Catarina
era a quarta dos oito filhos de Santa Brígida, padroeira da Europa, e de seu
esposo Ulphon, Príncipe da Nerícia, na Suécia. Esta é a santa mais conhecida e
venerada da Suécia. Catarina nasceu em berço nobre, rico e cristão, no ano 1331.
Em casa, recebeu, especialmente de sua mãe, educação e formação muito sólida
com base cristã.
Aos 7 anos, foi entregue à abadessa do
convento de Risberg para que continuasse recebendo a educação católica
compartilhada por seus pais. O demônio tinha tanto ódio da menina, que uma
noite, quando sua tutora estava na igreja para cantar as Matinas, tomando a
forma de um touro o inimigo da salvação jogou com os chifres a menina fora da
cama, querendo matá-la. Acudindo a abadessa aos gritos de Catarina, encontrou-a
prostrada por terra. O demônio então apareceu à abadessa e disse-lhe: "Com
que gosto eu teria acabado com ela, se Deus me tivesse dado licença".
Deus, que preparava Catarina para uma
grande santidade, não queria que ela se entretivesse com os jogos infantis
próprios à sua idade. Certo dia, quando ela tinha sete anos, distraiu-se muito
com outras meninas, brincando com bonecas. À noite, em sonhos, demônios
apareceram-lhe em forma de bonecas, e açoitaram-na tão duramente, que ela
desistiu desde então de qualquer recreação própria à idade.
Terminado, porém, esse tempo de formação,
Catarina teve que se casar, como era costume, aos 13 anos, com um nobre de
ascendência alemã, Eggart von Kürnen. Depois do casamento, Catarina persuadiu
seu esposo, que era um cristão fervoroso, a manter o seu voto de castidade. Edgar
adotou também tal voto em sua vida e os dois passaram a viver como irmãos.
Influenciado por ela, o esposo entregou-se
também a obras de piedade, e viviam no palácio como num mosteiro. Conseguiu
também convencer uma cunhada da futilidade das coisas do mundo, e a secundá-la
nas boas obras. Mais tarde, a doença de Edgard se agravou e ele ficou
paralítico. Catarina continuou a cuidar dele, dedicando ainda mais carinho,
amor e generosidade.
Em 1349, sua mãe, Santa Brígida, fez com o
marido uma peregrinação a Santiago de Compostela, na Espanha, durante a qual
ele se sentiu mal e faleceu pouco depois, ainda em solo espanhol. Viúva, Santa
Brígida mudou-se para Roma a fim de ficar mais perto dos lugares de devoção e
socorrer os peregrinos suecos que para lá se dirigiam. Com permissão do marido,
Catarina foi juntar-se a ela. Pouco depois, recebeu a notícia do falecimento
de Eggart.
Sendo ainda jovem, bela e rica, surgiram
vários pretendentes para esposá-la. Como ela recusou todas as propostas, um dos
pretendentes quis sequestrá-la para fazê-la casar-se à força. Um dia em que
Catarina foi com algumas senhoras piedosas à igreja de São Sebastião, o tal
homem cercou seu caminho, pretendendo levá-la. Mas subitamente surgiu um cervo
no caminho, que distraiu a atenção do sequestrador, e Catarina pôde fugir.
Mas o miserável não se deu por vencido.
Outra vez, quando Catarina ia com sua mãe à igreja de São Lourenço, fora dos
muros da cidade, tentou novamente sequestrá-la. Mas no mesmo instante ficou
cego. Reconhecendo o justo castigo recebido, pediu a ambas as santas que o
perdoassem e que rezassem por ele a Deus para que recuperasse a vista. O que
efetivamente se deu.
Outro perigo ocorreu durante uma
peregrinação das duas santas a Assis, para visitar a famosa igreja da
Porciúncula. Parando numa hotelaria, um grupo de bandidos combinou assaltar as
duas senhoras. No mesmo instante ouviu-se uma grande comoção na parte de fora:
eram policiais que estavam à procura dos malfeitores. Estes fugiram como
puderam. Mas no dia seguinte cercaram-nas na estrada, e quando iam tocá-las,
todos ficaram cegos. Desta vez, como os bandidos não mostraram sinais de
arrependimento, não foram curados pelas santas, que seguiram seu caminho.
Brígida e Catarina vestiram o hábito de
religiosas, fizeram os votos e não mais se separaram. Catarina acompanhou,
trabalhou e incrementou todo o trabalho de evangelização e caridade que sua mãe
desenvolvia. As duas fundaram o Mosteiro de Vadstena, na Suécia. Nele,
criaram e instalaram a Ordem de São Salvador. Santa Brígida foi abadessa e as
freiras passaram a ser chamadas de brigidinas.
Assim, em peregrinações, visitas aos
pobres e boas obras, Catarina viveu durante 25 anos com sua mãe, a qual
procurava imitar.
Certo dia estava ela rezando na igreja de
São Pedro, quando apareceu-lhe uma mulher vestida de branco com um manto negro,
recomendando-lhe que rezasse por sua cunhada, esposa de seu irmão Carlos, que
acabava de falecer. A defunta havia deixado para Catarina a coroa de ouro que
usava, a qual um portador vinha trazendo a Roma. Santa Catarina vendeu-a,
podendo com o dinheiro socorrer as obras de misericórdia de sua mãe.
Em 1372 Catarina e seu irmão Birger acompanharam
a mãe em peregrinação à Terra Santa. Mas, logo chegando a Jerusalém, Santa
Brígida adoeceu. Retornando a Roma, entregou a Deus seu espírito.
Dois anos depois, para atender a um pedido
da mãe, Catarina voltou à Suécia levando seus restos mortais, para serem
sepultados no Mosteiro de Vadstena, por ela fundado. Nele entrou Catarina,
sendo logo reconhecida como priora.
Catarina crescia cada vez mais nas
virtudes, principalmente na humildade e desapego do mundo. Instruía as monjas
do mosteiro sobre a regra deixada por Santa Brígida.
Após a morte de Santa Brígida, vários
prodígios começaram a acontecer, inúmeros milagres eram obtidos por sua
intercessão. Isto levou os Prelados e os Príncipes da Suécia a pedir ao Papa a
sua canonização. E, como embaixadora, ninguém melhor que a própria filha da santa.
Essa era uma obra na qual Catarina deitava muito empenho.
Assim, embarcou para Roma e começou uma
série de atividades junto a cardeais e membros da Cúria Romana. Mas
infelizmente, com a morte de Gregório XI e o cisma que ocorreu com a ascensão
de Urbano VI, pouco ela pôde fazer.
Catarina Ficou em Roma por cinco anos,
morando em um convento. Apesar de não obter resultados, conseguiu a aprovação
das regras da ordem brigidina, por volta de 1378.
Durante sua estadia em Roma, realizou Deus
Nosso Senhor vários milagres por seu intermédio. Um deles foi com uma nobre
dama de má vida, que não queria confessar-se para morrer. Catarina rezou por
ela. Subiu então do rio Tibre uma fumaça negra e espessa, que penetrou na casa
daquela mulher, de modo tal que um morador não podia ver o outro. Ia
acompanhado de um ruído tão pavoroso, que, aterrorizada, a dama mandou chamar
Catarina, prometendo fazer tudo o que ela determinasse. Confessou-se então
piedosamente.
Em certa ocasião, o Tibre saiu de seu
leito, inundando parte da cidade. Pediram a Catarina que rezasse para que as
águas recuassem. Mas, por humildade, a Santa não quis atender à solicitação,
sendo levada à força até a borda das águas que, ao contato de seus pés,
retornaram ao leito.
Estando em Nápoles, uma viúva da sociedade
local pediu a Catarina que rezasse por sua filha, sempre molestada à noite pelo
demônio. A Santa aconselhou a jovem a que se confessasse muito bem de seus
pecados, porque, às vezes, pelo fato de calar algum pecado por vergonha, Deus
permitia que o demônio tivesse maior poder sobre a pessoa. Indicou-lhe também
orações, atos de piedade e de misericórdia, que atrairiam as bênçãos de Deus, e
prometeu orar por ela. Pondo isso em prática, oito dias depois a jovem ficou
inteiramente livre daqueles ataques do demônio.
Depois
de uma permanência de cinco anos na Cidade Eterna, trabalhando sem êxito para a
canonização de sua mãe, Catarina voltou para seu país. Tal era seu prestígio
que, por onde passava, os principais representantes das cidades iam acolhê-la
com provas de admiração. Bom tempo em que se prestigiava a virtude!
Ainda nessa viagem de volta, a santa
operou mais um milagre à vista de todos. Tendo caído do carro um dos que a
acompanhavam, foi esmagado por uma das rodas, que quebrou-lhe os ossos.
Catarina rezou por ele e, ao simples toque de sua mão, curou-o imediatamente.
Ao chegar ao seu mosteiro, na Suécia, viu
um operário cair de um edifício e estatelar-se no solo. As orações de Catarina
e o contato de sua mão fizeram com que o operário se restabelecesse
imediatamente.
Pouco tempo depois de sua chegada, a saúde de
Catarina começou a declinar. Ela havia contraído o hábito, desde menina, de
confessar-se todos os dias e de receber frequentemente a Sagrada Comunhão.
Quando foi obrigada a guardar o leito em virtude de sua última doença, não
ousava receber a comunhão por causa da fraqueza de seu estômago, que lhe
provocava contínuos vômitos. Por isso pedia que levassem o Santíssimo
Sacramento à sua cela, para adorá-Lo e humilhar-se em sua presença.
Enfim, entregou ela sua puríssima alma ao
Criador no dia 24 de março de 1381, mal passados os cinquenta anos de idade.
Tendo ocorrido muitos milagres por sua intercessão, foi ela canonizada em 1474.
Sua canonização foi celebrada em 1484,
pelo Papa Inocente VIII. Entretanto, seu culto já era bastante conhecido na
Europa.
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