segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Santa Leocádia de Toledo, Virgem e mártir – 9 de dezembro

Martirológio Romano: Em Toledo na Espanha, Santa Leocádia, virgem e mártir, insigne pelo seu testemunho de fé em Cristo.

     Leocádia de Toledo ou Santa Leocádia é a padroeira de Toledo, região conhecida pelo Império Romano como Hispania (Espanha), e é considerada santa pela Igreja Católica e mártir no século IV, durante a perseguição de Diocleciano aos cristãos, ainda na época do Império Romano.
     Ainda que Aurélio Prudêncio Clemente (384-410), que dedicou parte de sua obra a hinos dos mártires, não mencione Leocádia, há muito tempo existe uma igreja dedicada à santa. Leocádia é um dos santos de culto mais antigo de Espanha, aparecendo citada já, por exemplo, nos calendários moçárabes. A prisão e morte de Leocádia foi narrada num relato do século VII.
     As primeiras fontes hagiográficas datam, provavelmente, do século V. Narram que Leocádia pertencia a uma família nobre.
     Segundo a tradição, foi Publio Daciano, prefeito romano da Hispânia e governador da Bética, que aplicou em Hispania um decreto de Diocleciano que ordenava a perseguição dos cristãos, e o responsável direto de sua prisão e, em última instância, morte por martírio incruento.
     Ao chegar a Toledo, o pretor Daciano mandou prender Leocádia pela confissão pública de sua fé e rejeição à apostasia. Leocádia foi presa com amarras e numa masmorra escura para que refletisse sobre os tormentos que a esperavam se não se retificasse. Conta-se que fez uma cruz com as próprias unhas na parede da cela onde ficou presa até sua morte. Informada do martírio de Eulália de Mérida e de outros mártires como, entre outros, Vicente, Sabina e Cristeta de Talavera, com tremendos tormentos que lhes foram aplicados com grande crueldade, Leocadia morreu, talvez também de esgotamento, na prisão em 9 de dezembro de 304.
     Inicialmente foi enterrada no cemitério de Toledo, na zona ocidental, junto ao Tejo. Em 1587 trouxeram a Toledo os restos mortais da santa. Até o século VIII estiveram em Toledo.
     A perseguição de Abderramão contra os cristãos provocou que muitos moçárabes fugissem da cidade e levassem as relíquias de Leocadia, junto com as de outros santos toledanos. As de Leocadia foram levadas a Oviedo, onde Alfonso o Casto ergueu um templo em sua honra.
     O culto a Santa Leocádia, desde sua morte até o século VIII, não era tão forte quanto hoje. Depois da invasão árabe na Península Ibérica, que teve início em 711, suas relíquias foram levadas para Oviedo, onde ficaram até o final do século XI. Nessa época, o rei Afonso VI da Espanha teria permitido que um conde de Hainaut, peregrino de Santiago de Compostela e participante da reconquista cristã da Península Ibérica, levasse as relíquias de Leocádia para uma abadia na Bélgica.
     Durante o reinado de Felipe II, as relíquias retornaram à Espanha. Os monges do cenóbio de Saint-Ghislain (diocese de Cambrai), onde as relíquias estavam então depositadas, voltam a entregá-las ao padre jesuíta Miguel Hernández, e em 1587 chegaram à Catedral de Toledo em meio a grandes festas. Na cerimônia de recepção, assistem entre outros o Rei Felipe II.
     Durante muitos séculos a memória de Leocádia permaneceu um tanto esquecida. O culto à santa voltou a crescer a partir de seu retorno à Espanha. Os restos da santa repousam na catedral, numa arca de prata, a qual contém textos sobre sua vida. A arca foi desenhada por Nicolás de Vergara e confeccionada pelo prateiro Merino. Ela é levada em procissão em uma carruagem no dia 9 de dezembro, passando por diversas ruas de Toledo.

A aparição de Santa Leocádia a Santo Ildefonso, Bispo de Toledo do ano 657 a 667
     Estava em oração Santo Ildefonso, Arcebispo de Toledo, junto ao sepulcro de Santa Leocádia, na presença do Rei Recesvindo e de toda a sua corte. Então, Santa Leocádia levantou-se do sepulcro coberta com um grande véu e disse ao Santo Ildefonso: “Feliz de ti, Ildefonso, por teres uma devoção tão terna a Maria Santíssima. E por teres defendido com tanto valor a sua glória e prerrogativas insignes contra os seus inimigos, te asseguro que tudo deves esperar de seu poder e bondade”. Santo Ildefonso cortou o véu com uma faca do Rei. Essa relíquia permanece atualmente no sacrário da igreja de Toledo.

Iconografia
     Representam-na com uma cruz pelo fato de ela a ter desenhado na parede da prisão, e com a palma do martírio. Também diante do pretor, açoitada e em prisão. Em outras ocasiões representam-na em seu aparecimento a São Ildefonso de Toledo. Por último, representam-na com uma torre, por ter morrido em prisão. Tem o título de confessora.

Igreja de Santa Leocádia de Toledo

    A tradição toledana sustenta que a Igreja de Santa Leocádia em Toledo (Espanha) foi edificada sobre o solar da casa onde nasceu a santa, que pertenceria a uma pequena habitação subterrânea, onde se afirma que ela rezava.
     A paróquia aparece citada em documentos desde meados do século XII, com a denominação de Santa Leocádia de Toledo, para diferenciar de outra igreja, com o mesmo nome, junto ao alcácer, edificada no lugar onde a santa esteve em prisão. Também se chamou à basílica extramuros a de fora, dantes de "Santa Leocadia" e atualmente do "Cristo da Vega", onde foi enterrada. As partes mais antigas são de estilo mudéjar toledano. No século VII foi sede do IV Concílio de Toledo.

Etimologia: Leocádia significa “tudo que se refere a leão”. É um nome de origem grega.

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