Essa experiência na adolescência modelou a sua vida. Como era uma jovem devotada à oração, ela ousou sonhar em se dedicar a ajudar os pobres e os doentes da sua cidade. E escreveu: “Senti arder em mim a chama de um grande amor ao próximo”. Ela não se deixava desanimar por nenhum cansaço nem pelo temor diante das dificuldades, e encontrou ajuda para sua obra em um sacerdote de sua paróquia.
Em 1844, Maria Francisca, abastada e culta, decidiu entrar em um grupo de pessoas que viviam sob a inspiração dos ideais de São Francisco de Assis, a Ordem Terceira Secular de São Francisco (OFS). Esta Ordem havia sido fundada pelo próprio São Francisco para leigos que desejavam viver com simplicidade e servir os pobres. Maria Francisca e algumas amigas serviam à mesa dos pobres da paróquia da Igreja de São Paulo, em Aachen.
No dia 11 de maio de 1845, Francisca e suas amigas fundaram uma congregação religiosa feminina dedicada a levar cuidados, esperança e compaixão aos pobres e aos sofredores. A data da fundação tem um significado espiritual porque era a Festa de Pentecostes, em que a Santa Igreja comemora a descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos no Cenáculo, e por extensão, ao mundo.
Mais tarde ajudou o professor João Felipe Hoever a fundar a Congregação dos Irmãos dos Pobres de São Francisco. Ela escreveu: “Nos pobres e nos sofredores reconheci meu Divino Salvador como se O houvesse visto com meus próprios olhos”.
Para dar uma forma canônica à nascente instituição, escreveu uma Regra em que punha seu pequeno grupo sob a proteção de São Francisco de Assis, acentuando a caridade, a pobreza e as obras de misericórdia para com os pobres. Daí vem o nome do instituto: Irmãs dos Pobres de São Francisco de Assis.
Sua Regra, entretanto, somente foi aprovada por São Pio X em 1908. A nova congregação se difundiu rapidamente: já em 1858 havia sido fundada uma casa provincial em Hartwel, Estados Unidos.
Às vésperas da aprovação pontifícia o Instituto contava já com 61 casas, das quais 16 na América, e 1500 religiosas. Atualmente há 12 casas na Alemanha e nos Estados Unidos, algumas religiosas se têm dedicado à obra de recuperação da juventude e outras se dedicaram, durante as guerras de 1864, 1866 e 1870, à assistência sanitária dos militares nos hospitais.
Em sua Autobiografia a Beata Francisca escreveu: “Da cruz me pareceu receber a profunda compreensão que deveria dedicar-me inteiramente ao Senhor com a prática concreta da caridade ao próximo. O fogo do amor ao próximo já ardia em meu coração e daquele momento em diante senti um grande desejo de procurar e de amar o Senhor nos pobres, nos doentes, dos infelizes. Nos pobres e nos sofredores reconheci o Senhor tão claramente como se O houvesse visto com os olhos do corpo; por isso, todos os meus pensamentos e desejos eram focados no ver como fazer para amá-los e confortá-los como se fora Ele mesmo”.
Apesar desta atividade dinâmica, Maria Francisca sabia encontrar tempo para se dedicar à oração, a meditação, a visita diária ao Santíssimo Sacramento, o cultivo de uma terna e filial devoção a Mãe de Deus.
Era suave para com todos e severa consigo mesma; praticava mortificações e penitências, tinha grande respeito pelos sacerdotes. Suportou com resignação cristã a última enfermidade que aprimorou sua alma e a fez digna da glória.
Maria Francisca faleceu no dia 14 de dezembro de 1876 em Aachen. Tinha quase 58 anos de idade. A cidade participou de seu funeral e a chorou porque perdeu a mãe amadíssima de todos, especialmente dos pobres, dos infelizes e dos pequenos.
Foi beatificada no dia 28 de abril de 1974.
Atualmente, as Irmãs Franciscanas dos Pobres estão presentes nos Estados Unidos, na Itália, no Brasil, no Senegal e nas Filipinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário