Sob o
pontificado do Papa Libério (352-366), o patrício romano João e sua esposa de
igual nobreza, não tendo filhos aos quais pudessem deixar seus bens, prometeram
dar sua herança à Santíssima Virgem Mãe de Deus, suplicando-lhe por fervorosas
e ardentes preces que indicasse a obra pia preferida por Ela, na qual deveriam
empregar esse dinheiro. A Bem-aventurada Virgem Maria, ouvindo com bondade
estas orações e pedidos vindos do coração, a eles respondeu através de um
milagre.
No dia 5 de agosto, época para Roma de
maior calor, a neve cobriu durante a noite uma parte da Colina Esquilina. Nessa
mesma noite, a Mãe de Deus, em sonho, deu aviso a João e a sua esposa,
separadamente, para que mandassem construir no local que vissem coberto de neve
uma igreja, a qual seria consagrada sob o nome da Virgem Maria: assim, queria
Ela ser nomeada herdeira deles. João, comunicando o fato ao Papa Libério, soube
que também este havia tido a mesma visão.
Solenemente acompanhado pelos sacerdotes e
pelo povo, veio o Soberano Pontífice, então, à colina coberta de neve, e aí
determinou o lugar da igreja, que foi edificada às expensas de João e de sua
esposa. Sixto III a restaurou mais tarde. Foi chamada, de início, por diversos
nomes, basílica de Libério, Santa Maria do Presépio. Mas, tendo sido
construídas na cidade numerosas igrejas sob a invocação da Santíssima Virgem
Maria, para que a basílica – que excedia em dignidade às outras do mesmo nome, devido
ao brilho de sua miraculosa origem – fosse também honrada pela excelência de
seu título, designaram-na pelo de Santa Maria Maior. Celebra-se a solenidade no
aniversário de sua consagração, como lembrança do milagre da neve caída neste
dia.
___________________________
Dom Prosper Guéranger, L 'Année liturgique,
les temps après Pentecôte, tome IV, Maison Alfred Mame et fils,
1922, excertos das pp. 368 e 369.
* * *
Origens da Basílica de Santa
Maria Maior
A primitiva igreja do século IV, da qual
não restam vestígios, foi erigida pelo Papa Libério perto do Mercado de
Lívia - construído pelo Imperador Augusto -, segundo uma fonte autorizada
como o Liber Pontificalis.
Investigações arqueológicas efetuadas no
subsolo da atual basílica, de meados da década de 70, comprovaram a existência
de um edifício que deve ter sido o mencionado mercado dedicado por Augusto a
sua esposa Lívia.
Esse edifício foi soterrado e sobre ele o
Papa Sixto III construiu, de 432 a 440, a Basílica de Santa Maria Maior. O
grandioso templo, basicamente o mesmo que hoje admiramos, é dedicado ao culto
de Maria, Mãe de Deus, devido à proclamação, pouco anterior à construção da
basílica, do dogma da maternidade divina da Virgem Santíssima, no Concílio de
Éfeso (43 I).
Até o século IX, o grande templo mariano
era comumente chamado Basílica de Libério. Depois, passou a ser denominado
Basílica da Beata Virgem das Neves, em virtude do milagre ocorrido no século
IV, tendo sido estabelecida uma festa em comemoração daquele evento prodigioso.
O relato do episódio, referente ao
patrício João, sua esposa e o Papa Libério, conservado pela Tradição, foi
transmitido por escrito por Frei Bartolomeu de Trento e representado em mosaico
por Filippo Rusuti sobre a parede do pórtico da fachada medieval da basílica,
parcialmente conservada.
A veneranda igreja também foi chamada
Basílica de Santa Maria do Presépio, bem como Belém de Roma. Narra a História
que no dia seguinte ao da solene definição do dogma da maternidade divina de
Maria, no Concílio de Éfeso (43 I), Sixto III promoveu um ato solene na
presença do povo para evidenciar a homenagem àquele dogma. Nessa ocasião, o
Pontífice mandou construir uma capelinha que, segundo parece, reproduzia a
Gruta de Belém e continha relíquias da manjedoura onde nascera o Redentor da
humanidade. Quando foi construída posteriormente a Basílica, a pequena capela
constituía uma edificação à parte, a qual, no decorrer do tempo, não se
conservou.
Hoje, as relíquias da Gruta de Belém são
veneradas na cripta da Basílica.
Fontes de
referência:
1.P.
Gabriel M. Roschini OSM, Mariologia, tomo lI, Pars III, De singulari cultu BMV,
2ª ed., Angelus Belardetti Editor, Roma, 1948.
2. Il Vaticano e Roma cristiana, Libreria Editrice
Vaticana, Cidade del Vaticano, 1975.
Fonte: www.catolicismo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário