(continuação)
IV. NOVAS INVESTIGAÇÕES
"Chamei então o pai com a outra menina, ao qual, tendo chegado, eu disse: 'O senhor tome Maria da Luz e vá ficar no mesmo lugar. Eu fico com Maria da Conceição'.
– 'Compreendeste alguma coisa do que eu disse a tua companheira?', perguntei à mocinha.
– 'Não senhor', disse ela.
Então eu lhe disse: 'Maria da Luz já me disse tudo e confessou a verdade: tudo o que vós arranjastes é mentira e invenção. Agora quero que me digas também a verdade: não é certo que nada vês?' A menina ficou como aterrorizada e olhando para o ponto das aparições, disse-me em tom choroso: 'Se Maria da Luz disse isto ou não, eu não sei; mas agora eu vejo a Senhora como antes'.
Procurei embaraçá-la por meio de muitas perguntas, a fim de averiguar se era imaginação. 'Eu que sou padre, nada vejo! Tu que nada és, dizes que vês Nossa Senhora?' Ela permaneceu sempre firme.
– 'Está bem – disse eu – dize-me o que vês agora'.
Ela narrou tudo minuciosamente e fielmente como a sua companheira.
Quando ela indigitava o lugar da aparição no ponto, eu dizia, para experimentá-la: 'Maria da Luz me disse que é noutro lugar, lá do outro lado'. Então ela olhava para o lugar que eu dizia e respondia: 'Não, eu vejo Nossa Senhora naquele lugar branco. No lugar que Maria da Luz indicou ao senhor, eu nada vejo'.
Não encontrei sequer uma contradição no que as meninas me diziam.
Chamei então Maria da Luz – deixando o pai onde estava – e perguntei a ambas se viam a Senhora. Ambas responderam: 'Sim, vemos'
– 'Perguntem a Nossa Senhora se ela me vê', disse eu. Perguntaram, e Ela respondeu que sim.
– Perguntem a Nossa Senhora se eu posso formular algumas perguntas numa língua estrangeira.
– 'Sim', responderam, por Ela.
Fiz então umas oitenta ou noventa perguntas em alemão, que as meninas não compreendem e recebi todas as respostas certas. Eu recebia as respostas por intermédio das meninas, em português, fielmente conforme eu perguntava em alemão, como: 'Wer bist du?' (quem sois vós?) – 'A Mãe do Céu'. 'Wie heisst das Kind auf deinem Arm?' (como se chama a criança em seu braço?) – 'Jesus'.
– 'Por que apareceis aqui?'
– 'Para avisar ao povo que três grandes castigos cairão sobre o Brasil'.
– 'Quais são os castigos?'.
Não respondeu, fazendo sinal com a mão para fazer entender, ou que não podia falar, ou que não queria.
– 'Podeis então dizê-lo mais tarde?'
– 'Sim'.
– 'Por que não dais um sinal visível, para que o mundo possa ver que sois a Mãe de Deus?'
– 'Já o dei'.
– 'Qual é o sinal?'
– 'A água que está correndo embaixo'.
– 'Para que serve esta água?'
– 'Para remédio'.
– 'Para todas as doenças?'
– 'Sim, mas para quem tem fé'.
– 'Quem quiser pode tirar daquela água?'
– 'Não, só as duas meninas'.
– 'Por que não podem tirar quem quiser?'
– 'Para que todos creiam'.
Cortemos aqui as respostas, para destacar bem o que segue, pois é a parte essencial das revelações da Mãe de Deus.
V. AMEAÇAS E REMÉDIOS
O Sacerdote continua o mesmo interrogatório, penetrando cada vez mais no âmago das questões palpitantes que a Virgem Santa quer revelar.
– Qual é o fim da vossa aparição aqui?
– Avisar que três grandes castigos virão sobre o Brasil.
– Quais castigos?
De novo ela fez sinais, fazendo entender que não podia ou não queria falar.
– Que é necessário fazer para desviar os castigos?
– Penitência e oração.
– Qual a invocação desta aparição?
– Das Graças.
– Que significa o sangue que corre das vossas mãos?
– O sangue que inundará o Brasil.
– Virá o comunismo a penetrar no Brasil?
– Sim.
– Em todo o País?
– Sim.
– Também no interior?
– Não.
– Os padres e os bispos sofrerão muito?
– Sim.
– Será como na Espanha?
– Quase.
– Quais são as devoções que se devem praticar para afastar estes males?
– Ao Coração de Jesus e a mim.
– Não basta só uma?
– Não.
– Quereis que se pregue sobre este assunto?
– Sim.
– Permiti-lo-ão as autoridades eclesiásticas?
Fez um gesto como se não quisesse dizê-lo.
– Darão licença mais tarde?
– Sim.
– Quereis que se construa uma igreja aqui?
– Não.
– Quereis mais tarde?
Fez os mesmos gestos.
– Esta aparição é a repetição de La Salette?
– Sim.
– Haverá uma romaria aqui?
– Sim.
– Por que apareceis neste lugar, cuja subida é tão difícil?
– Para o povo romeiro poder fazer penitência.
– Quanto tempo faz que estais aqui?
Fez um gesto com o dedo, como se quisesse dizer: "há muito tempo".
– Se sois a Mãe de Deus, então dai-nos vossa bênção.
Instantaneamente as duas videntes exclamam: "Olha lá!!! Está nos abençoando"... e fizeram o Sinal da Cruz.
– Se sois a Mãe de Deus e a criança é o Menino Jesus, manda que Ele nos dê a bênção.
Neste momento, as duas pobres camponesas, admiradas e transportadas de júbilo, exclamaram: "Ele já sabe dar a bênção também!" Fizeram mais uma vez o Sinal da Cruz.
Uma das meninas exclamou ainda: "Agora vimos a outra mãozinha do Menino. Até agora ela estava enlaçada ao pescoço da Mamãe. Ele estende para o senhor os dois bracinhos".
Fiz ainda muitas perguntas, obtendo respostas certas.
Descendo eu, disse às duas meninas: "Agora vejam se a Senhora ainda está lá". Responderam ambas: "Sim, Ela está em frente de sua casinha, abençoando-nos".
– Para que tanta bênção? disse eu, como se estivesse amolado e em tom grave.
As meninas ficaram trêmulas e atemorizadas.
– Pergunta a Ela, para que tanta bênção!
– Para que sejais felizes, disse Ela.
Perguntei de novo, em alemão: "Somente as duas ou eu também?"
Responderam elas: "Para o senhor também".
Tudo o que vi impressionou-me muito, excedendo as minhas expectativas. Umas das perguntas versou sobre os acontecimentos de Konnesreuth, perguntando se aqueles fatos eram de Deus ou do demônio.
– "É de Deus", disse a aparição.
VI. PROVIDÊNCIAS E
OPOSIÇÕES
As providências do Bispo foram as seguintes: que as meninas fossem examinadas pelo médico. Procedeu-se ao exame e averiguou-se que ambas são completamente sãs.
A aparição repetia-se. Mas as contradições surgiam à medida que se falava nas aparições.
A água corria constantemente, em pouca quantidade, e como que saindo da pedra.
Começaram as curas extraordinárias; foi pena que os médicos não fossem avisados para examiná-las. Em todo o caso, o povo dá veracidade aos fatos e neles crê.
Opinam que tenha havido profanação da fonte, embora não se saiba ao certo; e Nossa Senhora pediu que se fizesse um muro ou uma cerca, pois só as almas contritas e piedosas podiam assim aproximar-se a fim de fazerem orações e penitências.
Fez-se a cerca, visto as pessoas se aglomerarem sempre mais em romaria. Veio a polícia e derrubou a cerca. Imediatamente secou a água até então corrente.
O sacerdote mandou de novo construi-la e fechou as portas; logo depois a água brotou.
Após oito dias veio a polícia novamente, destruiu a cerca e, como na outra vez, desapareceu a água.
Falou-se que houvera sido o Bispo quem mandou a polícia. Este negou-o, dizendo que não sabia de nada.
A aparição repetidas vezes veio e as meninas afirmaram que a Senhora lhes dissera: "Tenham paciência; as coisas que vêm de Deus são mesmo assim".
Mandou então o padre que as meninas perguntassem a Nossa Senhora quem havia mandado os soldados, e a resposta foi esta: "Quem mandou foi um padre!"
Quinze dias depois, uma carta das meninas chegou, dando-me o nome do culpado.
Entretanto, a água não corria mais naquele lugar, mas um pouquinho acima. As meninas afirmaram que tinham pedido a Nossa Senhora para fazer a água sair novamente, então começou a correr. Nossa Senhora recomendou que não se dissesse isto a qualquer pessoa, para que só os bons recebessem da água.
Maria da Luz entrou num colégio, a pedido de Maria Santíssima, para mais tarde, após ter adquirido um pouco de instrução, entrar no convento. A aparição pediu que as despesas necessárias fossem feitas pelo Padre, autor daquelas perguntas.
Maria da Conceição está ainda com seus pais, em casa: parece-me que ela nunca mais viu a aparição.
Outro fato sobre Maria da Luz: em todas as festas de Nossa Senhora, ela a viu na montanha de Guarda.
Certo dia, perguntando algo a Nossa Senhora, recebeu esta resposta: "Nunca mais me manifestarei aqui em Guarda e os três castigos não virão já, porque o povo está melhor; mas é necessário ainda rezar muito e fazer penitência".
Recomendou de novo a devoção ao Coração de Jesus e a Ele.
VII. CONCLUSÃO
Tal é a narração publicada na revista Koenigsreuth. As relações escritas que me foram transmitidas, sendo recolhidas dos lábios do próprio sacerdote que formulou as perguntas são mais extensas, porém a narração acima é o resultado fiel do conjunto, e outros pormenores nada de essencial ajuntam ao fato.
(*) Padre Júlio
Maria de Lombaerde. O Fim do Mundo está próximo! Profecias antigas e
recentes. Livraria Boa Imprensa, Rio de Janeiro, 2ª edição, 1939, cap. VI,
pp. 71 e ss. Nihil obstat dado pelo Cônego José de
Lima em 10 de julho de 1936, e Carta de Aprovação do Bispo de Caratinga, de 31
de julho de 1936
(**) RECIFE, 15 out.
21 / 04:03 pm (ACI)
O bispo de Pesqueira (PE), dom José Luiz
Ferreira Salles, reconheceu as “presumíveis aparições de Nossa Senhora da
Graça” a duas crianças na Vila de Cimbres, em 1936, em carta pastoral publicada
no início de outubro. ...
Para dom Salles, “as narrativas históricas sobre os eventos na diocese de Pesqueira podem ser compreendidas a partir das afirmativas presentes no Diário do Frei Estevam Roettger”. O religioso escreveu que quem “acompanha atentamente os acontecimentos do Sítio Guarda no ano de 1936, há de se convencer que foi ‘Nossa Senhora da Graça ou das Graças’ que se manifestou e que na bondade do seu Coração maternal quer ajudar aos homens a se salvarem”.
Por isso, o bispo de Pesqueira declarou que “as romarias, as ações de fiéis e religiosos mantidas até os dias atuais demonstram a importância do evento para as ações religiosas da Igreja Católica, não apenas em nossa diocese, mas em todos os espaços e manifestações do culto mariano”.
NOTA:
Pe. Júlio Maria de Lombaerde em processo de Beatificação e Canonização
Traços Biográficos
O Pe. Júlio Maria de Lombaerde nasceu em Beveren, Município de Waregem - Bélgica, aos 7 de janeiro de 1878. Seus pais: José de Lombaerde e Sidônia Steelandt. Recebeu na pia batismal o nome de Júlio Emilio Alberto de Lombaerde. Ele gostava de comemorar o seu aniversário natalício no dia 8, por ser a data de seu batismo.
Atraído pela vida missionária, ainda antes de concluir os estudos foi para a África, onde se fez “Irmão Branco”, com o nome de Ir. Optato Maria. Em consequência de febres, tornou à Europa e, sentindo-se chamado para o sacerdócio, ingressou na Congregação dos Missionários da Sagrada Família. Foi ordenado em 1908.
Em 1912 foi enviado para as missões na Amazônia, onde esteve até 1926. Fundou em Macapá, 1916, a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria; veio para Manhumirim em 1928, onde foi pároco até à morte. Fundou aí as Congregações dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, em 1928, e as Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, em 1929.
Após ter escrito quase uma centena de livros para instrução do povo, faleceu na vigília do Natal de 1944, em trágico desastre de automóvel, em Vargem Grande - Alto Jequitibá MG.
"Hei de ser Santo, custe o que custar". (Pe. Júlio Maria de Lombaerde)
"Chamei então o pai com a outra menina, ao qual, tendo chegado, eu disse: 'O senhor tome Maria da Luz e vá ficar no mesmo lugar. Eu fico com Maria da Conceição'.
– 'Compreendeste alguma coisa do que eu disse a tua companheira?', perguntei à mocinha.
– 'Não senhor', disse ela.
Então eu lhe disse: 'Maria da Luz já me disse tudo e confessou a verdade: tudo o que vós arranjastes é mentira e invenção. Agora quero que me digas também a verdade: não é certo que nada vês?' A menina ficou como aterrorizada e olhando para o ponto das aparições, disse-me em tom choroso: 'Se Maria da Luz disse isto ou não, eu não sei; mas agora eu vejo a Senhora como antes'.
Procurei embaraçá-la por meio de muitas perguntas, a fim de averiguar se era imaginação. 'Eu que sou padre, nada vejo! Tu que nada és, dizes que vês Nossa Senhora?' Ela permaneceu sempre firme.
– 'Está bem – disse eu – dize-me o que vês agora'.
Ela narrou tudo minuciosamente e fielmente como a sua companheira.
Quando ela indigitava o lugar da aparição no ponto, eu dizia, para experimentá-la: 'Maria da Luz me disse que é noutro lugar, lá do outro lado'. Então ela olhava para o lugar que eu dizia e respondia: 'Não, eu vejo Nossa Senhora naquele lugar branco. No lugar que Maria da Luz indicou ao senhor, eu nada vejo'.
Não encontrei sequer uma contradição no que as meninas me diziam.
Chamei então Maria da Luz – deixando o pai onde estava – e perguntei a ambas se viam a Senhora. Ambas responderam: 'Sim, vemos'
– 'Perguntem a Nossa Senhora se ela me vê', disse eu. Perguntaram, e Ela respondeu que sim.
– Perguntem a Nossa Senhora se eu posso formular algumas perguntas numa língua estrangeira.
– 'Sim', responderam, por Ela.
Fiz então umas oitenta ou noventa perguntas em alemão, que as meninas não compreendem e recebi todas as respostas certas. Eu recebia as respostas por intermédio das meninas, em português, fielmente conforme eu perguntava em alemão, como: 'Wer bist du?' (quem sois vós?) – 'A Mãe do Céu'. 'Wie heisst das Kind auf deinem Arm?' (como se chama a criança em seu braço?) – 'Jesus'.
– 'Por que apareceis aqui?'
– 'Para avisar ao povo que três grandes castigos cairão sobre o Brasil'.
– 'Quais são os castigos?'.
Não respondeu, fazendo sinal com a mão para fazer entender, ou que não podia falar, ou que não queria.
– 'Podeis então dizê-lo mais tarde?'
– 'Sim'.
– 'Por que não dais um sinal visível, para que o mundo possa ver que sois a Mãe de Deus?'
– 'Já o dei'.
– 'Qual é o sinal?'
– 'A água que está correndo embaixo'.
– 'Para que serve esta água?'
– 'Para remédio'.
– 'Para todas as doenças?'
– 'Sim, mas para quem tem fé'.
– 'Quem quiser pode tirar daquela água?'
– 'Não, só as duas meninas'.
– 'Por que não podem tirar quem quiser?'
– 'Para que todos creiam'.
Cortemos aqui as respostas, para destacar bem o que segue, pois é a parte essencial das revelações da Mãe de Deus.
O Sacerdote continua o mesmo interrogatório, penetrando cada vez mais no âmago das questões palpitantes que a Virgem Santa quer revelar.
– Qual é o fim da vossa aparição aqui?
– Avisar que três grandes castigos virão sobre o Brasil.
– Quais castigos?
De novo ela fez sinais, fazendo entender que não podia ou não queria falar.
– Que é necessário fazer para desviar os castigos?
– Penitência e oração.
– Qual a invocação desta aparição?
– Das Graças.
– Que significa o sangue que corre das vossas mãos?
– O sangue que inundará o Brasil.
– Virá o comunismo a penetrar no Brasil?
– Sim.
– Em todo o País?
– Sim.
– Também no interior?
– Não.
– Os padres e os bispos sofrerão muito?
– Sim.
– Será como na Espanha?
– Quase.
– Quais são as devoções que se devem praticar para afastar estes males?
– Ao Coração de Jesus e a mim.
– Não basta só uma?
– Não.
– Quereis que se pregue sobre este assunto?
– Sim.
– Permiti-lo-ão as autoridades eclesiásticas?
Fez um gesto como se não quisesse dizê-lo.
– Darão licença mais tarde?
– Sim.
– Quereis que se construa uma igreja aqui?
– Não.
– Quereis mais tarde?
Fez os mesmos gestos.
– Esta aparição é a repetição de La Salette?
– Sim.
– Haverá uma romaria aqui?
– Sim.
– Por que apareceis neste lugar, cuja subida é tão difícil?
– Para o povo romeiro poder fazer penitência.
– Quanto tempo faz que estais aqui?
Fez um gesto com o dedo, como se quisesse dizer: "há muito tempo".
– Se sois a Mãe de Deus, então dai-nos vossa bênção.
Instantaneamente as duas videntes exclamam: "Olha lá!!! Está nos abençoando"... e fizeram o Sinal da Cruz.
– Se sois a Mãe de Deus e a criança é o Menino Jesus, manda que Ele nos dê a bênção.
Neste momento, as duas pobres camponesas, admiradas e transportadas de júbilo, exclamaram: "Ele já sabe dar a bênção também!" Fizeram mais uma vez o Sinal da Cruz.
Uma das meninas exclamou ainda: "Agora vimos a outra mãozinha do Menino. Até agora ela estava enlaçada ao pescoço da Mamãe. Ele estende para o senhor os dois bracinhos".
Fiz ainda muitas perguntas, obtendo respostas certas.
Descendo eu, disse às duas meninas: "Agora vejam se a Senhora ainda está lá". Responderam ambas: "Sim, Ela está em frente de sua casinha, abençoando-nos".
– Para que tanta bênção? disse eu, como se estivesse amolado e em tom grave.
As meninas ficaram trêmulas e atemorizadas.
– Pergunta a Ela, para que tanta bênção!
– Para que sejais felizes, disse Ela.
Perguntei de novo, em alemão: "Somente as duas ou eu também?"
Responderam elas: "Para o senhor também".
Tudo o que vi impressionou-me muito, excedendo as minhas expectativas. Umas das perguntas versou sobre os acontecimentos de Konnesreuth, perguntando se aqueles fatos eram de Deus ou do demônio.
– "É de Deus", disse a aparição.
Festa na Gruta em 31 8 1936 |
As providências do Bispo foram as seguintes: que as meninas fossem examinadas pelo médico. Procedeu-se ao exame e averiguou-se que ambas são completamente sãs.
A aparição repetia-se. Mas as contradições surgiam à medida que se falava nas aparições.
A água corria constantemente, em pouca quantidade, e como que saindo da pedra.
Começaram as curas extraordinárias; foi pena que os médicos não fossem avisados para examiná-las. Em todo o caso, o povo dá veracidade aos fatos e neles crê.
Opinam que tenha havido profanação da fonte, embora não se saiba ao certo; e Nossa Senhora pediu que se fizesse um muro ou uma cerca, pois só as almas contritas e piedosas podiam assim aproximar-se a fim de fazerem orações e penitências.
Fez-se a cerca, visto as pessoas se aglomerarem sempre mais em romaria. Veio a polícia e derrubou a cerca. Imediatamente secou a água até então corrente.
O sacerdote mandou de novo construi-la e fechou as portas; logo depois a água brotou.
Após oito dias veio a polícia novamente, destruiu a cerca e, como na outra vez, desapareceu a água.
Falou-se que houvera sido o Bispo quem mandou a polícia. Este negou-o, dizendo que não sabia de nada.
A aparição repetidas vezes veio e as meninas afirmaram que a Senhora lhes dissera: "Tenham paciência; as coisas que vêm de Deus são mesmo assim".
Mandou então o padre que as meninas perguntassem a Nossa Senhora quem havia mandado os soldados, e a resposta foi esta: "Quem mandou foi um padre!"
Quinze dias depois, uma carta das meninas chegou, dando-me o nome do culpado.
Entretanto, a água não corria mais naquele lugar, mas um pouquinho acima. As meninas afirmaram que tinham pedido a Nossa Senhora para fazer a água sair novamente, então começou a correr. Nossa Senhora recomendou que não se dissesse isto a qualquer pessoa, para que só os bons recebessem da água.
Maria da Luz entrou num colégio, a pedido de Maria Santíssima, para mais tarde, após ter adquirido um pouco de instrução, entrar no convento. A aparição pediu que as despesas necessárias fossem feitas pelo Padre, autor daquelas perguntas.
Maria da Conceição está ainda com seus pais, em casa: parece-me que ela nunca mais viu a aparição.
Outro fato sobre Maria da Luz: em todas as festas de Nossa Senhora, ela a viu na montanha de Guarda.
Certo dia, perguntando algo a Nossa Senhora, recebeu esta resposta: "Nunca mais me manifestarei aqui em Guarda e os três castigos não virão já, porque o povo está melhor; mas é necessário ainda rezar muito e fazer penitência".
Recomendou de novo a devoção ao Coração de Jesus e a Ele.
Tal é a narração publicada na revista Koenigsreuth. As relações escritas que me foram transmitidas, sendo recolhidas dos lábios do próprio sacerdote que formulou as perguntas são mais extensas, porém a narração acima é o resultado fiel do conjunto, e outros pormenores nada de essencial ajuntam ao fato.
Para dom Salles, “as narrativas históricas sobre os eventos na diocese de Pesqueira podem ser compreendidas a partir das afirmativas presentes no Diário do Frei Estevam Roettger”. O religioso escreveu que quem “acompanha atentamente os acontecimentos do Sítio Guarda no ano de 1936, há de se convencer que foi ‘Nossa Senhora da Graça ou das Graças’ que se manifestou e que na bondade do seu Coração maternal quer ajudar aos homens a se salvarem”.
Por isso, o bispo de Pesqueira declarou que “as romarias, as ações de fiéis e religiosos mantidas até os dias atuais demonstram a importância do evento para as ações religiosas da Igreja Católica, não apenas em nossa diocese, mas em todos os espaços e manifestações do culto mariano”.
Pe. Júlio Maria de Lombaerde em processo de Beatificação e Canonização
Traços Biográficos
O Pe. Júlio Maria de Lombaerde nasceu em Beveren, Município de Waregem - Bélgica, aos 7 de janeiro de 1878. Seus pais: José de Lombaerde e Sidônia Steelandt. Recebeu na pia batismal o nome de Júlio Emilio Alberto de Lombaerde. Ele gostava de comemorar o seu aniversário natalício no dia 8, por ser a data de seu batismo.
Atraído pela vida missionária, ainda antes de concluir os estudos foi para a África, onde se fez “Irmão Branco”, com o nome de Ir. Optato Maria. Em consequência de febres, tornou à Europa e, sentindo-se chamado para o sacerdócio, ingressou na Congregação dos Missionários da Sagrada Família. Foi ordenado em 1908.
Em 1912 foi enviado para as missões na Amazônia, onde esteve até 1926. Fundou em Macapá, 1916, a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria; veio para Manhumirim em 1928, onde foi pároco até à morte. Fundou aí as Congregações dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, em 1928, e as Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, em 1929.
Após ter escrito quase uma centena de livros para instrução do povo, faleceu na vigília do Natal de 1944, em trágico desastre de automóvel, em Vargem Grande - Alto Jequitibá MG.
"Hei de ser Santo, custe o que custar". (Pe. Júlio Maria de Lombaerde)
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