O
nascimento de Nossa Senhora ou a Natividade de Maria é uma festa litúrgica da
Igreja Católica, celebrada no dia 8 de setembro, nove meses após a sua
Imaculada Conceição, celebrada em 8 de dezembro.
Esta festa tem sua origem em Jerusalém.
Começou a ser celebrada no século V como festa da Basílica Sanctae Mariae ubi
nata est, atualmente conhecida como Basílica de Santa Ana. No século VII, já
era celebrada pelas igrejas bizantinas e em Roma, como festa do nascimento da
Bem-Aventurada Virgem Maria. A festa foi incluída no calendário tridentino em 8
de setembro e permanece, até hoje, nesta data.
De acordo com a tradição, Maria nasceu de
pais já velhos e estéreis, chamados Joaquim e Ana, como resposta às suas
preces. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes
ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus. Eram
residentes em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a
Basílica de Santa Ana; e aí, num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C.,
nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em hebraico significa
"Senhora da Luz", passado para o latim como Maria. Maria foi
oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os
doze anos.
Visivelmente, nenhum acontecimento
extraordinário acompanhou o nascimento de Maria e os Evangelhos nada dizem
sobre sua natividade. Nenhum relato de profecia, nem aparições de anjos, nem
sinais extraordinários são narrados pelos evangelistas. No entanto, São João
Damasceno afirma que o nascimento a partir de uma mãe estéril já era um sinal
das bênçãos especiais que recaem sobre Maria. Ainda, em sua Homilia sobre a
Natividade de Maria diz: "Hoje é o
começo da salvação do mundo, porque na Santa Probática foi-nos gerada a Mãe de
Deus através de quem o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, nos foi
gerado".
No século IV, e posteriormente, no século
XV, surgiu a crença que Maria também teria sido concebida por uma virgem, pelo
poder do Espírito Santo. Esta crença foi condenada como um erro pela Igreja
Católica em 1677. A Igreja ensina que Maria foi concebida de maneira natural,
mas foi miraculosamente preservada do pecado original para ser a mãe de Cristo.
Esta concepção livre do pecado original é chamada de Imaculada Conceição.
Assim se exprimiu o Padre Antônio Vieira
sobre essa celebração:
"Quereis
saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de
Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (...)
Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que
nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora
dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do
Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da
Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres;
perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos
dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os
desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento;
os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para
Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os
temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida,
para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos
os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em
uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus" (Sermão do
Nascimento da Mãe de Deus)”.
NATIVIDADE
de Maria
Homilia
de São João Damasceno[...]
Eu te saúdo, Maria, filha dulcíssima de Ana. De novo para ti o amor me impele. Como descrever o teu caminhar cheio de seriedade, os teus vestidos, a graça de teu rosto, a maturidade do discernimento num corpo juvenil? A tua forma de estar foi modesta, distante de todo o luxo e de toda a indolência; o teu caminhar era grave, sem precipitação, sem preguiça; o teu carácter era sério, temperado de júbilo, de uma perfeita reserva a propósito dos homens ? disto é testemunho a inquietação que te surgiu aquando da proposta inesperada do anjo. A teus pais dócil e obediente, tinhas humildes sentimentos nas mais altas contemplações, palavra amável, provinda de uma alma pacífica. Em resumo: que outra digna morada senão tu para Deus? Com razão todas as gerações te proclamam bem-aventurada, oh glória insigne da humanidade! Tu és a honra do sacerdócio, a esperança dos cristãos, a planta fecunda da virgindade, porque é através de ti que o renome da virgindade se estendeu aos confins do mundo. «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o Fruto do teu ventre». Aqueles que confessam a tua maternidade divina são benditos, e malditos aqueles que a negam.
12. Joaquim e Ana, casal abençoado,
recebei de mim estas palavras de aniversário. Oh filha de Joaquim e de Ana, oh
Soberana, acolhe a palavra deste teu servo pecador, mas inflamada pelo amor, e
para quem tu és a única esperança de alegria, a protetora da vida e, junto de
teu Filho, a reconciliadora e firme garantia da salvação. Possa tu aliviar-me
do fardo dos meus pecados, dissipar a névoa que obscurece o meu espírito e o
peso que me agarra à matéria. Possas tu deter as tentações, governar felizmente
a minha vida e conduzir-me pela mão até à felicidade do Alto. Concede ao mundo
a paz, e a todos os habitantes ortodoxos desta cidade uma alegria perfeita e a
salvação eterna, pelas orações de teus pais e de todo o Corpo da Igreja. Assim
seja, assim seja! «Salve, oh cheia de graça, o Senhor está contigo! Bendita és
tu entre as mulheres, e bendito o fruto de teu ventre», Jesus Cristo, o Filho
de Deus. A Ele a Glória, com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Amém.
Por
São João Damasceno
Tradução:
Seminário de Sintra (Portugal)http://alexandrinabalasar.free.fr/natividade_de_maria.htm
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