Martirológio
Romano: Em Geel, no Brabante, Austrásia, no território da moderna Bélgica,
Santa Dinfna, virgem e mártir.
A
Irlanda, aconchegada nas águas azuis do Atlântico, foi evangelizada por São Patrício
e há séculos é conhecida como a Ilha dos Santos. Uma relação dos santos
irlandeses preencheria um calendário da Santa Igreja. Mas, infelizmente, estes
santos são desconhecidos pela maior parte dos católicos. Um exemplo de santo
esquecido ou desconhecido é Santa Dinfna.
A "Vita Sancta Dimpnae" foi escrita entre 1238 e 1247 por um cônego da Colegiada de Santo Alberto de Cambrai, França, de nome Petrus Van Kamerijk, sendo Bispo de Cambrai Guy I. O autor mesmo menciona que se baseou na tradição oral popular. Portanto, não há dados comprobatórios da narração feita por ele.
Há na Irlanda uma igreja, Chilldamhnait ou Kildowner, situada na parte sul da ilha, cujo nome significa Igreja de Dinfna. Segundo antiga tradição, Dinfna veio do antigo reino de Oriel e fundou a igreja no século VII. Nessa igreja ela atendia os doentes. Dinfna morreu em Geel, Bélgica. A igreja foi restaurada no século XVII, mas a igreja original está atualmente em ruínas.
De acordo com a "Vida", Santa Dinfna nasceu no século VII, em Clogher, no Condado de Tyrone, Irlanda, quando o país havia sido evangelizado. Porém, o seu pai, um pequeno rei de Oriel, ainda era pagão. Sua mãe, de família nobre, era cristã e notável por sua beleza e piedade.
Como sua mãe, Dinfna era um exemplo de beleza e de virtude, a "joia" de seu lar, favorecida desde o nascimento com graças especiais. Desde muito pequena Dinfna foi entregue aos cuidados de uma piedosa cristã, que a preparou para o Batismo. O Padre Gereberno administrou-lhe o Sacramento e aparentemente fazia parte da família, pois foi ele quem deu as primeiras noções de escrita, bem como das verdades da religião, à pequena Dinfna.
Bem cedo Dinfna, como muitas outras nobres irlandesas antes e depois dela, escolheu Nosso Senhor Jesus Cristo como seu Divino Esposo e consagrou sua virgindade a Ele e a sua Santa Mãe pelo voto de castidade.
Uma grande prova veio turbar a vida da adolescente: sua querida mãe falece. Ela ofereceu a Deus sua grande dor. Seu pai também ficou inconsolável com a perda da esposa e durante muito tempo ficou prostrado pelo luto.
Seus conselheiros persuadiram-no a buscar um segundo matrimônio. Em vão os mensageiros procuraram uma pessoa com a beleza física e moral de sua primeira esposa. Os conselheiros diziam que não havia ninguém mais amável e encantadora do que sua filha, Dinfna. Dando ouvidos à sugestão deles, o rei concebeu o pecaminoso desejo de casar-se com a própria filha. Com palavras persuasivas ele manifestou seus propósitos a ela.
Dinfna, horrorizada com os planos de seu pai, pediu a ele um tempo para pensar na proposta. Imediatamente procurou o Padre Gereberno, que a aconselhou a fugir; e uma vez que o perigo era iminente, ele disse que ela não demorasse em concretizar o seu plano.
Com toda pressa ela partiu rumo ao continente; acompanhou-a o Padre Gereberno, já bem idoso, e um casal de servidores de sua confiança. Após uma travessia favorável, eles chegaram à costa próxima da atual cidade de Antuérpia. Depois de fazerem uma breve parada para descansar, eles retomaram a jornada e chegaram a um pequeno vilarejo próximo de um oratório a São Martinho, local conhecido hoje como Geel. Eles foram recebidos com simpatia pelos moradores e ali se fixaram.
Entrementes, o rei, furioso com a fuga de Dinfna, enviou seus servidores em perseguição aos foragidos. Após buscas exaustivas, conseguiram descobrir que eles haviam seguido para a Bélgica e o local de refúgio foi localizado. A princípio o pai de Dinfna tentou persuadi-la a voltar com ele. O Padre Gereberno, porém, reprovou com firmeza suas intenções pecaminosas, o que levou o rei a mandar matá-lo. Seus subordinados imediatamente o degolaram. Um novo glorioso mártir reuniu-se aos heróis do Reino de Cristo.
As tentativas do pai de Dinfna para induzi-la a voltar com ele foram infrutíferas. Com coragem ela enfrentou todos os maus tratos. Diante de sua resistência, enfurecido o pai desembainhou sua adaga golpeando-a no pescoço. Recomendando sua alma a Deus, a virgem caiu aos pés de seu insano e delirante pai. A coroa do martírio foi dada a Dinfna entre os anos 620 e 640. Os corpos dos dois mártires ficaram por algum tempo insepultos. Os habitantes de Geel removeram os santos despojos e, conforme o costume da época naquela região, colocaram numa caverna. Mas, após alguns anos, os aldeões, recordando-se da morte santa que eles tiveram, decidiram dar a seus corpos um sepultamento mais adequado. Quando os trabalhadores removeram a terra que obstruía a entrada da caverna, grande foi o assombro deles diante de duas belas tumbas, brancas como a neve, entalhadas na pedra como pela mão de anjos. Ao abrirem o túmulo de Santa Dinfna viram uma placa de cor vermelha que repousava sobre seu peito, a qual continha a inscrição: "Dinfna".
Os santos despojos foram transladados e colocados numa pequena igreja. Mais tarde, foi necessário erigir uma magnífica Igreja de Santa Dinfna, no local onde os corpos foram sepultados pela primeira vez.
A fama de Santa Dinfna, segundo a tradição, teve início graças ao milagre ocorrido quando um doente mental foi tocado com a placa acima referida, por ocasião da transladação das suas relíquias. Ela tornou-se então protetora das vítimas de doenças nervosas e mentais, e os milagres e as curas aumentaram continuamente. Mais e mais pessoas eram trazidas ao seu túmulo por parentes e amigos, muitos vindos em peregrinação de locais distantes. Novenas eram rezadas e os doentes eram tocados com a relíquia da Santa.
No começo, os doentes ficavam alojados em um pequeno anexo construído ao lado da igreja. Gradualmente tornou-se costume os moradores de Geel receberem os doentes nos seus lares. No século XIII, uma instituição chamada "Enfermaria de Santa Isabel" era conduzida pelas Irmãs de Santo Agostinho. Mais tarde tornou-se um hospital dedicado ao cuidado dos doentes. Muitos dos pacientes eram colocados nas casas das famílias de Geel após passarem algum tempo na "Enfermaria", e ali levavam uma vida relativamente normal.
Ainda em nossos dias os moradores de Geel recebem pacientes em seu círculo familiar, ajudando-os a se prepararem para retornar ao convívio com a família. Em centenas de gerações os moradores de Geel acumularam uma sensível habilidade para lidar com essa função, e o seu notável espírito de caridade cristã para com esses membros aflitos da sociedade dá ao nosso mundo moderno, tão ávido em colocar sua confiança na ciência e tão esquecido dos princípios da verdadeira caridade católica, uma lição de como restaurar certos tipos de doentes.
Santa Dinfna é invocada como padroeira dos portadores de doenças nervosas e mentais (epilepsia, sonambulismo, depressão, neuroses, estresse), dos psicólogos, profissionais da saúde mental e dos endemoninhados. Os seus símbolos são: a espada que a decapitou e o demônio acorrentado a seus pés, que simboliza a sua intercessão para livrar os possessos. A iconografia da Santa é sobretudo de origem belga e flamenga, embora sua nacionalidade seja irlandesa.
A história da cidade entrou tanto no imaginário coletivo, que em 1879 o pai de Van Gogh pensou em mandar para lá seu filho na esperança de poder livra-lo da “loucura”.
A "Vita Sancta Dimpnae" foi escrita entre 1238 e 1247 por um cônego da Colegiada de Santo Alberto de Cambrai, França, de nome Petrus Van Kamerijk, sendo Bispo de Cambrai Guy I. O autor mesmo menciona que se baseou na tradição oral popular. Portanto, não há dados comprobatórios da narração feita por ele.
Há na Irlanda uma igreja, Chilldamhnait ou Kildowner, situada na parte sul da ilha, cujo nome significa Igreja de Dinfna. Segundo antiga tradição, Dinfna veio do antigo reino de Oriel e fundou a igreja no século VII. Nessa igreja ela atendia os doentes. Dinfna morreu em Geel, Bélgica. A igreja foi restaurada no século XVII, mas a igreja original está atualmente em ruínas.
De acordo com a "Vida", Santa Dinfna nasceu no século VII, em Clogher, no Condado de Tyrone, Irlanda, quando o país havia sido evangelizado. Porém, o seu pai, um pequeno rei de Oriel, ainda era pagão. Sua mãe, de família nobre, era cristã e notável por sua beleza e piedade.
Como sua mãe, Dinfna era um exemplo de beleza e de virtude, a "joia" de seu lar, favorecida desde o nascimento com graças especiais. Desde muito pequena Dinfna foi entregue aos cuidados de uma piedosa cristã, que a preparou para o Batismo. O Padre Gereberno administrou-lhe o Sacramento e aparentemente fazia parte da família, pois foi ele quem deu as primeiras noções de escrita, bem como das verdades da religião, à pequena Dinfna.
Bem cedo Dinfna, como muitas outras nobres irlandesas antes e depois dela, escolheu Nosso Senhor Jesus Cristo como seu Divino Esposo e consagrou sua virgindade a Ele e a sua Santa Mãe pelo voto de castidade.
Uma grande prova veio turbar a vida da adolescente: sua querida mãe falece. Ela ofereceu a Deus sua grande dor. Seu pai também ficou inconsolável com a perda da esposa e durante muito tempo ficou prostrado pelo luto.
Seus conselheiros persuadiram-no a buscar um segundo matrimônio. Em vão os mensageiros procuraram uma pessoa com a beleza física e moral de sua primeira esposa. Os conselheiros diziam que não havia ninguém mais amável e encantadora do que sua filha, Dinfna. Dando ouvidos à sugestão deles, o rei concebeu o pecaminoso desejo de casar-se com a própria filha. Com palavras persuasivas ele manifestou seus propósitos a ela.
Dinfna, horrorizada com os planos de seu pai, pediu a ele um tempo para pensar na proposta. Imediatamente procurou o Padre Gereberno, que a aconselhou a fugir; e uma vez que o perigo era iminente, ele disse que ela não demorasse em concretizar o seu plano.
Com toda pressa ela partiu rumo ao continente; acompanhou-a o Padre Gereberno, já bem idoso, e um casal de servidores de sua confiança. Após uma travessia favorável, eles chegaram à costa próxima da atual cidade de Antuérpia. Depois de fazerem uma breve parada para descansar, eles retomaram a jornada e chegaram a um pequeno vilarejo próximo de um oratório a São Martinho, local conhecido hoje como Geel. Eles foram recebidos com simpatia pelos moradores e ali se fixaram.
Entrementes, o rei, furioso com a fuga de Dinfna, enviou seus servidores em perseguição aos foragidos. Após buscas exaustivas, conseguiram descobrir que eles haviam seguido para a Bélgica e o local de refúgio foi localizado. A princípio o pai de Dinfna tentou persuadi-la a voltar com ele. O Padre Gereberno, porém, reprovou com firmeza suas intenções pecaminosas, o que levou o rei a mandar matá-lo. Seus subordinados imediatamente o degolaram. Um novo glorioso mártir reuniu-se aos heróis do Reino de Cristo.
As tentativas do pai de Dinfna para induzi-la a voltar com ele foram infrutíferas. Com coragem ela enfrentou todos os maus tratos. Diante de sua resistência, enfurecido o pai desembainhou sua adaga golpeando-a no pescoço. Recomendando sua alma a Deus, a virgem caiu aos pés de seu insano e delirante pai. A coroa do martírio foi dada a Dinfna entre os anos 620 e 640. Os corpos dos dois mártires ficaram por algum tempo insepultos. Os habitantes de Geel removeram os santos despojos e, conforme o costume da época naquela região, colocaram numa caverna. Mas, após alguns anos, os aldeões, recordando-se da morte santa que eles tiveram, decidiram dar a seus corpos um sepultamento mais adequado. Quando os trabalhadores removeram a terra que obstruía a entrada da caverna, grande foi o assombro deles diante de duas belas tumbas, brancas como a neve, entalhadas na pedra como pela mão de anjos. Ao abrirem o túmulo de Santa Dinfna viram uma placa de cor vermelha que repousava sobre seu peito, a qual continha a inscrição: "Dinfna".
Os santos despojos foram transladados e colocados numa pequena igreja. Mais tarde, foi necessário erigir uma magnífica Igreja de Santa Dinfna, no local onde os corpos foram sepultados pela primeira vez.
A fama de Santa Dinfna, segundo a tradição, teve início graças ao milagre ocorrido quando um doente mental foi tocado com a placa acima referida, por ocasião da transladação das suas relíquias. Ela tornou-se então protetora das vítimas de doenças nervosas e mentais, e os milagres e as curas aumentaram continuamente. Mais e mais pessoas eram trazidas ao seu túmulo por parentes e amigos, muitos vindos em peregrinação de locais distantes. Novenas eram rezadas e os doentes eram tocados com a relíquia da Santa.
No começo, os doentes ficavam alojados em um pequeno anexo construído ao lado da igreja. Gradualmente tornou-se costume os moradores de Geel receberem os doentes nos seus lares. No século XIII, uma instituição chamada "Enfermaria de Santa Isabel" era conduzida pelas Irmãs de Santo Agostinho. Mais tarde tornou-se um hospital dedicado ao cuidado dos doentes. Muitos dos pacientes eram colocados nas casas das famílias de Geel após passarem algum tempo na "Enfermaria", e ali levavam uma vida relativamente normal.
Ainda em nossos dias os moradores de Geel recebem pacientes em seu círculo familiar, ajudando-os a se prepararem para retornar ao convívio com a família. Em centenas de gerações os moradores de Geel acumularam uma sensível habilidade para lidar com essa função, e o seu notável espírito de caridade cristã para com esses membros aflitos da sociedade dá ao nosso mundo moderno, tão ávido em colocar sua confiança na ciência e tão esquecido dos princípios da verdadeira caridade católica, uma lição de como restaurar certos tipos de doentes.
Santa Dinfna é invocada como padroeira dos portadores de doenças nervosas e mentais (epilepsia, sonambulismo, depressão, neuroses, estresse), dos psicólogos, profissionais da saúde mental e dos endemoninhados. Os seus símbolos são: a espada que a decapitou e o demônio acorrentado a seus pés, que simboliza a sua intercessão para livrar os possessos. A iconografia da Santa é sobretudo de origem belga e flamenga, embora sua nacionalidade seja irlandesa.
A história da cidade entrou tanto no imaginário coletivo, que em 1879 o pai de Van Gogh pensou em mandar para lá seu filho na esperança de poder livra-lo da “loucura”.
Acima, Igreja de Sta. Dinfna em Geel
Etimologia: Dymphna, na língua irlandesa, significa “cor amarelada, fulvo, louro”.
Fontes:
https://www.vaticannews.va/it/santo-del-giorno/05/30/santa-dinfna.html
http://www.giacomodoni.com/2017/06/santa-folli/
http://www.santiebeati.it/dettaglio/53225
Postado neste blog em 29
de maio de 2018
Etimologia: Dymphna, na língua irlandesa, significa “cor amarelada, fulvo, louro”.
Aspecto de Geel, Bélgica |
https://www.vaticannews.va/it/santo-del-giorno/05/30/santa-dinfna.html
http://www.giacomodoni.com/2017/06/santa-folli/
http://www.santiebeati.it/dettaglio/53225
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