quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Beata Maria Assunção Gonzalez Trujillano, Virgem e mártir - 28 de outubro


     
Nasceu em El Barco de Ávila no dia 19 de junho de 1881, filha de Anacleto González e Maria do Rosário Trujillano, que lhe deram o nome de Juliana. Ela foi crismada na sua paróquia natal em 18 de junho de 1885.
     Quinze anos depois, em 1900, instalou-se na freguesia de El Barco de Ávila uma comunidade das Terceiras Franciscanas da Divina Pastora, fundada em 1805 por Madre Maria Ana Mogas Fontcuberta (Beata desde 1996), agora conhecida como Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor. Elas trabalhavam numa escola para a educação de crianças e jovens, dando especial atenção aos mais necessitados.
     Juliana logo se identificou com elas e sentiu-se chamada a seguir o seu estilo de vida. Em 18 de fevereiro de 1903, entrou para o noviciado e mudou seu nome para Irmã Maria Assunção. Fez seus votos em 1905, na Casa Generalícia de Madrid, onde tinha completado o noviciado, mas professou os votos perpétuos na Casa de La Coruña, em 1910.
     Juntamente com uma coirmã, Irmã Assunção fundou uma escola em Arenas de San Pedro, onde permaneceu por três anos. Como professora de economia doméstica ensinava às meninas corte e costura. Novamente na Casa Mãe, ela ocupou o cargo de sacristã, distinguindo-se pela precisão no dever, espírito de sacrifício e uma crescente intimidade com Nosso Senhor.
     Em julho de 1936, seguindo as indicações da Madre Geral Maria das Vitórias Lage Castrillón, abandonou a casa e refugiou-se com ela na Rua Barquillo 3, junto ao casal Adolfo Cadaval y Muñoz del Monte e Amália Garcia Lara.
     Em 20 de outubro de 1936, ela se dirigiu a uma embaixada, talvez a do Chile, juntamente com o casal, pois queria depositar o seu dote e o das outras freiras. No entanto, logo na entrada da embaixada os três foram capturados por alguns milicianos e levados para uma "checa", ou seja, um local de prisão e tortura, situado na Rua Fomento.
     Na cela onde a Irmã Assunção foi presa estava também a Madre Provincial das Irmãs das Escolas Pias. Esta viu com seus próprios olhos que ela não se sentou, mas começou a ir e vir, rezando. De vez em quando a ouvia dizer em um tom de angústia: "Me matam".
     Às duas horas da tarde entrou na cela um miliciano com um envelope azul que disse: "Você tem a liberdade". Isto a tranquilizou, de modo que quando foi chamada saiu calmamente. Pouco depois, saiu a Sra. Amália Garcia, que chorava dizendo querer dar adeus a seu marido, mas foi dito: "Agora você vai ver o seu marido". Na realidade, era tudo falso, eles não tinham sido libertados, mas estavam sendo conduzidos ao fuzilamento. Era o dia 28 de outubro de 1936.
     O processo canônico para a avaliação de sua morte por ódio à fé, unido aos de suas coirmãs Isabel (nascida Maria do Consolo) Remiñán Carracedo e Gertrudes (Doroteia) Llamazares Fernández, foi iniciado a partir de 27 de setembro de 1999 junto à Arquidiocese de Madrid, e foi completado na Diocese de Orense em 17 de fevereiro de 2000. As três foram beatificadas em Tarragona em 13 de outubro de 2013, incluídas no grupo de 522 mártires que morreram durante a Guerra Civil Espanhola.
 
Fonte: www.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 28 de outubro de 2014

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Santa Tabita de Jope - 25 de outubro

   
     Tabita é um nome sugestivo, quando se conhece que em hebraico significa “gazela” e que “gazela” por sua vez era um nome composto com a palavra “beleza”, evidentemente graças à delicada elegância deste animal. Em grego, a Santa de hoje é chamada Dorcas. O significado deste nome é idêntico: gazela.  
     Quanto à Jope, era antigo porto marítimo, situado a uns 55 km de Jerusalém, e atualmente é a cidade Yafo, com o nome árabe Jaffa, que foi fundida com Tel Aviv em 1950, e se chama agora Tel Aviv-Yafo. É o único porto natural entre o Monte Carmelo e a fronteira do Egito, formado por um recife baixo a uns 100 m da costa. Essa cidade lembra-nos do profeta Jonas que, querendo fugir do mandato do Senhor, tomou um navio em Jope para ir a Tarsis (Jn 1:3). Após o exílio babilônico, Jope de novo serviu como porto para receber os cedros do Líbano, empregados na reconstrução do templo (Ed 3:7).
     Havia uma congregação cristã em Jope no primeiro século da Era Cristã. Nessa congregação servia Tabita (Dorcas), que é a única mulher mencionada na Bíblia e a quem se aplica a forma feminina da palavra discípulo. Não se faz nenhuma menção sugerindo que ela fosse casada, ou que tivesse alguma família. Portanto, deduzimos que ela morava sozinha; era costureira (At 9:36-39). Tabita usava o seu talento e suas mãos para fazer roupas para os pobres, principalmente para as viúvas. Ela confortava os tristes, ajudava os pobres e levava alegria a muitas pessoas; era amada por muitos em Jope. Suas boas ações a tornaram grandemente amada.
     Nos Atos dos Apóstolos, 9:36 a 42, encontramos a narração do episódio que retrata um dos milagres mais celebres do Apóstolo São Pedro.
 
     Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que em grego que dizer Dorcas. Esta era rica em boas obras e dava muitas esmolas.
     Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.
     Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.
     Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercaram-no todas as viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.
     Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Depois, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.
     Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.
     Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor.
     Pedro permaneceu ainda muitos dias em Jope, em casa de um certo Simão, curtidor.
 
Vista aérea de Jope ou Jaaffa
     Além desta narração, nada mais se conhece de Tabita de Jope. O episódio narrado acima é o único testemunho histórico da existência desta Santa.
     Os gregos introduziram o nome da “querida discípula” no Calendário dos Santos, mas não se pode dizer que Tabita tenha tido um culto particular. A sua memória entre os Santos permaneceu à parte, embora as legendas se refiram a miúdo ao milagre de Jope.
     Mas, a memória desta “gazela” ressuscitada do sono eterno pelas orações de São Pedro não se perdeu, e das páginas do texto sagrado, a figura da mulher generosa se ergue eloquente diante de nós, saindo da obscuridade que a rodeia.



 
São Pedro ressuscita Santa Tabita 

Fontes: Atos dos Apóstolos, 9:36 a 42; https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabita
 
Postado neste blog em 24 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Santas Alódia e Nunila, mártires de Huesca - 22 de outubro

     
     O Martirológio Romano dá como local de nascimento das Santas a cidade de Huesca, mas o célebre cronista do Rei Felipe II, Ambrósio de Morales diz que elas eram naturais de um povoado da Província de la Rioja, em Bañares, chamado Bosca, que alguns escreveram "Ósea" ou Huesca, um pouco distante da antiga cidade de Castroviejo, pequena vila à entrada da Serra de Cameros, e dá como local do martírio Nájera.
     Estas jovens mártires foram presas durante as perseguições de Abderramão II, o emir de Córdoba.
     Como era muito comum na Espanha, naqueles lamentáveis tempos em que ela estava sob o domínio maometano, Alódia e Nunila eram filhas de um maometano e de mãe cristã, matrimônios usuais então. O pai, um descendente dos visigodos, se tornara islamita passando a se chamar Ben Molit.
     A mãe, natural de Betorz, educou-as na Religião Católica, e embora crescessem em uma região ocupada pelos bárbaros, eram tão zelosas no cumprimento da Lei de Deus e tão piedosas, que atraiam a admiração de todos, e eram tomadas por modelo.
     Tendo seus pais falecido, um tio tomou-as sob sua tutela. Este era ferrenho maometano.
     O emir de Córdoba, inimigo capital dos cristãos, publicou um edito pelo qual, sob pena de morte, obrigava os filhos de cristão e mouro a seguir a religião de Mafoma, e deixar a religião de Jesus Cristo. O tio, que por várias vezes tentara pervertê-las sem resultado, viu uma boa ocasião para renovar suas investidas. Tomando como pretexto o novo edito, fez de tudo para obrigá-las a seguir a lei que o pai professara. Elas, porém, repeliam sempre com firmeza e constância as tentativas do tio de convencê-las.
     Ele então delatou-as a Jalaf ibn Rasid, máximo poder muçulmano da região, que residia na cidade de Castroviejo, uma légua de distância de Bañares.
     Ordenou Rasid que Alódia e Nunila comparecessem no seu tribunal. Inspiradas pelo Espírito Santo, as jovens viram naquela convocação um sinal do combate a que eram chamadas e, para dar prova de sua fé e de sua fortaleza cristã, puseram-se a caminho, de Bosca a Castroviejo, descalças, alentando-se mutuamente.
     No tribunal, Rasid perguntou-lhes se a denúncia do tio era verdadeira, se seu pai era maometano. Nunila, que era a mais velha, respondeu: "Nós não conhecemos o nosso pai, que nos faltou quando ainda muito meninas; sabemos, porém, que a nossa mãe era cristã e que nos educou nesta santa religião que professamos e pela qual estamos prontas a perder a vida".
     Após várias tentativas de separá-las, e vendo que eram inúteis todos os esforços, Rasid perdoou-as e deixou-as voltar para casa, argumentando que eram muito jovens e mal aconselhadas, mas advertiu-as que, caso não se emendassem, mandaria decapitá-las.
     As jovens voltaram cheias de alegria por terem confessado a fé em Nosso Senhor diante do tribunal de um juiz infiel. Desejosas de dar testemunho das verdades de nossa santa religião vertendo seu sangue, resolveram desde então se preparar para sofrer o martírio. Dedicaram-se a fervorosas orações, rigorosos jejuns e assombrosas penitências, certas de que não demoraria muito tempo para oferecerem a Deus o sacrifício de suas vidas.
     O tio, que esperava ficar com as propriedades das jovens, observava a conduta delas. Notando que em nada mudavam e ostentavam a religião que professavam, delatou-as desta vez ao governador de Huesca, Zumayl.
     Zumayl chamou-as ao seu tribunal e insistiu com muito empenho que negassem Jesus Cristo, valendo-se de promessas vantajosas e de terríveis ameaças. Mas, vendo-as irredutíveis, deu ordem para que fossem separadas e entregues a famílias mouras de sua confiança, para que as persuadissem da obrigação que tinham de seguir, como filhas de pai maometano, a lei que ele professou, para se cumprir assim o decreto, sob pena de padecerem morte terrível.
     Por quarenta dias estas virgens insignes suportaram os mais tremendos assaltos dos infiéis, mas não esmoreceram e permaneceram sempre mais firmes na fé.
     Dois dias antes de seu glorioso martírio, Alódia, em profunda oração, foi vista pela filha de seu hospedeiro toda rodeada de luzes celestiais. Diante de tal maravilha, ofereceu-se para ajudá-la a escapar e salvar-se da morte. Alódia agradeceu a oferta, não a aceitou, mas rogou que a deixasse ver a irmã. Foi possível então às irmãs se encontrarem e se animarem reciprocamente a padecer por Nosso Senhor.
     O governador ficou sabendo que as tentativas de persuadi-las foram sem efeito. Tendo ordenado que elas comparecessem novamente à sua presença, redobrou as ameaças, dizendo-lhes que mandaria matá-las se não negassem a fé na Santíssima Trindade e na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Elas responderam que estavam prontas a antes morrer do que negar Jesus Cristo.
     Encontrava-se em Castroviejo um péssimo sacerdote que havia apostatado do Catolicismo para viver impunemente nos seus vícios. Zumayl teve a ideia de servir-se daquele infeliz para perverter as duas castas jovens, entregou-as a ele e solicitou-lhe que as convencesse eficazmente. Ele usou de todos os sofismas para enredá-las, mas elas não seguiram seus ímpios conselhos. Vencido, o ímpio sacerdote comunicou ao governador a inutilidade de seus esforços.
     Enfurecido, o tirano deu ordem de as degolarem imediatamente.
     A primeira a se oferecer ao sacrifício foi Nunila. Ajoelhou-se, compôs os cabelos para receber o cutelo e corajosamente disse ao verdugo: "Eia, infiel, fere depressa!" Perturbado o carrasco errou o golpe, sem lhe cortar a cabeça, mas ferindo-a mortalmente. Seu corpo caiu por terra e, com os estertores naturais da morte os seus pés se descobriram.
     Alódia, sem se perturbar diante dos algozes, apressou-se em compor a roupa de sua irmã. Depois, colocou-se à disposição do algoz, mas antes amarrou aos pés as orlas de seu vestido, para evitar o que havia ocorrido com a irmã. Ajoelhando-se sobre o corpo de sua irmã, como em um altar, recebeu o golpe do verdugo.
     Segundo Morales, ambas receberam a palma do martírio no dia 22 de outubro de 851. Os corpos, que apesar de expostos aos abutres ficaram intactos, foram enterrados no bairro moçárabe. Mas, como à noite resplandecessem luzes no local em que as Santas foram enterradas, Zumayl mandou transladá-los para um poço profundo, junto a uma mesquita.
     O poço foi completado com terra e pedras enormes, a fim de apagar a lembrança das santas relíquias, e para que elas não pudessem ser encontradas pelos cristãos. Ainda hoje este poço existe, e junto a ele há uma fonte cristalina chamada Santas Alódia e Nunila, e uma ermida sob a invocação das Santas.
     Entretanto, todos os esforços dos infiéis foram inúteis: as luzes resplandeciam sobre o poço, ou onde quer que as relíquias fossem ocultadas. E este prodígio continuava quando o Rei de Navarra, Dom Iñigo Jimenez, conquistou a província de la Rioja, subjugando os mouros.
       Dom Iñigo transladou os corpos das Santas para o Mosteiro de São Salvador de Leyre, onde ficaram expostos à grande veneração do povo, dignando-se Deus conceder muitos milagres pela intercessão das suas fiéis servas.
Relevo das Santas na
Colegiata de Alquézar
     Translatio sanctarum Nunilonis et Alodiae, um breve relato do traslado das relíquias das santas para o Mosteiro de Leyre em 851, sobreviveu também em dois manuscritos do século X. O traslado das relíquias se deu por ordem de Oneca, a esposa de Dom Iñigo Jimenez. Há, contudo, algumas discrepâncias entre o relato do martírio no Translatio e no do Eulógio de Córdoba.
     Em 1097, D. Pedro I doou a mesquita ao Mosteiro de Leyre. Além de a mesquita ser consagrada como igreja, deveria ter a invocação de São Salvador, patrono de Leyre, das Santas mártires e de Santo Estevão, protomártir. A igreja desapareceu desde o século XVIII, mas a rua onde ela existiu ainda tem o nome de São Salvador.
     O culto das Santas mártires se espalhou por toda Espanha. A devoção chegou às terras andaluzas na época dos Reis Católicos, devido à conquista da cidade de Huesca. Por causa do desterro do último rei Navarro, Juan III de Albret, o conde de Lerin se refugiou em Huesca com um grande número de famílias navarras, as quais trouxeram consigo a devoção às Mártires.
     Inúmeras cidades espanholas possuem pequenos fragmentos de suas relíquias. No século XX, a devoção se estendeu a Madrid, Valência, Múrcia e Cornellà (Barcelona).
 
Postado neste blog em 21 de outubro de 2011
 
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nunilo_e_Al%C3%B3dia
https://www.santoangel.red/desconocida-historia-santas-alodia-y-nunilon/

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Santa Laura de Córdoba, Abadessa e Mártir - 19 de outubro

     
     Laura pertencia a uma nobre família e era casada com um importante funcionário do emirado independente Cordobés. Ao enviuvar após seis de casamento, entrou no Mosteiro de Santa Maria de Cuteclara (¹), vizinho de Córdoba, chegando inclusive a ser abadessa em 856, sucedendo Santa Áurea, permanecendo no cargo por nove anos.
     Quando desatou uma perseguição muçulmana contra os cristãos, Laura proclamou publicamente sua Fé católica e o emir Muhammad I mandou prendê-la e açoitar. Ao verem que ela não renegava o Cristianismo, foi levada perante o tribunal islâmico, foi processada e condenada a morrer em um banho de óleo fervente. Depois de três horas de atrozes sofrimentos, entregou sua alma a Deus, no dia 19 de outubro de 864. Um antigo autor nos assegura que durante as três horas ela cantou louvores ao Senhor.
     Embora haja poucas informações sobre esta Santa, o seu culto se expandiu enormemente e o seu nome é muito difundido em toda a Europa. Muitos estudiosos acreditam que o seu nome derive do Latim, ‘laurus’, ‘loureiro’ (árvore) símbolo de sabedoria e de glória. Também pode ter como origem a ‘coroa de louros’ ou ‘laurel’, que significa ‘vitória, triunfo’, pois das folhas daquela árvore eram feitas coroas que cingiam a cabeça dos vencedores de jogos e de torneios poéticos. Nos tempos dos romanos era mais comum encontrar o nome Laurência do que Laura.
     O Martirológio espanhol narra que durante a ocupação muçulmana Laura recusou abjurar a Fé cristã. Ela faz parte do grupo dos 48 Mártires de Córdoba. Sua festividade se celebra no dia 19 de outubro.
 
 
     (¹) O Mosteiro de Santa Maria de Cuteclara provavelmente existia desde antes da invasão muçulmana e era um mosteiro do tipo chamado duplo, quer dizer, acolhia uma comunidade masculina e outra feminina no mesmo cenóbio, sendo a feminina, segundo alguns estudos, predominante neste caso.
     Existiam, portanto, um abade e uma abadessa ao mesmo tempo, e de vários deles conhecemos os nomes, como, por exemplo, Frugelo, Pedro de Écija e Artêmia. Áurea, Maria, Columba foram monjas de Cuteclara, e tanto elas como os outros mencionados são considerados santos mártires pela Igreja Católica, ao serem executados em meados do séc. IX, por sua pública e deliberada rejeição ao Islã.
     Não se tem dados sobre quando o mosteiro desapareceu.
 
Postado neste blog em 19 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Beatas Ursulinas de Valenciennes, Virgens e Mártires - 17 de outubro

 
   
O episódio do massacre das Ursulinas de Valenciennes faz parte da época do Terror na Diocese de Cambrai (norte da França), durante a Revolução Francesa.
     No dia 30 de setembro de 1790 os comissários da municipalidade de Valenciennes, de acordo com o decreto da Constituinte, se apresentaram no convento das Ursulinas para inventariar os bens da comunidade e para questionar se as irmãs tinham a intenção de perseverar na sua vocação. Havia então 32 irmãs no convento e a superiora era Madre Clotilde Paillot, que tinha sido eleita no dia 13 de fevereiro do mesmo ano. A resposta das irmãs foi unânime: pretendiam continuar Ursulinas, devotadas à educação das jovenzinhas da cidade.
     Em 13 de setembro de 1792, Valenciennes foi assediada pelas tropas inimigas e no dia 17, tendo sido solicitado seu convento para os defensores da cidade, as Ursulinas foram obrigadas a procurar hospedagem junto às coirmãs de Mons, Bélgica. No dia 6 de novembro as tropas francesas, tendo vencido a batalha de Jammapes, ocuparam Mons, resultando que as Ursulinas, algumas semanas depois, tiveram que se mudar novamente.
     Mas a ocupação francesa em Mons durou pouco. Derrotadas na batalha de Neerwinden, as tropas francesas a evacuaram em 21 de março de 1793. As Ursulinas de Valenciennes podiam pensar em retornar à sua cidade, já que os austríacos, possuidores da cidade, encorajavam a reconstituição da comunidade.
     Quando as religiosas chegaram à sua casa, iniciaram logo os trabalhos de restauração, já que fora saqueada. As irmãs não tardaram em retomar com toda intensidade suas atividades, tanto que em 29 de abril de 1794 uma profissão e uma vestição aconteceram em seu convento.
     Em 26 de julho as tropas francesas conseguiram uma grande vitória em Freurus e em 26 de agosto os austríacos se retiraram de Valenciennes. Algumas irmãs permaneceram no convento com Madre Clotilde e foram aprisionadas em 1º de setembro e mantidas encarceradas em suas próprias celas. As outras foram procuradas e aprisionadas com numerosos outros suspeitos.
     O representante da Convenção era então um certo João Batista Lacoste, um dos personagens mais repugnantes daquela época. A sua grande ânsia era poder dispor de uma guilhotina, o que se tornara para ele uma verdadeira obsessão. Ele recebeu uma somente no dia 13 de outubro.
     Naquela data, o golpe de Estado do 9 termidor (27 de julho de 1794) já ocorrera, mas ele não levou isto em conta e mandou instalar a máquina sinistra, e naquele mesmo dia cinco condenados foram guilhotinados.
     No dia 15 de outubro, às nove horas da noite, 116 suspeitos foram reunidos no município e colocados à disposição do tribunal constituído ilegalmente por Lacoste. Eram particularmente numerosos os padres e as religiosas. A razão para condená-los era ocultada sob a acusação de traição e emigração. Os prisioneiros se encontravam em condições higiênicas incríveis e em grande promiscuidade, mas muitas irmãs puderam aproveitar para confessar-se e comungar.
     As primeiras Ursulinas a comparecerem diante do tribunal no dia 17 de outubro, juntamente com os padres refratários, foram:
          Irmã Maria Natália José de S. Luís (Maria Luísa José Vanot);
          Irmã Maria Lorenzina José Regina de S. Estanislau (Joana Regina Prin);
         Irmã Maria Úrsula José de S. Bernardino (Agostinha Gabriela Bourla) e Irmã Maria Luísa José de S. Francisco (Maria Genoveva Ducrez);
        A última era Maria Mada­lena José Déjardin, professa como Ir. Maria Agostinha José do S. Coração de Jesus.
     Foram guilhotinadas naquele mesmo dia.
     O segundo grupo de religiosas foi martirizado no dia 23 de outubro de 1794:
           Madre Maria Clotilde José de S. Francisco de Borja foi a primeira a ser guilhotinada;
          Irmã Maria Escolástica José de S. Tiago (Laura Margarida José Leroux), aprisionada no mesmo tempo que sua irmã Ana Josefa, chamada Josefina, professa nas Clarissas de Nuns, que fora obrigada a deixar a clausura por causa das leis emanadas durante a Revolução e se retirara entre as Ursulinas, junto à irmã;
     Duas brigidinas: Maria Lívia Lacroix e Maria Agostinha Erraux;
     A última, uma conversa, Irmã Maria Cordola José de S. Domingos (Joana Luísa Barré)
     É preciso salientar o aspecto do testemunho dado pelas 11 religiosas por ocasião do processo que as mandou para a morte. A priora, Madre Clotilde Paillot, deu aos juízes respostas dignas dos mártires da Igreja primitiva e manifestamente inspiradas pelo Espírito Santo.
     Condenadas, as irmãs cortaram, elas mesmas, seus cabelos e desguarnecerem seus hábitos em volta do pescoço para facilitar a obra da guilhotina! Ansiosas por dar a conhecer o perdão aos seus perseguidores, apressaram-se em beijar as mãos de seus algozes. Tal era o ardor destas religiosas pelo martírio, que a Irmã Déjardin procurou em vão tomar precedência às outras nos degraus do patíbulo.
     As 11 religiosas guilhotinadas em Valenciennes foram beatificadas por Bento XV em 13 de junho de 1920, junto com 4 Filhas da Caridade de Arras.
     Sua festa foi fixada no dia 17 de outubro. Elas aguardam agora sua canonização.
 
Obs.: As religiosas guilhotinadas no dia 23 de outubro têm sua festa litúrgica naquele dia.  
 
Fonte: www.santiebeati.it/
 
Postado neste blog em 16 de outubro de 2012
 

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Santa Angadrisma, Abadessa - 14 de outubro

     
     Angadrisma (Angadrême, em francês) nasceu na diocese de Thérouanne, no início do século VII, na nobre família dos condes de Boulogne, em Morins (Pas-de-Calais), no norte da França. Era a filha única de Roberto, amigo e sucessor de Santo Omer no cargo de Guarda dos Selos na corte de Clotário III (657-673).
     Santo Omer, Bispo de Thérouanne e preceptor da criança, ensinou a ela os preceitos do Evangelho e formou sua alma na piedade. Estimulada por seu primo São Lamberto de Lyon, que decidira ser monge em Fontenelle, Angadrisma fez secretamente o voto de virgindade. Seu pai, ignorando sua decisão, projetou casá-la com Ansberto, filho de um rico senhor de Chaussy, chamado Siwin. Mas Ansberto, ele mesmo também havia feito voto de virgindade, e seria no futuro Santo Ansberto, o Bispo de Rouen.
     Para evitar o indesejado casamento, Angadrisma rezou pedindo para se tornar menos atraente fisicamente. Suas orações tiveram como resultado que ela contraísse a lepra. Diante da tristeza e da inquietação de seu pai, ela garantiu-lhe que, como ela havia prometido ser esposa de Jesus Cristo, Ele a protegeria e a defenderia daquela deformação. O pai renunciou então ao casamento e a levou para Rouen para apresentá-la a São Audoeno. Foi das mãos deste santo que ela recebeu o hábito religioso. A partir desse dia, a doença desapareceu milagrosa e repentinamente.
O Mosteiro de Oroër
     Sua vida monástica era, para dizer pouco, exemplar. Cerca do ano 660, Angadrisma passou a dirigir uma comunidade de virgens e viúvas no convento que seu pai havia construído para ela próximo de Beauvais, ao lado do oratório de Santo Ebrulfo.
     Este mosteiro era muito provavelmente aquele situado em Oroër, pequena aldeia distante duas léguas da cidade de Beauvais, na rota de Amiens, entre Guignecourt e Abbeville-Saint-Lucien, no cantão de Nivillers.
     Um dia o mosteiro foi ameaçado pelas chamas de um incêndio. Angadrisma extinguiu o incêndio enfrentando-o com a exposição das relíquias de Santo Ebrulfo.
     Em seu mosteiro ela conduzia as companheiras à virtude mais pelo império de seu exemplo do que pela autoridade de suas ordens. Com efeito, ela era vista assiduamente na oração, humilde, modesta nas suas vestimentas de tecido grosseiro, cuidando dos pobres, usando uma linguagem inspirada nas Sagradas Escrituras e lhes inspirando o amor de Deus.
     Santa Angadrisma dirigiu o mosteiro durante trinta anos e faleceu no dia 14 de outubro de 695.
     Venerada como Santa imediatamente, foi incluída entre os patronos de Beauvais e é invocada contra os incêndios e as calamidades públicas. Suas relíquias foram transladadas em várias ocasiões devido à destruição do mosteiro pelos normandos e depois pela Revolução Francesa; repousam hoje na Catedral de Beauvais.
A Abadia Real das Beneditinas de São Paulo
     O mosteiro de Santa Angadrisma foi destruído pelos normandos em 851. Suas ruínas, propriedade da Igreja de Beauvais, serviram de fundamento para a Abadia de São Paulo. O Bispo de Beauvais, Druon, conhecido pelo seu zelo pelas casas religiosas, favoreceu esta edificação. É hoje conhecida como uma das mais belas e mais antigas abadias da França. Portanto, a Abadia de São Paulo sucedeu ao Mosteiro de Oroër, mas não é contemporânea aquela fundação, pois data de 1032 e 1040.
     Os bispos e senhores de Beauvais asseguraram grandes riquezas a este mosteiro. As abadessas pertenciam, na sua grande maioria, a famílias abastadas, o que concorreu para o renome do mosteiro. Durante a Revolução Francesa, grande parte de suas instalações foram destruídas. 
As relíquias
     A tradição narra que Angadrisma, então Abadessa de Oroër, vindo fazer suas orações na Igreja de São Miguel de Beauvais, tendo encontrado a lamparina apagada, foi pedir fogo a um padeiro vizinho. Este, sentindo-se importunado, lançou-lhe violentamente carvões ardentes, que ela recebeu em suas vestimentas sem que elas se incendiassem. Assustado, o padeiro se lançou aos seus pés.
     Este acontecimento fez que se preferisse a Igreja de São Miguel à Catedral para aí serem transferidas as relíquias da Santa quando da invasão dos normandos. Esta Igreja de São Miguel foi destruída em 1810 e substituída por uma na via chamada Rua Deux-Places, hoje em dia Rua Jean-Vast.
Seus milagres 
Capela da Santa na
Catedral de Beauvais
    Após sua morte, os milagres se sucederam. No século IX, suas relíquias preservaram a cidade de Beauvais da fúria dos bárbaros. Mais tarde, a cidade foi protegida dos ingleses. Mas, especialmente em 1472 os habitantes de Beauvais sentiram a proteção da Santa. Oitenta mil homens da Bourgogne cercaram Beauvais e a cidade estava prestes a ser tomada. O relicário da Santa foi levado para as muralhas. A vista dele a coragem foi retomada entre os habitantes de Beauvais e os invasores foram repelidos.  O relicário da libertadora foi levado triunfalmente ao santuário de São Miguel.
     A partir desta data, o culto de Santa Angadrisma, que o Bispo de Beauvais Jean de Marigny havia retomado em 1321, tornou-se mais presente do que nunca. Luís XI instituiu uma procissão anual para que se recordasse a Bem-aventurada.
     Abolida durante a Revolução Francesa, desde 1805, no 1º Império, a procissão foi restabelecida. A procissão partia da Catedral e ia cerimoniosamente até a prefeitura. Mas o cortejo religioso foi suprimido em 1839. Novamente restabelecido em 1848, a procissão vai então sofrer os efeitos da política.
     Depois de muitas idas e vindas, após a 1ª Guerra Mundial a comemoração tomou uma característica turística: desfiles militares, cenas teatrais, reconstituições históricas, e ainda se mantém até nossos dias.
 
Fonte: http://oise.catholique.fr/
Postado neste blog em 14 de outubro de 2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Santa Zenaide, Mártir – 11 de outubro

     
Irmã de Santa Filonila e sobrinha de São Paulo. Ela e sua irmã são as primeiras mulheres cristãs a exercerem a medicina. São intercessoras pelas enfermidades do corpo e da alma; foram as primeiras médicas cristãs após São Lucas, o Evangelista, e as primeiras santas Anárgiras, classificação aplicada a alguns santos cristãos que não aceitavam pagamentos por suas boas obras. Isto inclui médicos cristãos que, em oposição direta à prática da época, atendiam aos doentes sem cobrar nada.
     As irmãs Zenaide (às vezes chamada de Zenaíde, Zinaída ou Zinaíde) e Filonila nasceram em Tarso, na região chamada Cilícia, que ficava na Ásia Menor, atual Turquia. A Tradição cristã nos atesta que as duas eram sobrinhas do grande Apóstolo Paulo, também de Tarso. Ao verem a mudança extraordinária ocorrida na vida do tio, as duas abraçaram a fé em Jesus Cristo e dedicaram sua virgindade a Ele. Ambas foram instruídas por um irmão chamado Jasão de Tarso, que mais tarde tornou-se bispo da comunidade cristã de Tarso. Alguns manuscritos afirmam que Jasão tinha sido um dos 72 discípulos enviados por Jesus em missão na Palestina.
Missionárias
     Zenaide e sua irmã foram mulheres que viveram além de seu tempo. Quando sentiram que tinham conhecimento cristão suficiente, venderam seus bens e saíram por vilas e cidades pregando o Evangelho. E colheram muitos frutos de adesão e conversão de corações ao cristianismo. Além da pregação da palavra de Deus, as duas curavam a muitos doentes.
     Zenaide e sua irmã tinham vocação para a medicina. Não se sabe como aprenderam o ofício, mas sabe-se que se dedicaram fortemente a ele. Os médicos locais atendiam somente aos ricos e cobravam caro pelos serviços. Além disso, ganhavam muito dinheiro investindo na venda de objetos “mágicos” e amuletos. Já as santas Zenaide e Filonila atendiam a todos os que precisavam sem cobrar nada e rejeitavam os amuletos e o ocultismo praticado pelos médicos. Por isso, muitas pessoas procuravam as duas. Os médicos locais, porém, começaram a ficar incomodados com isso e passaram a persegui-las.
     Por causa da perseguição, Santa Zenaide e sua irmã decidiram morar numa caverna que ficava perto da cidade de Demetríade, cidade com vários templos dedicados a Esculápio (deus da medicina para os gregos). Ali viveram vida de oração, jejuns e atendimento aos necessitados. Santa Zenaide dedicava-se mais à medicina e sua irmã recebera o dom da cura. Assim, muitos eram curados pela oração e muitos, também, pela medicina. Afinal, a medicina também foi dada por Deus e deve ser honrada como tal.
     As duas santas irmãs conseguiam unir a fé e a ciência num serviço que levava vida para o povo. Tratavam das enfermidades físicas e das doenças espirituais. Desenvolveram estudos em que separavam os efeitos de medicamentos da superstição. Santa Zenaide chegou a distinguir transtornos psiquiátricos, como a depressão, enxergando-os como doenças e não como efeitos de influências mágicas ou sobrenaturais. Isso, num mundo supersticioso e ignorante, mostra o grande avanço das duas irmãs e como o cristianismo liberta o ser humano.
     A missão de Santa Zenaide e sua irmã se tornava cada vez mais conhecida. Muitos iam à caverna diariamente em busca de cura e dos ensinamentos sobre Jesus Cristo. E muitos se converteram e foram batizados.
     Ao longo dos anos, os templos exotéricos de cura da região foram se esvaziando. Porém, alguns daqueles que viviam da superstição e da ignorância do povo, ficaram enfurecidos com tudo isso e começaram uma perseguição mais forte contra as irmãs, com o objetivo de eliminá-las. Sabendo que o povo defenderia as duas com todas as forças, foram à noite, às escondidas e apedrejaram as duas até a morte. Somente ao amanhecer, quando os fiéis começaram a chegar, é que viram o que tinha acontecido.
     Seguiram-se dias de grande sofrimento para a comunidade cristã que nascera ali. Porém, por outro lado, mais pessoas decidiram-se pelo cristianismo por causa do testemunho das duas irmãs mártires. Assim, a comunidade cresceu e o culto aos ídolos pagãos nunca mais voltou ao que era antes da chegada das santas irmãs.
 
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zenaide_e_Filonila
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-zenaide/115/102/

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Santa Ragenfreda (Ragenfrida), Abadessa – 8 de outubro


Martirológio romano: Em Denain, em Hainault, na França de hoje, Santa Ragenfreda, abadessa, que construiu um mosteiro com seus bens neste lugar, do qual ela foi uma digna orientadora.
 
     Foi fundadora e primeira abadessa do Mosteiro de Denain, na diocese de Cambrai, como expressamente lembrado por um diploma de Carlos, o Calvo, de 13 de agosto de 877. Também o autor da Gesta Episcoporum Cameracemium, em 1041-1042, diz que a Beata Ragenfreda (fr. Ragen fraud, Rainfroye) fundou um mosteiro em seus domínios, localizado às margens do Escaut, em Denain, e se tornou sua abadessa.
     Um pouco mais tarde, ao contrário de documentos antigos, a Vida de Santa Regina, escrita pela Abadessa Fredessenda, declara que os fundadores foram Adalberto, Conde de Ostrevant e sua esposa, Regina (Reine). O casamento deles foi abençoado com o nascimento de dez filhas (incluindo Ragenfreda) e, segundo estes documentos, o casal havia fundado um mosteiro em Denain, cuja igreja era dedicada a Nossa Senhora.
     As dez virgens, porém, para satisfazer um desejo maior de perfeição, partiram em peregrinação: cinco foram para Jerusalém e lá morreram, outras chegaram a Roma onde também encontraram o descanso eterno. Somente Ragenfreda retornou a Denain. Durante a ausência das peregrinas, Regina retirou-se para o mosteiro porque Adalberto havia falecido (ou, como uma versão posterior dirá, com o seu consentimento) e governou-o até sua morte. Depois disso Ragenfreda a sucedeu.
     Não vamos procurar os nomes das nove irmãs de Ragenfreda, pois a existência dessas personagens traz apenas o testemunho da Vida. Quanto ao título de Conde de Ostrevant concedido a Adalberto, também parece ter sido inventado pelo hagiógrafo, que queria justificar as reivindicações das cônegas de Denain que se autodenominavam Condessas de Ostrevant.
     O Mosteiro de Denain foi fundado, diz Ghesquière, no final do século VIII, mas essa data parece muito tardia, porque o culto de Ragenfreda já era atestado no século IX. Parece que a princípio ele era habitado por freiras e seguiam a regra beneditina, embora tenha se perguntado se Denain não seria um mosteiro de canonisas, conforme estabelecido em 816 pelo Concílio de Aachen. No entanto, mais tarde, a comunidade foi composta por canonisas e não por freiras.
     A elevação do corpo da santa abadessa ocorreu já em 845, na época da bem-aventurada Ava, que, cega, recuperou a visão enquanto rezava no túmulo de Ragenfreda; depois do que cedeu todos os seus bens ao mosteiro, consagrou-se ao Senhor e, tornando-se abadessa, promoveu o culto da Santa. Giacomo di Guisa relata que na época da destruição do mosteiro pelos normandos, as relíquias de Ragenfreda, vendidas por clérigos famintos por dinheiro, foram posteriormente recuperadas graças à astúcia de uma freira e permaneceram em Denain até 1793.
     A partir do século IX Ragenfreda teve uma celebração em calendários e sacramentários, e seu nome é encontrado nas ladainhas do mesmo período nas dioceses de Cambrai e Tournai, bem como na Abadia de St-Amand em 8 de outubro. Foi venerada na mesma data em Honnepel, localidade próxima de Xanten, onde tinha propriedades o Mosteiro de Denain; o mesmo foi para Xanten. Depois do século XIII, sua festa era celebrada em 20 de novembro em Denain, da qual a Santa era a principal padroeira; era celebrada com uma elevação em 2 de setembro e com relatio corporis em 11 de junho. A memória de Ragenfreda é encontrada nos martirológios beneditinos em 8 de outubro.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Santa Maria Faustina, a Apóstola da Divina Misericórdia - 5 de outubro

     
     Santa Maria Faustina nasceu no dia 25 de agosto de 1905, no vilarejo de Glogowiec, próximo da cidade de Turek, terceira filha de uma prole de dez crianças do casal Mariana e Stanislao Kowalski. No batismo recebeu o nome de Helena. Frequentou a escola somente por três anos. Era uma aluna atenta e inteligente, mas a necessidade de ajudar a sua mãe nos trabalhos a impediram de estudar.
     A família era muito pobre; ela e suas irmãs tinham, por exemplo, apenas um bom vestido que tinham de revezar para ir às missas, cada uma assistia, portanto, a uma missa diferente. Aos 9 anos fez sua 1ª. Comunhão na Igreja de São Casimiro.
     Completados os 15 anos, foi trabalhar como doméstica na casa de conhecidos dos pais em Aleksandròw Lúdzki; depois trabalhou em Lúdz e Ostrúwek perto de Varsóvia, até a sua entrada no convento.
     Desde criança, sentia o desejo de aproximar-se de Deus, amadurecendo nela a decisão de torna-se religiosa. Em seu diário, exigido por seu confessor, o Beato Miguel Sopocko. com muita discrição, ela diz:
     “Aos sete anos ouvi pela primeira vez a voz de Deus na minha alma, isto é, a chamada a uma vida mais perfeita, mas nem sempre obedeci a voz da graça. Não encontrei ninguém que me esclarecesse estas coisas”.
     “O chamado contínuo da graça era para mim um grande tormento, porém procurava sufocá-lo com os passatempos. Evitava encontrar-me com Deus intimamente e com toda a alma me abria às criaturas. ... Uma vez fui a um local de dança com uma das minhas irmãs. Enquanto todos se divertiam muitíssimo, a minha alma começou a experimentar íntimos tormentos. No momento em que comecei a dançar, percebi Jesus perto de mim, Jesus flagelado, sem as suas vestes, todo coberto de feridas, e que me disse estas palavras: ‘Quanto tempo ainda deverei suportar-te? Até quando me renegarás?’ No mesmo instante acabou o alegre som da música; desapareceu da minha vista a companhia com que me encontrava. Ficamos só Jesus e eu. Sentei-me perto da minha querida irmã, fazendo passar por uma dor de cabeça aquilo que tinha acontecido dentro de mim. Pouco depois abandonei a companhia de minha irmã e fui à Catedral de S. Estanislau Kostka. Era quase noite. Na catedral havia poucas pessoas. Sem dar importância ao que acontecia ao meu redor, me ajoelhei com os braços apertos diante ao SS. Sacramento e pedi ao Senhor que se dignasse de me fazer conhecer o que deveria fazer. Então escutei estas palavras: ‘Parte imediatamente para Varsóvia, lá entrarás no convento’. Levantei-me da oração e fui para casa. Fiz as coisas indispensáveis. Coloquei minha irmã ao corrente do que tinha acontecido à minha alma, pedi a ela que cumprimentasse nossos pais e assim, só com um vestido, sem nada mais, cheguei em Varsóvia”.
A Santa aos 18 anos
     Era julho de 1924. No mesmo mês, Helena se apresentou à Congregação das Irmãs da Beata Virgem Maria da Misericórdia pedindo ser admitida. Não lhe foi negado, mas a Madre Superiora do convento decidiu lhe dar uma chance com a condição de que pagasse pelo ingresso, o que a levou a trabalhar como doméstica por um ano, período em que fazia depósitos na conta do convento até que completasse o montante exigido. Finalmente, foi acolhida no convento o dia 1° de agosto de 1925. Durante a vestição (30/04/1926) recebeu o nome de Maria Faustina. O nome Faustina significa abençoada, afortunada e pode ser uma referência ao mártir cristão Faustinus.
     Em abril de 1928 fez votos como freira, seus pais estiveram presentes na cerimônia. Um ano mais tarde Irmã Maria Faustina foi enviada a um convento de Vilnius, Lituânia, onde também trabalhou como cozinheira, ficou por pouco tempo, mas retornou ao local mais tarde, ocasião em que encontrou com o Beato Miguel Sopocko, que apoiou sua missão. Um ano depois de seu retorno de Vilnius, em maio de 1930, ela foi transferida para um convento em Płock na Polônia, onde ficou por cerca de 5 anos.
     Irmã Faustina esteve em também em Varsóvia, em Plock, em Wilno, em Cracóvia até a sua morte, e também por breves períodos em Kiekrz, perto de Poznan, em Walendòw e Derdy e, por motivos de saúde, em Skolimòw perto de Varsóvia e em Rabka.
     Irmã Maria Faustina trabalhou como cozinheira, jardineira, vigia, como ajudante na padaria e se ocupou dos vestiários do convento. Algumas ocupações, devido a sua saúde frágil, eram muito cansativas e às vezes insuportáveis. Em diversas ocasiões, Irmã Maria Faustina foi acusada de simular a doença para não trabalhar. Isto a fazia sofrer muito, mas não se lamentava.
     Em 22 de fevereiro de 1931, Irmã Faustina relatou, em seus diários (diário I, sessões 47, 48 e 49), ter tido a primeira revelação de Jesus enquanto Rei da Divina Misericórdia em sua cela. Segundo ela, Jesus apareceu vestido de branco e de seu coração emanava feixes de luz vermelho e branco.
     Irmã Maria Faustina foi uma filha fiel da Igreja, que ela amava como Mãe e como Corpo Místico de Cristo. Sabendo qual era o seu lugar na Igreja, colaborava com a Misericórdia Divina na obra da salvação das almas perdidas. Respondendo ao desejo e ao exemplo de Jesus, oferecia a sua vida em sacrifício.
     A missão de Irmã Maria Faustina foi descrita no "Diário" que ela escrevia seguindo o desejo de Jesus e à sugestão dos padres confessores, anotando fielmente todas as palavras de Jesus e revelando o contato da sua alma com Ele.
     Irmã Faustina ofereceu a sua vida a Deus em sacrifício pelos pecadores, a fim de salvar as suas almas, e por essa razão foi submetida a numerosos sofrimentos. Nos últimos anos de vida intensificaram-se os sofrimentos interiores da "noite passiva do espírito”, bem como os problemas físicos de saúde. Desenvolveu-se a tuberculose, que atacou os pulmões e o estômago. Em razão disso, por duas vezes, e por um período de vários meses, permaneceu em tratamento no hospital de Pradnik, em Cracóvia.
     Completamente esgotada fisicamente, mas em plena maturidade espiritual e misticamente unida a Deus, faleceu no dia 5 de outubro de 1938 com fama de santidade, tendo apenas 33 anos de idade, dos quais 13 anos de vida religiosa. Seu corpo foi sepultado em um túmulo no cemitério do convento, em Cracóvia. No período do processo informativo para a sua canonização, em 1966, foi transferido para a capela do mesmo convento.
     A sua canonização aconteceu em 30 de abril de 2000, pelas mãos do Papa João Paulo II, de quem também conseguiu a instituição da Festa da Divina Misericórdia.
 
A Imagem da Divina Misericórdia
Diário, 22 de fevereiro de 1931:
     À noite, quando me encontrava na minha cela, vi Nosso Senhor vestido de branco. Uma das mãos estava erguida para a bênção, e a outra tocava-lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um era vermelho e o outro branco. Em silêncio, eu contemplava o Senhor. A minha alma estava cheia de temor, mas também de grande alegria.
     Logo depois, Jesus me disse: Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. ... Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte.
     ... Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benta solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia.
     Eugênio Kazimirowski, famoso e hábil pintor, mostrou-se digno de pintar a Imagem de Jesus Misericordioso. Pintar sob orientação significava renunciar à própria visão artística, em prol de uma execução fiel do que lhe era relatado por Irmã Maria Faustina, que vinha ao ateliê do pintor ao menos uma vez por semana, durante seis meses, a fim de sugerir detalhes e apontar os erros.
     Quando fui à casa daquele pintor que estava pintando a Imagem, e vi que ela não era tão bela, como o é Jesus, fiquei muito triste com isso, mas escondi essa mágoa no fundo do meu coração. … A Madre Superiora ficou na cidade para resolver diversos assuntos e eu voltei para casa sozinha. Imediatamente dirigi-me à capela e chorei muito. Eu disse ao Senhor: Quem vos pintará tão belo como sois? Então ouvi estas palavras: O valor da Imagem não está na beleza da tinta, nem na habilidade do pintor, mas na minha graça”. (Diário, 313).
     O extraordinário cuidado na execução da Santa Efígie do Salvador, gravada na memória de Santa Maria Faustina, é confirmado pelo fato de que a efígie pintada corresponde perfeitamente às proporções e à figura estampada no Sudário de Turim.
     Desde 2005 a Imagem é venerada na mesma capela-santuário de Ostra Brama, hoje Santuário da Misericórdia Divina, em Vilnius, Lituânia. A primitiva Imagem, pintada pelo pintor Eugênio Kazimirowski, e feita segundo a orientação direta da Irmã Faustina, não deve ser confundida com a pintura feita em 1944 pelo artista Adolfo Hyla, que pintou segundo a sua própria concepção; essa obra encontra-se exposta em Cracóvia, Polônia. O simples cotejo entre ambas revela a autenticidade e superioridade da pintura feita por Eugênio Kazimirowski conforme as indicações de Santa Maria Faustina.

Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Faustina_Kowalska
https://www.padrealexandrefernandes.com.br/santa-faustina-apostola-da-misericordia/
http://alexandrinabalasar.free.fr/maria_faustina_kowalska.htm
http://www.santosebeatoscatolicos.com/2015/03/santa-maria-faustina-kowalska-virgem-e.html
 
Postado neste blog 5 de outubro de 2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Sts. Máxima, Júlia e Veríssimo, Mártires de Lisboa - 3 de outubro

      

     Assim diz o Martirológio Romano de 1953: “Em Lisboa, na Lusitânia (agora Portugal), os santos mártires Veríssimo e suas irmãs Máxima e Júlia, que sofreram durante a perseguição do imperador Diocleciano” (284-305).
     Uma das referências mais antigas dos mártires de Lisboa é encontrada no Martirológio de Usuardo do século IX. Os testemunhos litúrgicos multiplicaram-se ao longo dos séculos X e XI. O Padre Miguel de Oliveira sustenta a opinião de que "os santos mártires de Lisboa já estavam inscritos nos calendários uns 200 anos depois do seu martírio". Esta devoção foi guardada pela comunidade moçárabe de Córdoba.
     Quanto aos detalhes da vida destes mártires, só os conhecemos pelo descrito num códice quatrocentista da Biblioteca Pública de Évora, (cód. CV/1-23d). Segundo a "Legenda", os irmãos lisbonenses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Diocleciano apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, Públio Daciano, legado do imperador, confessando a fé cristã.
     O juiz procurou dissuadi-los com promessas e ameaças; como nada conseguisse, mandou-os prender. Os três irmãos saíram vitoriosos da prova do cárcere. O juiz então mandou submetê-los a vários tormentos: açoites, ecúleo, unhas de ferro, lâminas em brasa. Diante de sua inabalável resistência, mandou que fossem arrastados pelas ruas da cidade e finalmente degolados. Alcançaram a palma do martírio em 303 ou 304.
     Depois de mortos, o juiz ordenou que os cadáveres ficassem insepultos para servirem de pasto aos cães e às aves, mas as feras os respeitaram. Mandou em seguida que eles fossem lançados no mar com pesadas pedras. Quando os barqueiros regressaram à praia do Rio Tejo encontraram ali os santos despojos. Os cristãos recolheram-nos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu a igreja Santos-o-Velho, a primeira igreja em Lisboa a albergar as relíquias destes Santos.
     Em 1475, D. João II ordenou que fossem trasladados para Santos-o-Novo, mosteiro das Comendadeiras de São Tiago. Em 1529, a comendadeira Da. Ana de Mendonça mandou colocar as relíquias em um cofre de prata, que foi depositado ao lado direito do altar mor da igreja.
     Alguns estudiosos pretenderam que estes mártires fossem filhos de um senador romano vivendo em Roma, os quais receberam de um anjo a missão de irem a Lisboa para confessarem a Fé. Esta legenda repercutiu na iconografia: os três mártires são apresentados em trajes de romeiros, portanto bordões compridos nas mãos. É como os podemos ver no belo conjunto de três imagens do século XVII expostas ao culto na igreja do extinto Mosteiro de Santos-o-Novo, em Lisboa, que guarda parte das relíquias dos mártires.
 
Fontes: http://evangelhoquotidiano.org/Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J.
 
Mosteiro de Santos-o-Novo
 
    Uma velha tradição diz ter o Rio Tejo arrojado a uma das praias da sua margem direita, que depois se ficou chamanda de Santos, os corpos dos santos mártires Veríssimo, Máximo e Júlia. No local, pela tradição indicado, mandou D. Afonso Henriques edificar a Igreja de Santos, e D. Sancho I um mosteiro, destinado aos cavaleiros da Ordem de Santiago da Espada. Mais tarde, tendo estes recebido de D. Afonso III as vilas de Mértola, Alcácer do Sal e Palmela, foi o mosteiro concedido a algumas senhoras parentes dos cavaleiros de Santiago, a quem D. Afonso Henriques concedera o título de Comendadeira e que por êsse tempo viviam reunidas numa quinta em Arruda dos Vinhos.
     Largos anos estiveram essas donas e donzelas no mosteiro de Santos, sendo conhecidas vulgarmente nessa época por mulheres da obrigação dos cavaleiros de Santiago. Porém, em 1470, D. João II mandou que essas senhoras passassem para a ermida de Nossa Senhora do Paraíso, entre os conventos de Santa Clara e Xabregas, enquanto se construia, o de Santos-o-Novo.
     Em 1475 entraram as comendadeiras naquele novo e vasto convento, com bons dormitórios, grande claustro arborizado, tendo o espaçoso edifício muitos compartimentos e 365 janelas. E anos depois, foram solene e processionalmente transportadas para o convento de Santos-o-Novo as relíquias dos Santos Mártires, que desde o reinado de D. Afonso Henriques estavam guardadas na igreja de Santos-o-Velho.
     As senhoras recolhidas naquele mosteiro gozavam de muitas honras e privilégios, não sendo consideradas freiras. Eram pessoas nobres, que podiam ter criadas ao seu serviço. Algumas delas professavam votos iguais aos cavaleiros da mesma Ordem de Santiago. Pertenceram à Ordem senhoras de nobre estirpe, como D. Auzenda Egas, descendente de Egas Moniz e D. Sancha Martins Peres, que foi a primeira superiora.
     Como D. Afonso Henriques recomendara em uma carta para Arruda dos Vinhos que as senhoras usassem toucados honestos, as comendadeiras seguiram sempre essa recomendação vestindo trajos de sêda preta colocando sôbre êles mantos brancos de tule com as cruzes de Santiago e toucados também brancos nos cabelos. A princípio ocuparam, cada uma, várias dependências do convento, mas, pouco a pouco, foram vivendo mais modestamente, contentando-se cada uma com mais reduzido número de compartimentos; e o título de comendadeira chegou ao séc. XIX apenas como honorífico.
     O terramoto de 1755 arruinou bastante o edifício, chegando as senhoras ali recolhidas a terem que armar barracas na cêrca do convento para ali se abrigarem, até se reedificarem os seus dormitórios. Em 1833, o mosteiro podia acomodar 500 pessoas. Mas nesse mesmo ano D. Pedro IV ordenou que as religiosas de todos os conventos recolhessem para dentro das linhas de defesa de Lisboa, e a maior parte das comendadeiras de Santo-o-Novo recolheu ao mosteiro da Encarnação, da Ordem de S. Bento de Aviz. Terminadas as lutas civis, as comendadeiras regressaram ao seu convento.
     O edifício do convento de Santos é atualmente (1941) patrimônio do Estado e destinado a recolhimento de viúvas e filhas de oficiais do Exército e da Armada e funcionários públicos, dependendo da Direção Geral de Assistência Pública. No edifício estão também escolas primárias e o Instituto Presidente Sidónio Pais, do Prefessorado Primário (secção masculina).
 

Fonte: