A Cartuxa de La Celle-Roubaud
La Celle-Roubaud deve seu nome ao eremita que nos primeiros séculos da Igreja, atraído pela beleza calma da região da Provença e pela presença de uma nascente abundante, fixou-se ali. Uma capela foi construída no local daquela ermida. Os Templários adquiriram La Celle-Roubaud em 1200 e colocaram a abadia sob a proteção de Santa Catarina do Monte Sion. Mais tarde, eles cederam a abadia às beneditinas.
Em 1260, a Abadia de monjas beneditinas de La Celle-Roubaud foi cedida para a Ordem dos Cartuxos. Um grupo de religiosas ali se instalou sob a direção de Joana de Villeneuve, priora, enquanto as beneditinas se transferiam para Aix.
A capela, que existia desde o século XII, sofreu inúmeras restaurações antes da instalação do altar principal e das estalas. Classificada como monumento histórico, ela possui um mobiliário muito rico, notadamente as estalas da Renascença e o revestimento do coro, que data de 1635.
A capela lateral abriga um retábulo da Natividade de 1541: o Menino Jesus ladeado pela Virgem e São José; no plano posterior Santa Roselina ajoelhada, acompanhada dos filhos do doador e de anjos; na retaguarda, Claude de Villeneuve, Senhor de Arcs, e sua esposa, Isabel de Rétis.
Na parte externa do coro, numa urna de cristal, repousa o corpo de Santa Rosalina de Villeneuve e, em um armário mural, o relicário contendo seus olhos (1883).
O Castelo de Santa Roselina Santa Roselina foi Superiora da Abadia de La Celle-Roubaud de 1300 a 1328. Sua piedade e sua generosidade deixaram uma impressão duradoura na população local e, como consequência, seu nome ficou ligado à propriedade da Abadia.
No século XIV, sob a influência do Bispo de Fréjus (futuro Papa João XXII), a propriedade tornou-se um dos mais importantes vinhedos da Provença. Essa liderança tradicional foi perpetuada por seu proprietário, Henri de Rasque de Laval. Em 1994, sob a direção do Sr. Bernard Teillaud a grande propriedade tornou-se uma das joias da vinicultura do sul da França.
Mas, é o venerável corpo da Santa que mais atrai os visitantes. Devotos de todo o mundo visitam a capela, especialmente no dia 17 de janeiro (festa da Santa) e no primeiro domingo de agosto.
Para assegurar uma completa renovação da Abadia e para preservar o nobre caráter do local, muitos artistas celebraram a vida de Santa Roselina cada qual com sua especialidade. O arquiteto Jean-Michel Wilmotte realizou uma distribuição espacial do interior do castelo, respeitando sua história.
Uma bela alameda com velhas árvores leva ao parque; enormes tanques coletam as
águas da nascente; à beira das águas, as raízes gigantes de sequoias são
nutridas pelas águas da nascente que caem em cascata nos tanques; os vinhedos
dourados se perdem de vista... É um local realmente encantador!
A Abadessa
Roselina nasceu no dia 27 de janeiro de 1263 no Castelo de Les Arcs-sur Argens, na Provença, próximo de Draguignan. Era filha de Arnaud II de Villeneuve, Senhor de Arcs, de Trans, de La Motte e de Esclans, e de Sybille Burgole de Sabran (ilustre família de origem espanhola vinda para Provença em 1112).
Por ocasião da morte de sua mãe, seu pai a confiou a seu primo Santo Elzear de Sabran e a sua esposa a Bem-aventurada Delfina. De volta a Arcs, ela frequentava assiduamente a Cartuxa de La Celle-Roubaud, então dirigida por sua tia, Joana de Villeneuve, priora da Abadia.
Algum tempo depois, Josselin, Bispo de Orange, voltando de uma peregrinação a Roma, conduziu-a ao convento de Santo André de Ramières, onde ela deveria entrar como noviça. De passagem por Aix, ela encontrou pela primeira vez Jacques Duéze, que se tornaria seu grande protetor como Bispo de Fréjus, e mais tarde como Papa, com o nome de João XXII.
Foi enviada posteriormente à Cartuxa de Bertaud para ali continuar seus estudos, sendo admitida como professa por unanimidade no dia de Natal de 1280.
Em 1285, ela retorna a La Celle-Roubaud; em 1288 o Bispo de Fréjus a consagra como diaconisa. Em 1300, foi escolhida para suceder sua tia, Joana de Villeneuve, como priora. Ela permanecerá no cargo até 1328, data em que pede para voltar a ser simples religiosa.
Santa Roselina morreu no dia 17 de janeiro de 1329, com a idade de sessenta e seis anos, e foi sepultada no cemitério da Abadia. A pedido de João XXII, em 11 de junho de 1334, primeiro domingo de Pentecostes, uma exumação foi feita sob a direção de Elzear de Villeneuve, Bispo de Digne.
O corpo da Santa estava milagrosamente conservado, sem nenhum sinal de decomposição; os olhos estavam vivos e brilhantes como se ela estivesse viva. Elzear de Villeneuve extraiu-os das órbitas e colocou-os num relicário para expô-los à veneração do povo.
O milagre da conservação dos olhos da Santa seria constatado por ordem do rei, em 1660. Luís XIV, em peregrinação à Cotignac, pediu que seu médico pessoal, Dr. Vallot, verificasse a veracidade do milagre. Este descobriu que o olho esquerdo havia se extinguido, enquanto que o direito conservava sua luminosidade.
O corpo foi levado para a capela e colocado atrás da balaustrada que o protegia contra profanações. Em 1334, foi transladado para uma capela fechada e colocado sob o altar. Em 1360, nova transladação do corpo para uma urna com visor de vidro para que os peregrinos pudessem contemplá-lo através dele.
Por volta da metade do século XV, o convento foi devastado por um bando de saqueadores; as religiosas haviam tomado a precaução de esconder o corpo.
Em 1504, após um período de decadência do mosteiro, o Barão des Arcs, Louis de Villeneuve, obteve a instalação de uma comunidade de Franciscanos no local. Depois de um milagre, o corpo da Santa foi reencontrado em bom estado de conservação, colocado em uma urna de madeira dourada e depositado ao lado do coro.
Do século XVI até a Revolução Francesa, os Franciscanos guardaram as relíquias que lhes haviam sido confiadas por uma bula do Papa Alexandre VI, datada de 7 de outubro de 1499.
O corpo de Santa Roselina somente será embalsamado em 1894, cerca de seis séculos após sua morte. Os Cartuxos, alertados pelo padre Besson, fizeram um minucioso tratamento do corpo para protegê-lo da destruição por insetos. No dia 6 de julho, o corpo foi transferido para uma nova urna, onde repousa ainda hoje, no lado direito da capela. Os venerandos despojos, revestidos do hábito da Cartuxa, permanecem até hoje expostos à veneração de seus devotos.
Postado
neste blog em 17 de janeiro de 2012
A Abadessa
Roselina nasceu no dia 27 de janeiro de 1263 no Castelo de Les Arcs-sur Argens, na Provença, próximo de Draguignan. Era filha de Arnaud II de Villeneuve, Senhor de Arcs, de Trans, de La Motte e de Esclans, e de Sybille Burgole de Sabran (ilustre família de origem espanhola vinda para Provença em 1112).
Por ocasião da morte de sua mãe, seu pai a confiou a seu primo Santo Elzear de Sabran e a sua esposa a Bem-aventurada Delfina. De volta a Arcs, ela frequentava assiduamente a Cartuxa de La Celle-Roubaud, então dirigida por sua tia, Joana de Villeneuve, priora da Abadia.
Algum tempo depois, Josselin, Bispo de Orange, voltando de uma peregrinação a Roma, conduziu-a ao convento de Santo André de Ramières, onde ela deveria entrar como noviça. De passagem por Aix, ela encontrou pela primeira vez Jacques Duéze, que se tornaria seu grande protetor como Bispo de Fréjus, e mais tarde como Papa, com o nome de João XXII.
Foi enviada posteriormente à Cartuxa de Bertaud para ali continuar seus estudos, sendo admitida como professa por unanimidade no dia de Natal de 1280.
Em 1285, ela retorna a La Celle-Roubaud; em 1288 o Bispo de Fréjus a consagra como diaconisa. Em 1300, foi escolhida para suceder sua tia, Joana de Villeneuve, como priora. Ela permanecerá no cargo até 1328, data em que pede para voltar a ser simples religiosa.
Santa Roselina morreu no dia 17 de janeiro de 1329, com a idade de sessenta e seis anos, e foi sepultada no cemitério da Abadia. A pedido de João XXII, em 11 de junho de 1334, primeiro domingo de Pentecostes, uma exumação foi feita sob a direção de Elzear de Villeneuve, Bispo de Digne.
O corpo da Santa estava milagrosamente conservado, sem nenhum sinal de decomposição; os olhos estavam vivos e brilhantes como se ela estivesse viva. Elzear de Villeneuve extraiu-os das órbitas e colocou-os num relicário para expô-los à veneração do povo.
O milagre da conservação dos olhos da Santa seria constatado por ordem do rei, em 1660. Luís XIV, em peregrinação à Cotignac, pediu que seu médico pessoal, Dr. Vallot, verificasse a veracidade do milagre. Este descobriu que o olho esquerdo havia se extinguido, enquanto que o direito conservava sua luminosidade.
O corpo foi levado para a capela e colocado atrás da balaustrada que o protegia contra profanações. Em 1334, foi transladado para uma capela fechada e colocado sob o altar. Em 1360, nova transladação do corpo para uma urna com visor de vidro para que os peregrinos pudessem contemplá-lo através dele.
Por volta da metade do século XV, o convento foi devastado por um bando de saqueadores; as religiosas haviam tomado a precaução de esconder o corpo.
Em 1504, após um período de decadência do mosteiro, o Barão des Arcs, Louis de Villeneuve, obteve a instalação de uma comunidade de Franciscanos no local. Depois de um milagre, o corpo da Santa foi reencontrado em bom estado de conservação, colocado em uma urna de madeira dourada e depositado ao lado do coro.
Do século XVI até a Revolução Francesa, os Franciscanos guardaram as relíquias que lhes haviam sido confiadas por uma bula do Papa Alexandre VI, datada de 7 de outubro de 1499.
O corpo de Santa Roselina somente será embalsamado em 1894, cerca de seis séculos após sua morte. Os Cartuxos, alertados pelo padre Besson, fizeram um minucioso tratamento do corpo para protegê-lo da destruição por insetos. No dia 6 de julho, o corpo foi transferido para uma nova urna, onde repousa ainda hoje, no lado direito da capela. Os venerandos despojos, revestidos do hábito da Cartuxa, permanecem até hoje expostos à veneração de seus devotos.