Maria
Julieta da Gama Cerqueira era descendente de ilustre e tradicional estirpe
mineira. Nasceu em Belo Horizonte no dia 10 de março de 1900;
consagrou-se desde cedo à vida religiosa, ingressando na Congregação das
Servas do Espírito Santo, em Juiz de Fora. Naquela cidade dedicou-se à formação
da juventude feminina, tendo depois atuado em Belo Horizonte, São Paulo e Rio
de Janeiro.
Desejosa
de uma vida mais contemplativa, a então Irmã Maria Letícia da Virgem
Misericordiosa transferiu-se para o Mosteiro das Irmãs Redentoristas, em Itu. Em
março de 1952, com outras irmãs oriundas de Itu, fundou o Mosteiro do Imaculado
Coração de Maria na cidade de Belo Horizonte – MG.
Trasladou-se
da capital mineira para Diamantina (MG) e em 22 de maio de 1969, fundou naquela
cidade, com algumas irmãs, o Mosteiro da Santa Face e do Puríssimo e Doloroso
Coração de Maria, o qual foi transladado em 1970 para Campos (RJ), aonde
chegaram em 26 de julho. Nesta importante cidade fluminense Madre Letícia foi
Superiora daquele mosteiro até seu falecimento.
Dotada
de excecional inteligência e rara firmeza de vontade, Madre Letícia discerniu,
desde seus primórdios, a crise progressista que hoje assola a Igreja. Assim,
por seus conselhos, seus exemplos, sua extraordinária influência pessoal,
constituiu-se, desde logo, num dos baluartes da defesa da sã doutrina.
Principalmente
por suas orações e por seus sacrifícios, Madre Letícia, dotada de profunda
piedade eucarística, devoção a Nossa Senhora e à Santa Igreja, tudo fez para
obter da divina clemência que abreviasse a tormenta que hoje se abate sobre o
mundo católico. Neste sentido, ofereceu com resignação e constância
edificantes os longos padecimentos da moléstia que acabou por vitimá-la.
Madre
Letícia foi ardorosa simpatizante da TFP (IPCO), dispensando àquela entidade seu
contínuo apoio, preces e sacrifícios.
Quando
sobre ela caiu o veredicto terrível do câncer, permaneceu firme, decidida,
olhava para a morte com tranquilidade, não desejando deixar de batalhar pela
glória de Deus e salvação das almas, mas disposta a fazer a vontade de Deus.
Após alguns meses de intenso sofrimento, ela morreu rezando. Duas pessoas que a
assistiam, a amparavam; ela estava sentada na cama, às vezes parava um pouco de
rezar devido à falta de ar; depois, refeita, retomava as orações. Em
determinado momento a religiosa que a acompanhava disse para o sacerdote
presente: “Padre, a Madre morreu!” A Providência a tinha
chamado.
Seu
falecimento ocorreu no dia 2 de maio de 1974, aos 74 anos de
idade. Atendendo ao seu pedido, o corpo foi sepultado no jazigo da TFP (IPCO) no
Cemitério da Consolação, na capital de São Paulo.
Madre
Leticia era muito decidida. Estando para entrar no convento, dirigiu-se para lá
de trem. Entretanto, havia hora para entrar. Como o trem estivesse passando
perto do convento muito lentamente, e ao ver que não daria tempo para esperar
que ele chegasse à estação, ela não teve dúvidas: jogou sua mala e pulou do
trem, para espanto geral dos passageiros.
Uma
de suas grandes alegrias foi ter feito uma peregrinação a Fátima, Portugal. Ela
contava cenas tocantes da devoção do povo português por Nossa Senhora. Dizia
que as promessas de Nossa Senhora em Fátima iam cumprir-se muito brevemente.
Ela
era muito alegre, possuía a verdadeira alegria que não se abate mesmo no meio
das adversidades. Durante sua doença ela procurava animar as Irmãs dizendo
coisas engraçadas para distraí-las. Em Portugal, divertia-se imitando o sotaque
português, o que fazia de modo tão perfeito, que a Irmã que a acompanhava não
podia conter o riso.
Em
carta de 1971 a uma de suas dirigidas leigas, Madre Letícia recomendava: “No
vendaval tremendo por que está passando a Santa Igreja, é preciso não só
proteger a Fé, mas ainda guerrear para mantê-la, e ainda torná-la cada vez mais
intensa, brilhante”. ... “A mulher hoje perdeu completamente a
noção de dignidade, do pudor; tornou-se escrava da moda por mais indecorosa que
seja. Você precisa velar com especial cuidado sobre esta tentação terrível que
vem arrebanhando meninas, moças e senhoras”.
Madre Letícia com irmãs |
Em 27 de dezembro de 1973, antes de uma cirurgia, Madre Letícia escreveu uma pungente carta aos seus irmãos, da qual é este edificante trecho: “Minha vida e minha morte estão nas mãos de Nossa Senhora, Ela que é sempre a ‘Causa da minha Alegria”. A Ela me consagrou nossa mãe, como aliás consagrou todos os filhos. Embora cheia de infidelidades, procurei sempre a Ela me dar. Como temer neste momento? Estou em Seus braços. Se continuar a viver, vou esforçar-me por servi-La melhor e amá-La mais; se morrer, banhando minha alma no mar infinito da misericórdia de Deus, irei vê-La no Céu!
No
hospital, após a cirurgia, conversando com uma visitante, disse a certa
altura: “Daqui a pouco virá a visita mais importante!” A
pessoa perguntou quem era e ela respondeu muito séria, mas afetuosamente: “Jesus!” É
que iam levar a Santa Comunhão para ela...
Frases
“Vamos
falar de grandes coisas, das dores da Igreja”.
“Se
formos esperar que os outros nos tratem mal, então poucas vezes faremos atos de
humildade. O melhor ato de humildade é nos considerarmos diante de Deus: nós
não somos nada, Deus é tudo! Fazer isto muitas vezes”.
“Sim,
meu Deus, nada Vos recusarei!”
Postado neste blog em 1º de maio de 2015
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