Após ter fundado e estabelecido
solidamente seu mosteiro de Solignac, no Limousine, Santo Eligio desejava
transformar uma casa que ele possuía em Paris em uma hospedagem para viajantes.
Após madura reflexão, ele mudou seu plano e instalou ali um mosteiro de virgens,
onde ele acolheu cerca de 300 jovens de diversas nações, escolhidas entre servas
ou nobres.
Ele colocou o mosteiro sob a direção de
Aurora ou Áurea, filha de Maurino e de Quiria, dando-lhe “a severa disciplina
de uma regra”, que se pode sem nenhuma dúvida identificar como aquela de São
Columbano de Luxeuil, mosteiro onde Santo Eligio havia sido formado. Santo
Eligio cuidou zelosamente de sua fundação que ele dotou e na qual ele mesmo
trabalhou para mobiliá-lo. Isto ocorreu no ano de 633.
Quando o mosteiro ficou acabado, Santo
Eligio edificou uma igreja em honra do Apóstolo São Paulo, para ali serem
sepultadas as servas de Deus. Esta igreja de São Paulo, que se tornou paróquia
a partir do século XII, foi fechada pela Revolução Francesa e destruída em
1798. Santo Eligio restaurou também outro oratório e o colocou sob a proteção
de São Marcial de Limoges; era ali que a comunidade cantava o Ofício.
Quanto a nossa homenageada deste dia,
Santo Ouen fez dela um elogio dizendo que ela era uma digna filha de Deus.
Santa Áurea foi efetivamente o modelo para suas Irmãs, que ela formou pelo
exemplo das virtudes cristãs e monásticas, e pelos sábios ensinamentos tirados
da leitura do Evangelho.
Deus fez que suas virtudes fossem manifestadas por milagres. A oração
perpétua era sua prática habitual; quando ela via alguém sofrendo ou na
miséria, ela se apressava, com uma caridade infatigável, em consolá-lo ou
socorrê-lo.
Quando uma terrível peste castigava Paris, Santo Eligio apareceu na
Igreja de São Marcial a um jovem que, aterrorizado, desejava se esconder,
quando o bispo lhe ordenou ir dizer à abadessa que ele a esperava. Ela se
apressou em atender ao chamado do Santo, mas ele já havia desaparecido quando
ela chegou; ela compreendeu que ele a convidava a deixar este mundo. Ela
realmente faleceu pouco tempo depois, no dia 4 de outubro de 666, com 160
monjas; foi tratando dos doentes e consolando os aflitos que elas contraíram a
terrível doença.
Santa Áurea foi sepultada na Igreja de São Paulo. Cinco anos depois,
suas relíquias foram transportadas e depositadas na Igreja de São Marcial, que
mudou sua invocação para Santo Eligio e Santa Áurea. Esta transladação de seus
santos despojos era uma forma de canonização da Igreja na época
Tendo caído em decadência, o mosteiro foi unido a Sé Episcopal de Paris
e dado pelo bispo aos monges de Saint-Maur-des-Fossés em 1107.
Em 3 de abril de 1402, foi feita uma transladação solene de seus
preciosos despojos; eles foram colocados em um novo relicário e levados para a
Igreja de São Paulo, de onde eles foram enviados ao mosteiro de São Marcial. O
relicário era exposto à veneração dos fieis na festa de Santa Áurea e de Santo
Eligio.
Em 1636, o primeiro Arcebispo, João Francisco de Gondi, colocou aquela
igreja sob os cuidados dos Barnabitas.
As relíquias de Santa Áurea recebiam igual veneração às de Santa
Genoveva em Paris.
O priorado subsistiu até a Revolução Francesa que destruiu tudo. O
relicário foi levado pelos revolucionários em 1792, mas as relíquias de Santa
Áurea, que tinham sido conservadas ali, foram salvas, mas dispersas em diversos
lugares, notadamente na Normandia.
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