas também porque sabia que levava consigo o Filho de Deus, o Salvador do Mundo. Trazendo Jesus em seu seio, ela ia levar a graça à família do sumo sacerdote Zacarias, realizando assim, desde então, por vontade de Deus, a sua missão de Medianeira de todas as graças.
     A presença do Verbo que se fez carne em Maria é causa de graça para Isabel que, inspirada, pressente os grandes mistérios operados na jovem prima: a sua dignidade da Mãe de Deus, a sua fé na palavra de Deus e a santificação do precursor, que se alegra no seio da mãe. No primeiro instante em que Maria Santíssima saudou a prima, Santa Isabel, cheia do Espírito Santo, respondeu-lhe: “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”, e, ao sentir o filho exultando em seu seio, continuou: “De onde me vem a honra de receber a visita da Mãe do Meu Senhor?
     É fácil imaginar que sentimentos permeiam a alma de Maria Santíssima na meditação do mistério que lhe fora anunciado pelo Anjo. São sentimentos de gratidão humilde para a grandeza e a bondade de Deus, e Maria não sabendo mais conter a alegria de que estava possuída desde a Anunciação, respondeu-lhe com as belíssimas palavras do “Magnificat”: “Minha alma glorifica o Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador”, profetizando em seguida que todas as gerações a chamariam de Bem-aventurada. Era a expressão “do amor jubiloso que canta e louva o Amado" (São Bernardino de Siena).
     A Virgem Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, provavelmente à espera de mais oito dias para o rito da imposição do nome.
     Ainda nos dias de hoje conservam-se as ruínas da habitação de Zacarias na aldeia de Ain-Karin, e pode-se beber da água pura e cristalina da sua fonte, onde, segundo a tradição, a Virgem Santíssima saciou várias vezes a sua sede. Naquelas paragens existe também a cova em que São João Batista, ainda criança, foi escondido para escapar aos furores de Herodes, que ordenava a matança dos inocentes.
     Ao aceitar este cálculo do tempo gasto junto a sua prima Isabel, a Festa da Visitação, de origem franciscana (os Frades Menores já a celebravam em 1263), era celebrada em 2 de julho, ou seja, no final da visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar sua memória depois do dia 25 de março, de Festa da Anunciação, mas se queria evitar que caísse durante o período da Quaresma.
     A festa foi mais tarde estendida a toda a Igreja latina pelo Papa Urbano VI para propiciar a intercessão de Maria para alcançar a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo Grande Cisma do Ocidente. O sínodo de Basileia, na sessão de 10 de julho de 1441, confirmou a Festividade da Visitação, inicialmente não aceita pelos Estados que apoiavam o antipapa.
     Desde 1412, Nossa Senhora da Visitação é festejada especialmente pelos italianos da Sicília como a Padroeira da cidade da Enna.
     Os portugueses sempre a celebraram com muita pompa, porque o rei D. Manuel I, o Venturoso, que governou entre 1495 e 1521, escolheu Nossa Senhora da Visitação como a Padroeira da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, e de todas as outras do reino.
     Foi assim que este culto chegou ao Brasil Colônia, primeiro na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, depois se disseminou por todo território brasileiro. Esta festa, celebrada na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro durante mais de três séculos, era assistida pelos governadores, pelos vice-reis e, após a vinda da família real para o Brasil, por D. João VI e toda corte. Depois da independência esta tradição religiosa foi conservada e os dois imperadores sempre tomaram parte na famosa procissão de Santa Isabel. Após a procissão os fieis iam levar conforto aos enfermos e suas doações às instituições.
     O calendário litúrgico atual, não levando em conta a cronologia sugerida no episódio evangélico, abandonou a tradicional data de 2 de julho (anteriormente a Visitação também era comemorada em outras datas) para fixar sua memória no último dia de maio, como a coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.
     “Na Encarnação - comentava São Francisco de Sales - Maria se humilha confessando ser a escrava do Senhor... Mas para Maria não bastou se humilhar diante de Deus, porque ela sabia que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus para o próximo. Não é possível amar a Deus a quem não vemos, se não amamos os homens que vemos. Isto se cumpre na Visitação”.

Recitação do Magnificat
     São Luis Maria Grignion de Montfort, em seu Tratado da verdadeira devoção a Santíssima Virgem, diz que o Magnificat “é a única oração e a única obra composta por Maria, ou melhor, que Jesus fez por meio dEla, pois Ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima. É o melhor sacrifício de louvor que Deus já recebeu na lei da graça. É, de um lado, o mais humilde e o mais reconhecido; e doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos. Há neste cântico mistérios tão grandes e tão ocultos, que os próprios anjos ignoram”. (par. VI, pág. 240) E aconselha que se reze com frequência esta oração.

Magnificat
(Lucas 1, 46-56)

A minha alma glorifica ao Senhor;
e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua escrava;
portanto, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada.
Porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
E cuja misericórdia se estende de geração em geração sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu braço;
dissipou aqueles que se orgulhavam nos pensamentos do seu coração.
Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,
conforme tinha dito a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre.
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo.
Assim como era no princípio, agora e sempre,
por todos os séculos dos séculos  Amém.

http://www.adf.org.br/home/2012/05/hoje-e-dia-de-nossa-senhora-da-visitacao/

sábado, 28 de maio de 2016

Por que Maio é o mês de Maria?



Autor: Prof. André Luiz Oliveira (*)

     Devoto de Maria que sou, fui tomado por uma curiosidade repentina, que me encabulava, perguntei-me como deveria ter surgido a dedicação do mês de Maio a Nossa Senhora. Com certeza talvez esta pergunta tenha passado por nossas mentes muitas vezes… Como fiel devoto da Virgem Maria, irei ajudá-los a descobrir como Maio se tornou o mês de Maria.
     Maio é o quinto mês do ano civil. No Hemisfério Norte, por volta do dia 21 de Março dá-se o início da Primavera, enquanto no Hemisfério Sul vive-se o Outono.
     Com estudos e pesquisas cheguei à conclusão de que a devoção de dedicar este mês à Virgem tenha surgido por volta do século XIII, na Europa, em um período de grande “marianismo” e conclui que mais ainda por uma questão climática, Maio é o mês das flores e se encontra na plenitude da Primavera, neste tempo as árvores florescem e os jardins se ornam com flores de todos os tamanhos, odores e cores. Para homenagear a Mãe do Filho de Deus, alguém muito sabiamente escolheu este mês por ser ele todo florido, fazendo um comparativo de Maria: “A flor mais bela do jardim de Deus!”. E pessoalmente acredito que esta dedicação se reforçou pela semelhança das palavras: Maio e Maria.
     Depois da dedicação do mês de Maio à Maria, já no século XIX, vemos que durante o mês inteiro, tinha-se por costume prestar culto (coroações e ofícios) às imagens de Nossa Senhora. Crianças vestidas de anjos, que homenageavam Maria, Virgem e Rainha, colocando-lhe véu, palma e rosário, à frente dos fiéis reunidos, enquanto cantavam cânticos e hinos a ela dedicados, no final, era coroada a imagem e crianças jogavam sobre ela pétalas de flores. Historiadores dizem que as coroações das imagens de Nossa Senhora se espalharam depois de 1849, pela ação dos Padres Lazaristas e das Irmãs da Caridade. Não que elas não existissem antes, porém não eram tão divulgadas e nem possuíam ritos próprios para tal cerimônia.
     Dedicar um mês a Maria, com certeza é uma prática bem antiga, chega a ser difícil ter uma precisão de data, é antes de tudo algo que faz parte da tradição do povo, que nas igrejas e capelas do mundo inteiro lhe dedicam ofícios, ladainhas, terços e as belas coroações. Essa é a maneira carinhosa de reconhecermos aquela que trouxe ao mundo o Filho de Deus (cf. Lc 1,26-38), pois não há “Jesus sem Maria e Maria sem Jesus”.
     Recordemos que grande difusor da devoção mariana foi o pensador católico, Plinio Corrêa de Oliveira. Devoto incondicional da Santíssima Virgem compreendeu que a máxima de São Luís Maria de Montfort: “O Reino de Jesus, por Maria”; era de uma veracidade teológica; e assim o sendo, difundiu a devoção a Nossa Senhora em seus escritos e conferências. “Onde a devoção a Ela é plena, Ela é Rainha, logo é o Reino de Maria”.
     Ao recordarmos a Mãe estamos recordando o Filho, pois quem prestigia a Mãe certamente prestigia o Filho. Durante o mês de Maio dedique a Maria orações e preces e participe sempre dessa tradição popular que presta esta bela homenagem à Serva do Senhor. Não nos esqueçamos das palavras do célebre Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório: “Um verdadeiro devoto de Maria Santíssima jamais se perde”.

(*) Prof. André Luiz Oliveira é Filósofo, Pedagogo, Escritor e Membro da Academia Marial de Aparecida

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Solenidade de Corpus Christi

    
Procissão de Corpus Christi encabeçada pelo Papa Gregório XVI,
por F Cavalleri, século XIX

     No final do século  XIII surgiu em Liége, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a  Abadia de Cornillon fundada em 1124 pelo Bispo Albero de Liége. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como, por exemplo, a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e a festa do  Corpus Christi.
     Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines perto de Liége, Bélgica, em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses em Fosses e foi enterrada em Villiers.
     Desde jovem Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significada a ausência dessa solenidade.
     Juliana comunicou estas aparições a D. Roberto de Thorete, o então bispo de Liége, também ao douto dominicano Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos, e a Jacques Pantaleón, nessa época arqui-diácono de Liége, mais tarde o Papa Urbano IV.
     O bispo  Roberto ficou impressionado, e como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, convocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte, ao mesmo tempo o Papa ordenou que um monge de nome João escrevesse o  Ofício para essa ocasião. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do Ofício.
     D. Roberto não viveu para ver a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de outubro de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte a quinta-feira posterior à festa da Santíssima Trindade. Mais tarde um bispo alemão conheceu o costume e o estendeu por toda a atual Alemanha.
     O Papa Urbano IV naquela época tinha a corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto desta localidade está Bolsena, onde em 1263 ou 1264 aconteceu o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a  Consagração fosse algo real. No momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se empapando em seguida o corporal. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264. Hoje se conservam os corporais - onde se apoia o cálice e a patena durante a Missa - em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena manchada de sangue.
     O Santo Padre, movido pelo prodígio e a petição de vários bispos, faz com que se estenda a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula "Transiturus" de 8 de setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes  e outorgando muitas indulgências a todos que assistirem a Santa Missa e o Ofício.
     Em seguida, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encarregou um Ofício - a liturgia das horas - a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino; quando o Pontífice começou a ler em voz alta o Ofício feito por Santo Tomás, São Boaventura foi rasgando o seu em pedaços.
     A morte do Papa Urbano IV (em 2 de outubro de 1264) um pouco depois da publicação do  decreto prejudicou a difusão da festa. Mas o  Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de  Viena (1311), ordenou mais uma vez a adoção desta festa. Em 1317 é promulgada uma recopilação de leis - por João XXII - e assim a festa é estendida a toda a Igreja.
     Nenhum dos decretos fala da procissão com o  Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.
     A festa foi aceita em Cologne em 1306; em Worms a adotaram em 1315; em Strasburg em 1316. Na Inglaterra foi introduzida da Bélgica entre 1320 e 1325. Nos Estados Unidos e nos outros países a solenidade era celebrada no domingo depois do domingo da Santíssima Trindade.
     Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptas, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.
     Finalmente, o Concílio de Trento declara que muito piedosa e religiosamente foi introduzido na Igreja de Deus o costume que todos os anos, em determinado dia festivo,  seja celebrado este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos. Nisto os cristãos expressam sua gratidão e memória por tão inefável e verdadeiramente divino benefício, pelo qual se faz novamente presente a vitória e triunfo sobre a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.


terça-feira, 24 de maio de 2016

Santa Joana, Mulher de Cuza - 24 de maio

    
     O Martirológio Romano põe, em data moderna, a comemoração de Santa Joana, esposa de Cuza, procurador de Herodes.
     Martirológio Romano: Comemoração de Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, que com outras mulheres ajudava Jesus e os Apóstolos com os próprios bens e no dia da Ressurreição do Senhor encontrou a pedra do sepulcro retirada e disto deu notícia aos discípulos.

     Joana é o nome de uma mulher mencionada nos Evangelhos, a qual foi curada por Jesus e que teria depois apoiado os discípulos e Jesus em suas viagens. Ela é mencionada no Evangelho de São Lucas como uma das seguidoras de Jesus. Ela era esposa de Cuza, responsável pela residência de Herodes Antipas, o tetrarca da Galileia. Seu nome significa "Javé foi gracioso", uma variação de "Ana", que significa "graça" ou "favorecimento".
     Não sabemos muita coisa sobre ela, mas São Lucas nos diz que ela foi curada por Jesus de alguma enfermidade física ou espiritual: "... e os doze iam com Ele, e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e enfermidades... (Lucas 8: 1-3); e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes" (Lucas 8:1-2). Assim, Joana aparece listada entre as "mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades", juntamente com Maria Madalena e Susana.
     O teólogo Adrian Hastings sugeriu que ela pode ter sido uma das fontes de Lucas para os eventos ocorridos na corte de Herodes. Ela foi testemunha da morte de João, o Batista. Ela viu, diante de si, a cabeça de um homem que morrera por falar a verdade e mostrar o pecado de Herodes que vivia com Herodias, esposa do seu irmão Filipe.
     Depois deste assassinato, ela temeu pela vida de Jesus e de seus seguidores. Mas, mesmo temendo esta perseguição, ela não deixou de segui-Lo, nem de servi-Lo com seus bens. Como esposa de um importante oficial da corte, ela teria os meios necessários para viajar e apoiar Jesus e os discípulos.
     Não sabemos ao certo se ela estava na Crucificação de Jesus, mas sabemos que ela estava sempre ao lado das mulheres que O seguiam. Foi justamente na Ressurreição de Cristo que ela, juntamente com Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, correu para anunciar aos discípulos e apóstolos que o seu Senhor havia ressuscitado.
     Ela é citada em Lucas 24 com “Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas, relataram estas coisas aos apóstolos” (Lucas 24:10), as primeiras a relatarem aos onze apóstolos que o túmulo de Jesus estava vazio e que ali estavam “dois varões com vestes resplandecentes” (Lucas 24:4).
     Embora não seja mencionada pelo nome em Atos 1, é muito provável que Joana tenha sido uma das mulheres que se juntaram aos discípulos e Maria, Mãe de Jesus, no cenáculo para rezar. Ela estava entre os 120 que elegeram Matias para preencher a vaga deixada por Judas Iscariotes e também estava presente no Pentecostes.
     Richard J. Bauckham e Ben Witherington III concluíram que Joana, a discípula, é a mesma pessoa que Júnia, mencionada em Romanos 16 (Romanos 16:7). A maioria dos antigos manuscritos gregos lista o nome "Júnia" como feminino, uma opinião que representa o consenso atual sobre o tema.
     Santa Joana foi protagonista de fatos que a deixaram imensamente agradecida a Deus: 1º) ela foi curada por Jesus (Lucas 8:1-3) e viu nesta cura a mão do próprio Deus agindo em sua vida; 2º) ela foi bem aceita por Jesus e pelas pessoas que O seguiam; 3º) ela recebeu o maior e mais desejado presente: fazer parte do grupo de mulheres que foram as primeiras a verem Jesus ressuscitado; 4º) ela pôde ajudar Jesus – não media esforços para isto com seu trabalho e seus bens. Ela amava tanto ajudar Jesus, que depois da Sua morte planejou cuidar dEle preparando especiarias e unguentos juntamente com as outras mulheres.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Beata Maria Crescência Pérez, Religiosa gianellina - 20 de maio


     Os Pérez e os Rodriguez deixaram a Galícia espanhola em um barco cheio de esperança rumo a América do Sul. Entretanto, realidades amargas, imprevisíveis, frearam muitas vezes o entusiasmo da partida; ao contrário, algumas vezes incitavam reações impensadas naqueles de vontades obstinadas.
     Os imigrantes muitas vezes trabalhavam de sol a sol em suas terras férteis, navegando em rios amplos, ou se instalando na periferia, quando conseguiam se acomodar nas cidades. Mas, com sua pobreza de origem levavam a riqueza de suas tradições católicas. Assim aconteceu com os Pérez-Rodriguez que diante da adversidade não desesperaram. Em Córdoba, em meados de 1889, Agustín Pérez se casa com Ema Rodriguez, diante do altar da Virgem do Pilar.
     A Argentina vivia momentos agitados que faziam alternar partidos conservadores e liberais no governo das cidades, sem apoio de alguns, o que fez com que o casal emigrasse para Montevidéu. Na capital uruguaia nasceu seu primeiro filho, que morreu aos três anos. Outro filho faleceu ao nascer. Sobreviveram Emílio e Antônio. Mas como o jovem casal não encontrava horizontes de progresso naquele país, decidiu voltar para a Argentina.
     Em San Martin, Buenos Aires, no frio agosto de 1897, nasceu nossa Maria Angélica. Quando ela nasceu as condições da família tinham melhorado, porque o pai, já com trinta anos, conseguira finalmente um trabalho na Companhia Alemã de Eletricidade.
     Família rica em fé e em filhos: nasceram ainda Agostinho, Aída, Maria Luísa, José Maria. Porém, a jovem mãe adoece e o médico consultado aconselha que se não a levassem para um clima mais ameno, ele não garantia que ela sobrevivesse. Assim, a família parte para Pergamino com seus filhos, seus poucos bens, e uma fé profunda.
     Ao entardecer, a mãe acalmava as crianças inquietas, colocava todas de joelhos e rezavam o Rosário. Dia a dia, quase inconscientemente, ela transmitia a seus filhos o conceito da fé. E assim cresceram estas crianças, com essa mãe forte que ensina a responder com amor ao amor de Deus, a transformar alegrias e dores em momentos de graça. Cresceram com profundas convicções religiosas, embora fossem à igreja ocasionalmente, porque esta ficava a três horas de distância.
     A maior parte do ciclo primário Maria Angélica cursou no Lar de Jesus, de Pergamino. Ali também se formou em mestra de Trabalhos.
     Sua vocação religiosa, que havia crescido ao longo destes anos, tomou uma forma definida quando em 31 de dezembro de 1915 ingressou no noviciado das Irmãs do Horto, em Buenos Aires. Recebeu o hábito em 2 de setembro de 1918, ocasião em que morria seu pai. A Congregação das Filhas de Maria Santíssima do Horto foi fundada em 12 de janeiro de 1829 por Santo Antônio Maria Gianelli, Bispo de Bobbio (canonizado em 1951), motivo porque as Irmãs são chamadas Gianellinas.
     Não desejando outra coisa que agradar a Deus com uma vida santa e ser instrumento dEle para salvar as almas, se entregou totalmente à sua missão, fazendo-se “toda para todos”, em obediência perfeita e na caridade ilimitada.
     Segundo testemunhas, a virtude especial de Irmã Maria Crescência foi a humildade. Esta virtude permitiu que ela vivesse as exigências da caridade fraterna e da perfeita vida em comum com íntima e serena alegria. Era feliz em poder fazer a vontade de Deus.
     Os primeiros anos de sua vida religiosa foram dedicados à infância. Desempenhou a tarefa de mestra de Trabalhos e catequista, em primeiro lugar na escola anexa à Casa Provincial, e depois no Colégio do Horto, de Buenos Aires.
      Uma segunda etapa de sua vida teve como destinatários os doentes. Começou esta missão no Sanatório Marítimo de Mar del Plata (Solarium), dedicado exclusivamente à internação e atenção à crianças afetadas pela tuberculose óssea. Permaneceu ali por três anos.
     Como sua frágil saúde começou a declinar rápida e seriamente, seus superiores decidiram enviá-la para um local cujo clima ajudasse na sua recuperação. Vallenar, no Chile, onde as Irmãs do Horto atendiam no hospital desde 1915, foi o local escolhido. Em 1928, a Irmã Maria Crescência visitou Pergamino pela última fez para despedir-se para sempre de seus familiares. Pouco depois, acompanhada pela Madre Provincial, viajou para o Chile, onde transcorreu a última etapa de sua vida, pois quatro anos depois de sua chegada entregou a sua alma a Deus em Vallenar, após uma vida heroica na virtude.
     No momento em que Irmã Maria Crescência chegava a Vallenar bem pode dizer-se que as Irmãs do Horto estavam escrevendo uma página de ouro da Congregação na América.
     Vallenar, de aproximadamente seis mil habitantes naquele momento, seis anos antes havia sofrido um terrível e devastador terremoto que destruiu quase a totalidade das casas do povoado. A partir deste fato, Vallenar entrou em um longo processo de reconstrução que se prolongou por muitos anos.
     A grande pobreza em que viviam, a dor de tantas famílias sem teto, a solidão do lugar e as enormes distâncias de outros povoados, fizeram que se cumprisse claramente o desejo do fundador: “Levem sempre a pobreza consigo e vão aonde, pelas dificuldades do lugar e pela falta de meios, outras Irmãs não podem ir”.
     Apesar do muito que lhe custou deixar sua pátria, família e comunidade, Irmã Maria Crescência viu claramente a vontade de Deus nas palavras de sua Superiora e com gosto aceitou o que Ele lhe pedia. Ela havia dito: “Para cumprir a vontade de Deus eu iria ao fim do mundo”.
     Ela viveu em Vallenar totalmente entregue ao serviço de seus irmãos doentes, dentro da alegria da vida em comum e crescendo incessantemente no amor de Deus, a quem havia consagrado sua vida, chegando a dizer: “Senhor, que eu Te ame tanto como Tu te amas a Ti mesmo”.
     Diante do progresso e da gravidade sua doença, foi internada durante três meses em um hospital próximo de Vallenar, totalmente isolada para evitar o contágio. Mas as últimas semanas de sua vida ela passou novamente em Vallenar, com suas coirmãs, edificando-as com sua serenidade e profunda paz interior.
     Deus tinha reservado graças muito especiais para aqueles momentos. Segundo as crônicas, ela recebeu em visão a visita do fundador, Santo Antônio Maria Gianelli. Da imagem do quadro da Virgem do Horto, que ficava junto de seu leito, Maria abençoou-a e às Irmãs. O Menino Jesus quis sair dos braços de sua Mãe e Irmã Maria Crescência estendeu os seus para recebê-Lo.
     Com piedade recebeu o Santo Viático, rodeada de sua Superiora e de suas Irmãs, e enquanto rezava com elas as orações dos agonizantes, ergueu-se, e inclinando-se profundamente diante do quadro do Sagrado Coração de Jesus, repetiu as palavras que o mesmo Jesus lhe havia ensinado: “Coração de Jesus, pelos sofrimentos de vosso Divino Coração, tem misericórdia de nós!”
     Em seguida iniciou uma fervorosa oração: “Coração de Jesus, abençoai-me e abençoai estas minhas Irmãs; dai forças a elas para combaterem com fervor e para procurarem a salvação das almas nestes tempos difíceis. Abençoai nosso Instituto, do qual recebi tanto bem e no qual nestes momentos me considero a criatura mais feliz do mundo. Vos peço, Coração Santíssimo de Jesus, que mandeis muitas e boas vocações para o nosso Instituto. Ó Coração de Jesus, peço-Vos uma especial bênção para o Chile, e já que é Vossa vontade que eu aqui morra contente, Vos ofereço este sacrifício pela paz e tranquilidade desta Nação”.
     Seu desejo de unir-se a Jesus era veemente, por isso exclamou: “Não me detenham mais... Não me detenham mais... Sim, que todos vão ao Coração Santíssimo de Jesus. Ali encontrarão a salvação de sua alma”. Finalmente, disse sorrindo: “Pai, em Tuas mãos encomendo meu espírito”. Assim faleceu santamente no dia 20 de maio de 1932.
     Logo depois de seu falecimento no Colégio do Horto de Quillota, 600 k distante de Vallenar, neste local as Irmãs reunidas sentiram uma fragrância semelhante ao perfume das violetas, que permaneceu vários dias dentro dos muros do colégio. Diante deste fato inexplicável, a Superiora disse: “A Irmã Crescência morreu!” Imediatamente chegou um telegrama avisando de sua morte.
     Quando as Irmãs do Horto deixaram Vallenar, a população não quis que levassem o corpo daquela que chamavam “a santinha”. Assim, ela ali ficou por 35 anos, até que em 8 de novembro de 1966 a Congregação ia transladar seus restos, porém, ao abrirem seu caixão encontraram seu corpo e seu hábito intactos e em perfeita conservação. A cidade de Vallenar acorreu para constatar este fato tão singular. Foi realizado novo velório e depois ela foi levada para Quillota, onde permaneceu por 17 anos.
     Em 1983 o seu corpo foi transladado para o panteão das Irmãs em Pergamino até 26 de julho de 1986, quando, por motivo da abertura do processo diocesano para sua beatificação, foi transladado para a Capela do Colégio do Horto, em Pergamino.
     Seu túmulo é constantemente visitado por numerosos peregrinos, que de todas as partes do país veem venerar suas relíquias e pedir ajuda ou agradecer seus favores.
     Irmã Maria Crescência foi beatificada em 17 de novembro de 2012 em Buenos Aires, na Argentina, durante uma celebração presidida pelo Cardeal Ângelo Amato.

Fonte: hermanacrescencia.com.ar // ACI Prensa (excertos)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Santa Restituta, Mãe de Sto. Eusébio de Vercelli - 17 de maio

    
     Um hagiógrafo desconhecido escreveu no século VIII uma biografia de Santo Eusébio, o primeiro bispo de Vercelli, porém natural da Sardenha. Tal escrito sustenta que a mãe do santo chamava-se Restituta.
     Ela também nasceu na Sardenha, na segunda metade do século III. Após a morte de seu marido, morto por ódio à fé cristã, ela decidiu deixar a ilha e foi para Roma levando consigo seus dois filhos, que foram batizados pelo papa Santo Eusébio. Em homenagem a ele, as crianças receberam o nome de Eusébio e Eusébia.
     Eusébio foi o primeiro a receber o cargo episcopal no Piemonte, enquanto sua irmã fundou o ramo feminino do famoso mosteiro de Vercelli.
     Restituta mais tarde voltou para a Sardenha e próximo de Cagliari enfrentou o mesmo destino de seu marido, o martírio, na primeira metade do século IV.
     Em 1607 escavações foram realizadas naquela cidade, e foi confirmada a existência de duas capelas em que eram mantidas uma imagem e as relíquias de Santa Restituta.
     Alguns historiadores, no entanto, referem estes restos à outra santa do mesmo nome, mártir próximo de Cartago sob o procônsul Antonino, cujas relíquias foram trazidas para a Sardenha por alguns refugiados que escaparam dos estragos feitos pelos vândalos.
     A festa das duas santas homônimas é colocada no mesmo dia: 17 de maio.

Fonte: www.santiebeati/it
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     Apesar das poucas informações sobre Santa Restituta, pode-se ter uma ideia de suas virtudes tomando-se conhecimento da vida de Santo Eusébio de Vercelli, cheia de lutas pela integridade da Igreja Católica num momento de real perigo para sua unidade. Segue um pequeno resumo de tudo quanto ele sofreu pela Santa Igreja. Além disso, como mãe de Santa Eusébia, fundadora do monaquismo feminino de Vercelli, presume-se que também sobre ela exerceu uma ação virtuosa.
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     Eusébio nasceu na Ilha da Sardenha no ano 283. Depois da morte do seu pai, em testemunho da fé em Cristo, durante a perseguição do imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os estudos eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio entrou para o clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos, foi ganhando a admiração do povo cristão e do papa Júlio I, que o consagrou bispo da diocese de Vercelli em 345.
     Nessa condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar pela condenação do bispo de Alexandria, Santo Atanásio. Eusébio, além de discordar do arianismo, considerou a votação uma covardia, pois Atanásio, sempre um fiel guardião da verdadeira doutrina católica, estava ausente e não podia defender-se. Como ficou contra a condenação, ele e outros bispos foram condenados ao exílio na Palestina.
     Isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos que infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos deles. Como não mudava de posição e enfrentava os desafetos com resignação e humildade, acabou preso, e qualquer forma de comunicação sua com os demais católicos foi cortada. Na prisão, sofreu ainda vários castigos físicos. Contam os escritos que passou também por um terrível suplício psicológico.
     Quando o povo cristão tomou conhecimento do fato ergueu-se a seu favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os hereges permitiram sua libertação. Contudo o exílio continuou e ele foi mandado para a Capadócia, na Turquia e, de lá, para o deserto de Tebaida, no Egito, onde foi obrigado a permanecer até a morte do então imperador Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que deu a liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem as suas dioceses.
     Depois do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, Santo Atanásio. Só então passou a evangelizar, dirigindo-se primeiro a Antioquia e depois à Ilíria, onde os arianos, com sua doutrina, continuavam confundindo o povo católico. Batalhou muito combatendo todos eles.
     Mais tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira aclamação popular. Em seguida, na companhia de Santo Hilário, bispo de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho pela unificação da Igreja Católica na Gália, atual França. Somente quando os objetivos estavam em vias de serem alcançados é que ele voltou à sua diocese em Vercelli, onde faleceu no dia 1º de agosto de 371.
     Apesar de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade Santo Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como havia ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus sofrimentos no trabalho de difusão e defesa do Cristianismo, passando por exílios e torturas, que recebeu esse título da Igreja, cujo mérito jamais foi contestado. Com a reforma do calendário litúrgico de Roma, de 1969, sua festa foi marcada para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas relíquias são veneradas na catedral de Vercelli, onde foram sepultadas e permanecem até os nossos dias.
*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br
 

Virgem da colina: Crea e Oropa
     A Tradição aponta Santo Eusébio, primeiro Bispo de Vercelli, como fundador dos Santuários marianos de Crea e Oropa. Ele teria trazido do exílio as imagens da Virgem Maria, para os montes de Crea, de Oropa e para a cidade de Cágliari, sua terra natal.
     Fugindo das perseguições dos arianos, Santo Eusébio chegou ao castelo de Crea e ali ficou três meses, construindo um oratório em honra à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus.
     Permanecendo um pouco mais, traduziu os quatros Evangelhos do grego para o latim, trabalho que muito serviu ao cenóbio e à evangelização das comunidades nas vilas e nos campos.
     O Santuário de Crea é, ainda hoje, centro de devoção mariana da diocese de Casale. Na antiga estrada que conduz a Crea se encontra uma Capela chamada de “Repouso de Santo Eusébio”; a tradição quer lembrar o descanso e o sono do santo quando levou a imagem da Virgem a Crea.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Beata Madalena Albrici, Virgem Agostiniana - 13 de maio

          Madalena pertencia à nobreza italiana. Nasceu em Como, cidade da Lombardia ao norte de Milão, em 1415. Após a morte de seus pais, Madalena decidiu se retirar no Convento de Santa Margarida da mesma cidade, próximo do famoso Lago de Como, onde eram recebidas as filhas dos nobres.
     Por inspiração de Deus, no entanto, dirigiu-se sem vacilar a uma casa religiosa que, fora dos muros da cidade, tinha sido construída num lugar chamado Brunate e adotara a Regra de Santo Agostinho. O convento estava quase vazio, mas o número de religiosas aumentou consideravelmente após a entrada de Madalena, que foi eleita superiora. A comunidade tendo crescido paulatinamente com o ingresso de várias jovens, se converteu em mosteiro com o título de Santo André e sob a mesma Regra.
     Em 1455, a comunidade foi acolhida sob a jurisdição da Ordem das Irmãs Eremitas de Santo Agostinho da Lombardia, a qual foi definitivamente aprovada pelo Papa Pio II em 16 de Julho de 1459.
     Madalena considerava como uma de suas maiores satisfações pertencer à Ordem Agostiniana e estar sob sua jurisdição. Uniu muitas consagradas, que faziam vida comum em suas casas, à Ordem. Assim se acrescentou à família agostiniana um considerável número de mosteiros.
     A Beata foi uma admirável propagadora da espiritualidade agostiniana. Uniu muitas jovens consagradas que viviam isoladas em suas casas à vida comum sob a Regra de Santo Agostinho. Madalena fundou outro convento na cidade de Como, mas ela permaneceu em Brunate. Também se lhe atribui a fundação de uma fraternidade de agostinianos seculares em Como.
     Ela se destacou por um espírito de penitência, de contemplação e de caridade com todos. Exortava as religiosas sob sua responsabilidade à comunhão frequente e as incitava a uma maior perfeição nas virtudes, preferindo sempre obedecer a mandar, ser súdita a ser superiora, e a colocar primeiro o serviço.
     Sobressaindo na pureza de vida e na caridade com todos, morreu em maio de 1465, após uma longa e dolorosa doença.
     São Pio X confirmou seu culto no dia 10 de dezembro de 1907. Suas relíquias são veneradas com devoção na igreja de Brunate. Na Diocese de Como ela é celebrada no dia 15 de maio.

Martirológio Romano: Em Como, da Lombardia, Beata Madalena Albrici, Abadessa da Ordem de Santo Agostinho, que reavivou extraordinariamente o fervor de suas irmãs em religião (1834).

Etimologicamente: Madalena (outrora Magdalena), de origem hebraica, maghdal = “Torre de Deus”. Também se relaciona com o lugar de origem de Maria de Mágdala ou Maria Magdalena.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Beata Imelda Lambertini, Devota da Eucaristia - 12 de maio

    

     Imelda Lambertini pertencia a uma nobre família da Bolonha, Itália. Nasceu provavelmente no ano de 1320. Era filha do Conde Egano Lambertini e de sua segunda esposa, Castora Galluzzi; no batismo a menina recebeu o nome de Maria Madalena.
      Seus pais eram muito piedosos e amavam sua filha mais do que tudo no mundo. Eles percebiam que embora a menina lhes devotasse também um grande afeto, não era feita para este mundo. Frequentemente sua mãe a encontrava ajoelhada em algum canto do palácio em profunda oração. Toda vez que as pessoas falavam de Deus seus olhos brilhavam. E seus pais notaram que várias vezes, quando se mencionava Jesus no Santíssimo Sacramento, sua face se tornava quase transparente. Ela desejava ardentemente fazer a Primeira Comunhão, mas ela não tinha ainda a idade exigida na época.
     Apesar de sua pouca idade, após insistência contínua dela, os pais a deixaram ficar com as monjas de um convento próximo. Era comum, na época, as meninas serem educadas por religiosas em seus mosteiros.
     Ela entrou no mosteiro das dominicanas de Santa Maria Madalena do Val di Pietra, onde hoje existe o convento dos capuchinhos, e deram-lhe o nome de Imelda. A comunidade era composta das Cônegas Regulares de Santo Agostinho, que no fim do século passaram para a Regra Dominicana.
     No convento, a pequena Imelda era como um peixe dentro d’água. Ela amava o silêncio, os longos corredores de pedra com seus belos arcos, os hábitos branco e preto das monjas, os cânticos, as orações, o trabalho. Mais do que tudo, ela amava o tabernáculo. Finalmente ela estava sob o mesmo teto com o seu Jesus. Sempre que os horários do mosteiro o permitiam, lá estava ela de joelhos no coro observando do alto a capela do convento, seus olhos fixos no tabernáculo.
     Na vida comunitária ela era como um raio de sol no meio de tantas irmãs adultas. Devido a sua tenra idade, a Reverenda Madre também não queria que Imelda participasse de todos os atos da comunidade.
     Dois anos se passaram.  Somente uma coisa a entristecia na sua vida no convento: ela ainda não tinha conseguido receber a Primeira Comunhão. Quando ela via as irmãs comungando sua alma ardia de desejo de estar entre elas. Às vezes ela não conseguia conter suas lágrimas. Então, ela suplicava aos céus para terem misericórdia dela e encontrar uma maneira de fazê-la comungar.
     Na Vigília da Ascensão, dia 12 de maio de 1333, Imelda assistiu a Santa Missa na capela, junto com outras educandas e as Irmãs. Ao chegar a hora da Comunhão, ajoelhada, Imelda rezava com fervor desejando receber Jesus.
     No fim da Missa, quando as monjas saíram do coro em fila, a última virou-se para olhar a pequena figura branca ainda de joelhos em oração. Imelda normalmente permanecia mais tempo lá, sem se mexer e absorvida na oração. A comunidade, acostumada com este seu hábito, deixava-a ficar.
     Foi quase que automaticamente que a irmã olhou para trás para dar uma olhada e para se encantar com aquela pequena maravilha de piedade Eucarística. A respeitosa irmã parou espantada, e ficou como que pregada ao solo. Lá estava a menina ajoelhada, com a cabeça baixa, como sempre, mas pairando sobre ela havia uma Hóstia branca, brilhando no meio de uma suave luminosidade.
     Avisada pela irmã, a comunidade toda se apressou em voltar para o coro e caiu de joelhos diante do incrível sinal. A Madre Superiora entendeu. Não havia dúvida que Nosso Senhor queria que aquela menina O recebesse. Ela chamou o capelão que rapidamente se aproximou com uma patena de ouro. Assim que ele chegou perto da menina ajoelhada, a Hóstia desceu sobre a patena.
     Neste momento, Imelda, que o tempo todo tinha permanecido com a cabeça baixa e os olhos fechados, vagarosamente levantou sua face radiante e abriu seus lábios. Tomando a Hóstia, o padre capelão deu-lhe a Comunhão. Ela abaixou a cabeça uma vez mais e permaneceu imóvel.
     Após um longo tempo, a Madre Superiora se aproximou dela. Tomando gentilmente Imelda pelos ombros, a boa monja tentou fazê-la erguer-se, mas Imelda caiu em seus braços. Sua face tinha uma expressão de inexprimível beleza.
     Imelda tinha dito certa vez, "Eu não sei como se pode receber Nosso Senhor e não morrer!" Agora, ela O tinha recebido e o seu primeiro encontro com Jesus Eucarístico fora demais para seu pequeno coração ardente. Ela se fora com Ele.
     Em 1582, as dominicanas se transferiram para o interior dos muros de Bolonha, obtendo da Cúria a transladação das relíquias da Beata, que hoje se encontram na igreja de São Segismundo. Desde então o seu nome foi inserido no catálogo dos Santos e Beatos da Igreja da Bolonha.
     Sob o pontificado de Bento XIV (1740-1758), que a recordou em uma obra sobre canonizações dos Servos de Deus, o culto da beata foi confirmado. Porém, a beatificação somente foi concretizada com o Papa Leão XII em 20 de dezembro de 1826. A canonização foi retomada em 1921 prosseguindo até 1942, quando foi paralisada por dificuldades de caráter histórico.
     As relíquias de Imelda repousam num belo relicário na Igreja de São Segismundo, em Bolonha. Na imagem que a representa, sua bela face é iluminada pelas luzes de um êxtase e parece dizer: "Meu Jesus, Ele é minha recompensa imensamente grande!"
     A pequena Imelda Lambertini é festejada no dia 12 de maio. Em 1908, São Pio X declarou-a patrona das crianças que fazem sua Primeira Comunhão. Naquele mesmo ano ele decretara que as crianças menores de 12 anos podiam ser recebidas à Primeira Comunhão.
     O culto à pequena Imelda se difundiu com a crescente devoção eucarística no mundo todo. É a patrona venerada dos Pequenos Devotos do Rosário e Benjamins da Ação Católica.
     Na França, o mosteiro de Prouilles fundou em sua honra uma Confraria, aprovada pelo Sumo Pontífice, e colocada sob a direção da Ordem Dominicana.
     Finalmente, o Servo de Deus Padre Joaquim Pio Lorgna (1870-1928), dominicano, colocou sob sua proteção a Congregação que fundou, as Irmãs Dominicanas da Beata Imelda, hoje presente na Itália, Brasil, Albânia, Filipinas, Camarões, Bolívia. 

Etimologia: Imelda = do alemão antigo, Himilhilde: “guerreira (hilde) do céu (himil)” ou “guerreira celeste”.
Imagem de cera que se encontra na Igreja de S. Sigismundo - embaixo, relicário contendo os ossos da Beata Imelda

Igreja de São Sigismundo, Bolonha, Itália