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Chamada para a dor
Em junho de 1898, Ana teve uma visão em que Jesus lhe apareceu como o Bom Pastor anunciando um longo e árduo sofrimento: Jesus tinha um terço na mão, ela deveria rezá-lo, e Ele também lhe explicou “que ela teria que sofrer muito, muito...”. No dia seguinte, em pânico, Ana fugiu de Landshut e ninguém conseguiu convencê-la a voltar ao seu trabalho.
Em seu próximo trabalho, ela era responsável pela limpeza de toalhas de mesa e lençóis. Em 4 de fevereiro de 1901, Ana e outra empregada estavam lavando roupas em um caldeirão com água fervente e água sanitária. Em determinado momento, o tubo da caldeira se soltou e Ana subiu em cima dele para posicioná-lo corretamente. Nesse momento, escorregou e caiu no caldeirão, queimando as pernas até os joelhos. Ela foi levada para o hospital de Kösching imediatamente, mas todas as tentativas de tratamento falharam. Contra todas as probabilidades, no entanto, sua saúde se estabilizou.
Diante da impossibilidade de fazer algo por ela, após três meses recebeu alta com dores das queimaduras que não pararam, as feridas nos pés não cicatrizaram e as feridas ainda estavam abertas. O atendimento médico em dois hospitais universitários não foi bem-sucedido, e os tratamentos aplicados foram particularmente dolorosos.
O fato é que em maio de 1902 ela foi definitivamente dispensada como inválida, recebendo apenas uma pensão de 9 marcos. As pessoas que ela conhecia estavam próximas; seu pároco, que trazia sua comunhão quase todos os dias, e algumas outras pessoas apoiavam materialmente ela e sua mãe.
Vítima Expiatória
Ficou claro para Ana que sua hora havia chegado. Assim, fiel à sua consagração ao amor de Cristo, decidiu que seu sofrimento não seria em vão, por isso ofereceu sua vida e sua dor ao Senhor como expiação pelos pecados e reparação a Jesus. Sua vida era oração, penitência e expiação.
Anos mais tarde, em 4 de outubro de 1910, ela teve novas visões que chamou de "sonhos", nas quais Jesus confirmou seu plano: “Eu te aceitei para a expiação do meu Santíssimo Sacramento”. Na manhã daquele dia, quando recebia a Santa Comunhão das mãos de seu pároco, cinco raios de fogo, como um raio, atingiram suas mãos, pés e coração: “Imediatamente começou uma dor imensa nessas partes do corpo. Desde outubro de 1910 que sofro essa dor sem interrupção”.
Com isso, o Senhor enobreceu o sofrimento de Ana, unindo-o ao seu. Ela mesma O imitava, não em rebeldia ou questionamento, mas em doação de si mesma, no espírito de sacrifício, no amor, como Cristo na cruz: “No sofrimento aprendi a amar-te!”, escreveu na época.
Alguns anos depois, no dia de São Marcos, em 1923, entrou em êxtase e sofreu os sofrimentos da Sexta-Feira Santa. Sua saúde se deteriorou rapidamente: paralisia espástica das pernas, cãibras severas de uma doença da medula espinhal e câncer nos intestinos. Muitos se perguntam como Ana poderia suportar tanto sofrimento. Mas fica ainda pior: ela cai e sofre lesões cerebrais, o que afeta severamente sua capacidade de falar. A partir desse momento, ela também carregou os estigmas de Cristo escondidos.
“Não quero trocar meu leito de sofrimento por outro”
Tirou forças da Eucaristia quase diária: “Não há caneta com a qual eu possa escrever o quanto estou feliz depois de cada comunhão... Neste momento estou tão feliz que não quero trocar a minha cama de sofrimento por outra qualquer”. É claro que o Senhor não só colocou pesadas cruzes sobre ela, mas também lhe deu conforto celestial.
Ana crescia cada vez mais em seu amor por Jesus Cristo, o que lhe permitia dedicar-se às necessidades e intenções dos outros. De fato, sua vida era bem conhecida e sua reputação ultrapassa até mesmo as fronteiras da Alemanha, recebendo inúmeras cartas de apoio e pedidos de intercessão da Áustria, Suíça e outros países mais distantes. De sua cama, ela também escreveu cartas de incentivo, recebeu inúmeras visitas e rezou por aqueles que lhe pediram.
No dia 5 de outubro recebeu o Viático e faleceu dizendo num sussurro: “Jesus, eu vivo em ti!” Sepultada inicialmente no cemitério local, o corpo foi posteriormente transladado para a igreja paroquial de Mindelstetten.
Porém, tanto em suas cartas como em seus trabalhos manuais, a razão de sua vida é o Coração de Jesus, símbolo do amor divino. Ana representava as chamas do Coração de Jesus não como línguas de fogo, mas como espigas de trigo. A Eucaristia, que ela recebia diariamente de seu pároco é sem dúvida seu ponto de referência. Por isso essa representação do Coração de Jesus é característica desta Santa.
Ana Schäffer foi beatificada em 17 de março de 1999 por João Paulo II e canonizada por Bento XVI em 21 de outubro de 2012. A sua festa litúrgica é celebrada no dia 5 de outubro.
O Papa Bento XVI disse que apesar de Ana Schäffer não ter conseguido entrar em uma congregação religiosa, “o quarto da doente foi transformado em uma cela conventual, e os sofrimentos no serviço missionário”. E continuou: “Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável na oração e um espelho do amor de Deus para muitas pessoas que procuram conselhos. O seu apostolado de oração e sofrimento, de oferenda e expiação seja um exemplo luminoso para os fiéis da sua terra. Que a sua intercessão intensifique a pastoral dos doentes em cuidados paliativos, no seu trabalho benéfico”.
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“Nas horas de sofrimento e durante as muitas noites sem dormir, tenho uma oportunidade imbatível de me colocar em espírito diante do tabernáculo e oferecer expiação e reparação ao Sagrado Coração de Jesus. Ah, como o tempo passa rápido comigo então! Sagrado Coração de Jesus que está escondido no Santíssimo Sacramento, agradeço-vos a minha cruz e os meus sofrimentos, em união com a ação de graças de Maria, Nossa Senhora das Dores”.
“Oh, quanta felicidade e amor estão escondidos na cruz e no sofrimento... Não passa um quarto de hora sem sofrimento, e há muito tempo não sei o que é viver sem dor. Muitas vezes, sofro tanto que mal consigo falar, e nesses momentos penso que meu Pai que está no Céu deve me amar especialmente”.
Santa Anna Schäffer
Santa Ana Schäffer e o maligno
Entre as dores que afligiram a vida de Santa Ana Schäffer, não podemos esquecer os duríssimos e prolongados ataques do diabo.
Como disse o Santo Cura d’Ars: "Os amigos de Deus estão sempre em duro combate com o diabo e especialmente aqueles que, com amor e fidelidade, intervêm para a salvação das almas".
Grande é o mistério da iniquidade e do ódio de Satanás. Os tormentos que Santa Ana Schäffer teve que suportar nas mãos do diabo foram provações permitidas por Deus. Seu diretor espiritual, ciente de tudo, testifica o seguinte: “Embora imersa nas trevas, atormentada, espancada por Satanás, a pobre Santa Ana Schäffer nunca se recusou a aceitar a vontade de Deus. Dizia sempre o seu ‘sim’ e, assim, manifestava o seu total abandono e a sua insondável confiança na ajuda da graça de Deus. Quando sua alma foi mergulhada na angústia mortal, voltou-se com ilimitada confiança para o Sagrado Coração de Jesus, dizendo-lhe: ‘Sagrado Coração de Jesus, confio em Ti!’ Essa jaculatória era tão querida por ela e lhe dava muita força”.
Muitas vezes e por muito tempo recebeu duros golpes do maligno. De fato, de seus escritos lemos:
A noite de 13 para 14 de outubro de 1918 foi muito dolorosa e sofri muito sofrimento. Passava das duas horas da manhã quando ouvi uma carruagem galopando de Hiendorf e passando pela igreja.
Entendi logo que essa carruagem tinha vindo buscar o padre para levar o Santo Viático a uma jovem daquele país que estava muito doente. Depois de alguns minutos, a carruagem partiu rapidamente em direção a Hiendorf. Acompanhei espiritualmente o Salvador ao longo desse caminho, orando fervorosamente para que aquela pobre menina O recebesse na Eucaristia para que pudesse fazer, unida a Ele, o grande caminho para a eternidade.
Rezei pela jovem até as quatro e meia, depois caí em um sono muito leve, mas apenas por alguns minutos. Esse pouco tempo, no entanto, foi suficiente para que eu tivesse um sonho muito ruim. Pareceu-me que o maligno estava ali ao meu lado e me batendo com tanta força e por tanto tempo, que quase me tirou o fôlego. O diabo me disse que estava me batendo porque eu tinha rezado muito por aquela jovem. Ele disse: “Você não precisa se preocupar com isso!” Ainda no sonho, comecei a gritar com todas as minhas poucas forças. Entretanto, ouvi pessoas debaixo da janela do meu quarto e reconheci a voz do pároco que disse: “Ana, deves ir imediatamente a Hiendorf; A filha do prefeito morreu!”, mas eu não conseguia me mexer porque continuava levando pancadas. Ouvi minha mãe dizer: “Acorde e não grite tão alto. Eles te ouvem até na rua e já alguns vizinhos vieram bater!” Eu queria responder: “Sim, mãe, mas a filha do prefeito morreu”. Queria responder, mas não conseguia pronunciar uma única sílaba.
Entretanto, continuei a invocar o Santíssimo Nome de Jesus de todo o meu coração, e depois de alguns instantes acordei completamente. Eram quase cinco horas da manhã. Depois desse sonho ruim, me senti tão fraca que não conseguia falar. Eu fiquei tão enfraquecida e quebrada o dia todo, que era como se todos os meus membros tivessem sido quebrados em dois.
Eu já tive sonhos terríveis muitas vezes antes, e quase sempre eu saía tão quebrada que eu nem conseguia falar. A filha do prefeito estava realmente morta.
Santa Ana Schäffer e São José
Uma vez tive um sonho com São José. Ele estava em frente à minha cama com um rosto sorridente e disse: “Acorde e prepare-se para a Santa Comunhão”. Acordei imediatamente: eram quatro horas da manhã. Eu sabia que naquele dia não poderia receber a Santa Comunhão. Já dormindo eu tinha sofrido muito por causa dessa impossibilidade. Eu me preparei espiritualmente em frente ao tabernáculo para acolher Jesus na Eucaristia. Duas horas depois, às seis horas, recebi a notícia de que em meia hora eu poderia receber a Santa Comunhão. Quem poderia estar mais feliz do que eu? Talvez São José havia implorado aquela graça e aquela alegria para mim?
(*)
Do Livro: (Ana Schaffer o misterioso caderno dos sonhos)
Santa Anna Schaffer [PDF] | Documents Community Sharing (zdocs.tips)
https://www.religionenlibertad.com/
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