Em Trévi, cidade da Úmbria, região da Itália, Maria Luísa (Gertrudes Prósperi), abadessa da Ordem de São Bento, dotada de experiências espirituais extraordinárias e generosidade para com os necessitados.
O mosteiro onde Madre Maria Luísa Prósperi viveu foi fundado em Trévi em 1344. Florescendo por muitos séculos, foi fechado durante o tempo de Napoleão, que considerava inúteis as Ordens contemplativas enclausuradas. Somente depois de 1815 o mosteiro foi reaberto, apenas alguns anos antes de Gertrude Prosperi cruzar seu limiar, para se tornar uma beata e, esperançosamente, um dia declarada santa, da Igreja Católica.
No dia 19 de agosto de 1799, em Fogliano, pouco distante de Cascia, Itália, nasceu Gertrudes, filha de Domenico e de Maria Diomedi. Mesmo pertencendo à nobreza local, sua família não possui grandes recursos financeiros. Gertrudes foi batizada no mesmo dia de seu nascimento, e a pia batismal onde recebeu este sacramento existe ainda hoje na igreja paroquial de Santo Hipólito. Sua família deu a ela uma educação profundamente católica.
Quando tinha vinte anos, no dia 4 de maio de 1820, ingressou no mosteiro beneditino de Santa Lucia de Trevi. Irmã Maria Luísa, nome de religiosa que adotou, teve uma existência caracterizada por fatos e dons extraordinários. Praticava penitências muito rígidas, provou em sua própria carne a Agonia de Nosso Senhor, a Flagelação, a Coroação de espinhos, os golpes, os estigmas nas costas e nas mãos. O Senhor desejava que ela participasse de seus sofrimentos, enquanto o demônio a molestava até durante a noite e com pancadas.
Durante seus primeiros anos como freira beneditina, Irmã Maria Luísa serviu sua comunidade como enfermeira, cuidando das irmãs doentes. Ela também era sacristã, encarregada da igreja do mosteiro, e serviu como mestra de noviças, sendo encarregada da formação de novas freiras. Todos esses trabalhos ela realizou por vários anos, cumprindo silenciosamente as tarefas que lhe haviam sido atribuídas. Não há dúvida sobre sua determinação em exercê-los efetivamente e impregnando-os com caridade porque senão ela não teria sido tão estimada por suas irmãs e por pessoas fora do mosteiro, como foi o caso.
Em 1837 Irmã Maria Luísa foi eleita Abadessa. Foi nessa época que um de seus quatro diretores espirituais, o bispo Inácio Giovanni Cadolini, Bispo de Spoleto, a instruiu a colocar suas experiências místicas por escrito.
Em uma das visões que teve, Cristo alertou-a sobre a procedência de seus sofrimentos. O Redentor carregava a cruz quando lhe disse: “É assim que eu te amo, você será a vergonha de todos. Você será oprimida, e apesar de ser assediada por demônios, você sofrerá por causa de confessores. Eles vão querer ajudá-la, mas eles não serão capazes de...”.
Seu diretor espiritual, o Pe. Cadolini, Bispo de Spoleto, depois Arcebispo de Ferrara e Cardeal, por cinco anos a induziu a reconhecer a soberba e a obra do demônio nas suas visões. E num colóquio celestial ela recebeu grandes consolos: “Aqui, filha, é sua casa, aqui você descansará, pedirá o que quiser, colocará aqui todo o seu coração que eu aceitarei, aqueles dos justos por me amarem, os dos pecadores para convertê-los, os de incrédulos para que possam voltar à minha Igreja”.
O jesuíta Pe. Paterniani, confessor e biógrafo dela, narrou a vida extraordinária desta mulher que, ainda doente desde 1847, estando em sua cama liderou a comunidade e teve a energia para incentivá-la na rigorosa observância do carisma que a reuniu.
Ela fez reflorescer no mosteiro a observância da Regra, privilegiando a adoração ao Santíssimo Sacramento. Contemplava longamente o Crucifixo; a todos que pediam seus conselhos convidava a recorrerem com confiança amorosa na infinita Misericórdia de Jesus.
Certo dia, Jesus Cristo lhe apareceu no parlatório principal com o semblante de um peregrino. Na semana santa de 1847, ela viveu a Paixão de Cristo, como narra seu biógrafo: "Ao redor da cabeça tinha como sinais na forma de uma coroa de espinhos, perto do coração tinha uma ferida aberta cheia de sangue vivo, um sinal apareceu no meio das mãos...". Depois de uma pequena melhora, quando a Páscoa chegou ela piorou novamente, embora continuasse a governar o mosteiro até sua morte.
Madre Maria Luísa faleceu no dia 12 de setembro de 1847, aos quarenta e sete anos de idade apenas. Conservam-se muitas cartas suas originais, ou cópias feitas pelo seu confessor, o jesuíta Pe. Paterniani, que em 1870 escreveu a primeira biografia da Beata.
Mosteiro de Sta. Lúcia, Trévi |
Seus despojos repousam na igreja do Mosteiro de Santa Lúcia de Trévi., onde é venerada hoje. Seus restos mortais estão em um caixão de madeira colocado em um altar lateral na igreja. Ao lado do caixão, uma vela é sempre mantida acesa.
“A fé firme, sólida, ilimitada, elevava-a às alturas dos mistérios de Deus. Parecia que ela via com os olhos quanto nós cremos por fé. Sempre grata ao Senhor por este dom, exortava continuamente as suas irmãs de hábito a apreciar a virtude da fé, como princípio e fundamento de salvação e de beatitude”. Cardeal Angelo Amato – Homilia de Beatificação – 10 de novembro de 2012
www.santiebeati.it
COISAS DE SANTOS: 12 de setembro - Beata Maria Luísa Prosperi
Impressões da Itália: Beata Maria Luísa Prosperi - Abadia Beneditina de Cristo no Deserto (christdesert.org)
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