Dois pastorinhos - Maximino Giraud e Melania Calvat
- tiveram uma visão da Virgem Maria numa montanha perto de La Salette, França,
a 19 de setembro de 1846, por volta das três horas da tarde. Fazia muito sol.
Maximin Giraud e Mélanie Calvat haviam recebido apenas uma muito limitada
educação.
A aparição consistiu em três fases
diferentes. As crianças viram, numa luz resplandecente, uma bela dama em uma
estranha vestimenta, falando alternadamente francês e patois. Ela estava
sentada sobre uma pedra, e as crianças relataram que a "Belle Dame"
estava riste e chorando, com seu rosto descansando em suas mãos. A Bela Senhora
pôs-se de pé e disse: "Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou
para vos contar uma grande novidade!"
As crianças foram até a
Bela Senhora. Ela não parava de chorar. Segundo os relatos das crianças a
Senhora era alta e toda de luz. Vestia-se como as mulheres da região: vestido
longo, um grande avental, lenço cruzado e amarrado às costas, touca de
componesa. Rosas coroavam sua cabeça, ladeavam o lenço e ornavam seu calçado.
Em sua fronte a luz brilhava como um diadema. Sobre os ombros carregava uma
pesada corrente. Uma corrente mais leve prendia sobre o peito um crucifixo
resplandecente, com um martelo de um lado, e de outro uma torquês.
A Bela Senhora falou em segredo a
Maximino e depois a Melânia. E novamente, os dois em conjunto ouvem as
seguintes palavras: "Se se converterem, as pedras e rochedos se
transformarão em montões de trigo, e as batatinhas serão semeadas nos roçados"
E a Bela Senhora concluiu, não mais em patois, e sim em francês: "Pois
bem, meus filhos, transmitireis isto a todo o meu povo". Terminou assim
a aparição.
Segundo
as crianças ela andava, mas as plantas de seus pés não esmagavam a relva, quase
não dobravam os talos. Melania correu e a contemplou de novo lá no alto. E
depois, segundo ela, viu o rosto e a figura da Senhora desaparecendo à medida
que a luminosidade aumentava.
Durante a aparição, Nossa Senhora,
após dar o segredo, ditou à vidente Mélanie Calvat, palavra por palavra, uma
regra para que se fundasse uma ordem religiosa com o nome de "Ordem da Mãe
de Deus" e que se destinaria aos "Apóstolos dos Últimos Tempos".
Em relação aos "Apóstolos dos
Últimos Tempos", Nossa Senhora de La Salette disse:
Eu dirijo um urgente apelo à Terra; chamo os verdadeiros discípulos do Deus
Vivo que reina nos Céus; chamo os verdadeiros imitadores de Cristo feito Homem,
o único e verdadeiro salvador dos homens; chamo os meus filhos, os meus
verdadeiros devotos, aqueles que já se me consagraram a fim de que vos conduza
ao meu Divino Filho; os que, por assim dizer, levo nos meus braços, os que têm
vivido do meu Espírito; finalmente, chamo os Apóstolos dos Últimos Tempos, os
fiéis discípulos de Jesus Cristo que têm vivido no desprezo do mundo e de si
próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na
mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e no
desconhecimento do mundo. Já é hora de que saiam e venham iluminar a Terra. Ide
e mostrai-vos como filhos queridos meus. Eu estou convosco e em vós sempre que
a vossa fé seja a luz que alumie, e nesses dias de infortúnio, que o vosso zelo
vos faça famintos da glória de Deus e da honra de Jesus Cristo.
O tema central das mensagens da
Virgem para a Humanidade foi que deveriam livrar-se do pecado mortal e fazer
penitência, ou sofreriam terríveis sofrimentos. A Virgem Maria predisse eventos
futuros da sociedade e da Igreja. O cumprimento destas previsões foi também
visto como uma das indicações da veracidade da aparição nas investigações que
se seguiram à aparição.
No que diz respeito à sociedade, a
Virgem Maria previu que a colheita seria completamente fracassada. Em dezembro
de 1846, a maior parte das camadas populares foi atingida por doenças e, em
1847, uma fome assolou a Europa, resultando na perda de cerca de um milhão de
vidas, sendo cem mil só na França. A cólera se tornou prevalente em várias
partes da França e custou a vida de muitas crianças. O desaparecimento da
Segunda República Francesa, com a Guerra franco-prussiana (1870-1871) e a
revolta da Comuna de Paris de 1871 foram igualmente previstos.
No que diz respeito à Igreja, Ela
previu que a fé católica na França e no mundo, mesmo na hierarquia católica,
iria diminuir bastante, por causa dos muitos pecados dos leigos e do clero.
Guerras iriam ocorrer se os homens não se arrependessem, Paris e Marselha
seriam destruídas. A Humanidade foi alertada para a vinda do Anticristo e do
fim dos tempos. Para Maximino, Ela previra a conversão da Inglaterra na fase
final do Apocalipse.
A Virgem citou o ano de 1864,
quando haveria a "multiplicação de maus livros sobre a terra" e a
"pregação de um evangelho contrário ao de Jesus Cristo negando a
existência do céu e do inferno". Seu alerta, embora parecesse confuso
à época, previu o lançamento em 1864 do livro "O Evangelho Segundo o
Espiritismo" de Allan Kardec que pregava exatamente as mesmas abominações
e relata os mesmo "prodígios" que Maria alertou dezenas de anos
antes.
Outro clamor atual da Virgem é
quanto à crise moral e até mesmo litúrgica da vida sacerdotal; podemos
até citar as desonras e a vergonha da Igreja com a falta de muitos dos seus
membros pelos escândalos de pedofilia, sincretismo, apostasia e outras
abominações:
Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por sua má vida, por suas
irreverências e sua impiedade em celebrar os santos mistérios, por amor do
dinheiro, das honras e dos prazeres, os sacerdotes tornaram-se cloacas de
impureza. Sim, os padres pedem vingança, e esta está suspensa sobre as suas
cabeças. Desgraçados dos padres e das pessoas consagradas a Deus, as quais, por
suas infidelidades e sua má vida crucificam novamente o meu Filho! Os pecados
das pessoas consagradas a Deus clamam ao Céu e chamam a vingança e ela está às
suas portas, pois não se encontra ninguém para implorar misericórdia, e perdão
para o povo; não há mais almas generosas não há mais ninguém digno de oferecer
a Vítima sem mancha ao Pai Eterno em favor do mundo.
A Basílica de Nossa Senhora de La Salette foi iniciada em 1852, concluída em
1865, e designada basílica em 1879. É uma grande, quase austera igreja, com uma
fachada ladeada por duas torres. No interior da basílica, a nave é delimitada
por duas fileiras de colunas bizantinas. Possui três medalhões representando as
fases da aparição, os prantos, a mensagem, e a partida. A basílica também
inclui um pequeno museu que documenta a história de La Salette.
Postado neste blog
em 19 de setembro de 2011
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