quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Nossa Senhora das Neves e a Basílica de Santa Maria Maior - 5 de agosto

    
     Sob o pontificado do Papa Libério (352-366), o patrício romano João e sua esposa de igual nobreza, não tendo filhos aos quais pudessem deixar seus bens, prometeram dar sua herança à Santíssima Virgem Mãe de Deus, suplicando-lhe por fervorosas e ardentes preces que indicasse a obra pia preferida por Ela, na qual deveriam empregar esse dinheiro. A Bem-aventurada Virgem Maria, ouvindo com bondade estas orações e pedidos vindos do coração, a eles respondeu através de um milagre.
     No dia 5 de agosto, época para Roma de maior calor, a neve cobriu durante a noite uma parte da Colina Esquilina. Nessa mesma noite, a Mãe de Deus, em sonho, deu aviso a João e a sua esposa, separadamente, para que mandassem construir no local que vissem coberto de neve uma igreja, a qual seria consagrada sob o nome da Virgem Maria: assim, queria Ela ser nomeada herdeira deles. João, comunicando o fato ao Papa Libério, soube que também este havia tido a mesma visão.
     Solenemente acompanhado pelos sacerdotes e pelo povo, veio o Soberano Pontífice, então, à colina coberta de neve, e aí determinou o lugar da igreja, que foi edificada às expensas de João e de sua esposa. Sixto III a restaurou mais tarde. Foi chamada, de início, por diversos nomes, basílica de Libério, Santa Maria do Presépio. Mas, tendo sido construídas na cidade numerosas igrejas sob a invocação da Santíssima Virgem Maria, para que a basílica – que excedia em dignidade às outras do mesmo nome, devido ao brilho de sua miraculosa origem – fosse também honrada pela excelência de seu título, designaram-na pelo de Santa Maria Maior. Celebra-se a solenidade no aniversário de sua consagração, como lembrança do milagre da neve caída neste dia.
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Dom Prosper Guéranger, L 'Année liturgique, les temps après Pentecôte, tome IV, Maison Alfred Mame et fils, 1922, excertos das pp. 368 e 369.
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Origens da Basílica de Santa Maria Maior
     A primitiva igreja do século IV, da qual não restam vestígios, foi erigida pelo Papa Libério perto do Mercado de Lívia - construído pelo Imperador Augusto -, segundo uma fonte autorizada como o Liber Pontificalis.
     Investigações arqueológicas efetuadas no subsolo da atual basílica, de meados da década de 70, comprovaram a existência de um edifício que deve ter sido o mencionado mercado dedicado por Augusto a sua esposa Lívia.
     Esse edifício foi soterrado e sobre ele o Papa Sixto III construiu, de 432 a 440, a Basílica de Santa Maria Maior. O grandioso templo, basicamente o mesmo que hoje admiramos, é dedicado ao culto de Maria, Mãe de Deus, devido à proclamação, pouco anterior à construção da basílica, do dogma da maternidade divina da Virgem Santíssima, no Concílio de Éfeso (43 I).
     Até o século IX, o grande templo mariano era comumente chamado Basílica de Libério. Depois, passou a ser denominado Basílica da Beata Virgem das Neves, em virtude do milagre ocorrido no século IV, tendo sido estabelecida uma festa em comemoração daquele evento prodigioso.
     O relato do episódio, referente ao patrício João, sua esposa e o Papa Libério, conservado pela Tradição, foi transmitido por escrito por Frei Bartolomeu de Trento e representado em mosaico por Fi­lippo Rusuti sobre a parede do pórtico da fachada medieval da basílica, parcialmente conservada.
     A veneranda igreja também foi chamada Basílica de Santa Maria do Presépio, bem como Belém de Roma. Narra a História que no dia seguinte ao da solene definição do dogma da maternidade divina de Maria, no Concílio de Éfeso (43 I), Sixto III promoveu um ato solene na presença do povo para evidenciar a homenagem àquele dogma. Nessa ocasião, o Pontífice mandou construir uma capelinha que, segundo parece, reproduzia a Gruta de Belém e continha relíquias da manjedoura onde nascera o Redentor da humanidade. Quando foi construída posteriormente a Basílica, a pequena capela constituía uma edificação à parte, a qual, no decorrer do tempo, não se conservou.
     Hoje, as relíquias da Gruta de Belém são veneradas na cripta da Basílica.

Fontes de referência:
1.P. Gabriel M. Roschini OSM, Mariologia, tomo lI, Pars III, De singulari cultu BMV, 2ª ed., Angelus Belardetti Editor, Roma, 1948.
2. Il Vaticano e Roma cristiana, Libreria Editrice Vaticana, Cidade del Vaticano, 1975.


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