quarta-feira, 17 de julho de 2024

Venerável Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade, Madre Carminha de Tremembé – 13 de julho

     
     Carmem Catarina Bueno nasceu em Itu/SP, a 25 de novembro de 1898, festa de Santa Catarina de Alexandria. Seus pais eram Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno, que apenas contava quinze anos ao dar à luz a sua primogênita. Da mãe herdou o caráter decidido, temperamento ardoroso. Do pai, a alma de artista.
     Ao dar-lhe à luz, a jovem mãe esteve com a saúde abalada. “Nhá Cota” (apelido afetuoso dado a D. Maria Justina Camargo Bueno) pediu para cuidar da recém-nascida em Campinas, como fizera com o filho adotivo, Teotônio.
     A 12 de fevereiro de 1899 foi batizada da Matriz Velha, pelo Pároco Pe. Manuel Ribas D’Ávila. Como padrinhos teve Nhá Cota e seu esposo Comendador Francisco de Paula Bueno.
     Em Campinas continuou a morar com os pais adotivos, feliz porque muito querida. Em Itu, o lar de seus pais se enriquece com a chegada de outros irmãozinhos: Esther (1901), Francisco (1902), Zey (1904), Dácio (1906) e José (1909).
     Aos três anos a menina desaparece de casa e quando enfim a encontram, na Matriz Velha, está de joelhos, no altar do Sagrado Coração de Jesus.
     Um de seus amigos de infância viria a ser o Bispo de Taubaté, Dom Francisco Borja do Amaral.
     Vez por outra Carminha acompanhava Nhá Cota, já viúva, para visitar os pais e maninhos. Em outras ocasiões, a família é que passeava em Campinas.
     Em junho, meses após a dor de ter perdido seu pai Teotônio, no dia de São Luiz Gonzaga, 21 de junho de 1910, recebe Jesus Eucarístico, “que em Céu a transformou”, pelas mãos de Dom João Batista Corrêa Nery. Carminha teve um intenso desejo de ir para o Céu e não mais se separar de seu Deus!
     Aos 15 anos vai visitar a “mamãe moça” no Rio, que oito dias depois falece em consequência do nascimento de um filho, que a precede 24 horas no túmulo. O padrasto se vê só e com cinco enteados e solicita a presença de D. Maria Justina junto deles, que se estabelece ali com Carminha.
     Em 1916 vão se estabelecer na formosa Ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara, na Praia dos Frades. Carmem conhece um estudante de engenharia e gostam-se imensamente. O estudante pertence a uma família abastada e de meio cultural muito bom, e deseja que Carminha se aprimore nos estudos, indicando-lhe o Colégio Sion. Com o retorno de Nhá Cota para São Paulo, era a ocasião propicia para realizar a vontade do noivo.
     Torna-se Filha de Maria no dia 23 de setembro de 1917, dia em que ouve o chamado do Senhor. Rompe, então, o noivado, escrevendo sincera e delicadamente para aquele que, indiretamente, lhe proporcionara tão grande graça. Fiel por natureza, rezará pelo moço até o fim de sua vida.
     Nesta ocasião lê “História de uma Alma”, da futura Santa Teresinha. Toma a resolução de ser como Teresa de Lisieux: Carmelita. Escolhe como diretor Dom Francisco de Campos Barreto que a exercitou no amor de Deus e nas virtudes.
     Sua irmã Esther ao casar-se, em 1920, convida-a e à Nhá Cota para virem para o Rio. Aí frequenta a Capela Nossa Senhora do Carmo, futura Basílica de Santa Teresinha, na Rua Mariz e Barros, onde trabalham os Carmelitas Descalços da Província Romana.
     Maria do Carmo Bueno entrou para a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus, logo após a fundação da referida Ordem em 1921, onde professou. Foi, portanto, uma das primeiras Irmãs Terceiras. Tomou o nome de Irmã Maria Benigna Consolata do Coração Eucarístico de Jesus. Teve como Priora a Irmã Teresa de Jesus, fundadora da Ordem Terceira, uma alma de escol que muito trabalhou na organização da citada Ordem.
     Pouco tempo esteve a Irmã Benigna na Ordem Terceira, pois, Jesus a queria mais retirada do mundo. Durante o tempo em que permaneceu como Terceira a todos edificou pelas suas virtudes. Era simples, boa, delicada, piedosa, cumpridora dos deveres da Regra. Era também uma Irmã alegre, trazia sempre o sorriso estampado no rosto, sinal da pureza e da simplicidade que revestiam a sua alma. Por todos estes méritos chegou a ocupar o cargo de vice Priora em fevereiro de 1925, edificando a todas as Irmãs pelo seu fino trato.
     Em março de 1926 entrou para o Carmelo de São José, no Rio, sob a orientação dos Padres Carmelitas Descalços, tornando-se assim uma Carmelita enclausurada para entregar-se melhor à vida de oração, de contemplação, de sacrifício. No dia 21 de abril de 1926, vestida de noiva, com o Menino Jesus de Praga nos braços, atravessa a porta do Mosteiro, então na sede provisória (Rua Abílio, 32).
     Recebe o Santo Hábito em 24 de outubro de 1926, com nome religioso de Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade. Apesar de ser feliz, teve suas lutas, dado o temperamento ardoroso e as saudades de Nhá Cota. Mas Jesus vence!
     No dia de sua profissão temporária escreve em suas anotações: “Quero ser o Amém de Deus”. Em 1928 recebe a última visita de Nhá Cota, que no ano seguinte repousa no Senhor, em Ribeirão Preto (SP).
     Suas lutas, por causa do temperamento vivo, prosseguem. Tudo faz com exuberância: daí objetos quebrados, derrubados e até um mergulho, de hábito e tudo, num tanque grande de água da pior espécie. Tudo serve para Carminha colocar os alicerces de sua santificação: a humildade, que se reconhece plena de limitações, mas que ousa desejar ser “perfeita como o Pai do Céu”. Para chegar a atingir sua meta, faz o voto de mansidão, a conselho de Dom Barreto, um de seus diretores espirituais.
     Maria é a estrela que guia os caminhos de Irmã Maria do Carmo. Tudo faz para a glória de Maria. A ela entrega a direção de seus atos, suas intenções mais caras.
     Exerceu o ofício de Mestra de noviças, sub-priora e finalmente de priora (a primeira após a Fundadora).
     Com tudo isto não se esquece de dar atenção aos seus irmãos. Estes, especialmente Esther, a ajudaram no acabamento da construção do Mosteiro São José do Rio.
     Alma profundamente humilde é de extrema delicadeza para com a Madre Fundadora (Madre Benedita de Jesus, Maria e José) e para com as filhas espirituais.
     Em 1949 volta a ser mestra de noviças. Sempre fora doente e doente cardíaca. O reumatismo deixa-a entravada, por vezes.
     Em 1952 volta a dirigir o Carmelo e aí surge a ideia e a ocasião propícia para a fundação do Carmelo da Santa Face e Pio XII com a visita do amigo de infância – já Bispo de Taubaté – Dom Francisco Borja do Amaral. A fundação ocorre em 7 de setembro de 1955. Em 1957 é transladada a Comunidade, em procissão (até filmada). Madre Carminha trabalhava, sofria, rezava. Não lhe foram poupadas as provações. A tudo superava. Em 12 de setembro de 1961, Madre Maria do Carmo passa o governo da casa à Madre Antonieta Maria, ficando responsável pelo noviciado e pelo fim das obras.
     Em julho de 1965 ouve o primeiro chamado de Deus, numa crise de angina pectoris e a 13 de julho de 1966 falece santamente, vítima de um derrame cerebral (que a acometeu no dia 7 precedente e a deixou em coma profundo). Deixou saudades imensas e logo, do céu, começou a ajudar as filhas e o povo que, a sua intercessão, recorriam humilde e confiantemente.
Causa de Canonização
     
A lembrança de sua profunda vida mística e suas inúmeras virtudes, dentre as quais se destacava a humildade, levou a Comunidade do Carmelo da Santa Face e Pio XII, após muita oração, a assumir em capítulo (por unanimidade) a introdução da Causa de Canonização de Madre Maria do Carmo, pois acredita que, através desta, Deus será glorificado.
     Sua fama de santidade tomou dimensões maiores, como a Comunidade relata neste fato: “Em vista da supressão do nosso Carmelo de Tremembé e de sua transferência para a cidade de Mairinque, SP, no sexto aniversário da morte de Madre Maria do Carmo, decidimos fazer a exumação dos seus restos mortais e, qual não foi a nossa surpresa, quando se descobriu seu corpo intacto, inclusive suas vestes e as flores secas e, nem mesmo mau odor exalou de sua sepultura! Foi aí que a cidade de Tremembé se mobilizou contra a transferência do Carmelo para outra cidade: a Sra. Prefeita Erondina Matos levou ao Sr. Bispo de então - Dom Francisco Borja do Amaral - um abaixo assinado da cidade de Tremembé que desejava enviar ao Papa Paulo VI. Foi acompanhada das principais personalidades da cidade, prometendo que, se as Irmãs consentissem em ficar, teriam ajuda em tudo. Hoje, consideramos esse acontecimento como o primeiro milagre de Madre Maria do Carmo. A então popularmente chamada ‘Santinha da Ponte’ continua atraindo os olhares do povo tremembeense, que diz alcançar inúmeras graças por sua intercessão”.
     Sua canonização contribuirá para manter vivo e espalhar seu ideal: adorar a Sagrada Face de Cristo e reparar os ultrajes contra ela cometidos. Também fortalecer no coração dos fiéis o Sensus Eclesiae que a levava a uma imolação constante pelo Pontífice reinante, através do exercício diário da Via Sacra e de uma vida totalmente doada, na simplicidade, humildade e caridade, que atinge seu ápice na unidade entre as pessoas.

Fonte:  http://www.santosebeatoscatolicos.com/

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