Paládio (*) (falecido por volta
de 420) narra ter visto em Antioquia, no Egito, doze mosteiros femininos e de
neles ter encontrado religiosas de virtudes excepcionais.
Entre elas, ele se recorda de Amada ou
Amma Talida (Madre Talida), abadessa de um daqueles mosteiros, que já estava com
80 anos de idade, circundada do afeto e da veneração de sessenta monjas, que a
obedeciam com um espírito verdadeiramente filial. Elas a chamavam de bem-amada
Mãe.
De Santa Amada Paládio põe em relevo em
particular a castidade excepcional conservada ilibadíssima por tão longos anos
e tornada nela uma como que segunda natureza, a ponto de permitir-se tratar com
serena familiaridade pessoas de outro sexo. (cf.
Palladius, Lamiaca. AA.SS. Whitford, English Mart.)
Nos catálogos de De Natalibus, de Canisio
e de Ferrari, como nas Actas Sanctorum,
ela é recordada como santa no dia 5 de janeiro, mas a sua memória não foi
incluída no Martirológio Romano.
(*) Paládio da
Galácia foi Bispo de Helenópolis, na Bitínia, e um devotado discípulo
de São João Crisóstomo. Ele é lembrado por sua obra, História Lausíaca. Além disso, ele é quase certamente o autor do
"Diálogo sobre a vida de Crisóstomo".
Paládio nasceu na Galácia em 363 ou
364 e se dedicou à vida monástica em 386 ou pouco depois. Ele viajou ao
Egito para se encontrar com os monges cristãos, os chamados padres do
deserto. Em 388 ele chegou em Alexandria e, por volta de 390, entrou na Nitria.
No ano seguinte ele estava num distrito do deserto conhecido como Célia - pela
quantidade de celas -, onde passaria os próximos nove anos, primeiro com
Macário de Alexandria e depois com Evágrio do Ponto. No final deste
período, já com a saúde debilitada, ele se mudou para a Palestina, em busca de
temperaturas mais amenas. Em 400, ele foi sagrado Bispo de
Helenópolis e logo se envolveu em toda a controvérsia à volta de São João
Crisóstomo.
Em 405, ele estava em Roma, para defender
a causa de São João Crisóstomo. Por conta de sua fidelidade a ele, foi exilado
no ano seguinte para Siene (atual Assuã) e para a Tebaida, onde ele pôde
conhecer em primeira mão outra parte do Egito. Em 412-413 ele foi reconduzido ao
cargo após um período junto aos monges do Monte das Oliveiras. Sua grande obra
foi escrita entre 419-420 e foi batizada de História
Lausíaca por ter sido composta para Lauso, mordomo na corte de
Teodósio II. Ele morreu em algum momento na década de 420.
A cultura das Ammas (Madres ou Mães) do Egito
Apesar de se ter São Pacômio como o
fundador da vida comunitária, na realidade, quando Pacômio organizou a vida
cenobítica na Tebaida, no ano 320, as monjas do mosteiro de Panápolis, já eram
mais de quatrocentas. Amma Maria (irmã de Pacômio) foi a fundadora destes cenóbios
femininos.
Mais que a ascese corporal, essas monjas se
fixavam na pureza do coração. Elas aprendiam a ler e a escrever. A biblioteca
era um elemento importante em seus mosteiros. Assim, entre as monjas havia
copistas de pergaminhos.
Tanto Amma Maria, como seu irmão, São
Pacômio, impunham a limpeza do corpo, coisa inovadora, pois os monges e monjas
costumavam viver sujos considerando isto como uma fonte de ascese.
Os mosteiros pareciam pequenos povoados, e
as monjas viviam em celas independentes, porém formando uma só aldeia. A Capela
tinha edifícios diferentes agrupando ao redor de 30 a 40 monjas. Elas tinham o
costume de dormir em cadeiras baixas, com o encosto muito inclinado, não em
camas. O trabalho, as refeições e as orações eram feitas em comum. O silêncio
era rigoroso, com a finalidade de manter a oração interna o dia todo, em que se
repetia frases da Escritura. Às 2 da
madruga elas levantavam para rezar.
As refeições consistiam de pão, queijos,
hortaliças, frutas e leite. Faziam duas refeições por dia. A cada monja era
designada uma letra do alfabeto para se identificarem. A letra “y” era dada as
mais humildes. Segundo sua capacidade, fiavam, costuravam, faziam cestos ou
sandálias. O trabalho era feito dentro do cercado do mosteiro, mas algumas
vezes elas saiam para passar o dia rezando na solidão do deserto.
A Missa só era celebrada aos domingos; por
outro lado, rezavam o Ofício todos os dias pela manhã, ao meio dia e ao
entardecer, e à noite faziam a grande sinaxis
(assembleia) das vigílias. Recitavam os 150 Salmos em um só dia.
São Dionísio Areopagita fala de três
símbolos da vida monástica feminina: a renúncia ao mundo, o corte do cabelo e a
“vestição”, com uma roupa mais ordinária e pobre, constituída por um capucho
(kukol) que escondia a cabeça raspada, uma túnica (kalovi) e em cima uma capa
(mafori).
No século V o monaquismo feminino egípcio
aumentou muito (fala-se de umas 20 mil mulheres). A cidade de Alexandria ficou
rodeada de mosteiros com milhares de monges e monjas.
É triste saber que todo esse apogeu do
Cristianismo iria ser demolido pouco tempo depois por heresias, pelas invasões bárbaras
e pelos seguidores de Maomé. Todo o Norte da África foi invadido e as pujantes
cidades cristã devastadas... Roguemos a essas santas almas, que tanto rezaram e sofreram no inicio da Civilização Cristã, que elas alcancem uma restauração do Catolicismo em todo o mundo.
Que Nossa Senhora atue e alcance o triunfo de seu Imaculado Coração!
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