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de abril é o aniversário da morte de Etelburga, filha de Etelberto, rei de
Kent, o primeiro rei anglo-saxão a aceitar o Cristianismo. Etelburga
desempenhou um papel importante na história da Inglaterra anglo-saxã, porque
foi por seu casamento com Edwin, rei da Nortúmbria, que a missão cristã trazida
por Santo Agostinho e seus companheiros de Roma começou a se espalhar para o
norte. É assim que o Venerável Beda conta a história na Historia Ecclesiastica,
Livro II:
Neste momento, a nação dos nortumbrianos,
isto é, a nação dos Anglos que viviam no lado norte do rio Humber, com seu rei,
Edwin, recebeu a fé através da pregação de São Paulino. A ocasião desta nação
abraçar a fé foi quando o rei citado, sendo aliado dos reis de Kent, enviou
seus embaixadores ao rei Etelberto, rei de Kent, levando seu pedido de
casamento com a filha de Etelberto, Etelburga, também chamada Tate. Seu irmão
Eadbaldo, que então reinou em Kent, respondeu: "Não era legal casar uma
virgem cristã com um marido pagão, para que a fé e os mistérios do rei
celestial fossem profanados por sua convivência com um rei completamente estranho
à adoração do verdadeiro Deus". Diante desta resposta trazida à Edwin por
seus mensageiros, este prometeu de forma alguma agir em oposição à fé cristã
que a virgem professava, mas daria licença a ela, e a todos que viessem com
ela, homens ou mulheres, padres ou ministros, para seguir sua fé e adoração segundo
o costume dos cristãos. Não negou, mas disse que abraçaria a mesma religião se,
sendo esta examinada por pessoas sábias, fosse encontrada mais santa e mais
digna de Deus.
A partir de então, a virgem foi prometida,
e enviada para Edwin, e de acordo com o que havia sido acordado, São Paulino,
um homem amado de Deus, foi ordenado bispo, para ir com ela, e por exortações
diárias, e celebrando os mistérios celestiais, confirmá-la e a seus acompanhantes...
Mas sua mente estava totalmente empenhada em conduzir a nação para a qual ele estava
sendo enviado, para o conhecimento da verdade; ao entrar naquela província, ele
trabalhou muito, não só para manter, com a ajuda de Deus, aqueles que o
acompanharam que não deveriam abandonar a fé, mas, se pudesse, converter alguns
dos pagãos ao estado de graça por sua pregação.
São Paulino foi membro da segunda missão
enviada de Roma pelo Papa Gregório, o Grande; ele foi sagrado como Bispo de
York em 625 por Justus, quarto Arcebispo de Cantuária. Quando o Venerável Beda
descreve São Paulino trabalhando para fazer da Nortúmbria uma noiva para Cristo
(a alusão de São Paulo em 2 Coríntios 11:2), ele traça um paralelo implícito
com o casamento de Etelburga com Edwin. O pai de Etelburga, Etelberto fora
atraído para a conversão por sua rainha cristã franca Santa Berta e claramente
pretendia-se que o processo fosse replicado pelo casamento de Etelburga.
Numa noite sagrada do Domingo de Páscoa, a
rainha Etelburga deu à luz sua filha Eanfleda. O rei, na presença do Bispo
Paulino, agradeceu aos seus deuses pelo nascimento de sua filha; e o bispo, por
outro lado, deu graças a Cristo pelo nascimento da criança. O rei entregou a filha
a São Paulino para ser consagrado a Cristo. Ela foi a primeira batizada da
nação, em Whitsunday, com doze outros de sua família.
Aquele domingo de Páscoa foi uma noite
importante para a família real nortumbriana: assim, Etelburga e sua filha
desempenharam um papel fundamental na conversão de Edwin. Entretanto o rei hesitaria
algum tempo antes de se converter; ele recebeu cartas do Papa Bonifácio IV
instando-o a se converter (que São Beda cita), e Etelburga também recebeu uma
carta.
Edwin finalmente concordou em aceitar o Cristianismo,
e foi batizado em York no Domingo de Páscoa do ano 627. Quase quinhentos anos
depois, quando os anglo-saxões já eram cristãos por quase meio milênio,
a Crônica Anglo-Saxã citou o mesmo versículo bíblico que o Papa cita
a Etelburga, aqui em referência a Santa Margarida da Escócia: "Muitas
vezes o marido incrédulo é santificado e salvo por meio da esposa justa, e da
mesma forma a esposa através do marido fiel".
Margarida, membro da família real inglesa
exilada pela Conquista Normanda, casou-se com Malcolm, rei da Escócia, e levou
o Cristianismo para seu marido e seu reino do norte, assim como Etelburga tinha
feito à Nortúmbria.
O autor da Crônica Anglo-Saxã do
século XI provavelmente estava familiarizado com a narrativa de São Beda, e
talvez ele viu um paralelo entre essas duas mulheres inglesas - filhas reais e
rainhas, portadoras do Cristianismo para seus maridos pagãos. De Etelburga a
Margarida, com muitas outras no meio, os cinco séculos de Cristianismo
anglo-saxão foram alimentados por algumas mulheres notáveis.
Poço de Sta. Etelburga em Lyminge |
Além da primogênita, Eanfleda, Etelburga e
seu esposo tiveram os seguintes filhos: Wuscfrea, Etelhun, Etelryt, Edwen de
Llanedwen, Anglesey. Eanfleda e Edwen foram canonizados.
Após a morte de seu esposo na Batalha de
Hatfield Chase em 633, Etelburga foi para Kent, com sua filha Eanfleda e São
Paulino.
Com a volta de Etelburga para Kent,
Eadbaldo deu a sua irmã uma vila romana em ruínas em Lyminge, próximo de
Folkestone, Kent, onde ela fundou uma abadia. Esta foi provavelmente o primeiro
mosteiro beneditino da Inglaterra, e acredita-se que ele tenha sido antes um
santuário religioso para homens e mulheres (Etelburga foi sucedida no posto de
abadessa por pessoas de ambos os sexos). Ela viveu como abadessa
governando várias religiosas, ensinando medicina às mulheres e cuidando de
doentes. Ela morreu ali e suas relíquias foram preservadas na Igreja do
Colegiado em Cantuária até o período da Dissolução dos Mosteiros por Henrique
VIII.
Os restos prováveis da antiga abadia ainda
existem próximos da moderna igreja (de Santa Maria e Santa Etelburga). Há
também um poço sagrado que ainda pode ser visto no gramado da vila e que foi
batizado em sua memória.
A
rosa que tem o nome da Rainha e Santa Etelburga
Fontes:
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