terça-feira, 31 de agosto de 2021

Nossa Senhora de La Vang

   
      
Durante a maior parte do século XVII, o Vietnã esteve em guerra por várias lutas de poder e domínio. No século XVIII, a mais forte dentre elas foi conduzida pelos três irmãos Tay Son. Com pequeno intervalo, derrubaram sucessivamente os senhores de Nguyen e derrotaram os senhores de Trinh, restaurando a unidade nacional pela primeira vez desde o declínio da dinastia Le. Um dos irmãos Tay Son foi aclamado rei com o nome de Quang Trung. Em 1792 ele morreu e deixou o reino ao filho que se tornou o Rei Canh Thinh.
     Entretanto, Nguyen Anh continuou a revolta tentando reclamar o trono. Ao tentar fugir dos rebeldes Tay Son, em 1777, refugiou-se na ilha de Phu Quoc, onde D. Pedro Pigneau de Behaine, da Sociedade das Missões Estrangeiras, dirigia um seminário para jovens das terras vizinhas. O bispo convenceu-o a pedir auxílio a Luís XVI de França.
     O Rei Canh Thinh soube que Nguyen Anh recebia apoio do missionário francês e teve receio que os católicos vietnamitas apoiassem o seu reinado. Começou a pôr restrições à prática do catolicismo na região. Em 17 de agosto de 1798, o Rei Canh Thinh promulgou um édito anticatólico e uma ordem para destruir todas as igrejas católicas e seminários.
     Começou uma perseguição aos católicos vietnamitas e aos missionários que durou até 1886. Mesmo depois de Nguyen Anh ter conseguido recuperar o trono como Rei Gia Long (1802-1821), os seus sucessores, Rei Minh Mang (1821-1840), Rei Thieu Tri (1841-1847) e Rei Tu Duc (1847-1884), o último imperador Nguyen, a intensa campanha contra os católicos continuou ordenando castigos que iam desde queimarem as suas caras, até a morte por diversos métodos cruéis para os católicos vietnamitas e os padres missionários.
     Foi no meio destes grandes sofrimentos que a Senhora de La Vang veio até ao povo vietnamita. O nome La Vang pensa-se que tem origem no nome da grande floresta da região central do Vietnã (conhecida agora como a Cidade de Quang Tri) onde havia abundância de um tipo de árvore chamada lavang. Também se disse que o nome vinha do significado em vietnamita da palavra "súplica", para assinalar os gritos de ajuda das pessoas perseguidas.
     A primeira aparição de Nossa Senhora de La Vang foi assinalada em 1798, quando a perseguição aos católicos vietnamitas começou. Muitos católicos da cidade próxima de Quang Tri procuraram refúgio na floresta de La Vang. Muitas dessas pessoas sofreram frio, ataques de animais selvagens, doenças da floresta e fome. À noite, juntavam-se muitas vezes em pequenos grupos para rezar o terço.
     Inesperadamente, numa noite foram visitados pela aparição de uma linda Senhora com uma longa capa, com um menino nos braços, com dois anjos, um de cada lado. As pessoas reconheceram a Senhora como a bendita Mãe de Deus e nossa.
     A nossa bendita Mãe consolou-os e disse-lhes para ferverem as folhas das árvores circundantes e usá-las como remédio. Também lhes disse que, a partir daquele dia, todos os que viessem àquele lugar para rezar as suas orações seriam ouvidas e atendidas.
     Isto aconteceu numa área de ervas perto da grande figueira indiana onde rezavam os refugiados. Todos os presentes testemunharam o milagre. Depois da primeira aparição, Ela continuou a aparecer ao povo neste mesmo lugar, várias vezes ao longo de um período de quase cem anos de perseguição religiosa. Entre muitos grupos de católicos vietnamitas que foram queimados vivos por causa da sua fé, estava um grupo de 30 pessoas que foram apanhadas quando saíam do seu esconderijo na floresta de La Vang. A seu pedido foram levadas para a pequena capela de La Vang e foram imolados ali.
     Desde a altura em que a Senhora de La Vang apareceu pela primeira vez, o povo que se refugiava ali erigiu uma pequena e simples capela em sua honra. Durante os anos seguintes, o Seu nome espalhou-se a outros lugares. Apesar da sua localização isolada nas altas montanhas, grupos de pessoas continuaram a penetrar na floresta profunda e perigosa para prestar culto à Senhora de La Vang. Gradualmente, os peregrinos que vinham com machados, lanças, paus, tambores para assustar os animais selvagens, foram substituídos por aqueles que traziam bandeiras, flores e rosários. As peregrinações continuaram todos os anos apesar das contínuas campanhas de perseguição.
Reconhecimento pela Igreja
     Em 1886, depois de oficialmente terminada a perseguição, o Bispo D. Gaspar mandou construir uma igreja em honra de Nossa Senhora de La Vang. Por causa da sua difícil localização e pela falta de fundos, a sua construção levou 15 anos para se completar. Foi inaugurada por D. Gaspar numa cerimônia solene em que participaram mais de 12.000 pessoas e durou de 6 a 8 de agosto de 1901. O bispo proclamou Nossa Senhora de La Vang protetora dos católicos vietnamitas.
     Em 1928 foi construída uma igreja maior para albergar o número crescente de peregrinos. Esta igreja foi destruída em 1972, durante a guerra do Vietnã.
     A história da Senhora de La Vang continua a ganhar importância à medida que são validados os pedidos das pessoas cujas orações foram atendidas.
     Em abril de 1961, a Conferência dos Bispos Vietnamitas selecionou a igreja de La Vang como o Centro Sagrado Mariano Nacional. Em agosto de 1962, o papa João XIII elevou a igreja de La Vang a Basílica.
     Em 19 de junho de 1988, o papa João Paulo II, na cerimônia de canonização dos 117 mártires vietnamitas, pública e repetidamente reconheceu a importância e significado da Senhora de La Vang, e expressou o desejo da reconstrução da Basílica para comemorar os 200 anos de aniversário da primeira aparição da Senhora de La Vang, em agosto de 1998.
     Uma das recorrências anuais mais solenes para o santuário é a festa da Assunção de Nossa Senhora, quando peregrinos do país inteiro vão até La Vang para participar das Missas e Rosários.
     Neste mês de agosto de 2021, porém, a pandemia de covid-19 impediu a peregrinação física. Os devotos tiveram de ater-se às celebrações organizadas virtualmente, mediante a internet, com transmissão ao vivo da Missa concelebrada no altar principal do santuário e presidida por dom Joseph Nguyen Chi Linh, arcebispo de Hue.
     A Igreja do Vietnã conta com sete milhões de católicos, integrando uma população de 95 milhões de habitantes. O Santuário de La Vang, localizado na província de Quang Tri, é o maior centro de peregrinação dedicado à Nossa Senhora no Vietnã e Indochina.
 
http://cheiadegraca.free.fr/ficheiros/lavang.htm
 
Postado neste blog em 15 de fevereiro de 2013
 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Beata Maria Rafols, "heroína da caridade" - 30 de agosto

      
     Maria Rafols é conhecida, com razão, como a “heroína da caridade”. Ela recebeu este título por sua heroica atuação durante os anos de sítio em Zaragoza (Espanha).
     Maria Rafols nasceu no dia 5 de novembro de 1781 em Villafranca del Panadés (Barcelona), Espanha, sexta dos dez filhos do moleiro Cristóbal Rafols e de Margarida Bruna Brugol.
     A família morava no moinho e constituiu para Maria uma forja de virtude, recebendo os primeiros ensinamentos de austeridade, de trabalho e ajuda recíproca.
     Quando tinha quase dois anos, em maio de 1783, a família se transferiu para La Bleda, pequeno povoado vizinho de Villafranca, onde recebeu a Crisma no dia 27 de maio de 1785, ministrada pelo bispo de Barcelona, Mons. Gabino Valladares, na igreja do convento das Carmelitas da cidadezinha.
     Quando tinha 11 anos, a família se transferiu de novo para Santa Margarida, onde morreram, em 1793, o irmão pequeno José (cinco irmãos morreram em tenra idade) e dois tios, marido e mulher; no dia 10 de julho de 1794 morre seu pai.
     Maria se revelou dotada de ótimas qualidades intelectivas e assim os familiares a mandaram para o Colégio de Barcelona gerido pelas “Mestras da Companhia de Maria”.
     Não há muitas informações sobre o período de estudos e sobre a sua juventude, mas certamente foi atraída pelo clima de caridade fervorosa para com os necessitados e doentes existente naquele tempo em Barcelona, e começou a fazer parte de um grupo de doze jovens, sob a direção do sacerdote Juan Bonal y Cortada, hoje Servo de Deus (1769-1829), capelão do Hospital Santa Cruz de Barcelona, que estava constituindo uma confraternidade para assistência de todos os mais pobres entre os doentes asilados, os doentes psíquicos e as crianças abandonadas.
     Padre Bonal e Maria Rafols compreenderam que dedicar-se assim completamente aos necessitados exigia pessoas consagradas a Deus, dispostas a servir os doentes com um espírito de fé e com amor.
     Para realizar tudo isto, o Padre Juan Bonal se transferiu em setembro de 1804, para o Hospital “Nossa Senhora da Graça” de Zaragoza e Maria Rafols se juntou a ele com onze jovens, no dia 28 de dezembro do mesmo ano.
     Quando chegaram a Zaragoza, Maria Rafols e as jovens que a acompanhavam dirigiram-se a Virgem do Pilar, para pedir sua proteção e amparo para desempenhar com caridade e fervor a missão a que se propuseram trabalhar, que seria servir com amor a Jesus Cristo vivo em cada doente, tarefa nada fácil para a qual necessitariam do alento da Virgem Maria.
     Embora Maria Rafols tivesse apenas 23 anos, foi nomeada superiora da pequena comunidade feminina, semente fecunda da futura Congregação.
     Ela batalhou para a transformação do hospital, presa do desleixo, dos abusos e da desordem de alguns funcionários mal recompensados, inserindo no contexto a vida apostólica das religiosas, ainda que não compreendida nem desejada pelos dirigentes do Hospital.
    O grande Hospital de Zaragoza acolhia cada ano de 6.000 a 8.000 pessoas e as coirmãs da confraternidade enfrentavam as necessidades como podiam. Em 1808, perderam também a ajuda do grupo de confrades que as financiava, em virtude das hostilidades por parte dos dirigentes e de tantas dificuldades que se sucederam. Todavia, o Padre Bonal permanecia entre elas, trabalhando também para a constituição da nova Congregação que devia acolhê-las.
     Nos anos 1808 e 1809, ocorreram dois cercos a Zaragoza por parte do exército francês de Napoleão, e no dia 4 de agosto de 1808 o hospital foi reduzido a cinzas. Maria Rafols e as coirmãs se refugiaram no antigo hospital para convalescentes.
     Não apenas danos materiais resultaram da Guerra Franco-Espanhola, mas também a nascente Congregação foi golpeada: a junta do hospital, nomeada pelo governo francês, interferiu afastando o fundador, Padre Juan Bonal, e impondo regras redigidas pelo bispo Michele Suarez de Santander, o que determinou a demissão de Maria Rafols do cargo de superiora.
     As coirmãs, embora observassem a regra do fundador entre elas, no exterior procuravam adequar-se aquela imposta pela junta.
     Maria Rafols se distinguiu por sua heroicidade e caridade, sobretudo durante os cercos e os combates de 1808 e 1809. À cabeça de um grupo de coirmãs, estava presente aonde era necessário socorrer os feridos, os prisioneiros, os doentes sem asilo, os dementes abandonados. Nove jovens irmãs morreram naquela difícil situação.
     Arriscando a vida, Maria foi ao acampamento dos franceses, durante o cerco, para suplicar ao general que mandasse socorro para os feridos e os doentes; esforçou-se pela libertação dos prisioneiros. A cidade de Zaragoza, no centenário do cerco, concedeu a ela o título de “heroína da caridade”.
     Superadas as ruínas da guerra, continuou a obra assistencial no Hospital de Zaragoza, dirigindo a pequena comunidade até 10 de agosto de 1812, quando as novas constituições entraram em vigor e foi nomeada uma nova superiora.
     Embora tendo sido demitida do cargo de superiora para evitar a desunião na associação, uma crise afetou a comunidade e algumas coirmãs a deixaram. Maria Rafols ficou encarregada da sacristia e depois, em 1813, das crianças abandonadas e dos órfãos.   
     Finalmente, em 15 de julho de 1824, a pequena comunidade circunscrita ao Hospital de Zaragoza obtém a aprovação das Constituições e a associação se torna uma Congregação, com o nome de Instituto das Irmãs da Caridade de Sant’Ana, que foi aprovada pela diocese, e a Madre Maria Rafols foi reintegrada como superiora. No dia 16 de julho de 1825, Maria Rafols, junto com suas coirmãs, pronunciou os primeiros votos públicos, tornando-se novamente a superiora, cargo que ocupou até 1829.
     Devido a implicações ideológicas e religiosas, resultantes das desordens políticas ocorridas durante a primeira guerra “carlista”, em 11 de maio de 1834 Maria Rafols, como outras personalidades eclesiásticas, foi aprisionada no cárcere da Inquisição. Embora tivesse sido julgada e declarada inocente, foi exilada no Hospital de Huesca, em 11 de maio de 1835, porque a sua presença no Hospital Nossa Senhora da Graça de Zaragoza foi considerada inoportuna. Tendo ficado doente, pediu para ser transferida para Huesca, onde havia fundado uma casa da Congregação. Ficou lá por 6 anos, em silêncio; ninguém a ouvia fazer uma reclamação sequer. Confiava acima de tudo em Deus.
     Em Huesca, morou com um grupo de coirmãs, provenientes elas também de Zaragoza, permanecendo ali até 1841; depois pode retornar a Zaragoza, onde retomou com maior zelo a sua atividade a favor das crianças órfãs.
     Caridade e pobreza foram as virtudes mais características de toda a sua vida, que santamente chegou ao fim em Zaragoza no dia 30 de agosto de 1853, aos 72 anos, dos quais 49 como Irmã da Caridade.
     A Congregação das Irmãs da Caridade de Sant’Ana se difundiu somente a partir de 1858, em consequência da autorização concedida pela Rainha Isabel II, e hoje está presente em 27 países, com 287 casas.
     Os despojos da Beata Maria Rafols e do Servo de Deus Juan Bonal, fundadores do Instituto, foram transladados, em 1925, para a igreja da Casa Generalícia das Irmãs da Caridade de Sant’ Ana.
     A causa para a sua beatificação foi iniciada em 1926; foi beatificada por João Paulo II em 16 de outubro de 1994 na Praça São Pedro em Roma. Ela é celebrada no dia 30 de agosto.
 
Fontes:
Beata Maria Rafols (santodelgiorno.eu)
http://www.santosebeatoscatolicos.com/
 
Postado neste blog em 30 de agosto de 2011

sábado, 28 de agosto de 2021

Beata Teresa Bracco, Mártir da pureza - 29 de agosto

   
    
Nasceu em 24 de fevereiro de 1924, penúltima de sete filhos, em Santa Giulia, no Piemonte, Itália. O pai é severo, mas justo, e a mãe doce e gentil. Mãe e pai – Ângela e Jacob Bracco - foram para ela um exemplo de fé e fortaleza cristã: em 1927 sepultaram em apenas três dias dois filhos de nove e quinze anos. Uma fé submetida ao cadinho da prova. No fim do dia, o próprio Jacob dirigia a recitação do Rosário em família. O nome de Teresa ela o recebera em honra da “pequena santa” de Lisieux, beatificada em 1923.
     Em 1930, um jovem e dinâmico padre chegou a Santa Giulia: Pe. Natale Olivieri. Ele logo percebeu o fervor de Teresa, que frequenta regularmente suas lições de catecismo. A garota deseja ansiosamente receber a Primeira Comunhão, uma graça que será concedida a ela na primavera de 1931.
     Sua vida ocorria entre a casa da família, ajudando sua mãe no trabalho doméstico, na escola municipal e nos campos, onde às vezes ela levava o gado para pastar. O pai a apresenta como modelo: "Faça como Teresa; se você fosse como ela, minhas preocupações acabariam.
     Em 2 de outubro de 1933, Teresa recebeu o sacramento da Confirmação. Em seu coração ela carrega gravadas as palavras do Pe. Natale: "Estamos na terra para conhecer, amar e servir o Senhor, e contemplá-lo na vida após a morte no Paraíso. Isso é o que deveria importar para nós. Senão, perdemos tudo".
     Teresa só pôde frequentar até o quarto ano do primeiro grau, pois precisava ajudar a família; quando trabalhava no pastoreio, levava o Terço sempre consigo e no campo nunca parava de rezar.
     Teresa era uma jovem extremamente reservada, modesta, delicada no relacionamento com as pessoas, sempre pronta a dar a sua ajuda... e bela: dois grandes olhos escuros e aveludados sobressaíam num rosto sereno e pensativo, emoldurado por grandes tranças castanhas. Bela, mas sem qualquer vaidade. Sabia atrair a admiração respeitosa dos conterrâneos: "Uma garota assim, eu nunca tinha visto antes e jamais vi depois", afirmou um deles. "Havia nela algo de diferente das demais garotas", recorda uma amiga. "Era a melhor de nós todas", confia sua irmã Ana.
     Ginin – como era chamada – sacrificava de boa vontade preciosas horas de sono desde que pudesse comungar. A igreja não ficava tão perto de sua casa, e a Missa era ali celebrada ao alvorecer. Mesmo assim, Teresa jamais renunciava à Santa Missa, por nada no mundo. A Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e a espiritualidade das obrigações, eis o segredo da sua santidade.
     Na casa da família Bracco chegava regularmente o Boletim Salesiano. Do número de agosto de 1933, Teresa cortou a terceira página que trazia a figura de Domingos Sávio, filho de camponeses como ela, que havia sido declarado venerável há pouco.
     Teresa leu com emoção a vida de São Domingos Sávio (1842-1857), discípulo de São João Bosco. O lema daquele jovem santo a fascina: "Antes morrer do que pecar". Ela tinha apenas nove anos. Desde então, o mote de Domingos foi também seu. Declarou guerra ao pecado: “Antes, eu me deixo matar”, escreveu. E manteve o propósito.
     A meditação sobre as eternas Máximas de São Afonso Liguori, focada na importância da salvação eterna e nos objetivos finais do homem, fortalece em seu coração a determinação de evitar qualquer pecado. Teresa também é muito atraída pelas santas virgens e mártires Inês, Lúcia, Cecília e a santa padroeira de sua paróquia, Santa Júlia, que preferiu ser crucificada ao invés de negar a fé.
     A Paixão de Jesus, descoberta através de um escrito de São Vicente Strambi, um passionista do século XVIII, muitas vezes era o objeto de sua contemplação. Da mesma forma, a missa durante a semana e a Santa Comunhão tornam-se uma necessidade para ela. Durante nove primeiras sextas-feiras do mês consecutivo ela tomou a comunhão reparadora ao Sagrado Coração, que Nosso Senhor havia pedido à Santa Margarida Maria. Teresa gostaria de entrar na Sociedade das Filhas de Maria, mas seu pai não permitiu; entretanto, ela aderiu às práticas da vida interior recomendadas às Filhas de Maria.
     Aos dezesseis anos, Teresa assumiu um trabalho agrícola mais duro, pois na família não havia homem além do pai: ela carregava os bois para lavoura, semeava, cortava e colhia os frutos, mas nunca se queixava de cansaço. Ela não recusava nenhum trabalho, voluntariamente substituindo suas irmãs. Sua irmã Josefina descreve a personagem de Teresa da seguinte forma: "Eu não sei de onde ela conseguiu tanta força... Ela aceitou cansaços e sacrifícios, pelo amor de Deus, tudo foi tomado pelo lado bom. Nunca a vi com raiva, ou ato impensado. Morrer ao invés de pecar, esse era o seu programa de vida".
     Diante da aproximação da guerra, o Papa Pio XII convocou os católicos a rezar pela paz, e Teresa multiplica suas orações. Nos serviços religiosos ela manifestava grande atenção, não tendo olhos a não ser para o altar, onde está localizado o Santíssimo Sacramento.
     Na família Bracco, esses tempos turbulentos tiveram como resultado a doença e a morte do pai, Jacob, em 13 de maio de 1944. As seis mulheres deixadas em casa devem então prover os meios de subsistência. Teresa tem 20 anos. Longe de se sentir enfraquecida e instável com a morte de seu pai, a jovem tornou-se mais forte e mais corajosa. Em 24 de julho, um sangrento confronto acontece perto de Santa Giulia entre um destacamento alemão e um grupo de resistência. No dia seguinte, os alemães voltam com reforços, cinco fazendas são destruídas, e há boatos de que soldados violaram mulheres e adolescentes.
     Na manhã do dia 28 de agosto, Teresa assistiu a Missa às sete horas, e depois foi trabalhar nos campos, acompanhada de suas irmãs Adélia e Ana. De repente, as três jovens ouvem tiros. Por volta das nove horas, os partidários em fuga as avisam para não voltarem para Santa Giulia, porque os alemães estão lá. Apesar de sua timidez natural, Teresa os ignora. "O que mais eles podem fazer comigo do que me matar?", ela diz. Ela está determinada a ajudar sua mãe.
    Uma amiga de Teresa nos diz: "Conversei com ela sobre a barbárie dos soldados e sua falta de respeito pelas mulheres. Ela me disse decisivamente: 'Em vez de ser profanada, eu prefiro morrer'. A mãe de Teresa convida as pessoas que estão lá para rezar o Rosário.
     Acompanhada de suas irmãs, Teresa retoma a estrada para a aldeia. Quatro soldados detêm Teresa e duas de suas jovens companheiras. Estas são violadas alguns minutos depois. Quando naquela mesma noite elas se reúnem com suas famílias sequestradas e contam, na presença da mãe de Teresa, sua triste aventura, seu coração encolhe e ela pensa: "Se algo semelhante acontecer com ela, minha filha não voltará para casa".
     "Enquanto o grupo de mulheres e crianças eram direcionados para Sanvarezzo, e depois trancados em um quarto na minha casa", diz um morador daquela aldeia, "as jovens, entre as quais estava Teresa, foram forçadas pelos soldados a segui-los em direções diferentes. Ouvi repetidos gritos e pedidos de ajuda; um dos meus vizinhos, chamado Baldo Giovanni, que era idoso, encontrou o soldado que havia sequestrado Teresa, que a arrastava apertando o pescoço".
     Assim que o exército alemão partiu, Pe. Natale foi ao local da tragédia, acompanhado de Venâncio Ferrari e da mãe da vítima, assim como sua irmã. O corpo estava em um lugar chamado "A Planície das Cerejas". Teresa estava de costas contra o chão e com as mãos cruzadas no peito, em uma atitude de defesa contra um agressor. Uma bala perfurou sua mão e se alojou em seu peito. Uma marca lívida pode ser vista no pescoço. Seu rosto estava cheio de hematomas, no crânio uma fissura de oito centímetros provavelmente causada pelo golpe de um sapato. Com imensa tristeza, o padre rapidamente cobriu o corpo com uma mortalha, sem permitir que ele fosse tocado.
     Então, um médico, Dr. Scorza, foi certificar a morte e examinar o corpo. "A integridade da jovem não foi manchada", diz ele. Ela lutou até ser estrangulada e morta pelo soldado, com raiva por ele não ter conseguido dominá-la".
     "Por obediência a Deus que lhe pediu para defender o santuário de seu corpo (cf. 1 Co 3:16), escreveu em 1998 o Monsenhor Lívio Maritano, Bispo do Acqui Terme, Teresa desobedeceu ao homem que pretendia violá-la, mas que a teria deixado viva. Sua atitude não foi o silêncio resignado diante de uma besta disposta a fazer qualquer coisa, mas uma recusa positiva em deixar sua beleza virginal ser manchada".
     Em 31 de agosto, aconteceu um funeral religioso muito discreto. Mas o exército ocupante estava horrorizado com os excessos de seus próprios soldados, com represálias na região cessando. O sacrifício de Teresa começa assim a dar frutos. Depois que o bispo do local enviou uma carta de protesto ao general alemão pelos ultrajes que foram perpetrados contra algumas mulheres, este último reconheceu que a violência arbitrária foi cometida, e dois soldados alemães foram levados aos tribunais militares.
     Desde 1945, os habitantes de Santa Giulia têm o costume de se reunir todo 28 de agosto para comemorar a morte de Teresa. Numerosas pessoas da diocese se juntam a eles, e muitos vão comungar, especialmente os jovens.
     Toda a dinâmica do assassinato foi esclarecida pelo exame dos restos feitos em 10 de maio de 1989, sob a ordem do tribunal eclesiástico. João Paulo II beatificou-a em Turim no dia 24 de maio de 1998, memória de Maria Auxiliadora, durante sua peregrinação ao Santo Sudário.
 
Fontes: Beata Teresa Bracco (santiebeati.it) e Bollettino Salesiano, Março 2004; https://www.clairval.com/
 
Postado neste blog em 28 de agosto de 2014

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars, Fundadora - 26 de agosto

 

"Os anciãos viram nela um anjo do Senhor, algo como um anjo da guarda visível; assim como distribuía os bens de comida e roupas, distribuía conforto e, sobretudo, a luz da fé e o fogo de seu amor por Deus". 1
 
     Teresa nasceu na cidade de Aytona (Espanha), no dia 9 de janeiro de 1843, em uma família profundamente cristã, filha de Francisco Jornet e de Antonieta Ibars, agricultores. Desde cedo sentiu o chamado para a vida religiosa.
     Aconselhada por seu tio, o Beato Francisco Palau y Quer, carmelita descalço, estudou em Lérida, se formando professora e dava aula na cidade de Argensola. Com grande espírito de piedade, percorria 2 k a pé até Lérida para confessar-se.
     O Beato Palau havia pensado em Teresa como uma possível colaboradora de uma fundação que ele havia iniciado. Em 1862 Teresa de associou as Terceiras Carmelitas dirigidas pelo tio, tornando-se diretora da escola; ela trabalhou por alguns anos na direção de várias escolas de seu trabalho nascente, os Terciários Carmelitas, mas ela não se ligou religiosamente a eles.
     Nos primeiros dias de julho de 1868, desejando maior perfeição, entrou no convento das Clarissas de Briviesca, perto de Burgos. Lá fez o seu postulantado e noviciado com grande alegria, esperando o dia tão sonhado de sua profissão religiosa. Quando já se preparava para emitir os seus votos, uma ordem do governo republicano proibiu a emissão de votos religiosos e Teresa não pode professar.
     Como os desígnios de Deus são outros, um dia surgiu no seu rosto uma ferida rebelde que alarma toda a comunidade; não sabendo se essa ferida era maligna, ou até contagiosa, por prudência a mandaram para casa para se tratar.
     Ela sentiu muito a partida do convento, sofreu muito em ver seu grande sonho desvanecer, mais seguiu adiante, confiando na Providência de Deus. Voltou a colaborar com seu tio, o Pe. Palau, sofrendo na carne as perseguições e contratempos que o afligiram, e o acompanhou até sua morte em 20 de março de 1872.
     Em junho de 1872, Teresa e sua mãe chegaram de passagem a Barbastro e encontraram um amigo de seu tio, o Pe. Pedro Llacera, que era muito amigo do Pe. Saturnino López Novoa, que nessa época estava com planos de fundar uma congregação para o cuidado dos velhinhos pobres e desamparados. Pe. Pedro, conhecendo a vida e o espírito de Teresa, convidou-a a fazer parte dessa fundação que estava marcada para os primeiros dias de outubro.
     Teresa, vendo aí a mão de Deus, sem hesitar respondeu o seu sim, e nos primeiros dias de outubro, foi para Barbastro, não sozinha, mas com sua irmã, Maria Jornet, e uma amiga, Mercedes Calzada, frutos de seu apostolado de amor.
     Juntamente com as outras 11 aspirantes, durante o mês de novembro realizaram os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, sob a direção do padre jesuíta Francisco Puig, diretor espiritual do seminário daquela cidade. Finalmente, em 27 de janeiro de 1873, foi realizada a tomada solene do hábito das Irmãzinhas na capela do seminário.
     Quando os tempos para a religião são difíceis, há aqueles que recomendam, em nome da prudência, que usem o hábito apenas dentro de casa e que para sair na rua usem vestidos seculares. As noviças se surpreendem com a sugestão, porque estavam dispostas a alcançar o martírio, se necessário. Elas pedem poder usá-lo sempre. O povo também expressou seu prazer. Foi um primeiro triunfo do bom espírito.
     Em Valência, leigos pretendiam fundar um lar para idosos indefesos. Diante da recusa de um instituto francês em frequentar o asilo, eles então recorreram ao Pe. Saturnino López, que aceitou a oferta e decidiu mudar a fundação incipiente do Barbastro para Valência. Lá, elas receberam o apoio do arcebispo e a ajuda incondicional de seu secretário, Dom Francisco García y López (1833-1909), bispo auxiliar; embora para as Irmãzinhas sempre será o Padre Francisco, considerado cofundador do Instituto.
    Particularmente, em Valência, Nossa Senhora dos Desamparados as aguardava, e a partir de então seria a padroeira da congregação nascente. Assim, no domingo, 11 de maio de 1873, na festa da Virgem dos Desamparados, a inauguração do asilo ocorreu na Calle de la Almoina, com a admissão das duas primeiras idosas.
     Teresa foi nomeada Superiora Geral da nascente Congregação e, em 25 anos de mandato, fundou 103 casas.
     O número de postulantes crescia com rapidez, e em 21 de novembro de 1874, graças a generosidade de alguns benfeitores, a Congregação conseguiu adquirir o edifício de Santa Mônica, que pertencia aos Recolhimentos Agostinianos, e desde então tem sido o foco irradiador da alma de Santa Teresa Jornet. "Nela passaram os anos de maturidade espiritual e governo da santa, que santificou suas veneráveis mãos com suas virtudes heroicas e testemunha de sua dedicação aos idosos pobres, e em Santa Mônica ela formou suas filhas para continuar seu trabalho de caridade". 2
     "Cuidar dos corpos para salvar as almas", era a máxima constante nos lábios da santa, e como sua grande fé a fazia ver nos idosos pobres e abandonados a figura de Cristo, toda sua ambição era ajudá-los a se livrar das escórias do pecado, recuperar, se tivessem perdido, a graça, e com a graça a dignidade dos filhos de Deus. Quantas orações e sacrifícios até obtermos a conversão de algum coração inveterado! Quanta delicadeza não atrapalhar com as explosões de um zelo prematuro a ação de Deus na alma! Quantas noites sem dormir na cabeça dos moribundos, para ajudá-los até o último momento e entregá-los, serenos e purificados, nas mãos de Deus!" 3     
     Antes de expirar, Madre Teresa recebeu a tão esperada comunicação da aprovação final das Constituições de seu Instituto, elaborada pelo Servo de Deus Saturnino López Novoa. Ela tirou-os de suas mãos como um verdadeiro código de obediência e disse-lhe: "Este pequeno livro, Pai, é ou para me salvar ou é para me condenar".
     Aos 54 anos, depois de uma longa e dolorosa enfermidade, morreu santamente na cidade de Liria, no dia 26 de agosto de 1897, deixando um rastro de santidade em toda a Congregação. Em 1904, seus despojos foram transladados de Liria para a Casa-mãe de Valência.
     O seu testamento espiritual foi esse: "Cuidem com interesse e esmero dos anciãos, tenham muita caridade e observem fielmente as Constituições, nisso está a nossa santificação".
     Foi beatificada por Pio XII no dia 27 de abril de 1958, e canonizada por Paulo VI em 27 de janeiro de 1974, ano centenário da fundação da Congregação. É considerada a padroeira dos anciãos e dos pensionistas idosos. Sua festa é celebrada no dia 26 de agosto.
 
Notas:
1. P. José María de Garganta O.P. y P. Vito Tomás Gómez O.P., Santa Teresa Jornet – Carisma y Espíritu, Casa Generalícia das Irmãzinhas, Valencia, 1983, p. 64.
2. Ibid., p. 55.
3. M. Eugenia Pietromarchi; O.S.B., Santa Teresa de Jesús Jornet e Ibars, Casa Generalicia de las Hermanitas, Valência, 1974, pp. 37-38.

https://www.tesorosdelafe.com/
 
Postado neste site em 26 de agosto de 2013

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Beata Maria Encarnação Rosal, Fundadora – 24 de agosto

   
    
Maria Vicenta Rosal nasceu em Quetzaltenango, Guatemala, em 26 de outubro de 1820, num lar cristão e cresceu num ambiente de profunda fé. Seus pais, Manuel Encarnación Rosal e Gertudis Leocadia Vásquez, deram o melhor de si para dar-lhe a formação e a cultura que combinavam com as características de um lar cristão e da sociedade guatemalteca em que viviam.
       Ela aprendeu com seus pais e irmãos mais velhos “a fé como um modo de viver, que é a piedade filial para com Deus, a orientação amorosa a Cristo na Eucaristia”, uma profunda devoção a Nossa Senhora e grande caridade os pobres e necessitados, a quem ela costumava ajudar generosamente.
     Aos 15 anos, Vicenta fez amizade com uma menina hondurenha, Manuela Arbizú, que movida pela graça de Deus, falou a Vicenta com grande entusiasmo sobre o ideal de servir a Deus na vida consagrada, e inesperadamente, ela mencionou as freiras de Belém. O nome de Belém atraiu a atenção de Vicenta. Depois de obter as respostas para todas as suas perguntas sobre a vida das freiras, ela consultou seus pais e o diretor espiritual. Viajou pela Guatemala a fim de cumprir seu desejo de ser consagrada a Deus. Ela chegou a Beaterio de Belém em 1 de janeiro de 1838.
     Ingressou na Congregação de Belém, instituição existente na cidade da Guatemala sob a jurisdição dos padres Betlemitas, cujo fundador foi São Pedro de São José Betancur (1626-1667). Em 16 de julho de 1838, recebeu o hábito das mãos do último padre Betlemita, Frei José de São Martinho, e adotou o nome de Maria Encarnação do Sagrado Coração.
     A partir do momento que entrou no convento, iniciou seu compromisso e entrega a Deus, mas infelizmente, poucos dias após sua entrada, percebeu que o ambiente não era favorável a seus ideais: intensa vida de oração, silêncio, penitência e austeridade.
     ​Deus a levou por caminhos de batalhas internas. Permitiu que ela fosse ao Convento das Catarinas, onde desfrutou da paz, do silêncio e da austeridade que seu espírito desejava. Deus mostrou-lhe que a mesma vida que vivia no convento onde acabara de chegar poderia ser vivida em Belém e, assim, ela poderia levar a comunidade que deixara às alturas de uma grande união com Deus e serviço apostólico. Depois de viver os fervorosos exercícios espirituais, decidiu voltar a Belém.
     Fez seus votos na festa da Divina Maternidade, 26 de janeiro de 1840, dia em que a Ordem celebrou a festa de Nossa Senhora de Belém.
     Assim que chegou foi imediatamente incumbida do trabalho da escola e lá ela começou a mudar, plantar e fortificar. Embora a comunidade valorizasse o serviço apostólico de Madre Encarnação, nem todas as irmãs compartilhavam seus pontos de vista, mas respeitavam seu árduo trabalho e organização.
     ​Depois de algum tempo, ela foi apontada como administradora da comunidade e iniciou a transformação interna do convento. Em 1855, foi eleita Prioresa do convento. Como ela estava ciente da missão que lhe foi confiada, dedicou-se mais à oração, a fim de pedir sabedoria e prudência para realizá-la. Começou a escrever as Constituições que governariam seu convento.
     Imediatamente meteu mãos à obra no intuito de reformá-la, mas não conseguindo realizar seu intento, decidiu fundar outra instituição onde seriam vividas as Constituições que ela havia redigido e que o Bispo local já havia aprovado. Conseguiu realizar sua fundação em Quetzaltenango, sua terra natal.
     Sua vida e obra eram dedicadas a conservar o carisma do fundador da Congregação Betlemita, São Pedro de Betancur, “À luz da Encarnação, da Natividade e da Morte do Redentor”. A Congregação vivia o espírito de reparação das Dores do Sagrado Coração de Jesus, dedicando o dia 25 de cada mês à adoração reparadora.
     A ânsia pela glória de Deus e salvação dos homens levava Madre Encarnação a “servir com solicitude ao irmão necessitado” e a “impulsionar a educação infantil e da juventude nos colégios, escolas e lares para meninas pobres”, bem como a “dedicar-se a outras obras de promoção e assistência social”.
     Em 1855, a reformadora da Ordem Betlemita iniciou formalmente seu trabalho fundando em Quetzaltenango dois colégios, mas sua obra foi interrompida com o início da perseguição política imposta pelo governo de Justo Rufino Barrios (1873-85), o qual expulsou do país várias ordens religiosas.
     Com o objetivo de continuar seu trabalho evangelizador, Madre Encarnação chegou à Costa Rica em 1877. Ali fundou o primeiro colégio para mulheres em Cartago, a 23 k desta capital, onde se encontra a Basílica da Rainha dos Anjos, Padroeira da Costa Rica.
     Em 1886, Madre Encarnação fundou um orfanato-asilo em San José. Todavia, novamente precisou abandonar o país quando outro governo assumiu o poder, expulsando as ordens religiosas e impondo a educação laica. Madre Encarnação também fundou casas na Colômbia e no Equador, sofrendo o desterro que lhe impunham as autoridades Guatemaltecas.
     Assim que precisou abandonar a Costa Rica, Madre Encarnação instalou-se na Colômbia. Na cidade de Pasto fundou outro lar para meninas pobres e desamparadas. Ela é considerada como uma das pioneiras da formação integral da mulher no continente latino-americano.
     A incansável peregrina estabeleceu posteriormente a Ordem Betlemita no Equador, em Tulcán e Otavalo.
     Madre Maria Encarnação morreu em 24 de agosto de 1886 após cair do cavalo que a transportava de Tulcán até o Santuário de Las Lajas, em Otavalo. Seu corpo foi transladado à cidade de Pasto, onde se conserva incorrupto, na Escola do Sagrado Coração de Jesus, Belemitas, Pasto.
     A causa de sua beatificação foi introduzida em 23 de abril de 1976. O Decreto de aprovação do milagre foi firmado em 17 de dezembro de 1996. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 4 de maio de 1997, na Praça de São Pedro, em Roma.
     Atualmente, sua obra está presente na Itália, África, Índia, Espanha, Venezuela, Equador, Estados Unidos, Costa Rica, El Salvador, Nicarágua, Panamá e Guatemala. A Casa-Mãe situa-se em Bogotá, na Colômbia.
* * *
Devoção das Dores Internas do Coração de Jesus

    
A Madre Maria Encarnação Rosal foi a apóstola desta devoção.
     O principal objetivo desta devoção é honrar as dores internas do Sagrado Coração de Jesus, sendo as dez principais e mais íntimas: 1) A visão de Deus Pai gravemente ofendido; 2) A idolatria disseminada pelo mundo; 3) As heresias que conduzem à ruína os fiéis; 4) Os cismas que desmembram o corpo da Sua Santa Igreja; 5) A apostasia de tantos maus católicos; 6) O esquecimento das Suas benevolências e o desprezo das Suas Graças e dos Sacramentos; 7) A frieza e indiferença dos Seus pela Sua dolorosa Paixão; 8) Os escândalos e os sacrilégios dos maus sacerdotes; e sua negligência no cumprimento dos ofícios litúrgicos; 9) A violação dos Votos por parte das suas esposas; 10) A perseguição contra os justos.
     Na véspera da Quinta-Feira Santa, 9 de abril de 1857, perto do amanhecer, Madre Encarnação foi ao coro para meditar sobre a traição de Judas e a dor do coração de Cristo durante a oração no Getsêmani. “Enquanto eu estava em oração – a própria Madre narrou – ouvi uma voz interior me dizendo: “Ninguém celebra as dores do meu Coração”. Estas palavras foram para a Madre Encarnação um chamado particular para honrar e fazer desagravos ao Coração de Cristo pelo o mal, ingratidão e pecados da humanidade.
     Depois disso, Madre Encarnação consultou o seu confessor, Monsenhor Piñol, sobre o ocorrido, bem como o Arcebispo Frei Francisco de Paula García y Pelaez, arcebispo da Guatemala, mas nenhum dos dois lhe deu maior atenção. Nos quinze dias seguintes, a voz continuou a ressoar na Beata.
     Por volta do mês de maio, novamente entre duas e três da manhã, Madre Maria Encarnação passa pelo claustro das Irmãs e nota uma luz, e entre esta luz aparece Jesus Ressuscitado. Ela relata que o sangue escorria de todos os poros de Jesus que, tirando o Coração, mostrou-o trespassado por dez dardos cruéis, devido à violação dos dez mandamentos.
     Em julho uma epidemia de cólera estava acontecendo na Guatemala; duas irmãs foram vítimas desta epidemia e outras estavam gravemente doentes. Uma noite a Madre Encarnação sentiu uma amargura no coração e sentiu outras angústias, então pensou em promover a celebração das dores do Coração de Jesus e se ofereceu para trabalhar por esta intenção. Naquele momento, a calma voltou ao seu coração. Em uma segunda noite, Madre Encarnação voltou a sentir a amargura no coração, então disse para Jesus que comunicaria sua promessa de divulgar as dores internas do Sagrado Coração ao seu confessor e a paz voltou ao seu interior. Em uma terceira noite ela sentiu as mesmas dores no coração e prometeu ao Senhor que passaria por vergonha, contradições, trabalho e dificuldades para estabelecer e promover a devoção às Dores Internas do Coração de Jesus.
     Como prometido, Madre Encarnação conta a seu confessor e diretor espiritual tudo que aconteceu. Monsenhor Piñol lhe concede a permissão e ela começou a pedir esmolas para organizar um pequeno altar e uma celebração em homenagem às Dores internas do Coração de Jesus, pensando em fazê-lo em 25 de agosto do mesmo ano.
     O Arcebispo concedeu-lhe a licença para a referida celebração e também ordenou que a cada 25 dias de cada mês fosse realizado um ato de reparação no Convento de Belém Madre Encarnação observou que a partir de 25 de agosto a epidemia de cólera, assim como suas devastações, diminuiu no país até desaparecer por completo.
 
Explicação da Imagem

    
A imagem é uma inspiração que Madre Encarnação recebeu de Jesus. O Sagrado Coração marcado com dez dardos, sete ao redor e três no centro.


 
Tradução e Adaptação: Gisèle Pimentel gisele.pimentel@gmail.com
Beata Maria Encarnaciòn Rosal (santiebeati.it)
 
Postado neste blog em 23 de agosto de 2013

sábado, 21 de agosto de 2021

Beata Maria Climent Mateu, Virgem e mártir - 20 de agosto

      
     Nasceu em Játiva no dia 13 de março de 1887 no seio de uma piedosa família. Seu tio Joaquim Clement era vigário da paroquia de Santa Tecla, e desde pequena a iniciou na vida espiritual intensa: uma hora de oração, missa e comunhão diária. Desde jovem apresentou uma espiritualidade robusta. Decidiu ser uma apóstola secular, vivendo com intensidade sua condição de membro da Ação Católica e fazendo quanto bem podia ao seu redor.
     Terciaria franciscana, Maria dos Sacrários, membro do Apostolado da Oração e da Adoração Noturna, tinha a Eucaristia como centro de sua vida espiritual, amando também singularmente a Liturgia e o decoro da casa de Deus. Era intensamente devota da Virgem Maria, fomentando a obra do Rosário Perpétuo.
     Sua vida interior se direcionava nas obras sociais, como o Apostolado Social da mulher, o Sindicato Católico Feminino, dirigindo a Caixa Dotal e a Mutualidade de Enfermas do mesmo. Ela era de economia modesta, porém tinha habilidade para tirar fundos das pessoas a fim de sustentar as obras sociais que desenvolvia.
     Quando a revolução de julho de 1936 chegou, Maria foi avisada que corria perigo e que seria melhor ir para um local em que passasse despercebida; ela, porém preferiu ficar em Játiva e abandonar-se a vontade de Deus: “Se for vontade de Deus que me matem, por mais que me esconda me encontrarão, assim sendo, fico aqui”.
     No dia 20 de agosto, às três da manhã, os milicianos chegaram a sua casa para prendê-la. Sua mãe, Júlia Mateu, não quis deixá-la sozinha: “Juntas estivemos sempre. Eu te ensinei a amar a Deus e por isso te querem matar. Aonde tu fores eu irei contigo”. Os milicianos insistiram que contra ela não havia nada, que ficasse, mas foi inútil, foi com Maria.
     Na obscuridade da noite levaram mãe e filha para um cemitério onde iriam fuzilá-las. Elas iam rezando em voz alta. Exigiram que se calassem, mas elas continuaram suas orações, o que exasperou ainda mais os verdugos. Começaram a golpeá-las com crueldade. Exigiram que elas gritassem “Viva o comunismo!” Retorceram o braço de Maria até que quebrasse e deram bofetadas em Júlia. Elas gritavam: “Viva Cristo Rei!” Diante de sua fortaleza, os milicianos, derrotados, não esperaram chegar ao cemitério e decidiram acabar com elas no caminho. Maria tinha 55 anos e sua mãe Júlia era setuagenária.
     Na manhã do dia 21 de agosto, seus familiares foram buscar seus cadáveres, e escreveram: “Achamos o de Maria à beira do caminho com suas roupas, porém ao descobri-lo, suas carnes apareceram amarrotadas pelos golpes, e a cabeça totalmente desfigurada. Apresentamo-nos ao Comité pedindo permissão para enterrá-las. A impressão que o fato produziu em Játiva foi de horror e indignação. Todos atribuíam sua morte o ser ela uma cristã de tanto destaque e tão boa propagandista de sua Religião Católica”.
     Foi beatificada em 11 de março de 2001 pelo Papa João Paulo II na cerimônia conjunta dos 233 mártires da perseguição religiosa em Valencia nos anos 1936-1939. 
 
Fontes: 
«Año Cristiano» - AAVV, BAC, 2003; 
http://hispaniamartyr.org/Martires/20_8_Climent.pdf
 
Postado neste blog em 19 de agosto de 2012

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Santa Joana da Cruz Delanouë, Fundadora - 17 de agosto

    
     Joana Delanouë nasceu em Saumur, cidade às margens do Rio Loire, no dia 18 de junho de 1668, a última de uma família de doze filhos. Seus pais possuíam uma loja de armarinho perto do santuário de Nossa Senhora de Ardilliers. Ela perdeu o pai aos seis anos e apesar de sua pouca idade ajudava a mãe a tocar a loja para sustentar toda a família.
     Já mocinha, faz o comércio prosperar, com a simpatia, gentileza e rapidez com que serve toda a clientela. Quando ia nos seus vinte e cinco anos, morreu-lhe a mãe, ficando ela com o estabelecimento familiar e veio a mostrar-se nele comerciante habilidosa e ávida de ganhos. As suas qualidades são notáveis: inteligente, ativa, infatigável.
     Num dia de inverno de 1693, notavelmente áspero, era um dia extraordinariamente frio, passou junto dela uma piedosa mulher, muito devota de peregrinações, que passava o tempo a correr de igreja em capela, de santuário em basílica. Depois de uma longa conversa, onde ventilou o sentido da vida, fá-la interrogar-se acerca da sua contínua e tão grande labuta, sobre a partilha dos bens no meio da sua relativa prosperidade, e convida-a a rever a sua relação com os pobres, deixando-lhe, no final, um surpreendente recado: “Joana, entrega-te à caridade. Em São Florêncio, esperam-nos seis crianças pobres num curral”.
     Atenta a esta notícia, ficou espantada com tanta miséria e principiou a tratar das crianças; Joana recolheu-as em sua casa. Era o ponto de partida da sua vocação.
     Apesar de suas responsabilidades acrescidas, ela passou a cuidar de alguns pobres; ela cuidava deles todos os dias, além de seus clientes.
      Durante cinco anos levou a sério os seus negócios, e se dedicou às obras de caridade cada vez mais numerosas. Passaram a chamá-la “mãe dos pobres”.
     Aos trinta anos deu o passo decisivo: passou a loja a uma sobrinha e transformou a casa em asilo a que chama “a Providência”. Este asilo desaba, mas ela em breve cria três novos. Recolheu assim mais de cem crianças: órfãos, meninas abandonadas, velhos, indigentes.
     Em 1703 uma companheira passou a ajudá-la e em seguida outras duas, uma das quais é a sua sobrinha. São os princípios da Congregação de Santa Ana da Providência, cujas Constituições receberam a aprovação da Igreja em 1709.
     A Irmã Joana da Cruz, assim passou a chamar-se, quer que as suas irmãs vivam numa casa semelhante à dos pobres, que se alimentem como eles e como eles sejam tratadas em caso de doença.
     Gasto todo o seu dinheiro, enche-se de dividas, por tanto bem fazer. Não hesita, põe-se a pedir, tornando-se mendiga, na sua própria terra, onde fora conhecida pela sua imensa prosperidade. Críticas não faltam à sua volta, sobretudo, quando a vizinhança, admirada por quanto vê, se sente obrigada a dar-lhe esmola: “É muito exagerada na austeridade para com as irmãs, a sua caridade é desmedida, o tratamento dado aos indigentes é principesco...” Depois, há o desabamento da casa que transformara em asilo...
     Depressa nota não ser possível acomodar tão grande diversificação de gente, no mesmo edifício. Pensa e abre um orfanato para crianças, ao qual se segue outro e mais outro.
     A tenacidade de Irmã Joana, assistida por belos devotamentos, resultou na fundação do primeiro hospital de Saumur em 1715; ele tinha sido pedido pelo Rei Luís XIV em 1672!...
     Seu amor transbordou rapidamente além dos limites da sua cidade de Saumur e de sua diocese. Ela já tem quarenta auxiliares, todas às suas ordens, e que haviam decidido seguir o seu exemplo de oração, dedicação e mortificação. Uma frase, por ela frequentemente repetida, resume o seu pensamento: “Quero viver e morrer com os meus irmãos, os pobres”. 
     Quando de seu falecimento, em 17 de agosto de 1736, aos 68 anos, Joana Delanouë deixou uma dúzia de comunidades, asilos e escolas. "A Santa morreu!", dizem em Saumur.
     Todos admiravam o seu zelo, a sua ação nas muitas visitas feitas ou recebidas, mas apenas seus amigos mais próximos conheciam sua mortificação, sua vida de oração e união com Deus. 
     As Irmãs de Joana Delanouë, como são chamadas agora, atualmente são cerca de 400 religiosas na França, Madagáscar e Sumatra, onde elas foram fundadas em 1979.
     Em 5 de novembro de 1947 Pio XII colocou Joana Delanouë entre os Bem-Aventurados. Em 31 de outubro de 1982 o Papa João Paulo II acrescentou Joana Delanouë, a “Mãe dos Pobres”, no calendário dos Santos da França.

Panorama de Saumur, França

Nossa Senhora des Ardilliers

Fontes: Santos de Cada Dia, www.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 17 de agosto de 2012

sábado, 14 de agosto de 2021

Beata Juliana Puricelli de Busto Arsizio, virgem eremita – 15 de agosto


Insigne pela força de ânimo invicta, a admirável paciência e a assídua contemplação das realidades celestes. 
 
     Entre os santos venerados pela Igreja milanesa encontramos as Beatas Catarina de Pallanza e Juliana de Busto, que deram origem à experiência monástica das eremitas da Ordem de Santo Ambrósio ad Nemus de Santa Maria do Monte, perto de Varese, chamadas comumente de Eremitas Ambrosianas.
     Já antes de 1400, há séculos existia um local de culto à Bem-aventurada Virgem Maria, um santuário associado à Santo Ambrósio: ali o Santo Bispo tinha derrotado o último grupo de arianos. Naquele local caro à história da Igreja milanesa, as duas mulheres viveram a sua consagração virginal ao Senhor.
     A primeira foi Catarina, nascida em Pallanza [1437-1478], da nobre família dos Morigi, que depois de uma longa busca da vontade de Deus, encontrou naquele local a resposta. Era em torno do ano 1450. Depois, em 1454, se uniu a ela Juliana Puricelli.
     Juliana nasceu em 1427 em Busto-Verguera, em uma família camponesa. Desde jovem ela sentiu muito fortemente o chamado para a vida religiosa, uma escolha à qual seu pai, uma pessoa que é descrita como muito grosseira e violenta, foi decisivamente oposto, porque ele a queria casada.
     Finalmente, aos 27 anos, em 1454, Juliana fugiu de casa para se juntar, no Monte Sagrado de Varese, à Catarina da Pallanza que levava uma vida de eremita ali. Ela viveu à sombra e na escola de Catarina, que a deixou progredir na sua devoção ao Padre Nosso e a Ave-Maria, desenvolvendo assim sua pureza, obediência, pobreza, humildade e caridade, e cultivando com ela a profunda contemplação da Paixão de Cristo.
     As suas vidas de grande penitência e oração suscitaram grande admiração e muitas jovens seguiram seu exemplo. Já em 1460 se uniram a elas. Após várias tribulações e incompreensões, em 1474 o papa Sisto IV, com uma bula, aprovou a ereção da Ordem, na qual se professava a regra de Santo Agostinho, observando as constituições de Santo Ambrósio ad Nemus e oficiando segundo a liturgia ambrosiana.
     Catarina faleceu em 6 de abril de 1478, deixando à pequena comunidade o testamento da caridade e da obediência à vontade de Deus. Benedita Biumi, sucessora da Beata Catarina no governo do mosteiro no ano 1478, e superiora da Beata Juliana por espaço de vinte e três anos, nos deixou uma breve Vida desta sua súdita.
     Juliana, analfabeta, viveu como uma simples conversa no mosteiro que surgiu no Monte Sagrado, toda humildade, espírito de penitência, serviço do próximo, entregando, através da roda do mosteiro, a água desejada pelos peregrinos sedentos – esta tarefa as Romitas Ambrosianas continuam executando até hoje - nutrindo em seu coração uma devoção profunda à Jesus Crucificado e à Beata Virgem Maria, até a morte na idade de setenta e quatro anos, depois de quarenta e sete anos de vida religiosa, dos quais vinte e dois passados no eremitério e vinte e cinco no mosteiro.
     Juliana, “chegando a noite da Assunção da Virgem Maria, desejou ser posta sobre a terra nua e expirou com grandes melodias no dia 15 de agosto de 1501”.
     As duas eremitas, que ainda em vida todos chamavam de “beatas”, foram veneradas pelo povo desde sua morte, como concordam as testemunhas dos dois processos de beatificação. E em Monte Sagrado, “desde tempos imemoriais”, a festa de Catarina foi solenizada em 6 de abril e a de Juliana em 15 de agosto.
     O culto à Beata Juliana foi confirmado (o equivalente à beatificação) junto com o da Beata Catarina de Pallanza, na festa de Pentecostes do ano de 1729, pelo bispo de Bobbio na qualidade de delegado do Arcebispo de Milão, Benedito Odescalchi; em 1769 o culto foi reconhecido como existente ab immemorabili pela Sagrada Congregação de Ritos e pelo Papa Clemente XIV.
     O corpo da beata primeiramente foi sepultado no cemitério; em 23 de outubro de 1650 foi trasladado solenemente ao coro do mosteiro das Romitas Ambrosianas; depois, no ano de 1729, por ocasião da confirmação do culto, foi trasladado, junto com o da Beata Catarina, para um oratório especialmente erigido próximo do santuário mariano, onde se encontram atualmente, expostos à veneração dos fiéis.
     Atualmente, com o novo Missal de 1976, a liturgia ambrosiana celebra a sua memória no dia 27 de abril. No Martirológio Romano sua festa é celebrada no dia 15 de agosto.
Beata Catarina de Pallanza e Beata Juliana Puricelli 
 
Fonte: www.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 14 de agosto de 2013

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Beata Gertrudes de Altenberg, Abadessa premostratense - 13 de agosto

     
     Gertrudes veio ao mundo no dia 29 de setembro de 1227, e recebeu o nome de sua avó materna, Gertrudes da Merania, esposa do Rei André II da Hungria. Gertrudes foi a terceira filha de Santa Isabel da Hungria (festa 17 de nov), casada com o Beato Luís IV, Landgrave da Turíngia (festa 11 set.). Ela nasceu duas semanas após a morte de seu pai em Otranto, enquanto ele estava a caminho da cruzada na Palestina.
     Antes de partir, Luís havia decidido com sua esposa que a criança seria consagrada ao serviço de Deus, como agradecimento pelo ano feliz passado juntos e que, se a criança que nascesse fosse menina, ela entraria nas freiras premostratenses de Altenberg.
     Devido a conflitos familiares e sucessórios, após a morte de Luís IV os dois irmãos do falecido monarca afastaram a viúva Santa Isabel e tomaram à força a custódia de seu filho. Santa Isabel abandonou o palácio abraçando uma vida de pobreza e humildade, enviando Gertrudes, ainda menina, para o convento das monjas premostratenses junto a Wetzlar, em Altenberg.
     Isabel morreu poucos anos após o nascimento de Gertrudes, mas foi ela quem a ensinou a rezar e a ler desde pequena, recebendo assim uma profunda educação religiosa. A comunidade de Altenberg lembrava-se sempre das suas visitas, ao longo das quais ela tinha costume de tricotar em companhia das religiosas.
     Em maio de 1235, com a idade de 8 anos Gertrudes foi conduzida a Marburg para assistir à canonização de sua própria mãe.
     Chegando à idade em que pôde escolher por si mesma, Gertrudes ratificou a decisão de seus pais e entrou formalmente na comunidade de Altenberg e nunca mais deixou o claustro; a partir de 1248 tornou-se abadessa com a idade de 21 anos, tendo ficado na direção da comunidade por 49 anos no total.
     Ela foi sempre uma religiosa obediente e comprometida com sua comunidade. Usando a herança deixada pelos pais, ela construiu a igreja abacial do mosteiro dedicada a Virgem Maria e a São Miguel, no mesmo estilo gótico de Marburg.
     Gertrudes edificou também um hospital e um asilo para os pobres junto ao mosteiro, seguindo o exemplo de sua mãe, que havia provado seu amor por Cristo colocando-se à disposição total dos pobres e doentes. Nos relatos da vida de Gertrudes conta-se que um dia cuidando dos doentes, ela teria declarado: "Como é bom poder servir ao Senhor!" Ela nunca se aproveitou de sua posição e realizou atos de penitência e trabalhos piedosos como todas as outras freiras.
     Depois que o Papa Urbano IV renovou o chamado à Cruzada, Gertrudes comemorou seu pai fazendo um voto solene junto com sua comunidade para apoiar constantemente, com orações e penitências, a tentativa de conquistar e proteger os lugares sagrados. Gertrudes foi uma fervorosa advogada dessa causa. Com a ajuda de suas irmãs e de nobres damas, ela arrecadou uma soma necessária para pagar o equipamento das Cruzadas.
     Outro fato importante da sua vida: a festa do Corpo e Sangue de Cristo foi expandida para toda a Igreja por uma bula do Papa Urbano IV, em 1264. Essa nova festa encontrou uma viva resistência por parte de alguns, não sendo comemorada durante 50 anos em muitos lugares, mesmo nos arredores de Roma. Entretanto, Gertrudes já havia introduzido a festividade em Altenberg por volta de 1270, sendo comemorada com grande solenidade. Gertrudes aparece como uma das primeiras superioras a introduzir essa festa eucarística.
     Ela dedicou-se durante toda a sua vida ao serviço dos pobres, e em particular dentro do hospital que havia construído no mosteiro. Ela tinha o dom de reconciliar as pessoas, para as quais ela suplicava a graça divina numa vida de penitência e mortificação.
     Após um longo período de enfermidade, no dia 13 de agosto de 1297 Gertrudes nasceu para o Céu. Foi sepultada na igreja conventual de Altenberg.
     A Beata se distinguiu pelo espírito de penitência e pelo dom de prever eventos futuros. Não muito depois de sua morte Clemente VI autorizou o seu culto público no cenóbio de Altenberg (1311). O seu culto foi definitivamente aprovado por Bento XIII em 22 de janeiro de 1728, e enriquecido de indulgências. É celebrada no dia 13 de agosto.
 
Túmulo da Beata Gertrudes na Abadia de Altenberg

Postado neste blog em 11 de agosto de 2012
 
Fontes: http://fraternidadesaogilberto.blogspot.com/;https://www.santodelgiorno.it/;
Beata Gertrude di Altenberg (santiebeati.org)