segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Beata Michela Ranzi de Vercelli, Agostiniana – 26 de fevereiro


    
Basílica de Santo André em Vercelli, Itália

     A Beata Michela Ranzi de Vercelli é uma agostiniana que viveu no século XV. Sabemos que pertencia à família Ranzi, uma família que tinha dado à luz os Beatos Cândido e Demóstenes João, Franciscanos, e as Beatas Isabel e Ângela Bartolomea, também agostinianas.
    Sobre a Beata Michela, só sabemos que em 1485 foi eleita priora do mosteiro de Santa Maria das Graças ou da Visitação de Vercelli. O mosteiro, que já existia na segunda metade do século XV, abrigara uma comunidade de Clarissas antes de se tornar um cenáculo agostiniano, que manteve sua fisionomia até 1641.
     Em alguns textos, esta beata era lembrada da seguinte maneira: "famosa pela pureza de costume e pela discrição de espírito, amada em sua pátria, admirada por suas coirmãs, elogiada pelos escritores. Seus restos permanecem terra preciosa".
     Aconselhado pela Beata, o Beato Cândido Ranzi se retirava no Sagrado Monte de Varallo para dedicar-se periodicamente à oração e à solidão.
     No texto de Aldo Ponso: "Dois mil anos de santidade no Piemonte e no Vale d’Aosta", é relatado que ela morreu em 1493.
     A Beata Michela Ranzi de Vercelli é comemorada no dia 26 de fevereiro.

Praça Cavour, Vercelli, Itália
Fonte: www.santiebeati.it/

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Santa Paula, a Barbada, Venerada em Ávila – 20 de fevereiro

Crucifixão de Wilgefortis, Áustria
     Segundo uma antiga legenda, Santa Paula, dita a Barbada, nasceu em Cerdeñosa, nas vizinhanças de Ávila, na Espanha.
     Paula havia consagrado sua virgindade a Deus. É narrado que um dia foi importunada por um jovem do local, que a queria violar. A jovem que não queria de modo algum ceder às investidas do jovem, se refugiou em uma capela e abraçando um crucifixo pediu a Nosso Senhor para ajudá-la.  De repente, seu rosto foi coberto por uma barba; o jovem ao vê-la assim transfigurada se assustou e a deixou em paz.
     Com certeza esta história é uma das inúmeras interpretações da legenda de Santa Vilgefortis ou Wilgefortis.
     A festa de Santa Paula é celebrada na diocese de Ávila no dia 20 de fevereiro.

*

Santa Vilgefortis ou Wilgefortis (do latim virgo fortis, virgem forte)

Sta Wilgefortis, imagem alemã
     Esta Santa foi muito venerada durante a Idade Média. Ela também é conhecida como Santa Liberada. Sua legenda começou a ser difundida no século XI. Muitos a consideram irreal, pois há muitas versões, embora com alguns pontos em comum.
     Segundo a narrativa mais comum, a jovem era filha de um rei (outras versões dizem de um nobre), nascida de um parto em que a mãe tivera 9 filhas. O pai prometeu-a em casamento ao rei da Sicília, mas como ela não queria violar seu voto de virgindade, negou-se a casar. Em sua grande devoção a Deus, pediu que Ele a deixasse feia e repugnante para manter sua castidade. Parou de comer e passou a desenvolver pelos por todo o corpo, inclusive no rosto, tornando-se barbada.
     Ao vê-la, seu pretendente desfez o acordo e seu pai, num acesso de cólera, mandou crucificá-la, não sem causar uma grande reprovação na cidade. Ela passou a ser cultuada como santa a partir do século XIV e é considerada patrona das mulheres mal casadas.
     Existem apenas três santas que foram crucificadas: Santa Wilgefortis, Santa Júlia de Cartago - crucificada e jogada no rio ainda na cruz, e Santa Comba, crucificada numa árvore.
     Segundo alguns estudiosos, talvez Wilgefortis seja um caso de anorexia nervosa, pois a anorexia grave e o alto grau de desnutrição podem causar um desequilíbrio hormonal que provoque o crescimento de pelos por todo o corpo.
     Wilgefortis não foi canonizada, a Igreja permite seu culto, mas não a considera santa por não existir provas de sua existência; há relíquias suas numa igreja em Sigüenza, na Espanha e há imagens dela em Portugal, Espanha, Áustria, França e Alemanha. Seu culto chegou aos Países Baixos, Inglaterra e atual República Tcheca.
     Talvez trazida pelos espanhóis, ela também é conhecida na América Latina: muito venerada no Panamá; é a padroeira da Independência da Colômbia; há imagens dela em Lima e Quito. Nesses países sul-americanos ela é conhecida como Santa Liberada.

Fontes:
www.santiebeati.it/

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Beata Elisabete Sanna, Viúva, Terciária Franciscana - 17 de fevereiro

    
     Elisabete nasceu em Codrongianos, na Sardenha, em 23 de abril de 1788, numa família de agricultores rica de fé e de filhos, e morreu com fama de santidade em Roma, em 1857. Logo após a sua morte, sua fama aumentou de forma extraordinária. São Vicente Pallotti foi seu diretor espiritual por 18 anos.
     Elisabete foi acometida pela varíola três meses após o nascimento e se restabeleceu, mas ficou com os braços estropiados e as articulações enrijecidas, o que não a impediu de crescer enfrentando sua incapacidade como uma coisa natural, de desenvolver melhor as tarefas domésticas e a se apresentar sempre ordenada e asseada.
     Da família recebeu o dom de uma intensa vida cristã desde pequena, tanto que aos seis anos foi crismada. Pouco depois foi confiada a Lúcia Pinna, terceira franciscana, animadora de um grupo de mulheres dedicadas a Adoração Eucarística, ao Rosário, ao socorro aos pobres. Lúcia, embora analfabeta como muitas mulheres daquele tempo, era uma excelente catequista das crianças da vila e do campo. Na escola, Elisabete aprendeu a conhecer Jesus e a ama-Lo.
     Com 10 anos fez a primeira Confissão e a primeira Comunhão. Frequentava o catecismo dado pelo Pe. Luís Sanna, primo do pai, e convidava suas companheiras a acompanhá-la.
     Com 15 anos, nos dias festivos reunia jovens em sua casa e lhes ensinava a doutrina cristã e a rezar o Rosário. Seu irmão, Antônio Luís, que a incentivara no culto a Nossa Senhora, entrou no Seminário de Sassari e se tornou sacerdote.
     Permanecendo no mundo, se inscreveu nas Confrarias do Rosário e do Escapulário do Carmelo. Viveu uma adolescência serena, cheia de trabalho, de colóquio com Nosso Senhor, de apostolado. Desejava ser religiosa, pois sendo deficiente não pensava em se casar. Entretanto, aos 19 anos é procurada para esposa por jovens de bons princípios.
     Assim, em 13 de setembro de 1807 se casou com Antônio, um bom cristão de modesta condição. Uma festa simples e tranquila, uma total confiança no Senhor e em Nossa Senhora, foi o início de sua vida conjugal. Antônio era um marido e pai exemplar; aos amigos dizia: “Minha mulher não é como as vossas, é uma santa!” Elisabete diria: “Eu não era digna de tal marido, tão bom ele era”. A sua família era modelo para toda a região.
     O casal teve sete filhos dos quais dois morreram muito cedo. Ela passava o dia entre a casa, empenhada na educação dos filhos, e o campo, onde trabalhava sem se poupar. Ainda encontrava tempo para longas horas de oração na igreja.
     Ela mesma preparou seus filhos para a Confissão e a Comunhão e lhes transmitiu o seu grande amor a Jesus, com muita doçura, sem jamais usar modos bruscos. Uma verdadeira educação. Não temia as críticas por sua fé professada e vivida publicamente.
     No dia 25 de janeiro de 1825, seu esposo, assistido por ela, morreu prematuramente. Viúva com cinco filhos – o mais velho de 17 anos, o menor com apenas 3 anos de idade – intensifica a vida de orações e de caridade, sem jamais descurar de seus deveres de mãe e a sua família continua com dignidade e decoro.
     Sua casa se torna quase um pequeno oratório onde, além de seus familiares, se reúnem em oração os vizinhos. Ela vive como uma monja no mundo. Naqueles anos compôs em seu dialeto uma belíssima ladainha que era cantada em Codrongianos.
     Em 1829 chegou à cidade um jovem vice pároco, o Pe. José Valle, de família nobre, de notável ascendência sobre as almas. Ele se tornou o confessor e diretor espiritual da família Sanna, em particular de Elisabete, que chama de tia. O Pe. Valle, vendo as ótimas disposições de Elisabete, a convida à comunhão frequente, permite que ela use o cilicio e que faça o voto de castidade.
     A sua vida cristã se torna ardente. Jesus pede que ela O siga mais de perto. Elisabete pensa em ir à Palestina e confia seus filhos ao irmão sacerdote. No fim de junho de 1830 ela pretendia embarcar no navio para Chipre, mas o Pe. Valle descobre que não tinham visto para o Oriente. Ela então foi em peregrinação para Roma.
     Em 23 de julho de 1830, o Pe. Valle se tornou capelão do hospital Santo Espírito e Elisabete Sanna se acomodou em um pequeníssimo alojamento em frente à igreja do Espirito Santo, bem próximo da Basílica de São Pedro.
     Elisabete somente conhecia seu dialeto natal e por isso não falava com ninguém, só com Deus na oração e vivia na sua pequena cela como uma eremita: visitava igrejas, assistia várias Missas durante o dia, fazia caridade com os pobres. No seu alojamento, dois meses depois, acolheu o Pe. José Valle, como um filho para curar. O padre ali ficará até 1839 assistido por Elisabete como por uma mãe.
     Nas suas peregrinações pelas igrejas de Roma, diante de suas dúvidas se devia voltar para a Sardenha, encontrou certo dia com um santo padre romano, Vicente Pallotti, dedicado a um intenso apostolado junto aos leigos que deu vida, em 1835, à Sociedade do Apostolado Católico. Homem de grande influência sobre religiosos e leigos, rico de um fascínio singular, o Pe. Pallotti seria canonizado em janeiro de 1963.
     Elisabete passou a ser dirigida pelo Pe. Pallotti que, iluminado por Deus, viu a missão a que ela era chamada na Urbe. Ela passou a colaborar na casa de Mons. João Saglia, secretário da Congregação dos Bispos e futuro cardeal. Tornou-se terciária franciscana e primeira colaboradora do Apostolado Católico fundado por São Vicente Pallotti, acompanhou o desenvolvimento do Instituto fundado pelo Pe. Vicente Pallotti, a Congregação dos Pallotinos, por 22 anos, até à sua morte em Roma.
     Elisabete doou todos os seus bens para seus filhos, que viviam na Sardenha, contente em viver na pobreza perfeita. Alguém dirá: “Ela via Deus em tudo e O adorava em todas as coisas”. Na escola de São Vicente Pallotti cresceu ainda mais na sua devoção a Maria Ssma. e sua morada se torna um pequeno santuário mariano onde se reúnem pessoas para rezar com ela.
     Ela é venerada como mãe, também como santa, pelos primeiros pallotinos e por numerosíssimos romanos que de algum modo se aproximaram dela. O próprio Pe. Pallotti tem por ela uma enorme estima e incentiva os seus filhos espirituais a ouvi-la.
     Quando o Papa Pio IX foi exilado em Gaeta, e Roma caiu em mãos dos sem Deus, Elisabete demonstrou uma grande fortaleza diante daqueles que a hostilizam: “Por quem rezas?”, perguntam com ironia. - “Por todos!” “E também pela república?” – “Eu não conheço esta pessoa!”
     São Vicente Pallotti faleceu em 22 de janeiro de 1850, morte prevista por Elisabete, que agora ficava mais sozinha. Intensifica suas orações e o seu apostolado. Torna-se a santa que conquistou o coração dos romanos. Já anciã e sofredora, se consome como uma vela que arde no altar. No dia 17 de fevereiro de 1857, Elisabete falece após ter visto São Vicente Pallotti e São Caetano de Thiene, que vinham buscá-la para o Paraiso.
     No seu funeral as pessoas diziam: “Morreu a santa de São Pedro”. Era tão grande o consenso popular sobre ela, que 4 meses apenas após a sua morte foi nomeado o postulador da sua causa de beatificação, que durou um século e meio. Como resultado de uma cura havida no 2008 de uma jovem brasileira que tinha um tumor que paralisava um braço, foi beatificada em 17 de setembro de 2016, na Basílica da Santíssima Trindade de Saccargia em Codrongianos.


A Beata e o demônio
     No processo de beatificação e canonização da Beata consta que os assédios de satanás não eram incomuns em sua vida. Duas testemunhas proeminentes relataram: o seu diretor espiritual Pe. José Grappeli e a grande amiga Adelaide Balzani.
     Balzani disse: "Tendo mencionado os maus tratos que o demônio lhe infringia durante a noite, devo acrescentar que ela me dizia que o diabo aparecia nas formas feíssimas, e que às vezes apertava sua garganta para sufocá-la, e ela o punha em fuga invocando a Virgo Potens”.
     “Outras vezes ela recorria à água benta, e embora devido à sua deficiência não pudesse tomá-la com a mão, ela colocava uma pequena vasilha sobre a mesa e o colocava sobre a fronte. Creio que deve ser atribuída ao diabo aquela irrupção extraordinária de ratos que de dia invadiam sua sala”.
     “Eles passeavam pela sala com a maior desfaçatez, mesmo na minha presença e de outros, e se alguém tinha levado qualquer coisa mais delicada para comer - que a Serva de Deus certamente dispensava para doentes pobres, porque ela nunca usava para si - os ratos estragavam tudo em um momento, porém sem comê-lo”.
     “Minha mãe disse a ela que nunca mais iria vê-la ir por causa daqueles bichos e a Venerável disse que os animais não eram para ela. E isto confirmou a opinião comum, compartilhada pelo Pe. José Grappelli, que naqueles camundongos havia algo não muito natural, talvez fosse obra do demônio”.
     “Acrescento que a Venerável questionada por mim sobre as infestações diabólicas, me dizia que o diabo não pode fazer nada além do que Deus permite e que ele nada obtém daqueles que têm uma verdadeira confiança em Deus e na Santíssima Virgem. Ela me disse que uma noite o demônio apareceu como um cavalo soltando fogo pela boca, narinas e olhos e se lançou sobre ela. Ela ficou surpresa e não podia se libertar, exceto quando com grande força invocou a Virgo Potens e ouviu Nossa Senhora  responder-lhe: "Aqui estou, filha!" E o demônio desapareceu".
     O Pe. José Grappelli informou que o demônio a molestava durante a noite com a aparição de pessoas imundas e assustadoras, ou de um cão raivoso que mordia seu rosto, ou um cavalo selvagem; sufocava sua garganta, batia e machucava; às vezes ele aparecia sob o disfarce do marido ou de um filho, que lhe faziam propostas horríveis.
    "Toda vez que eu ia ter com ela, me implorava para marcá-la com água benta e para aspergir o quarto e a cama, e me dizia que na época de Pe. Vicente Pallotti e Pe. F. Vaccari essas batalhas eram mais frequentes e terríveis, e muitas vezes eles recorreriam aos Oblatos de Tor de Specchi, à Senhora Rosa Rinaldi, que muitas vezes viu os hematomas, o inchaço extraordinário da face e outros sinais na Serva de Deus, e também de alguma forma eram conhecidos da Marquesa Fioravanti, de Joana Guidi e outros, e, na última aparição, a do cavalo bufando fogo, a Serva de Deus teve tanto medo, que sua saúde ficou muito abalada". 
Fonte: Pe. Marcello Stanzione

Publicado pela 1ª vez em 15 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Santa Fortunata de Baucina, Mártir – 14 de fevereiro

    


     Santa Fortunata não é mencionada no Martirológio Romano moderno, mas o seu nome constava das edições anteriores. Sabe-se que foi uma jovem convertida ao cristianismo, que viveu em Palestrina, próximo de Roma, em torno do ano 200 d.C.
     A jovem Fortunata foi capturada pelos guardas romanos quando se dirigia a Roma, onde foi torturada e martirizada no mês de outubro de 200 por causa de sua fé. Seu corpo, com um tecido embebido em seu sangue, foi encontrado nas Catacumbas de Santa Ciríaca de Roma, onde permaneceu, com toda probabilidade, até 1790.
     Em 29 de janeiro de 1790, o Cardeal Saverio Cristiani, assistente do trono papal, enviou as sagradas relíquias da Santa, contidas em uma caixa de madeira, para os habitantes de Baucina, com uma bula papal do Papa Pio VI.
     O pároco de Baucina havia solicitado a transladação das relíquias da santa mártir para aquela cidade, devido a idênticos sonhos relatados pela Irmã Maria Celafani, superiora do Colégio de Maria de Baucina, e pelo Pe. Alfio Caruso, confessor daquele Colégio.
     Em ambos os sonhos, Santa Fortunata, com a aparência de uma adolescente, pedia ser transportada para a Sicília e ali venerada. Revelava também que no século XVIII haveria muitas conversões e deixou esta mensagem: “Vai haver uma virgem mártir venerada em Baucina”. Os detalhes do sonho da madre superiora permitiram deduzir que o corpo da jovem dos sonhos se tratava das relíquias de Santa Fortunata.
     É historicamente certo que a data da chegada do corpo de Santa Fortunata em Baucina é 14 de fevereiro (dia em que se comemora sua Festa Litúrgica) de 1790.
     E desde os primeiros dias da chegada de suas relíquias o povo de Baucina sentiu a grande intercessão da Santa mártir num primeiro milagre, seguido de muitos outros prodígios testemunhados pelos numerosos ex votos.
     Por volta de 1840 as relíquias foram recompostas no corpo que atualmente se pode ver e venerar na artística urna conservada na Igreja de Nossa Senhora da Lâmpada, no Colégio de Maria, em Baucina, fundada em 1728-1737.
     Para a reconstrução das relíquias, segundo foi mencionado por duas testemunhas, se supõe, mas sem ter a certeza, dois médicos de Baucina enfrentaram juntos a árdua tarefa “de restaurar o corpo de Santa Fortunata”, sendo que as datas mencionadas por ambas as testemunhas se referem ao período em torno de 1840.
     Para conhecermos a data da procissão de Santa Fortunata pela rua principal como padroeira de Baucina, contamos com uma resolução do Conselho da Cidade de Baucina em 9 de abril de 1870, quando ela foi proclamada Padroeira de Baucina, tendo já a cidade São Marcos como padroeiro principal. Em 1880, obteve-se da Sagrada Congregação dos Ritos a permissão para celebrar, no altar sagrado onde repousam os seus restos mortais, a Santa Missa solene em honra à mártir Santa Fortunata.
     Sua festa litúrgica é fixada em 14 de fevereiro, dia da chegada das relíquias em Baucina, enquanto a festa como padroeira é realizada no segundo domingo de setembro.
     A festa da padroeira e do culto da santa são promovidos pela Irmandade de Santa Fortunata, erguida em dezembro de 1968; como muitos outros eventos similares na Sicília, em uma procissão a urna contendo as relíquias da Santa é colocada em um precioso andor carregado pelos fiéis.
     Com a emigração de pessoas do sul da Itália, o culto desta Santa chegou à Grã-Bretanha, Toronto (Canadá), Valencia (Venezuela).

Milagres da época:
– Seu corpo, apesar de muito dilacerado pelo martírio estava incorrupto, mesmo após 1590 anos de sua morte.
– A reconstrução do corpo foi feita em 1840 pelo Dr. Bicolò, médico grego que por conhecer bem a anatomia humana se dispôs a fazê-la. Levou o corpo para sua casa (clínica), pois seria um trabalho delicado.  Constatou assim que iniciou a árdua tarefa que a artéria da pequena Fortunata continha sangue líquido, ficando assim mais difícil ser feita a reconstrução.
– Em 1980 o cavaleiro De Luca doou um terreno para a construção da Casa das Crianças e de Caridade Santa Fortunata, porque seu avô Dr. Joaquim De Luca, dos Barões de Termini Imerese, em 1840 recompôs o corpo da jovem.
     De acordo com o cavaleiro De Luca, a recomposição teria acontecido na casa da família De Luca Via Umberto I, no distrito de Baucina.
     Como pode ser constatado, havia também dois médicos reconstruindo seu corpo dilacerado, pois os dois testemunharam a reconstrução no mesmo ano. Isso é aceitável, visto que não deve ter sido nada fácil recompor um corpo faltando pedaços pelo martírio e que ainda sangravam como se tivesse acabado de acontecer sua morte.
     Ainda nos dias de hoje pode ser visitada na Igreja de Nossa Senhora da Lâmpada no Colégio de Maria, em Baucina. Lá constam os milagres atuais concedidos por essa virgem mártir que deu sua vida pela fé em Jesus Cristo.

Fontes: santafortunata.org
www.santiebeati.it/
https://segundauniaonews.wordpress.com

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Nossa Senhora de Lourdes – 11 de fevereiro

 
     A devoção à Nossa Senhora de Lourdes é muito conhecida, senão no mundo inteiro, numa boa parte dele. Mas, o que ainda deveria ser conhecido por muitos, principalmente por aqueles que se consideram devotos, é o conteúdo das mensagens reveladas pela Virgem à Santa Bernadete. 
     A história das Aparições de Nossa Senhora em Lourdes é bastante conhecida, mas recordemo-nos dela em um breve relato:
     Na então aldeia de Lourdes, região francesa dos Altos Pirineus, em 11 de fevereiro de 1858, a jovem Bernadette Soubirous, de 14 anos, indo apanhar lenha às margens do Rio Gave, viu pela primeira vez, na reentrância de um rochedo, uma gruta chamada massabielle, uma “Senhora”. Essa primeira aparição foi seguida de outras 17.
     Em uma das aparições, a “Senhora” pediu que ali se construísse uma igreja; em outra ocasião, fez brotar, por meio das mãos de Bernadette, uma fonte de água cristalina e considerada milagrosa, que ali corre desde então. Em 1862, as curas obtidas com o uso da água levaram o bispo de Tarbes a autorizar o culto a Nossa Senhora de Lourdes.
     Na aparição do dia 25 de março, dia da solenidade da Anunciação, a Aparição revelou, no dialeto da região, seu nome para Bernadette: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Muitos viram nesse sinal, mais uma confirmação do dogma da Imaculada Conceição que o papa Pio IX havia proclamado apenas quatro anos antes, por meio da Constituição Apostólica Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.
     O Santuário de Lourdes é um dos mais importantes centros de peregrinação da Cristandade Católica. De fato, o santuário recebe todos os anos milhares de devotos que vem, em sua maioria, buscar lenitivo para suas dores e aflições, junto àquela Senhora que se revelara à pequena e humilde Bernadette.
O essencial das aparições
     Nossa Senhora usava um vestido branco com uma faixa azul. São as cores da Imaculada Conceição. Nossa Senhora fez vários pedidos por meio de Santa Bernadette:
1) “Penitência, penitência, penitência!”; “rezai a Deus pela conversão dos pecadores”; além da recomendação de “oscular a terra em penitência pelos pecadores”.
2) “Ela me disse para comer a erva que se encontra no mesmo local onde eu fui beber” [em sinal de penitência], explicou a vidente.
3) “Ide beber na fonte e lavai-vos ali”. Para esse efeito Nossa Senhora fez brotar a fonte na gruta de Lourdes. Dali provém a “água de Lourdes” até hoje.
4) Mandou construir uma igreja no local: “Devem vir aqui em procissão”. É a origem da procissão dos círios em Lourdes.
     Além de uma fonte real de água, Nossa Senhora abriu uma torrencial fonte de graças e milagres como em nenhuma outra parte do mundo. Depois de demorados processos, a ciência constatou mais de 7.000 curas inexplicáveis pela medicina. 
    Os milagres em geral ocorrem quando o doente bebe a “água de Lourdes” ou lava-se com ela, e também na bênção dos doentes, mas muitos outros acontecem de modos e em locais inesperados ao se invocar Nossa Senhora de Lourdes. Como resultado, surgiram inúmeras reproduções da gruta de Lourdes pelo mundo inteiro.
     Quando formos invocar o auxílio de Nossa Senhora diante de uma imagem que a representa na gruta de Massabielle, lembremo-nos que Ela é a Imaculada Conceição, que gerou o Verbo Encarnado; ouçamos sua voz e lembremo-nos de seus pedidos e, junto com a graça que desejamos receber, procuremos cumprir os pedidos feitos por Ela naquelas magníficas aparições, e tenhamos confiança e a certeza de sermos atendidos.
* * *
Lourdes confirmou o dogma da Imaculada Conceição e premiou a combatividade do Beato Papa Pio IX
     Não muito antes da aparição de Nossa Senhora em Lourdes (11 de fevereiro de 1858), o bem-aventurado Papa Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição.
     Essa proclamação aconteceu em 8 de dezembro de 1854. O glorioso Papa visou em primeiro lugar a afirmação de um dogma de grande importância para o progresso da mariologia dentro da Igreja. 
     Em segundo lugar ele queria com a afirmação desse dogma, tão profundamente anti-igualitário, esmagar o ceticismo do século.
     É curioso que exatamente os milagres de Lourdes são de natureza a esmagar o ceticismo. E a própria aparição de Lourdes veio como uma confirmação do dogma, uma vez que Nossa Senhora declarou que Ela era a Imaculada Conceição. Foi um prêmio e uma confirmação da veracidade do dogma.
     Face à impiedade revolucionária do século, o Beato Pio IX fez o contrário de dar a carne para a fera. Ele enfrentou o pecado, o laicismo, o espírito de revolta igualitário e sensual. Então, a Providência interveio dando uma série estupenda de milagres.
     Os milagres de Lourdes, debaixo desse ponto de vista, confirmam a estratégia do santo Papa. Essa estratégia foi a seguinte: a impiedade a gente enfrenta, não se faz gentilezas, nem se recua, mas se enfrenta.      
     Há, portanto, uma dupla confirmação em Lourdes: a confirmação do dogma e a aprovação da oportunidade.
     Quando se medita a respeito de Lourdes é apropriado refletir no caráter antirrevolucionário autêntico do Beato Pio IX.
     Assim agindo, ele atraiu as boas graças de Nossa Senhora e o início do maravilhoso cortejo de milagres que chega até nossos dias.

(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 8.12.63. Sem revisão do autor)
https://aparicaodelasalette.blogspot.com/

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Santa Edna, Abadessa de Whitby – 8 de fevereiro

   
     Século VII depois de Cristo, uma nova etapa da Santa Igreja. Era a época da formação da Cristandade. As nações iam se delineando e a Fé verdadeira tinha uma missão imensa diante de si: converter povos pagãos, evangelizá-los. É preciso louvar e reverenciar os propulsores desta nova etapa. Entre tantas figuras exponenciais, degustemos a história de uma região hoje conhecida como Reino Unido.  
     Quando os pais de nossa Santa, Oswiu e Eanflæd se casaram no ano de 643 d.C., uniram os dois reinos nortumbrianos de Bernicia e Deira. É difícil imaginar como seriam aqueles pequenos reinos que iriam formar nações tão cultas e civilizadas. Mas as ações daqueles reis incipientes revelam como tinham já grande Fé, senão vejamos:
     O rei Oswiu deu 12 parcelas de terras para estabelecer 12 mosteiros como uma oferta de agradecimento por sua vitória na Batalha de Winwaed sobre o rei Penda, da Mércia, em 15 de novembro de 654 ou 655. Uma daquelas parcelas de terra estava em Streoneshalh, mais tarde chamado Whitby. Como parte desse presente de ação de graças, o Venerável Beda (*) nos conta que Oswiu ofereceu sua filhinha Edna, que tinha apenas um ano de idade, “em perpétua virgindade” ao Mosteiro de Hartlepool, sob a orientação da abadessa Hilda.
     Dois anos depois, em 657, a Abadia de Whitby foi estabelecida e Santa Hilda e a criança se mudaram de Hartlepool para a nova abadia. Assim, é provável que Edna tenha nascido por volta de 655 ou 656. É interessante que seu pai, o rei Oswiu, foi um dos participantes do Sínodo de Whitby, em 664, sínodo que resolveu a controvérsia sobre a Páscoa e escolheu a forma de culto e de vida da Igreja latina em lugar da forma celta.
(obs. na gravura acima, Santa Edna ocupa o troneto de abadessa e atende pessoas)
Primórdios da vida e relações familiares:
    Santa Edna (Elflaed em inglês) foi a segunda ou terceira abadessa de Whitby após a morte de Santa Hilda de Whitby em 680. Como Santa Hilda, ela governou a Abadia de Whitby por 33 anos.
     Eddius Stephanus (Estevão de Ripon) em sua Vida de São Wilfrid descreveu Edna como “sempre a fonte de consolação para todo o reino, e a melhor das conselheiras”. A vida anônima de São Gregório foi escrita em Whitby enquanto ela era abadessa.
    Nós a conhecemos principalmente pelos escritos do venerável Beda (ver o dia 23) em sua História Eclesiástica do Povo Inglês e A Vida de São Cuthbert.
     Edna nasceu na família real nortumbriana do rei Oswiu (Oswy) e sua esposa, a rainha Eanflæd, filha do rei Edwin. Por seu lado materno, ela era neta do rei de Deira, Edwin e sua esposa, a rainha Ethelburg, e a bisneta do rei Ethelbert de Kent e sua esposa, Berta. No lado paterno, ela era neta do rei Ethelfrith e Acha de Bernícia e bisneta do rei Ælle. O muito amado rei Oswald era seu tio. Sim, ela era bem relacionada! Era uma princesa daqueles primitivos reinos.
     Edna tinha uma irmã Osthryth que se tornou a rainha da Mércia. Tinha pelo menos três irmãos que conhecemos, Eahlfrith, Ecgfrith e Elfwine, e um meio-irmão Aldfrith, que nasceu fora do casamento, de uma princesa irlandesa chamada Fin. Este filho ilegítimo, Aldfrith, foi criado na ilha de Iona e foi considerado por Beda e Alcuíno como o homem mais culto e sábio. Alguns pensam que a primeira esposa de Oswiu pode ter sido uma princesa de Rheged chamada Rieinmellt, de acordo com as genealogias anglo-saxônicas da História Britânica.
Sta. Edna encontra S Cuthbert
     Após a morte de Hilda em 680, Santa Eanflæd, então viúva de Oswiu, ingressou na Abadia de Whitby, e ela e sua filha Edna tornaram-se abadessas conjuntas; mais tarde Edna foi a única abadessa até sua morte em 714.
     A Igreja Católica na Nortúmbria do tempo de São Cuthbert era uma instituição rica e aristocrática. Em pelo menos uma ocasião a princesa abadessa Edna é encontrada em banquete com São Cuthbert de Lindisfarne.
     A Abadia de Whitby era constituída de religiosas famosas por suas habilidades em medicina. Edna era particularmente conhecida por ser hábil em cirurgia e em sua atenção pessoal aos pacientes, como já o fora Santa Hilda, que era conhecida por seu atendimento médico personalizado.
     Como sua mãe, Edna foi relacionada com o bispo São Wilfrid, e desempenhou um papel importante nas tratativas que colocou seu sobrinho Osred, filho de Aldfrith, no trono em 705. Ela foi uma figura política importante desde a morte de seu irmão Ecgfrith, em 685, até que ela própria morreu.
     De acordo com um relato, Edna sofreu uma doença incapacitante por algum tempo. Um dia, ela pensou em São Cuthbert e desejou ter algo pertencente a ele, pois tinha certeza de que isto iria ajudá-la. Logo depois chegou um mensageiro com o presente de um cinto de linho de São Cuthbert. Ela colocou-o e dentro de três dias ela recuperou a saúde.
     Sua piedade foi elogiada por contemporâneos como o venerável Beda e Estêvão de Ripon. Beda refere-se a seu alto grau de santidade e devoção, enquanto Estêvão a chama de “consoladora de todo o reino e a melhor conselheira”.
     Edna foi altamente considerada entre os líderes no Sínodo de Nidd onde falou “palavras inspiradoras”. Nas conclusões finais do sínodo, foram levadas em consideração as sugestões do Arcebispo e da Abadessa Edna. Na Vida de São Cuthbert é mencionado que uma igreja que Edna mandou construir em uma de suas propriedades fora de Whitby foi consagrada por aquele bispo.
     Há uma carta escrita por volta do ano 700, que alguns estudiosos acreditam ter sido escrita por uma muito culta Edna num latim muito florido, endereçada à Abadessa Adolana de Pfalzel, perto de Trèves, recomendando uma de suas amigas, outra abadessa que estava hospedada em Whitby, pronta para retornar à sua casa.
     Ela foi considerada santa e celebrada em 8 de fevereiro. Santa Edna foi enterrada em Whitby. Uma hagiografia tardia, a Vita sanctae Elfledae, sobreviveu, reunida por John Capgrave em Nova Legenda Angliae, em 1516.
     Escavações feitas na década de 1920 por Radford e Peers encontraram várias fundações de edifícios e duas pedras memoriais gravadas que, acredita-se, registraram a morte de Santa Edna, abadessa de Whitby, e Cineburga, rainha do rei Oswald.

Abadia de Whitby
     O primeiro mosteiro foi fundado em 657 d.C., durante o período anglo-saxão, pelo rei Oswiu da Nortumbria, com o nome de Streoneshalh. Ele designou Hilda, abadessa da Abadia de Hartlepool, e sobrinha de Eduino, o primeiro rei cristão da Nortúmbria, como primeira abadessa. Acredita-se que o nome Streoneshalh signifique "Baía do Forte" ou "Baía da Torre", em referência a um suposto assentamento romano que teria existido no local. Esta suposição jamais foi provada e teorias alternativas já foram propostas, como a que propõe que o nome signifique "Assentamento de Streona".
     O mosteiro duplo de monges e freiras beneditinos foi o lar do grande poeta nortumbriano Caedmon. Em 664 d.C., o Sínodo de Whitby, no qual o rei Oswiu decretou que a igreja nortumbriana iria adotar o cálculo da data da Páscoa e a tonsura romanos, foi realizado na abadia.
     Whitby foi destruída pelos dinamarqueses em ataques sucessivos entre 867 e 870, permanecendo abandonada por 200 anos. A existência de um prestebi, "habitação de padres" na língua nórdica antiga, na pesquisa de Domesday, pode indicar um renascimento da vida religiosa no local desde o período das invasões vikings. O antigo mosteiro era composto de quarenta monasteria vel oratoria arruinados, similares às ruínas monásticas irlandesas, com diversas capelas e celas onde habitavam os monges.
      Reinfrid, um soldado no exército de Guilherme, o Conquistador, se tornou monge e viajou até Streoneshalh, que então já era conhecido como Prestebi ou Hwitebi (o "assentamento branco" em nórdico antigo). Ele pediu a William de Percy, que lhe doou o arruinado mosteiro de São Pedro e as terras adjacentes para que ele iniciasse um novo mosteiro. Serlo de Percy, o irmão do fundador, se juntou a Reinfrid no novo mosteiro, que passou a seguir a regra de São Bento.
     Este segundo mosteiro perdurou até ser destruído por Henrique VIII, em 1540, durante a Dissolução dos Mosteiros. Os edifícios da abadia então foram abandonados, se arruinaram e foram utilizados como fonte de pedras para construções nas redondezas, permanecendo, porém, como uma marca visível para marinheiros. Atualmente, as ruínas pertencem ao English Heritage, que as mantém.
     Em 1914, a Abadia de Whitby foi alvo de um ataque pelos cruzadores dos alemães, que tentavam acertar um posto de radar das proximidades. A abadia foi consideravelmente danificada no ataque, que durou dez minutos.

(*) Beda (c. 673 - + 26 de maio de 735) conhecido também como Venerável Beda, ou São Beda, foi um monge inglês que viveu nos mosteiros de São Pedro, em Monkwearmouth, e São Paulo, na moderna Jarrow, no nordeste da Inglaterra, uma região que na época era parte do Reino da Nortúmbria. Ele é conhecido principalmente por sua obra-prima História Eclesiástica do Povo Inglês, um trabalho que lhe rendeu o título de Pai da História inglesa.
     Em 1899, ele foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII, um dos mais importantes títulos teológicos da Igreja Católica, e é até hoje o único nativo da Grã-Bretanha a alcançar a posição (Santo Agostinho de Cantuária, também um doutor, era nativo da Itália). Além disso, o Venerável Beda era um habilidoso linguista e tradutor, e suas obras ajudaram a tornar acessíveis os textos dos primeiros Padres da Igreja, escritos em latim ou em grego, para os anglo-saxões, contribuindo assim para o desenvolvimento do Cristianismo inglês. O mosteiro de Beda dispunha de uma grande biblioteca que incluía, entre outras, as obras de Eusébio e Orósio.
Manuscritos da História Eclesiástica do Povo Inglês

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Beata Clara (Ludwika) Szczesna, Virgem, cofundadora – 7 de fevereiro

 
   Ludwika Szczęsna nasceu em 18 de julho de 1863 na diocese de Plock, na Polônia, quarta de seis filhos de Antony Szczesni e Franciszka Skorupska.
     Nos anos difíceis que se seguiram à insurreição na zona da Polônia sob o domínio russo, Ludwika não pode frequentar a escola. Entretanto, aprendeu a ler e a escrever e recebeu cuidadosa educação religiosa. Passou a infância perto de um pequeno santuário de Nossa Senhora e de Santo Antônio em Zuromin. Aos doze anos perdeu a mãe e até os 17 anos viveu com seu pai e sua segunda esposa. Seu pai desejava que ela se casasse, motivo que levou Ludwika a deixar a casa paterna e se instalar em casa de parentes em Mlawa, onde trabalhou como costureira, à espera de se concretizar seu sonho de dedicar a própria vida a Deus como religiosa.
     Em 1886 participou dos exercícios espirituais dirigidos pelo Pe. Onorato de Biala, capuchinho (Beato desde 1988) em Zakroczym, onde conheceu Madre Eleonora Motylowska, a cofundadora e superiora geral da Congregação das Servas de Jesus. Ingressou nesta congregação e depois de um período de formação em Varsóvia, trabalhou em Lublino como governanta da casa das jovens. Embora as autoridades dos dominadores russos proibissem qualquer tipo de atividade religiosa, ela ensinava clandestinamente as jovens, sustentava sua fé e lhes dava uma boa educação. Foi obrigada a deixar Lublino quando sua atividade foi descoberta e voltou a Varsóvia por um breve período.
     Em 1893 um sacerdote, Pe. Józef Sebastian Pelczar, solicitou que algumas irmãs viessem trabalhar na casa das jovens de Cracóvia. Irmã Ludwika vai para Cracóvia junto com a Irmã Faustina Rostkowska, para trabalhar como governanta. Ali desenvolveu um trabalho de grande zelo e amor.
     Em 15 de abril de 1894 o Pe. Pelczar fundou a Congregação das Servas do Sagrado Coração de Jesus e Irmã Ludwika foi eleita superiora e mestra das primeiras irmãs. Em 2 de julho de 1895 ela fez a profissão religiosa nesta congregação, escolhendo Santa Clara como patrona de sua vida. Enquanto serva do Sagrado Coração de Jesus, Irmã Clara foi sempre zelosa das necessidades do próximo e sob a ação do Espírito Santo participava das preocupações do Pe. Pelczar com a sorte das domésticas, dos operários e dos doentes. Graças a ela as orientações do Fundador tiveram expressão duradora na espiritualidade e nos trabalhos apostólicos das Servas do Sagrado Coração de Jesus.
     No primeiro capítulo geral da congregação em 1907, Madre Clara foi eleita superiora geral. No segundo capítulo foi reeleita. Como superiora geral da congregação, visitava as casas e os locais de trabalho das irmãs. Apesar das condições sociais e históricas difíceis, o número de religiosas e de casas aumentavam sempre. Sua preocupação contínua era o bem das religiosas, sua preparação profissional, intelectual e espiritual, a fim de aprimorar a qualidade do trabalho que desempenhavam nas obras apostólicas da congregação.
     Madre Clara foi sempre dedicada a Deus; cheia de humildade e sempre pronta para servir ao próximo sinais visíveis do seu amor a Deus. “Tudo para o Coração de Jesus” era a sua palavra de ordem e seu programa de vida. Ficou na direção da congregação por 22 anos, até o fim de sua vida. Faleceu no dia 7 de fevereiro de 1916 em Cracóvia.
     O Pe. Józef Sebastian Pelczar, que fora nomeado bispo auxiliar de Przemyśl em 1899 e ordinário da diocese um ano depois, foi beatificado em 2 de junho de 1991 e canonizado em 18 de maio de 2003 por João Paulo II.
     Em 25 de março de 1995 foi iniciado o processo de beatificação de Madre Clara, concluído em 15 de abril de 1995, no 102º aniversário de fundação da congregação.
     Madre Clara foi beatificada em 27 de setembro de 2015, após a aprovação de um milagre obtido por sua intercessão.