segunda-feira, 13 de maio de 2024

Beata Juliana de Norwich, Mística - 13 de maio

     Ignora-se o seu nome de batismo e o de sua família. O seu livro “Revelações do Amor Divino”, que contém dados sobre sua existência, é mencionado por uma testemunha recentemente descoberta: Margery Kempe, outra mística inglesa de seu tempo, que em sua autobiografia diz que no ano 1414 visitou "Lady Julian" (Sra. Juliana) para obter conselhos de direção espiritual.
O Cardeal Adam Easton, beneditino de Norwich, pode ter sido o diretor espiritual de Juliana e editado o seu Texto Longo.
     Juliana, nome como era conhecida em vida, e pelo qual ficará conhecida para sempre, talvez tenha sido adotado em honra de São Julião, patrono da igreja junto à qual transcorreu grande parte de sua vida. A igreja pertencia ao Mosteiro de Beneditinas de SS. Maria, dentro da cidade de Norwich. Há um debate acadêmico sobre se Juliana era uma monja do priorado, ou uma leiga. Ela viveu em uma ermida de três quartos do lado de fora do mosteiro, e tinha duas servidoras que a atendiam quando atingiu a idade avançada.
     Aos 30 anos, quando ela vivia em casa, sofreu uma doença grave. Julgando-se que estivesse perto da morte, um padre veio-lhe administrar a Santa Unção em 8 de maio de 1373. Como parte do ritual, o padre manteve o crucifixo no ar acima dos pés da cama. Juliana relata que estava a perder a vista e entorpecida, mas quando olhou para o crucifixo viu que a imagem de Jesus começou a sangrar. Durante as horas seguintes, Juliana teve uma série de dezesseis visões de Jesus Cristo, que terminaram quando ela se recuperou da sua doença, em 13 de maio de 1373.
     Juliana escreveu sobre as suas visões imediatamente depois de terem acontecido, apesar do texto final pode não ter sido terminado durante alguns anos, numa primeira versão das Revelações do Amor Divino, agora conhecida como o Texto Curto, com 25 capítulos e cerca de 11 000 palavras. Vinte a trinta anos depois, talvez no início da década de 1390, Juliana começou a escrever uma explicação teológica do significado das visões, conhecida esta versão como o Texto Longo, que consiste em 86 capítulos e cerca de 63 500 palavras. Este trabalho parece ter passado por várias revisões, antes de ser completado, talvez na primeira ou na segunda década do séc. XV. Acredita-se ser o mais antigo livro escrito no idioma inglês por uma mulher.
 
Revelações do Amor Divino
     “Revelações do Amor Divino” é uma obra célebre no Catolicismo por causa da clareza e da profundidade da visão de Deus de Juliana.
     O Texto Curto sobrevive apenas num manuscrito de meados do séc. XV, o Manuscrito Amherst, que foi copiado de um original escrito em 1413, ainda em vida de Juliana. O Texto Curto parece não ter sido muito lido e apenas seria publicado em 1911. O Texto Longo parece ter sido um pouco mais bem conhecido, mesmo assim parece não ter sido muito divulgado na Inglaterra do final da Idade Média. O único manuscrito sobrevivente desta época é o Manuscrito de Westminster, escrito de meados a final do séc. XVI, que contém uma parte do Texto Longo, sem referência à autoria, reescrito como um tratado didático em contemplação.
     A primeira edição impressa das “Revelações do Amor Divino” foi da responsabilidade do monge beneditino inglês Serenus Cressy, tendo sido publicada em 1670. Esta versão foi reedita em 1843, 1864 e 1902. O moderno interesse pela obra aumentou na sequência da edição da responsabilidade de Grace Warrack, em 1901, com uma linguagem modernizada, tendo sido a principal responsável por dar a conhecer aos leitores contemporâneos esta obra. As “Revelações do Amor Divino” vêm sendo publicadas em várias línguas, tornando-se muito populares no âmbito da literatura mística cristã.
     A versão do livro feita por Grace Warrack, em 1901, introduziu os escritos de Juliana junto à maioria dos leitores do início do século 20. Após a publicação da edição de Warrack, o nome de Juliana se espalhou rapidamente e se tornou tema de muitas palestras e escritos. Em 1979, uma edição do livro foi publicada e, como resultado, o livro tornou-se amplamente vendido e discutido, em um momento de espiritualidade renovada. Juliana de Norwich é agora reconhecida como uma das místicas mais importantes da Inglaterra.
     Os beneditinos de Norwich e o Cardeal da Inglaterra, Adam Easton, podem ter sido os diretores espirituais de Juliana de Norwich, e os editores de seu Longo Texto mostrando o Amor.
     O ditado: "... Tudo estará bem, e todos estarão bem, e todos os tipos de coisas deverão estar bem", que Juliana afirmou ter sido dito a ela por Deus, reflete sua teologia. É uma das linhas mais famosas da escrita teológica católica e é uma das mais famosas frases da literatura de sua época.
     Em suas visões, Juliana viu o sangue fluindo sob a Coroa de Espinhos de Jesus Cristo, viu a Virgem como uma jovem e simples senhora; e em relação à Cruz, ela viu a misericórdia Divina caindo como uma fina chuva de graças durante a Sua Paixão. Ela viu o Senhor morrendo, os Seus terríveis tormentos, e escreveu: “Assim eu O vi e eu O amava”.
     De sua ermida na Inglaterra da virada do século XIV para o XV, Juliana de Norwich é uma das vozes que se destacam nesse percurso, levando totalmente a sério a identificação que o cristianismo faz entre Deus e o amor.
     “Vi com certeza que quando Deus nos criou já nos amava, e tal amor nunca diminuiu nem diminuirá. Nesse amor ele fez todos os seus trabalhos, fez todas as coisas benéficas a nós, e nesse amor nossa vida é eterna. Na nossa criação tivemos um princípio, mas o amor em que nos fez estava nele desde a eternidade; nesse amor temos nosso princípio”, escreveu Juliana na última página de seu único escrito, em que procurou aprofundar, no decorrer de sua vida, uma visão que teve em um dia de maio de 1373, quando tinha 30 anos de idade.
     Se Deus é amor, “Ele está em tudo que é bom” e “é Ele a bondade que cada coisa tem” – disso Juliana estava convencida. Segundo a sua visão, estamos profundamente arraigados em Deus. O pecado não foi e não é capaz de negar que é em seu útero maternal que vivemos. “Nada pode estar entre Deus e nossa alma”, escreveu ela. “Deus nunca está fora da alma, na qual habita alegremente e sem fim”.
     Deus está mais próximo de nós do que a nossa própria alma, pois Ele é o fundamento em quem nossa alma repousa”, afirmou Juliana. “Nossa alma se assenta em Deus no verdadeiro descanso e nossa alma se assenta em Deus na verdadeira força, e nossa alma está naturalmente enraizada em Deus no amor infinito. E, portanto, se desejamos ter conhecimento de nossa alma, comungar e envolver-nos com ela, é necessário buscar nosso Senhor Deus, em quem ela está incluída”.
 
    É precisamente prestando atenção a essa presença amorosa de Deus na interioridade que a pessoa pode recobrar a semelhança com Ele. “Ele ensinará à alma como deve comportar-se quando O contempla”, explicou Juliana. Cristo, que assume a nossa natureza humana e sensível, fazendo com que tudo aquilo que somos se insira definitivamente na realidade divina, é o amor de Deus, “o fundamento de todas as leis”.
     É o amor a garantia de que tudo acabará bem, apesar dos contextos conflituosos em que vivemos. É o amor que dará sentido à história e é no amor que serão reconciliadas todas as coisas. “Assim como a Santíssima Trindade criou todas as coisas a partir do nada, assim então a mesma Santíssima Trindade fará ficar bem tudo o que não está bem”, escreveu Juliana.
     O rosto do Deus que lhe fala em sua visão é a própria expressão disso: “Tudo isso Ele me revelou cheio de felicidade, mostrando assim: ‘Vê! Eu sou Deus. Eu estou em todas as coisas. Vê! Eu fiz todas as coisas. Vê! Eu nunca retiro as minhas mãos da minha obra, nem nunca retirarei, eternamente – vê! E conduzo todas as coisas até o final que ordenei desde o início dos tempos, pelo mesmo poder, sabedoria e amor com os quais as criei. Como poderia alguma delas ser errada?
     Na época de sua morte, a Beata tinha uma vastíssima reputação e atraia visitantes de toda a Inglaterra para a sua cela. Embora Juliana não tenha sido formalmente beatificada, é mencionada como Beata por vários autores e na Inglaterra a invocam como Santa.
     A festa da Beata Juliana de Norwich na tradição católica romana é a 13 de maio.
 
Fontes: Juliana de Norwich – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Juliana de Norwich, la mística desconocida | BalmesLibreria.com
https://www.semprefamilia.com.br/

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