sábado, 29 de julho de 2023

Santa Maria de Jesus Sacramentado Venegas, Fundadora – 30 de julho

 

A primeira santa mexicana, chamada carinhosamente ''Madre Nati''
    
     “Os idosos são viajantes que estão indo e é preciso acompanhá-los com a maior ternura possível”. Tal frase só poderia estar nos lábios de uma pessoa sensível e atenta, pressurosa e delicada, tão enamorada de Nosso Senhor Jesus Cristo para vê-Lo em todas as pessoas idosas e sofredoras. Assim se delineia a figura e a personalidade de Maria Natividade de Jesus Sacramentado, a primeira mulher mexicana proclamada santa.
     Seu pai era um católico tão fervoroso e convicto, que renunciou aos estudos universitários de jurisprudência no momento em que percebeu que estavam minando a sua Fé. Este católico coerente e corajoso transmitiu aos seus doze filhos os princípios que cultivava.
     Natividade Venegas de La Torre nasceu em 8 de setembro de 1868, em Zapotlanejo, Jalisco, no México. A última de doze filhos, desde a adolescência cultivou uma devoção especial à Eucaristia, comungava todos os dias de joelho, exercia obras de caridade e sentindo o forte desejo de consagrar-se totalmente ao Senhor no serviço ao próximo.
     A vida da jovem Maria Natividade na infância e adolescência transcorreu num clima de simplicidade, sem feitos extraordinários. Aos 16 anos ficou órfã da mãe e aos 19 seu pai também falece. Vai então viver com uma tia paterna.
     Em 8 de dezembro de 1989, ingressou na florescente Associação de Filhas de Maria, em sua cidade natal. 
     Em 8 de dezembro de 1905, após ter assistido a uns Exercícios Espirituais, uniu-se ao grupo de senhoras fundado recentemente pelo Cônego Atenógenes Silva y Alvarez Tostado, e que com a aprovação do arcebispo local dirigia em Guadalajara um pequeno hospital para os pobres, o Hospital do Sagrado Coração. Em 1910, emitiu, de forma privada, os votos de pobreza, castidade e obediência.
     Em 1912, as companheiras elegeram-na Vigária, posto que ocupou até 25 de janeiro de 1921, quando foi eleita Superiora Geral. Desse modo, com o conselho de eclesiásticos autorizados, transformou a sua comunidade numa verdadeira Congregação religiosa.
     Durante a perseguição religiosa de 1926, redigiu as Constituições que regeriam as Filhas do Sagrado Coração de Jesus, e em 8 de setembro de 1930, Festa da Natividade de Maria, estas foram aprovadas, sendo assim reconhecido o novo Instituto. Madre Nati, como era conhecida, e as Irmãs formularam seus votos perpétuos. Ela mudou então seu nome para Irmã Maria de Jesus Sacramentado.
     Desde então foram fundadas Casas na diocese para atender anciãos doentes e desvalidos. Entre outras em Mazatlán, la Barca, Santa Anita, Durango, Guadalajara, Tepic, Cananea, Mazatlán, Hermosillo, Salvatierra e Mochis.
     Exerceu o cargo de Superiora Geral entre 1921 e 1954, conseguindo conservar a sua fundação nos anos difíceis da perseguição religiosa. Amou e serviu a Igreja, cuidou da formação das suas coirmãs, entregou a vida pelos pobres e sofredores, tornou-se um modelo de irmã-enfermeira.
     Em 1956, Irmã Maria de Jesus, que também era mística, sofreu uma embolia cerebral da qual não se recuperou totalmente. Após deixar a direção da sua Congregação, passou os últimos anos de vida, marcados pela enfermidade, em oração e recolhimento, dando mais um testemunho de sua abnegação. Em 25 de julho de 1959, sua saúde se agravou. No dia 29 sofreu uma síncope. No dia 30 de julho de 1959, aos 91 anos de idade, entregou sua alma ao Criador, cheia de paz, depois de receber os sacramentos.
     No dia 31, festa de Santo Inácio de Loyola, de quem era grande devota, foi solenemente sepultada, sendo que seu funeral foi assistido por incontáveis pessoas de todas as classes.
     A Causa de sua canonização foi introduzida em 8 de setembro de 1980 e em maio de 1989 foi declarada oficialmente Venerável. Foi beatificada por João Paulo II, em novembro de 1992. Sua canonização ocorreu em 21 de maio do Ano Santo 2000, em Roma, na solene cerimônia do Grande Jubileu da Encarnação de Jesus Cristo, no dia dedicado ao México, junto com o grupo de 25 Beatos Mártires Mexicanos.
     Continuamente recordada e invocada pelo povo, que pela sua intercessão obteve diversos favores celestes, Santa Maria de Jesus Sacramentado Venegas, primeira mexicana canonizada, soube permanecer unida a Cristo na sua longa existência terrestre, por isso deu abundantes frutos de vida eterna.
 
 
Fontes:
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=30&Mes=7&SantoID=660
http://www.catolicanet.com/?system=santododia&action=ver_santos&data=30/07
caminhossenhor.blogspot.com

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Santa Afonsa da Imaculada Conceição, Clarissa Indiana – 28 de julho

     
     No dia 12 de outubro de 2008, as Clarissas de Kochi, no Kerala (Índia), esqueceram os sofrimentos que envolveram a sua congregação, sobretudo, em Orissa, onde mais dramáticas foram as consequências da violência dos fundamentalistas hindus.
     Ao redor do altar comemoraram a canonização da irmã de hábito, Afonsa da Imaculada Conceição, no século Ana Muttathupadathu. Tratou-se de um evento que envolveu toda a Igreja católica da Índia, num momento particularmente difícil, marcado pelo ódio em relação aos cristãos.
     Numa época em que os cristãos sofrem uma dura perseguição na Índia, e em tantos outros países ao redor do mundo, Ana Muttathupadathu, religiosa da Congregação das Clarissas da Terceira Ordem de São Francisco tornava-se naquele dia a primeira Santa indiana canonizada pela Santa Igreja.
     Ana nasceu em Kudamaloor, arquidiocese de Changanacherry (Estado de Kerala), Índia, em 19 de agosto de 1910. Seu batismo foi feito no rito católico sirio-malabar.
     Annakutty (diminutivo de Ana) era a última de cinco filhos de Ouseph e Mariam Muttathupadathu, em uma família católica de origem nobre. Tendo ficado órfã de mãe aos três meses de idade, foi criada por uma tia materna. Foi a avó materna, entretanto, que a fez descobrir a fé e o amor pela oração já em tenra idade: aos 5 anos guiava a oração noturna, costume do rito oriental ao qual a família pertencia.
     Aos sete anos Annakutty recebeu a Primeira Comunhão e comentava com as amigas: "Sabem por que estou tão feliz hoje? É porque tenho Jesus no coração".
     Sua adolescência foi marcada por graves e difíceis doenças, e pela insistência da tia à qual tinha sido confiada. Mulher muito autoritária, a tia queria que ela se casasse aos 13 anos com um tabelião. Na Índia é muito comum casamentos programados por familiares sem que os noivos participem da decisão.
     Porém seu coração já estava entregue a Deus, queria tornar-se religiosa. Após ter lido a “História de uma Alma”, Ana se orientava com firmeza a dedicar sua vida por inteiro a Jesus Cristo, a exemplo de Santa Teresinha de Lisieux.
     Ao concluir que se tornando parcialmente desfigurada nenhum homem se interessaria por ela, Ana chegou a colocar o pé sobre brasas incandescentes queimando-se gravemente.  Resultado, sua tia desistiu de casá-la.
     O encontro com o Pe. James Muricken mudou a sua vida. Ele introduziu-a na espiritualidade franciscana e ajudou-a a ingressar no noviciado das Clarissas Franciscanas de Bharananganam, em maio de 1927.
     De saúde delicada, perseverou em sua vocação e após muitas dificuldades pode emitir sua profissão perpétua em 2 de agosto de 1936, tomando por nome religioso Afonsa da Imaculada Conceição, uma homenagem a Santo Afonso de Ligório, cuja festa era comemorada naquele dia.
     Um dos maiores sofrimentos enfrentados por Irmã Afonsa foi o desejo de suas superioras de que ela voltasse para casa, pois sua delicada saúde era considerada um obstáculo para a vida religiosa, mas esse problema foi superado pela intercessão divina.
     A despeito de suas limitações físicas, Irmã Afonsa deixou escrito: "Para cada pequena falta pedirei perdão ao Senhor e a expiarei com uma penitência; sejam quais forem os meus sofrimentos, não me lamentarei jamais, e quando tiver de enfrentar qualquer humilhação procurarei refúgio no Sagrado Coração de Jesus".
     Durante um ano ensinou em Vakakkadu, porém a tuberculose que padecia há anos a impediu continuar ensinando. Consciente da situação, manteve-se muito reservada e caridosa com todos, procurando não pesar à comunidade; sofria em silêncio tanto as hostilidades que não faltaram, como as doenças, que os exames feitos não especificavam quais eram.
     Irmã Afonsa havia escolhido como caminho para sua santificação a pequena via de Santa Teresinha do Menino Jesus.
     Em 1945 a doença se agravou violenta e incontrolável: um tumor estendido por todo o organismo transformou seu último ano de vida em uma contínua agonia. Em meio aos seus sofrimentos, ela dizia: "Eu sinto que o Senhor me destinou para ser uma vítima, um holocausto de sofrimento... O dia em que não tenho sofrimento é um dia perdido para mim". Santa Afonsa considerava toda sua vida como um holocausto a Deus; oferecia cada sofrimento ao Sagrado Coração de Jesus.
     Concluiu sua vida entre grandes dores, vividas com grande resignação, e, encomendando serenamente sua alma a Deus, pronunciou os nomes de Jesus, Maria e José. Era o dia 28 de julho de 1946, Irmã Afonsa tinha apenas 35 anos.
     Um médico pagão, depois de haver visitado Irmã Afonsa, manifestou a um amigo sua grande admiração e assombro pela serenidade e alegria com que a religiosa suportava os grandes sofrimentos causados pelo tumor espalhado por todo seu corpo.
     A explicação desta atitude alegre diante da dor no-la dá uma companheira sua: “Sacrifício, amor de Deus e do próximo, são estes os elementos que devem santificar a vida; e esta é a mensagem que Irmã Afonsa lança ao mundo moderno, à Igreja e à pátria”.
     Sua curta vida de religiosa Clarissa deixou a lembrança de uma existência santa; a fama de sua santidade se espalhou de um modo impressionante após sua morte. Todos os anos numerosas peregrinações, não só de católicos, dirigem-se à sua sepultura em Bharananganam, perto de Kottayam, para rezar e pedir graças, atraídos pela pureza de sua jovem vida de tanto sofrimento e seu poder de cura.
     Mons. Sebastião Valloppilly, Bispo de Tellicherry (Índia), que conheceu muito bem a Santa, percebeu o valor incalculável e atual da mensagem da Irmã Afonsa para o mundo de hoje: a dor não é um mal, as provações e dificuldades da vida, aceitas e sofridas com alegria por amor de Deus, obtêm méritos, e, para adquiri-los, não é necessário realizar ações extraordinárias que chamem a atenção: as cruzes diárias, abraçadas com alegria por amor de Deus, exaltam a vida cristã e nos permitem adquirir grandes méritos.
     Irmã Afonsa, durante sua breve vida, não fez grandes e extraordinárias ações do ponto de vista humano, porém sua mensagem é facilmente perceptível na Índia: ela imprimiu a este ensinamento a luz sobrenatural do Evangelho.
     Em 1955 o Bispo de Palai iniciou o processo diocesano para sua beatificação. Beatificada em 8 de fevereiro de 1986 na Índia, em Kottayam, foi canonizada por Bento XVI em 12 de outubro de 2008. No momento da canonização, ocorrida no Vaticano, numerosos católicos reuniram-se junto a seu túmulo em Bharananganam.
 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Beata Lúcia Bufalari, Agostiniana - 27 de julho

Martirológio Romano: Em Amélia, na Úmbria, Beata Lúcia Bufalari, virgem, irmã do Beato João de Rieti, das Oblatas da Ordem de Santo Agostinho, insigne por seu espírito de penitência e zelo pelas almas.
 
     Uma tradição secular, embora não baseada em documentos, diz que a Beata nasceu em Porchiano del Monte, uma aldeia a poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria, Itália, onde, em meados do século XIII, fora construído o convento dos Agostinianos, cuja espiritualidade certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu irmão, João. Este ingressou no convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu muito jovem, e é conhecido com o nome de Beato João de Rieti (festa em 1º de agosto).
     As mais antigas fontes históricas à disposição para traçar um esboço biográfico da vida da Beata Lúcia são “Os Séculos Agostinianos” de Luís Torelli, usado mais tarde por Ludovico Jacobilli, mas ambos parecem se alimentar mais de estereótipos do que de eventos históricos.
     Torelli fala do pedido feito pela jovem Lúcia à seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na clausura que em Amélia tinha nossas religiosas", mas nenhuma documentação relativa a algum convento feminino que seguisse a regra agostiniana no século XIV em Amélia chegou até nós.
     A conclusão lógica é que Torelli para aprofundar a sua história da Ordem, procura tornar menos escassa as poucas informações que se tem sobre a Beata, que já há séculos gozava de um culto popular generalizado, isto também só certificado por documentos do século XVII e numerosos ex-votos conservados na Igreja de Santo Agostinho.
     É o que diz também o Pe. João Lupidi em um livro de memórias históricas que apareceu na transladação do corpo para a Igreja de Santa Monica.
     Torelli descreve mortificações e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em muitas vidas de santos. O cronista agostiniano continua a falar da afabilidade da Beata, de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua prioresa, apesar de ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum documento contemporâneo atestando a presença de uma comunidade estruturada de religiosas Agostinianas. Mas podemos presumir que algum grupo de "terciárias" realmente viveu à sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de Santa Monica, sempre foi indicada pela piedade popular a cela onde a Beata Lúcia teria vivido e morrido, e dentro da qual foi colocado um quadro de Jacinto Gimignani que a retrata.
     Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de 1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças "enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.
     Os registros históricos sobre a Beata aparecem somente em 1614, quando os Anciãos da Cidade de Amélia certificaram com um ato público que o corpo incorrupto da Beata "foi mantido na sacristia da Igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os habitantes da cidade como de uma santa".
     Nos anos seguintes seu corpo foi exumado da sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então, devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.
     O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo Papa Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de julho. Ela é invocada contra a possessão diabólica.
 
Fonte: www.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 27 de julho de 2015

terça-feira, 18 de julho de 2023

Santa Macrina, a jovem – 19 de julho

Uma verdadeira vida virginal ascética Cristã a tornou mãe espiritual do século IV e modelo de educadora
 
     A vida desta Santa nos leva às origens da vida religiosa feminina. Santa Macrina está ligada à fundação do monasticismo no Oriente, apesar de ter ficado obscurecida pelas figuras ilustres de seus irmãos. Além de São Basílio o Grande, São Gregório de Nissa e São Pedro de Sebaste, um outro irmão de Macrina, Naucratius, tornou-se ermitão, dedicando sua vida a auxiliar os pobres.
     Santa Macrina persuadiu sua mãe a fundar dois mosteiros, um para homens e outro para mulheres, pois não existiam conventos e a vida consagrada se realizava nas próprias casas; escreveu as regras para as monjas com admirável prudência e piedade; estabeleceu no mosteiro o espírito de pobreza, de humildade, de oração permanente, de contemplação, um desprendimento completo do mundo e o canto de Salmos.
     Macrina nasceu em Cesaréia, na Capadócia, outrora um reino independente e província do Império Romano a partir de 14 d.C. Era a primogênita de dez filhos de São Basílio o Maior e Santa Emélia, pertencentes à aristocracia helenizada da Ásia Menor que prontamente aceitou o cristianismo.
     Como seus pais sofressem perseguições religiosas por parte do imperador Galério Máximo (293-311), a família mudou-se para o Ponto, província romana localizada ao norte da Capadócia.
     Macrina é chamada ‘a Jovem’, porque levava o nome da avó paterna, ela também santa, Macrina a Anciã. Desde a mais tenra idade foi educada nas Sagradas Escrituras; o Livro da Sabedoria e os Salmos de David eram as obras prediletas de Macrina, que não se descuidava dos deveres domésticos e dos trabalhos de bordado e de costura.
     Na adolescência, devido a sua beleza, muitos foram os pretendentes à sua mão. Aos doze anos, como era costume, o pai prometeu-a em matrimônio, mas o noivo morreu prematuramente. Macrina recusou-se a aceitar novos compromissos e, como a mãe ficara viúva após o nascimento do décimo filho, permaneceu a seu lado ajudando-a na educação de seus irmãos.
     Os irmãos aprenderam com ela o desprezo do mundo, o temor da riqueza e o amor à oração e a palavra de Deus. Macrina foi “o pai e a mãe, a guia, a mestra e a conselheira” de seu irmão mais novo, Pedro, pois o pai morreu pouco depois do seu nascimento.
     Macrina exerceu muita influência sobre seu irmão Basílio, que deixou a vida mundana de erudito para abraçar, em 356, a vida monástica, tornando-se depois Bispo de Cesárea (em 370). Ele voltou a rever a irmã no mosteiro em 376; ordenou sacerdote o irmão mais novo, Pedro, que vivia em um mosteiro vizinho ao da irmã. São Basílio morreu em 1° de janeiro de 379.
     Quando todos os irmãos se tornaram autossuficientes, Macrina convenceu a mãe a se retirar com ela para a solidão em uma propriedade da família em Anési, nas margens do Rio Íris, onde fundaram um mosteiro, e para onde seguiram também suas criadas e companheiras.
     Numa organização de tipo familiar, as monjas dedicavam-se à meditação sobre as verdades do cristianismo, às orações e ao auxílio aos pobres. O claustro feminino deveria ser um espaço inviolável, longe do profano. O convento era considerado essencial para as virgens absorverem a cultura sagrada; nele as mulheres poderiam ser alfabetizadas. Não só os irmãos de Macrina, mas também amigos da família, como São Gregório Nazianzeno e Santo Eustáquio de Sebaste, estiveram ligados a esta comunidade.
     Macrina teve papel preponderante na espiritualidade católica do século IV. Pelo fato de viverem inteiramente dedicadas ao ascetismo virginal e de basear seu conhecimento unicamente nas Escrituras, Macrina e outras virgens são consideradas verdadeiros esteios do cristianismo. Macrina possuía uma excelente bagagem intelectual: sua mãe a ensinara a ler e ela conhecia autores cristãos, como Orígenes, além de ler as obras dos irmãos.
     Macrina e outras virgens elaboravam retiros para onde afluíam moças pobres e também viúvas abastadas que decidiam ingressar na vida religiosa. Os grandes grupos de virgens, de cinquenta a cem, eram mantidos por aquelas senhoras ricas que dedicavam seus recursos ao convento e nele também viviam.
      Uma passagem de uma carta de São Basílio Magno aos habitantes de Neocesareia mostra a força da virtude feminina na difusão do cristianismo do século IV: “Que prova mais clara poderia haver em favor da nossa fé do que o fato de ter sido educado por uma avó que era uma bem-aventurada mulher saída do meio de vós? Falo-vos da ilustre Macrina, que nos ensinou as palavras do bem-aventurado Gregório (o Taumaturgo), todas as que a tradição oral lhe tinham conservado, que ela própria guardava e de que se servia para educar e para formar nos dogmas da piedade a criancinha que éramos ainda?
     Por ocasião da morte da mãe, em 373, Macrina tornou-se superiora do mosteiro. Macrina repartiu entre os pobres a herança que recebeu de sua mãe, e viveu do trabalho de suas mãos.
     Retornando do Concílio de Antioquia, em 379, São Gregório, Bispo de Nissa, desejou passar por Anési para visitar a irmã, mas a encontrou nos seus últimos momentos de vida.
     O santo ficou muito consolado vendo a alegria com que sua irmã suportava a tribulação e muito impressionado com o fervor com que ela se preparava para a morte. Eles tiveram somente um último colóquio de elevado teor espiritual e depois de uma magnífica oração a Deus Macrina entregou a alma a Deus (380).
     Santa Macrina era tão pobre, que para amortalhar o cadáver não se encontrou outra coisa além de um vestido velho e um tecido surrado. São Gregório, porém, doou a sua túnica de linho para seu sepultamento. O corpo foi sepultado na igreja dos 40 Mártires de Sebaste, a pouca distância do mosteiro, onde já estavam sepultados seus pais.
     Ao funeral compareceu o bispo do local, Arauxio; juntos ele e São Gregório transportaram o féretro. Uma grande multidão de fiéis foi venerar a falecida.
“A Vida de Macrina”
     A sua “Vida” e a sua espiritualidade são narradas em uma importante obra escrita pelo próprio São Gregório de Nissa, com muitos detalhes sobre sua virtude, sua vida e seu enterro. A “Vita Macrinae Junioris” foi redigida em forma de carta e dedicada ao monge Olímpio, que o acompanhara no Concílio de Constantinopla em 381.
     O Concílio de Nicéia, convocado por Constantino, refutara as ideias de Ario (c. 260-336), bispo de Alexandria, que afirmava que Deus e Cristo não possuíam a mesma substância: o Filho seria inferior ao Pai. Em Nicéia, os ensinamentos de Ario foram condenados e adotou-se o conceito de substância idêntica para estabelecer a relação entre Pai e Filho, conforme descrito no Credo de Nicéia.
     Entretanto, o arianismo continuaria forte por mais sessenta anos, praticamente durante toda a vida de Macrina (o arianismo, embora enfraquecido, fez ainda muita devastação na Cristandade nascente). As disputas teológicas e as perseguições aos cristãos do Oriente formam o pano de fundo da Vida de Macrina, a obra escrita por São Gregório de Nissa.
     O santo fala de dois milagres: no primeiro, Santa Macrina recuperou a saúde quando a mãe traçou sobre ela o Sinal da Cruz; e, no segundo caso, a Santa curou de uma doença nos olhos a filhinha de um militar.
     São Gregório acrescenta: "Creio que não é necessário que eu repita aqui todas as maravilhas que contam os que viveram com ela e a conheceram intimamente... Por incrível que pareçam esses milagres, posso assegurar que os consideram como tais quem teve ocasião de estudá-los a fundo. Só os homens carnais se recusam em crer neles e os consideram impossíveis. Assim, pois, para evitar que os incrédulos sejam castigados por se negar a aceitar a realidade desses dons de Deus, preferi abster-me de repetir aqui essas maravilhas sublimes..."
     O texto grego se encontra nas obras do Santo. Na Acta Sanctorum, julho, vol. IV, há uma tradução em latim. Há também uma tradução em inglês feita por W. K. Lowther Clarke (1916).
 
https://www.santiebeati.it/dettaglio/63450
 
Postado neste blog em 19 de julho de 2011

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Santa Edviges da Polônia, Rainha - 17 de julho

     
Edviges d'Anjou ou rainha da Polônia a partir de 1384 e grã-duquesa da Lituânia a partir de 1386. Filha de Luís I, rei da Hungria e da Polônia e de Isabel Kotromanic da Bósnia, sucedeu seu pai em 1382 na Polônia, enquanto sua irmã Maria herdou o trono da Hungria.
     Embora seja chamada de "rainha", Edviges foi de fato coroada como "Rei da Polônia" (Hedvigis Rex Poloniæ e não Hedvigis Regina Poloniæ). O gênero masculino do seu título significava que ela era monarca de pleno direito, enquanto o título de rainha era atribuído às esposas dos reis. Edviges pertencia à Casa Real dos Piast, antiga dinastia nativa da Polônia, sendo bisneta de Ladislau I, que reunificou o reino polonês, em 1320.
     Como rainha, Edviges teve efetivamente poderes limitados, mas foi muito ativa na gestão política do reino e na vida diplomática e cultural de seu país.
     No final do primeiro milênio, os apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo tinham ido à terra dos Piast. Naquela época Mieszko I recebeu o Batismo, e isto constituiu ao mesmo tempo o Batismo da Polônia. Séculos depois, os poloneses batizados contribuíram para a evangelização e o Batismo dos seus vizinhos, graças à obra de Edviges.
     Após consultas ao Arcebispo de Bodzanta, ao Bispo de Cracóvia Jan Radlica, a outros nobres do reino polonês, e muita oração diante do Crucifixo de Wawel, ficou estabelecido seu casamento com Jogaila, Grão-Duque da Lituânia, o qual havia prometido receber o Batismo – bem como toda sua Nação, último país pagão na Europa – e unir a Lituânia à Polônia. As bodas se realizaram a 18 de fevereiro de 1386. Convertido ao Catolicismo, o grão-duque foi batizado recebendo o nome de Ladislau II.
     Consciente da missão de levar o Evangelho aos irmãos lituanos, Edviges fê-lo juntamente com o seu esposo. Um novo país cristão, renascido das águas do Batismo, surgiu no Báltico, como no século X a mesma água fizera renascer os filhos da Nação polonesa. Uma vez aberta a estrada para a cristianização da Lituânia, Edviges, coerente no agir, procurou assegurar ao povo recém-batizado uma formação religiosa fundando em Praga um Colégio para os futuros sacerdotes daquela Nação.
     Edviges fora educada na leitura religiosa clássica desde tenra infância. Lia a Sagrada Escritura, o Saltério, as Homilias dos Padres da Igreja, as meditações e orações de São Bernardo, os Sermões e a Vida dos Santos etc. Algumas destas obras foram traduzidas para a língua polonesa para ela e para seus súditos. A Rainha ordenou a execução de um saltério em três versões linguísticas, chamado Saltério Floriano, o qual se encontra hoje na Biblioteca Nacional de Varsóvia.
     Ela doou as próprias joias para financiar a recuperação da Academia de Cracóvia que, no século XIX, passou a se chamar Universidade Jagelônica, em homenagem à Dinastia Jagelônica, sucessora dos Piast. Nesta Universidade educaram-se e ensinaram pessoas que tornaram o nome da Polônia, e daquela cidade, famosos no mundo inteiro. A fama desta Universidade foi durante séculos um motivo de orgulho para a Igreja de Cracóvia. Dela saíram estudiosos da qualidade de São João Kanty, que exerceram não pouca influência no desenvolvimento do pensamento teológico da Igreja universal.
     Visitando os hospitais medievais (Biecz, Sandomierz, Sącz, Stradom) podemos admirar as numerosas obras fundadas pela misericórdia da soberana.
     A Santa Rainha tinha compreendido o ensinamento de Nosso Senhor e dos Apóstolos. Muitas vezes ela se ajoelhara aos pés do Crucifixo de Wawel para aprender dEle mesmo o amor generoso. E com Ele, do Cristo de Wawel, este Crucifixo negro que os habitantes da Cracóvia visitam em peregrinação na Sexta-Feira Santa, a Rainha Edviges aprendeu a dar a vida pelos irmãos. A sua profunda sabedoria e a sua intensa atividade brotavam da contemplação, do vínculo pessoal com o Crucificado.
     Perita na arte da diplomacia, ela lançou os fundamentos da grandeza da Polônia do século XV. Incentivou a cooperação religiosa e cultural entre as nações, e enriqueceu a Polônia com um patrimônio espiritual e cultural. Graças à profundidade da sua mente Cracóvia se tornou um importante centro do pensamento na Europa, o berço da cultura polonesa e a ponte entre o Ocidente e o Oriente cristãos.
     A sua bondade e senso de justiça era fruto de uma vida de muito sofrimento. Coroada aos dez anos, em 1384, aos doze deixou seu país natal. Em 1387 perdeu sua mãe, em 1395 sua irmã. Era vítima de calúnias difundidas no mundo europeu que tentavam criar animosidades entre seu esposo bem mais velho e ela; enfrentou dificuldades políticas e humanas, sofreu também com o fato de durante vários anos não poder dar um herdeiro ao trono.
     Para aproximar os súditos poloneses, lituanos e rutenos dos frutos espirituais da Igreja, pediu ao Papa Bonifácio IX a graça de poder celebrar o Ano Santo de 1390 no próprio país. Seu pedido foi motivado pelos grandes perigos políticos e sociais a que estariam expostos os peregrinos numa viagem à Roma. O Papa atendeu seu pedido, enviando, em 1392, o seu legado, João de Pontremoli, com a bula e as respectivas instruções.
     A Santa Rainha fundou, em 1393, o Colégio dos 16 Salmistas, para que noite e dia se louvasse a glória de Deus.
     Finalmente a Santa Rainha recebeu a graça de se tornar mãe, mas gozou por pouco tempo a alegria da maternidade física, porque a herdeira do trono, Isabel Bonifácia, morreu pouco depois. Quatro dias depois, em 17 de julho de 1399, Edviges falecia, em decorrência de complicações do parto, aos 25 anos e cinco meses. A Dieta da Polônia elegeu Ladislau II para sucedê-la. Este teve como sucessores os filhos havidos com sua última mulher, Sofia de Halshany.
     Apesar da veneração espontânea do povo polonês que a considerava Santa, foram necessários seiscentos anos para que o seu culto fosse reconhecido oficialmente pela canonização, o que ocorreu no dia 8 de junho de 1997, em Cracóvia, Polônia, durante a visita de João Paulo II àquela cidade.

O Crucifixo Negro e a Rainha Santa Edviges
     O Crucifixo Negro foi trazido para a Polônia por ela mesma em 1384. Santa Edviges passava horas rezando diante do crucifixo e em várias ocasiões Nosso Senhor lhe falou por meio dele. Desde 1745 o Cristo Negro, de 13 pés de altura, ocupa a parte central do altar barroco da Catedral. A Santa Sé declarou que ouvir a Santa Missa neste lugar obtém a graça de livrar uma alma do Purgatório.
     Quando a Rainha Edviges foi beatificada, em 1987, suas relíquias foram transferidas para o altar do Crucifixo Negro. Em 8 de junho de 1997 a rainha foi canonizada.
 
Etimologia: Edviges = do alemão antigo Haduwig, composto de sinônimos “luta” (hadu) e “combate” (wig). Outros: “lutadora que odeia”. Hedwig em alemão; Jadwiga em polonês; Eduvigis em espanhol; Edvige em italiano; Hedvigis em latim.
 
Fonte: https://www.santiebeati.it/dettaglio/92253
 
Postado neste blog em 17 de julho de 2014

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Beata Angelina de Montegiove, Viúva, Fundadora - 14 de julho

 
   
Angelina nasceu em 1377 no ancestral Castelo de Montegiove, cerca de 40 k de Orvieto, na Úmbria, então parte dos Estados Papais. Era filha de Tiago Angioballi, Conde de Marsciano, e de Ana, filha do Conde de Corbara (por isso a Beata às vezes é referida como Angelina de Corbara ou Marsciano).
     Quando tinha doze anos ficou órfã de mãe. Angelina consagrou a Deus sua virgindade, correspondendo às graças que recebia desde a infância. Mas, três anos depois seu pai decidiu casá-la com o Conde de Civitella, senhor de Abruzos. Em vão a jovem implorou que o pai a deixasse consagrar-se a Deus; foi ameaçada de morte se não consentisse no casamento no prazo de oito dias.
     Nessa aflição, Angelina recorreu ao Senhor que lhe recomendou cumprir a vontade do pai. Ela desposou então o conde, decorrendo a cerimônia em meio a grandes festejos tradicionais. Ao aproximar-se a noite, a jovem refugiou-se no quarto, e cheia de angústia ajoelhou-se aos pés do Crucifixo pedindo a Deus que a protegesse. Deus lhe mandou então o seu Anjo da Guarda para protegê-la.
     Surpreendida por seu esposo em conversa com o Anjo, o conde perguntou-lhe o motivo de suas lágrimas. Ao saber do voto que fizera, tocado pela graça quis imitá-la. Ajoelhou-se e prometeu, com sua jovem esposa, guardar a castidade e considerá-la como irmã. E ambos agradeceram a Deus a grande graça recebida.
     Aos 17 anos, com a morte do marido, Angelina voltou aos seus queridos projetos de vida inteiramente dedicada a Deus. Distribuiu todos os seus bens aos pobres e vestiu o humilde hábito de São Francisco, tornando-se promotora da virgindade e da pureza de costumes.
     Tornou-se famosa por causa de seus milagres e muitas jovens da nobreza vieram juntar-se a ela. Com elas iniciou uma missão apostólica pregando os valores do arrependimento e da virgindade, bem como o empenho em aliviar os necessitados.
     Logo começaram a acusar Angelina de sedução, de encantamento: a feiticeira tinha algo de magia para arrastar a juventude! E de heresia, devido a uma suposta oposição maniqueísta ao casamento. Angelina se defendeu pessoalmente diante de Ladislau, rei de Nápoles, que retirou as acusações, mas expulsou-a do seu reino, bem como as suas companheiras, para evitar mais reclamações.
     Com suas discípulas, partiu no dia 31 de julho de 1395, dirigindo-se a Assis, onde foram venerar os túmulos de São Francisco e Santa Clara. Em Assis, na Igreja de Santa Maria dos Anjos, à luz de Deus, Angelina compreendeu a sua missão: fundar um mosteiro de terceiras claustradas.
     Fixou-se em Foligno e, em 1397, Angelina e suas seguidoras emitiram os três votos. Ela se juntou ao Mosteiro de Santa Ana, uma pequena comunidade de mulheres terceiras franciscanas, fundada em 1388 pelo Beato Paoluccio Trinci (+ 1390), um frade franciscano. Conhecido como o “Mosteiro das Condessas”, devido ao nível social de muitas das ingressas, ele o havia estabelecido como resultado de sua visão de ter mulheres nobres da cidade como uma força evangelizadora na sociedade. Essas mulheres tinham vida ascética no mosteiro, mas, não sendo monjas, seguiam uma estrutura informal, livres para ir e vir, o que possibilitava a elas cuidarem dos pobres e dos doentes da região.
     Angelina tomou um papel de liderança no pequeno grupo e começou a organizar suas vidas numa forma mais regular e foi aclamada superiora. Em 1403 ela obteve uma bula papal do Papa Bonifácio IX, que reconhecia formalmente o mosteiro.
     A reputação da comunidade de Foligno era tão grande, que rapidamente seu exemplo foi imitado em outras cidades, tendo Angelina como superiora geral destes mosteiros: Assis em 1421, Viterbo em 1427. Florença em 1429, Rieti e outras, bem como outras onze antes de sua morte em 1435.
     As diversas comunidades foram reconhecidas como Congregação pelo Papa Martinho V, em 1428. Este decreto também permitia que elas elegessem uma Geral que teria o direito de visitar canonicamente as outras comunidades. A Congregação teve sua primeira eleição geral em 1430, na qual Angelina foi eleita Geral. Neste cargo, ela desenvolveu os Estatutos a serem obedecidos por todas as casas.
     Esta independência não foi bem recebida pelos Frades Menores, aos quais havia sido dada total autoridade sobre as terceiras naquele mesmo ano. O Geral dos frades, Guilherme de Casala, ordenou que as Irmãs da Ordem Terceira da Congregação confirmassem a obediência a ele.
     O Papa Martim V, que havia reunido todos os mosteiros sob uma única superiora geral, colocou a nova instituição sob a jurisdição dos Irmãos Menores, com a finalidade especifica da educação e instrução da juventude feminina. Angelina submeteu-se e numa cerimônia pública, ocorrida na igreja dos frades em Foligno, no dia 5 de novembro de 1430, jurou obediência ao Provincial local.
     Este ato de obediência, entretanto, foi repudiado pelo capítulo da comunidade no Mosteiro de Santa Ana, dizendo que ele era inválido por que fora obtido sob pressão e sem sua aprovação. A Santa Sé confirmou sua autonomia no ano seguinte. Para evitar futuros conflitos, a Congregação colocou-se sob a obediência de seus bispos locais, sob a direção espiritual dos frades da Ordem Terceira Regular de São Francisco da Penitência.
     Ao sentir que a última hora se aproximava, Angelina quis fazer uma confissão geral. Recebeu com devoção os últimos sacramentos e exortou suas filhas a observarem fielmente a regra franciscana. Depois de ter-lhes dado a última bênção, entrou em êxtase e assim faleceu aos 58 anos, em 14 de julho de 1435, no mosteiro de Santa Ana de Foligno. Seu rosto tornou-se brilhante e sua cela foi invadida por um aroma celestial. Após solene funeral com a participação do bispo e de todas as autoridades, foi sepultada na Igreja de São Francisco, em Foligno. Em 1492, após um milagre, o seu corpo foi encontrado intacto. Após a exumação, foi encerrado em uma urna preciosa e colocado num altar em frente ao túmulo da mística Beata Ângela de Foligno.
     A Congregação de Angelina tornou-se muito popular nos séculos 15 e 16 devido à regra de que suas comunidades deviam ser pequenas e simples. Em 1428, o Papa Martinho V dera um mandato específico para elas se dedicarem à educação e instrução das meninas. O trabalho das irmãs foi apostólico até que se tornaram, em 1617, uma ordem de enclaustradas, tomando votos solenes de estrita exclusão de contato com o mundo exterior, limitando-se à educação das meninas dentro do claustro.
     No século XVII, havia cento e trinta e cinco mosteiros destas terceiras na Itália e na França. Em 1903, o apostolado exterior foi novamente permitido e a Congregação passou a ser conhecida como Irmãs Franciscanas da Beata Angelina. Desde 2000, elas têm casas no Brasil, Madagascar e Suíça, bem como na Itália.
     Em 1492, seu corpo foi encontrado incorrupto. Colocada em uma preciosa urna foi colocada em frente ao túmulo da famosa mística franciscana Beata Ângela de Foligno.
     Em 8 de março de 1825 o Papa Leão XII aprovou o seu culto.
 
Castelo de Montegiove

https://www.santiebeati.it/dettaglio/62900
 
Etimologia: Angelina, diminutivo de Ângela = do latim Angelus: “anjo”; do grego Ággelos, derivado de ággelos: “mensageiro”.
 
Postado neste blog em 15 de julho de 2019