Martirológio
Romano: Em Toledo na Espanha, Santa Leocádia, virgem e mártir, insigne pelo seu
testemunho de fé em Cristo.
Leocádia de Toledo ou Santa Leocádia é a
padroeira de Toledo, região conhecida pelo Império Romano como Hispania
(Espanha), e é considerada santa pela Igreja Católica e mártir no século IV,
durante a perseguição de Diocleciano aos cristãos, ainda na época do Império
Romano.
Ainda que Aurélio Prudêncio Clemente
(384-410), que dedicou parte de sua obra a hinos dos mártires, não mencione
Leocádia, há muito tempo existe uma igreja dedicada à santa. Leocádia é um dos
santos de culto mais antigo de Espanha, aparecendo citada já, por exemplo, nos
calendários moçárabes. A prisão e morte de Leocádia foi narrada num relato do
século VII.
As primeiras fontes hagiográficas datam,
provavelmente, do século V. Narram que Leocádia pertencia a uma família nobre.
Segundo a tradição, foi Publio Daciano,
prefeito romano da Hispânia e governador da Bética, que aplicou em Hispania um
decreto de Diocleciano que ordenava a perseguição dos cristãos, e o responsável
direto de sua prisão e, em última instância, morte por martírio incruento.
Ao chegar a Toledo, o pretor Daciano mandou
prender Leocádia pela confissão pública de sua fé e rejeição à apostasia.
Leocádia foi presa com amarras e numa masmorra escura para que refletisse sobre
os tormentos que a esperavam se não se retificasse. Conta-se que fez uma cruz
com as próprias unhas na parede da cela onde ficou presa até sua morte.
Informada do martírio de Eulália de Mérida e de outros mártires como, entre
outros, Vicente, Sabina e Cristeta de Talavera, com tremendos tormentos que
lhes foram aplicados com grande crueldade, Leocadia morreu, talvez também de
esgotamento, na prisão em 9 de dezembro de 304.
Inicialmente foi enterrada no cemitério de
Toledo, na zona ocidental, junto ao Tejo. Em 1587 trouxeram a Toledo os restos
mortais da santa. Até o século VIII estiveram em Toledo.
A perseguição de Abderramão contra os
cristãos provocou que muitos moçárabes fugissem da cidade e levassem as
relíquias de Leocadia, junto com as de outros santos toledanos. As de Leocadia
foram levadas a Oviedo, onde Alfonso o Casto ergueu um templo em sua honra.
O culto a Santa Leocádia, desde sua morte
até o século VIII, não era tão forte quanto hoje. Depois da invasão árabe na
Península Ibérica, que teve início em 711, suas relíquias foram levadas para
Oviedo, onde ficaram até o final do século XI. Nessa época, o rei Afonso VI da
Espanha teria permitido que um conde de Hainaut, peregrino de Santiago de
Compostela e participante da reconquista cristã da Península Ibérica, levasse
as relíquias de Leocádia para uma abadia na Bélgica.
Durante o reinado de Felipe II, as
relíquias retornaram à Espanha. Os monges do cenóbio de Saint-Ghislain (diocese
de Cambrai), onde as relíquias estavam então depositadas, voltam a entregá-las
ao padre jesuíta Miguel Hernández, e em 1587 chegaram à Catedral de Toledo em
meio a grandes festas. Na cerimônia de recepção, assistem entre outros o Rei
Felipe II.
Durante muitos séculos a memória de
Leocádia permaneceu um tanto esquecida. O culto à santa voltou a crescer a
partir de seu retorno à Espanha. Os restos da santa repousam na catedral, numa
arca de prata, a qual contém textos sobre sua vida. A arca foi desenhada por
Nicolás de Vergara e confeccionada pelo prateiro Merino. Ela é levada em
procissão em uma carruagem no dia 9 de dezembro, passando por diversas ruas de
Toledo.
A aparição de Santa Leocádia a Santo Ildefonso, Bispo
de Toledo do ano 657 a 667
Estava
em oração Santo Ildefonso, Arcebispo de Toledo, junto ao sepulcro de Santa
Leocádia, na presença do Rei Recesvindo e de toda a sua corte. Então, Santa
Leocádia levantou-se do sepulcro coberta com um grande véu e disse ao Santo
Ildefonso: “Feliz de ti, Ildefonso, por teres uma devoção tão terna a Maria
Santíssima. E por teres defendido com tanto valor a sua glória e prerrogativas
insignes contra os seus inimigos, te asseguro que tudo deves esperar de seu
poder e bondade”. Santo Ildefonso cortou o véu com uma faca do Rei. Essa
relíquia permanece atualmente no sacrário da igreja de Toledo.
Iconografia
Representam-na com uma cruz pelo fato de
ela a ter desenhado na parede da prisão, e com a palma do martírio. Também diante
do pretor, açoitada e em prisão. Em outras ocasiões representam-na em seu
aparecimento a São Ildefonso de Toledo. Por último, representam-na com uma
torre, por ter morrido em prisão. Tem o título de confessora.
Igreja de Santa Leocádia de Toledo
A paróquia aparece citada em documentos
desde meados do século XII, com a denominação de Santa Leocádia de Toledo, para
diferenciar de outra igreja, com o mesmo nome, junto ao alcácer, edificada no
lugar onde a santa esteve em prisão. Também se chamou à basílica extramuros a de
fora, dantes de "Santa Leocadia" e atualmente do "Cristo da
Vega", onde foi enterrada. As partes mais antigas são de estilo mudéjar toledano.
No século VII foi sede do IV Concílio de Toledo.
Etimologia:
Leocádia significa “tudo que se refere a leão”. É um nome de origem grega.
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