Martirológio: Na cidade de
Hornachuelos perto de Córdoba na Espanha, Beata Vitória Diez y Bustos de
Molina, virgem e mártir, que, professora no Instituto Teresiano, no início das hostilidades
contra a Igreja confessou sua fé cristã e foi martirizada enquanto incentivava
os outros a fazer o mesmo.
Vitória
era filha única e talvez um pouco sufocada pelo amor de seu pai José Diez
Moreno e de sua mãe Victoria Bustos de Molina. Ela nasceu em Sevilha em 11 de novembro
de 1903, cresceu com estes pais super protetores, cada vez mais preocupados com
a fragilidade de sua constituição, internamente dividida entre um senso de
dever para com a sua família e um desejo missionário que a cada ano se torna
mais insistente.
Ao custo de não poucos sacrifícios, os
pais, de condição modesta, fizeram-na estudar e ela se diplomou professora em
1923. Vitória tinha notáveis qualidades artísticas que a levaram a estudar seis
anos na Escola de Artes e Ofícios de Sevilha, mas ela era sobretudo mestra e
gostava que a chamassem assim.
Mais
ou menos nessa época ela conheceu a espiritualidade de Santa Teresa de Ávila e
ficou fascinada; entrou em contato com a Associação Teresiana que a conquista.
É uma associação de leigos, homens e mulheres, que de acordo com suas vocações
específicas, realizam em vários campos educacionais, culturais e profissionais,
a vocação cristã dos leigos no mundo "no estilo dos primeiros cristãos". Foi
fundada por um sacerdote inflamado de amor pelas almas, Pe. Pedro Poveda
Castroverde (ele também elevado à glória dos altares).
A jovem professora que está à procura de
uma casa e está fazendo concursos para poder lecionar, sente que a Instituição Teresiana
pode representar a realização de sua vocação missionária, pois permite,
mantendo-se no mundo, viver seu papel como professora e evangelizadora.
Em
1927, Vitória ganhou seu primeiro concurso como professora e recebeu a primeira
aguardada nomeação, mas teve que se mudar para Cheles, uma aldeia da
Estremadura, próximo da fronteira com Portugal, onde permaneceu por um ano, na
companhia de sua mãe. No ano seguinte se mudou para Hornachuelos, a meio
caminho entre Córdoba e Sevilha.
No ano de 1928 ela se consagra ao Senhor
na Instituição Teresiana e isto parece dar asas ao seu apostolado, porque o
local para onde obteve a transferência a fez arregaçar as mangas e mergulhar no
trabalho, sem tentar o impossível, mas também não contente com o pouco que já
existe. Organiza e dá um novo impulso à Ação Católica, programa cursos noturnos
para as mulheres que trabalham, encontra um novo lugar para sua escola, trava relações
com as famílias dos seus alunos e consegue criar uma rede de apoio e ajuda aos
mais necessitados, organiza aulas de catecismo para as crianças da paróquia, e se
tornar presidente da Câmara Municipal. Trabalha sempre com a Associação das
Filhas de Maria. Organiza a Associação Missionária da Santa Infância. Com um
colega organizou os Círculos de Ação Católica.
Era de compleição débil, sofreu várias
doenças, como quando em 1932, devido a dores de garganta, foi operada e depois
tiraram-lhe todos os dentes, mas não melhorou; sofreu também do estomago, porém
nunca perdeu sua alegria e seu amor a Maria Santíssima e a Eucaristia.
Em nível
pessoal sustentava seu apostolado com uma forte vida de fé e atos de caridade
requintados para alunos carentes, para ao quais ela se priva mesmo da comida
que a mãe lhe dá. Assim, desempenhando um papel importante na região, ela
acabou por ficar no olho do furacão quando da eclosão da guerra civil espanhola
e da perseguição religiosa contra a Igreja Católica.
Com a chegada da república, fizeram-na
tirar o crucifixo e a imagem de Nossa Senhora da escola, com o que não deixou
de protestar, embora cumprisse a ordem. Em 1934, queimaram a paroquia de
Hornachuelos e o clima passou a ficar mais tenso para os católicos. Em 1935,
participou em Leon de uma reunião de teresianas com São Pedro Poveda, que as
animou a seguir com seu trabalho, apesar do que pudesse acontecer, sempre colocadas
nas mãos da Providência.
A propaganda antirreligiosa fez distribuição
de livros e panfletos que ela meticulosamente destruía para evitar a influência
negativa sobre a educação moral e religiosa de seus alunos.
Em
20 de julho de 1936, a igreja paroquial foi assaltada e o pároco foi preso; em
11 de agosto cabe a ela ser presa junto com outras pessoas em uma casa
convertida em prisão. Na madrugada do dia seguinte, ligados aos pares, são
dezoito os condenados à morte que desfilam pela cidade escoltados por milicianos,
em direção à uma mina, e ela, a única mulher do grupo, incitava e encorajava os
homens, especialmente aqueles que tremiam ao pensamento da morte iminente.
Caminharam 12 km em direção à mina. E esta
marcha talvez mais do que tudo a tenha convertido em uma mulher excepcional.
Não era mais somente uma boa professora, suave e disponível, era agora uma
mulher de fé que caminhava com a força do guerreiro que sabe carregar seus
próprios medos, e os dos outros, dando ânimo ao grupo: “coragem” era sua
palavra constante. “Coragem, adiante!”. Em uma ocasião ela tinha escrito: “Se é
preciso dar a vida para identificar-se com Cristo, desde hoje deixo de
existir...”. “Se é preciso morrer, se morre!”, havia afirmado São Pedro Poveda.
Depois de um julgamento simulado, cada
condenado era posicionado ao lado da boca do poço e fuzilado, de modo que o
corpo caísse diretamente dentro. A última a ser chamada foi ela, a qual prometem
a liberdade imediata se gritasse "Viva o comunismo".
Parecia muito pouco para ela salvar sua
vida, mas isso seria negar sua fé e com ela renegar toda a sua vida e seu compromisso
apostólico até então profícuo. Então ela respondeu: "Eu digo o que penso:
Viva Cristo Rei e viva a minha Mãe", referindo-se a imagenzinha que tinha
consigo, e as suas palavras foram cobertas pelos tiros que a fizeram
desaparecer com os outros no poço da mina.
Dali ela foi retirada em novembro para ser
enterrada no cemitério da cidade e trinta anos depois foi transladado para a
cripta da Instituição Teresiana de Córdoba. A Igreja reconhece em Vitória Diez
y Bustos de Molina uma testemunha da fé, cuja morte ocorreu em "odium
fidei", e o papa João Paulo II a proclamou beata em 10 de outubro de 1993.
Fontes:
www.santiebeati/it
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