segunda-feira, 29 de abril de 2013

Beata Paulina von Mallinckrodt, Fundadora - 30 de abril

    
     Paulina von Mallinckrodt nasceu no dia 3 de junho de 1817 em Minden, Vestefália. Era a filha mais velha de Detmar von Mallinckrodt, de religião protestante e alto funcionário do governo da Prússia, e de sua esposa, a Baronesa Bernardine von Hartmann, de religião católica, nascida em Paderborn.

     Desde pequena absorvia com avidez a formação dada por sua mãe com amor. Dela herdou uma fé profunda, um grande amor a Deus e aos pobres, e uma férrea adesão à Igreja Católica e a seus pastores. Herança paterna: a firmeza de caráter, os sólidos princípios, o respeito aos demais e o cumprimento da palavra empenhada.
     Paulina passou parte de sua infância e de sua juventude em Aquisgrán, para onde seu pai fora trasladado. Quando contava 17 anos sua mãe faleceu e ela tomou a direção da casa e da educação de seus irmãos menores, Jorge e Hermann, e da pequena Berta. Cumprida sua tarefa, encontrava tempo e meios para se colocar ao serviço de tantos pobres que sofriam as consequências causadas pelas mudanças sociais, econômicas e técnicas de seu século. Em Aquisgrán, com suas amigas, cuidava dos doentes, das crianças e dos jovens.
     Aos 18 anos recebeu o sacramento da Confirmação e passou a assistir a Missa diariamente. Um pouco mais tarde, seu confessor lhe permitiu a comunhão diária, algo não frequente naquela época. Fruto da Crisma foi também a decisão de consagrar sua vida inteira ao serviço de Deus.
     Quando seu pai se retirou do serviço estatal e se instalou com sua família em Paderborn, Paulina continuou sua atividade caritativa. Convidava e entusiasmava senhoras e jovens a colaborar no cuidado de doentes pobres, mas acima de tudo lhe parecia mais necessária a educação e instrução das crianças pobres.
     Fundou um acolhimento para crianças cegas com o intuito de cuidar delas e de instrui-las. Sob o impulso da graça, organizou a Liga Feminina para o cuidado dos doentes pobres. Fundou um jardim da infância para atender às crianças das mães que trabalhavam fora de seu lar para ganhar o sustento da família. A fundação deste jardim da infância em 1840 foi uma ideia inovadora.
     Paulina ia até os casebres dos pobres para aliviar suas misérias; os ajuda, consola, exorta e reza com os enfermos, sem temer a sujeira ou os contágios: "Nunca encontrei uma pessoa como ela. É difícil descrever a imagem tão atraente e emotiva de seu viver em Deus", escreve em uma carta sua prima Berta von Hartmann.
     Em 1842, pouco depois da morte do Senhor von Mallinckrodt, confiaram a Paulina o cuidado de umas crianças cegas muito pobres. Ela as atendeu com a afabilidade que a caracterizava. E como Deus sabe guiar tudo segundo seus planos, foram as crianças cegas que deram origem a Congregação, porque diversas congregações religiosas admitiriam Paulina, mas não aos cegos.
     Monsenhor Antônio Claessen, após escutá-la com atenção e de rezar muito, fez Paulina compreender que era chamada por Deus para fundar uma Congregação. Em 21 de agosto de 1849, obtida a aprovação do Bispo de Paderborn, Monsenhor Francisco Drepper, Paulina com três companheiras funda a Congregação das Irmãs da Caridade Cristã, Filhas da Bem-aventurada Virgem Maria da Imaculada Conceição. Logo outros campos de atividade lhe são abertos: lares para crianças e escolas.
     Abençoada pela Igreja, a Congregação floresceu e se estendeu rapidamente na Alemanha; mas, como toda obra grata a Deus, teve que ser provada pelo sofrimento, a prova não tardou a chegar. Em 1871, o Chanceler von Bismark empreendeu uma dura luta contra a Igreja Católica. Uma após outra, Madre Paulina vê serem fechadas e expropriadas as casas da Congregação na Alemanha.
     Com seu profundo espírito de fé, ela vê a mão de Deus nesta perseguição religiosa. As casas da jovem Congregação foram confiscadas, as Irmãs expulsas, a fundação parecia chegar ao seu fim. Mas, justamente então produziu frutos.
     Na mesma época das perseguições na Alemanha chegaram muitos pedidos vindos dos Estados Unidos e da América do Sul para que as Irmãs fossem àquelas regiões ensinar as crianças alemãs. Paulina respondeu enviando pequenos grupos de Irmãs a Nova Orleans em 1873.
     Nos meses seguintes mais grupos de religiosas foram enviadas aos Estados Unidos e ela mesma fez duas longas viagens à América para constatar pessoalmente as necessidades do Novo Mundo, onde fundou em pouco tempo uma Casa Mãe em Wilkesbarre, Pensilvânia. As Irmãs abriram também casas nas arquidioceses de Baltimore, Chicago, Cincinnati, Nova York, Filadélfia, St. Louis e St. Paul, e na diocese de Albany, Belleville, Brooklyn, Detroit, Harrisburg, Newark, Sioux City e Syracuse.
     Em novembro de 1874, as primeiras religiosas chegaram à diocese de Ancud, no Chile, solicitadas por Monsenhor Francisco de Paula Solar. Uns anos mais tarde, dali partiriam para o Rio da Prata: em 1883, para Melo, Uruguai, e em 1905, para Buenos Aires, Argentina.
     Pelo fim da década de 1870, a perseguição religiosa na Alemanha terminou e as Irmãs puderam voltar da Bélgica para sua pátria, onde continuaram sua obra. A Congregação tinha crescido em número e em missões durante os anos de perseguição. Madre Paulina voltou a Paderborn depois de sua viagem a América em 1880.
     Poucos meses depois, Madre Paulina adoeceu gravemente e, para grande sofrimento das Irmãs, faleceu no dia 30 de abril de 1881. Ela foi beatificada em 14 de abril de 1985. 
Fonte: http://es.catholic.net/santoral/articulo.php?id=36482

sábado, 27 de abril de 2013

Santa Valéria, S. Vital e filhos, mártires de Ravena - 28 de abril

    
     São Vital teve uma vasta representação na arte: a ele é dedicada a Basílica de São Vital em Ravena, com seus magníficos mosaicos, e a igreja de mesmo nome em Veneza, onde ele é apresentado vestido como um soldado a cavalo levantando uma bandeira, com espada, lança e maça, instrumento do martírio de sua esposa Valéria. Ainda é dedicada a ele a igreja de São Vital em Roma, com afrescos narrando seu martírio.

     As primeiras informações que temos de Vital e Valéria estão contidas em um livreto escrito por Filipe, chamado 'servus Christi’, que apresentava os mais antigos grupos de vida cristã em Milão, e que foi encontrado perto da cabeça dos corpos dos mártires Gervásio e Protásio, encontrados por Santo Ambrósio, em 396.
     O livreto, além de narrar o martírio dos dois irmãos, também descreve o de seus pais, Vital e Valéria, e do médico Ursicino, natural de Ligúria, mas talvez trabalhando em Ravena, os quais viveram e morreram no século III.
     Vital era um oficial que acompanhou o juiz Paulino de Milão para Ravena. Quando a perseguição contra os cristãos começou, acompanhou e encorajou Ursicino condenado à morte, o qual, durante o trajeto ao local da execução, tinha ficado perturbado pelo horror de encontrar-se diante de morte violenta. Ursicino foi decapitado e enterrado decentemente por Vital, dentro da cidade de Ravena.
     Vital também foi preso e após ser submetido a várias torturas para fazê-lo apostatar do Cristianismo, o juiz Paulino ordenou que fosse jogado em um poço profundo e coberto com pedras e terra; assim, também ele se tornou um mártir de Ravena e seu túmulo perto da cidade tornou-se uma fonte de graça.
     Valéria, sua esposa, queria recuperar o corpo do marido, mas os cristãos de Ravena o impediram, então ela tentou retornar para Milão, mas durante a viagem encontrou um bando de idólatras que a obrigaram a sacrificar ao deus Silvano; ela recusou e foi espancada de forma tão violenta que, levada para Milão, morreu três dias depois.
     Seus filhos, Gervásio e Protásio, venderam todos os seus bens, dando o valor aos pobres e dedicaram-se às leituras sagradas, oração; dez anos mais tarde, eles também foram martirizados. O já citado Filipe foi quem cuidou do sepultamento dos irmãos mártires.
     Muitos estudiosos acreditam que a narrativa é em parte imaginativa, reconhecendo nos personagens mencionados outras figuras de mártires venerados em Milão e Ravena. A antiga Igreja de Santa Valéria, em Milão, destruída em 1786, para os estudiosos não era senão a “cella memoriae” da primitiva área do cemitério milanês dedicado precisamente à gens Valéria.
     Em todo caso, lengendário ou verdadeiro, a narração é documentada por monumentos famosos também de considerável antigüidade. A basílica de Ravena, consagrada em 17 de maio de 548, é dedicada não só a São Vital, como também a seus filhos Gervásio e Protásio, cujas imagens estão localizadas abaixo da lista dos apóstolos, enquanto um altar lateral é dedicado a São Ursicino.
     Nos mosaicos de Santo Apolinário Novo estão representandos todos os cinco personagens: do 11 ao 14º lugar, nas fileiras dos santos, estão os quatro homens; e na fileira das santas, no nono lugar está Valéria.
     Numerosos documentos e martirológios os nomearam ao longo dos séculos, especialmente Sao Vital e São Ursicino mártires em Ravena. Em Milão, surgiram as três igrejas que, devido à sua proximidade, confirmam a estreita relação dos mártires: como era costume então, construiram a igreja de Sâo Vital, a igreja de Santa Valéria (mais tarde destruída) e Santo Ambrosio, onde repousam os irmãos gêmeos Gervásio e Protásio. 
* * *
      Que este Santo Casal, como milhares de outros que durante séculos deram para a Santa Igreja filhos santos, interceda junto a Deus pela família tradicional ameaçada por leis iniquas. Na França, foi aprovada a lei Taubira na terça-feira passada, apesar de manifestações multitudinárias que vêm acontecendo desde que o governo Hollande resolveu implantar o “casamento” homossexual. Após a aprovação da lei, a despeito da total recusa da Opinião Pública francesa, os católicos continuam suas manifestações de repudio com vigílias, reza do terço etc. Os prefeitos se recusam a aplicar a lei, isto é, a fazer tais “casamentos”. Que Nossa Senhora e São José mantenham essa onda admirável de reação! 


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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Santa Franca de Piacenza, Abadessa - 25 de abril

    

     Franca Visalta (1170–1218) nasceu em Piacenza (Emilia), Itália. Tinha apenas sete anos quando entrou no convento beneditino de São Ciro de Piacenza para se educar.
     Aos 14 anos fez sua profissão religiosa, e, apesar de sua juventude, superava as outras religiosas em obediência, devoção e esquecimento de si mesma.
     Por ocasião da morte da abadessa, foi eleita para sucedê-la, porém a férrea disciplina imposta por ela produziu sua imediata substituição no cargo.
     Durante anos a santa teve que enfrentar calúnias, falsos testemunhos e graves provas interiores. Seu único consolo era uma jovem chamada Carencia; Franca persuadiu os pais da noviça a construir uma casa cisterciense em Montelana. Franca se tornou abadessa deste convento e manteve uma estrita norma e austeridade, porém depois de dois anos decidiu transladar suas monjas para o convento de Vallera e em seguida para Pittolo (Plectoli), em Piacenza, para não expô-las aos roubos e assaltos, bem como a falta de alimentos.
     A santa foi nomeada abadessa da nova fundação, onde reinava a austeridade e a pobreza da regra cisterciense. A abadessa não ficava satisfeita e passava noites inteiras na capela entregue à oração.
     Ao verem que a saúde da abadessa se debilitava de forma alarmante, as religiosas ordenaram que o sacristão guardasse a chave da capela; porém isto não bastou para impedir que a fervorosa superiora continuasse com suas vigílias.
     Finalmente, a santa faleceu em 25 de abril de 1218, resultado de uma febre, aos 43 anos de idade.
     Suas filhas religiosas, levando em conta a sua grande devoção por seu mosteiro, sepultaram-na na igreja do convento em Pittolo. Ali seus restos mortais foram objeto de grande veneração e mais ainda quando grandes milagres aconteceram por sua intercessão.
     Em 1273, seu culto foi confirmado pelo Papa Gregório X (1271-1276). Parece que esta confirmação foi feita verbalmente quando o Papa passou por Piacenza se dirigindo ao Concilio de Lyon.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Beata Helena Valentini, Religiosa Agostiniana - 23 de abril

    
Helena Valentini nasceu em 1396 (ou 1397) em Udine, Itália, na família dos Valentini, senhores de Maniago, e se casou em 1414 com o nobre Antônio Cavalcanti; o casal teve seis filhos.

     Tendo ficado viúva em 1441, decidiu retirar-se do mundo e, sob a influência da palavra vibrante do agostiniano Ângelo de São Severino, se fez terceira agostiniana.
     Depois de ter emitido a profissão, até 1446 continuou a viver na casa deixada para ela pelo marido, quando foi morar com a irmã Perfeita, ela também terceira agostiniana.
     Levou sempre uma vida de penitência e de rigorosa mortificação, alimentando-se quase que somente de pão e água, dormindo sobre um duro leito de pedras recoberto de uma fina camada de palhas, flagelando-se continuamente e caminhando com trinta e três pedras nos sapatos “por causa do amor que tive aos bailes e danças que no mundo frequentei ofendendo ao meu Senhor, e pelo amor que levou o meu terno Jesus a caminhar durante trinta e três anos no mundo por amor de mim”.
     Todas as formas de penitência que ela se impunha sempre foram inspiradas pelo duplo motivo: imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo e antítese de sua vida anterior. Com grande força e ânimo, numa pequena cela na sua casa, enfrentou toda sorte de provações e somente saia para rezar e meditar na sua querida igreja de Santa Luzia.
     A sua vida de completa renúncia e de luta foi confortada por êxtases e visões celestes, e Deus a recompensou com o dom dos milagres e do conhecimento de coisas ocultas.
     Como resultado da fratura dos fêmures, a Beata permaneceu os últimos anos de vida presa a seu pobre e duro leito, demonstrando uma grande serenidade e paciência até a morte, que ocorreu no dia 23 de abril de 1458.
     Depois de vários traslados, em 1845 os despojos da Beata encontraram um digno local na Catedral, onde ainda hoje estão expostos à veneração pública. Seu culto foi confirmado em 1848 pelo Beato Pio IX. A sua memória litúrgica acontece em 23 de abril.

sábado, 20 de abril de 2013

Santa Endelienda, Virgem - 20 de abril

      

  
     A memória de Endelienda permanece viva no nome da pequena cidade de St. Endellion onde ela foi sepultada.
     Segundo a tradição, Endelienda (Cenheidlon em celta), era filha do Rei Brychan de Brycheiniog, da região sul de Gales. Ela nasceu por volta do ano 470 d.C. A povoação de St. Endellion, na Cornuália, assim chamada em sua homenagem, foi o ponto a partir do qual ela evangelizou a população local. Dois poços próximos à cidade também têm o seu nome.
     Mais tarde ela cruzou o canal de Bristol para juntar-se a seus irmãos que trabalhavam na conversão da população do Norte da Cornuália ao Cristianismo. Durante sua viagem, inicialmente ela permaneceu na Ilha de Lundy, onde se acredita que ela fundou uma pequena capela (atualmente dedicada a Sta. Helena). Mudou depois para a terra firme onde se encontrou com seu irmão São Nectan (*) em Hartland, antes de fixar-se em Trentinney, a sudeste da atual St. Endellion, mas ela retornava a Lundy de tempos em tempos para fazer retiros espirituais.
     Sua irmã, Santa Dilic (cuja igreja fica em Landulph), se estabeleceu nas proximidades e as duas se encontravam com frequência num caminho cuja relva sempre crescia mais verde do que em outro lugar.
     Ela viveu em Trentinney como eremita; a legenda conta que ela possuía uma vaca que garantia o leite para sua subsistência, e dois poços lhe forneciam água. A vaca foi morta pelo Lorde de Trentinney. Ele foi, por sua vez, morto pelo padrinho de Endelienda, revoltado com a morte do animal tão útil à ermitã. Mas Endelienda não se alegrou com o fato de que uma pessoa tivesse sido morta por sua causa e trouxe ambos, o lorde e a vaca, à vida.
      Acredita-se que ela morreu no mês de abril, em meados do século VI, e possivelmente nas mãos de piratas saxões. Ela foi sepultada no alto de um morro e uma igreja foi construída sobre seu túmulo. A atual igreja de St. Endellion fica no local de seu túmulo.
     Uma capela dedicada Santa Endelienda sobreviveu no local de sua ermida em Trentinney até o século XVI; e seu túmulo na igreja de St. Endellion era local de peregrinação durante a Idade Média. Seu túmulo, destruído nos tempos de Henrique VIII, foi restaurado e colocado a guisa de altar na extremidade da nave sul de sua igreja, e sobrevive até os dias atuais e ainda pode ser visto.
     A sua festa é celebrada em 20 de abril, mas em St. Endellion as celebrações em sua honra acontecem na quinta-feira da Ascensão e nos dois dias seguintes (especialmente no sábado).
     O Festival de Música Santa Endelienda acontece todos os anos na Páscoa e no verão na Igreja de Santa Endelienda.
 
(*) Conhecido também como Nudd, em celta; Natanus, em latim; Nathan, em inglês. É um dos santos mais célebres do oeste da Inglaterra, embora os detalhes de sua vida sejam bastante escassos. São Nectan atendia as necessidades dos pobres em todo Devon, Cornuália e até mesmo da Bretanha, onde igrejas dedicadas a ele podem ser encontradas. São Nectan faleceu em 17 de junho de 510. Seu corpo foi trazido para um santuário mais adequado nos anos 1030, e mais tarde os Cônegos de Santo Agostinho construíram uma abadia próxima ao seu túmulo.


Igreja de Sta. Endelienda
 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Santa Anastácia de Egina, Viúva e Abadessa - 18 de abril

    
     Há duas “Vitae”, substancialmente idênticas, uma grega e outra latina, que narram a vida de Santa Anastásia ou Atanásia. A grega é atribuída a Simão Metafraste; a latina é obra de Lippomano e de Surio, e consta da Acta SS. Augusti.

     Segundo a Vita, Anastácia viveu no século IX, na Ilha de Egina, Grécia. Ainda muito jovem se distinguia por suas virtudes. Desejava consagrar-se a Deus, mas, para obedecer aos pais, se casou. Seu esposo era um homem rico e jovem. Formaram um casal feliz até o falecimento do marido defendendo o porto de Egina, do qual os muçulmanos, vindos da Espanha, desejavam se apoderar.
     As leis da ilha forçavam as viúvas jovens a contrair novo casamento, pois ela estava despovoada devido à guerra. Seu novo esposo, mais rico do que o primeiro, era um homem bom e misericordioso com os pobres, como ela. Juntos se dedicavam à oração e a socorrer os indigentes.
     Depois de alguns anos, se separaram para se prepararem para a morte. Anastácia permaneceu em seu palácio, que transformou em convento, tendo sido eleita superiora (ou egumena, título dado na antiguidade ao leigo ou clérigo monástico eleito como dirigente do mosteiro; equivale a abade ou abadessa).
     As monjas tinham uma vida extremamente austera, e eram dirigidas por um habilidoso abade chamado Matias, que sugeriu que se mudassem para um lugar mais solitário: Tamia. Ali o mosteiro cresceu e prosperou.
     A fama de Anastácia chegou aos ouvidos da imperatriz de Constantinopla, Teodora, esposa do imperador Teófilo o Iconoclasta. A imperatriz pediu a ela que fosse ajudá-la a restaurar a veneração às imagens. Anastácia permaneceu em Constantinopla por sete anos. De volta a Tamia, apesar de muito doente, continuou assistindo ao ofício até a véspera de sua morte.
*
     A Ilha de Egina (Aegina), situada na costa de Atenas, tem um terreno rochoso, e a falta de boa terra agrícola obrigou os primeiros eginetianos a buscar o seu sustento no mar. Eles se tornaram excepcionais comerciantes marítimos. No início do século VI a.C. Egina foi o depósito central de cereais do Mar Negro a caminho do Peloponeso e, perto da metade desse século, Egina tinha obtido importantes concessões de cereais em Naucratis no Egito.
     Durante o curso de suas viagens, os comerciantes eginetianos tiveram acesso à cunhagem de moedas da Ásia Menor, e sua introdução para Egina foi uma consequência natural. As primeiras moedas europeias foram produzidas na Ilha de Egina por volta da metade do século VI d.C., e representam a tartaruga (refletindo o interesse marítimo do eginetianos) no anverso, enquanto que no reverso levava a marca de punção empregada para forçar o metal para dentro da forma do anverso. A Ilha de Siphnos era a fonte mais provável da prata usada no início da cunhagem de Egina; estas primeiras moedas foram encontradas enterradas até dois séculos mais tarde.
 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Santa Bernadete Soubirous, vidente de Lourdes - 16 de abril

    
     Bernadete Soubirous pertencia a uma família pobre; durante vários anos lhe foi confiada a guarda de rebanhos; aprendia com dificuldade o catecismo: - ‘Vai! Nunca serás mais do que uma louca e uma ignorante!’, dizia seu catequista desesperado. E Bernadete, confusa e meiga, lhe testemunhava ainda mais ternura.

     Um pouco depois, a Santíssima Virgem lhe apareceu várias vezes, nas margens do Gave. Este privilégio não excita seu amor próprio.
     - Eu não sei, dizia ela, se a Santíssima Virgem me escolheu por ser a mais ignorante!
     E numa outra ocasião, acrescentava:
     - Que mérito posso ter? A Santíssima Virgem se serviu de mim como duma pedra… fez como os bois de Betarram, que descobriram uma estátua.
     Às três horas da tarde do dia 16 de abril de 1879, os olhos que tinham visto Maria Santíssima se fecharam para sempre. Ainda na agonia ouviram Bernadete dizer “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, pobre pecadora”. Alguns momentos depois, soltou o último suspiro. Tinha pedido orações por si, ainda mesmo depois que falecesse.
     Uma imensa multidão assistiu ao seu funeral no dia 19 de abril de 1879, que foi necessário ser adiado por causa da grande afluência de gente totalmente inesperada.
     O documento mais significativo acerca das aparições e da própria Bernadete, é uma carta datada de 1862, onde Bernadete relata com clareza todo o ocorrido durante as dezoito visões. Somente parte da carta está disponível ao acesso público: 
     Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando eu ouvi um som de sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não eram delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave Maria, ela desapareceu. 
     Eu perguntei às minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a elas para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança.
     Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali. Na terceira vez que fui a senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do liquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa.
     Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, várias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei.
     Bernadete foi submetida a métodos de interrogatórios, constrangimentos e intimidações pelas autoridades civis que seriam inadmissíveis nos dias de hoje. Não obstante, nunca vacilou em afirmar com toda a convicção a autenticidade das aparições, o que fez até a sua morte.
     Para fugir à curiosidade geral, Bernadete refugiou-se como "pensionista indigente" no hospítal das Irmãs da Caridade de Nevers em Lourdes, em 1860. Ali recebe instrução e, em 1862, fez de próprio punho o primeiro relato escrito das aparições (acima).
     No dia 18 de janeiro de 1862, Mons. Bertrand Sévère Laurence, Bispo de Tarbes, reconheceu pública e oficialmente a realidade do fato das aparições.
     Em julho de 1866, Bernadete iniciou o seu noviciado no Convento de Saint-Gildard e, em 30 de outubro de 1867, fez a profissão de religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers. Dedicou-se à enfermagem até ficar imobilizada, em 1878, pela doença que lhe causou a morte.
     Desde 1858 até hoje, contínuas multidões se têm reunido em Lourdes, às vezes presididas por Papas ou seus Legados, e muito mais frequentemente por Bispos e Cardeais. Os milagres de curas são estudados com todo o rigor e só reconhecidos quando de todo certos. Mais numerosas são as curas de almas, embora mais dificeis de contar.
     Reduzida à sua expressão mais simples, poderiamos sintetizar desta forma a mensagem de Lourdes: A Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores. E para isso propõe três meios: a fonte de águas vivas, a oração, a penitência.
 
Fonte: Lourdes e suas aparições – ‘Santos de cada dia’, Pe. José Leite, S.J. 3ª. Edição.

domingo, 14 de abril de 2013

Beata Isabel Calduch Rovira, Mártir da Guerra Civil - 14 de abril

     Isabel (Josefina) nasceu em Alcalá de Chivert, diocese de Tortosa e província de Castellón de la Plana, em 9 de maio de 1882. Seus pais, Francisco Calduch Roures e Amparo Rovira Martí, tiveram cinco filhos, a última dos quais foi Isabel. Os que conviveram com ela dizem: “Durante sua infância viveu em um ambiente muito católico. Exercitou naquele tempo a caridade para com os necessitados. Com uma amiga, ela levava comida para uma anciã e a ajudava também no asseio pessoal e da casa”.
     Durante a juventude relacionou-se com um jovem da cidade, muito bom católico, mas rompeu o relacionamento para abraçar um estado de vida mais perfeito, sempre com o consentimento de seus pais.
     Entrou no mosteiro das Capuchinhas de Castellón de la Plana, vestindo o hábito em 1900. Seu irmão José conta: “Só a vocação foi o motivo que levou minha irmã a entrar na ordem religiosa”.
     Emitiu a profissão temporária em 28 de abril de 1901 e a perpétua em 30 de maio de 1904. As religiosas dizem: “Ela tinha um temperamento tranquilo e amável, sempre alegre. Era uma religiosa exemplar. Sempre contente. Muito observante da Regra e das Constituições. Muito modesta no olhar, prudente no falar e muito mortificada. Muito mortificada na alimentação; sempre muito estimada pela comunidade. Era uma alma de intensa vida interior, muito devota do Santíssimo, da Virgem e de São João Batista”.
     Desempenhou a função de Mestra de noviças por dois triênios, “fazendo isto com muito zelo para que fossem religiosas observantes; não fazia distinção entre as noviças”, disse dela a Irmã Micaela. Foi reeleita para outro triênio, que não chegou a completar devido à chegada da revolução.
     Quando a Guerra Civil eclodiu, o mosteiro foi fechado e a Irmã Isabel foi a Alcalá de Chivert (Castellón), onde tinha um irmão sacerdote, Mosén Manuel, que depois foi assassinado. Durante a permanência em sua cidade natal, se dedicou ao retiro e à oração. Foi ali aprisionada em 13 de abril de 1937 por um grupo de milicianos, junto com o Pe. Manuel Geli, franciscano.
     Conduzidos ao Comitê local, foram injuriados e maltratados. A Beata Isabel foi fuzilada no distrito de Cuevas de Vinromá (Castellón), e foi sepultada no cemitério local.
     Em 11 de março de 2001, o Papa Joao Paulo II beatificou a Irmã Isabel junto com 232 mártires da perseguição religiosa na Espanha.
-.-
     Em outubro de 2011, o convento das Clarissas Capuchinhas de Castellón de la Plana, onde se encontravam os restos mortais da Beata Isabel, foi transladado para o convento da Ordem em Basbastro (Huesca). O translado iniciou-se em junho e as Irmãs levaram os despojos da Beata para a nova residência causando mal-estar entre os eclesiásticos e os fieis da cidade, que veneravam seu altar na igreja das Capuchinhas, recorrendo a ela em suas necessidades e fazendo doações. A partir de então a primeira beata de Castellón de la Plana fica a 400 k de distância de seus conterrâneos...

sábado, 13 de abril de 2013

Santa Teresa de Jesus dos Andes, Carmelita Descalça - 13 de abril

Padroeira da Juventude da América Latina
 

     A jovem que hoje é glorificada na Igreja com o título de Santa é uma profetisa de Deus para os homens e mulheres de nosso tempo. Teresa de Jesus dos Andes, com o exemplo de sua vida põe diante de nossos olhos o Evangelho de Cristo encarnado e levado à prática até as últimas exigências. Com a linguagem de sua intensa vida, ela nos confirma que Deus existe, que Deus é amor e alegria, que Ele é nossa plenitude.
     Nasceu em Santiago do Chile em 13 de julho de 1900. Na pia batismal foi chamada Joana Henriqueta Josefina dos Sagrados Corações Fernández Solar. Era conhecida familiarmente com o nome de Juanita.
     Seus pais, Miguel Fernández e Lucia Solar, três irmãos e duas irmãs, avô materno, tios, tias e primos: no seio desta família passou sua infância. A família gozava de muito boa posição econômica e conservava fielmente a fé cristã, vivendo-a com sinceridade e constância.
     Joana recebeu sua formação escolar no colégio das monjas francesas do Sagrado Coração. Sua curta e intensa história se desenvolveu entre a vida estudantil e a vida familiar. Aos catorze anos, inspirada por Deus, decidiu consagrar-se a Ele como religiosa, em concreto, como carmelita descalça. Seu desejo se realizou em 7 de maio de 1919, quanto ingressou no pequeno mosteiro do Espírito Santo no povoado de Los Andes, a uns 90 k de Santiago.
     No dia 14 de outubro deste mesmo ano vestiu o hábito de carmelita, iniciando assim seu noviciado com o nome de Teresa de Jesus. Sabia desde há muito tempo que morreria jovem. O Senhor lhe revelaria também, como ela mesma o comunicou a seu confessor um mês antes de sua partida. Aceitou esta realidade com alegria, serenidade e confiança, certa de que continuaria na eternidade sua missão de fazer Deus conhecido e amado.
     Depois de muitas tribulações interiores e indizíveis sofrimentos físicos causados por um violento ataque de tifo que acabou com sua vida, faleceu ao entardecer do dia 12 de abril de 1920. Havia recebido com intenso fervor os santos sacramentos da Igreja e no dia 7 de abril havia feito a profissão religiosa em artigo de morte. Ainda lhe faltavam três meses para cumprir 20 anos de idade e seis meses para acabar seu noviciado canônico e poder emitir juridicamente sua profissão religiosa. Morreu como noviça carmelita descalça.
     Ela havia despertado para a vida da graça muito pequenina. Assegura que aos seis anos, atraída por Deus, começou a voltar sua afetividade totalmente para Ele. “Quando houve o terremoto de 1906, pouco tempo depois Jesus começou a tomar meu coração para Si” (Diario, n. 3, p. 26).
     Sua natureza era totalmente contrária à exigência evangélica: orgulhosa, egoísta, com todos os defeitos que isto supõe, como acontece com todos nós. Porém, o que ela fez, diferente de nós, foi iniciar uma batalha encarniçada contra todo impulso que não nascesse do amor de Deus.
     Aos 10 anos era uma nova pessoa. A motivação imediata foi o Sacramento da Eucaristia que ia receber. Compreendendo que nada menos que Deus ia morar dentro dela, trabalhou para adquirir todas as virtudes que a fariam menos indigna desta graça, conseguindo em pouquíssimo tempo transformar seu caráter por completo.
     Na celebração deste Sacramento recebeu de Deus graças místicas de locuções interiores que se mantiveram ao longo de sua vida. A inclinação natural para Deus desde esse dia se transformou em amizade, em vida de oração.
     Aos 15 anos fez o voto de virgindade por nove dias, renovando-o depois continuamente. A santidade de sua vida resplandeceu nos atos de cada dia nos ambientes onde transcorreu sua vida: a família, as amigas, os inquilinos com quem compartilhava suas férias e a quem, com zelo apostólico, catequisou e ajudou.
     Jovial, alegre, simpática, atraente, desportista, comunicativa, nos anos de sua adolescência alcançou o perfeito equilíbrio psíquico e espiritual, fruto de sua ascese e de sua oração. A serenidade de seu rosto era reflexo dAquele que vivia nela.
     Sua vida monástica, de 7 de maio de 1919 até sua morte, foi o último degrau de sua ascensão ao cume da santidade: onze meses foram suficientes para consumar sua vida totalmente transformada em Cristo. A Ordem da Virgem Maria do Monte Carmelo preencheu os desejos de Juanita ao comprovar que a Mãe de Deus, a quem amou desde menina, a havia atraído para formar parte dela.
     Foi beatificada em 3 de abril de 1987 e canonizada em 21 de março de 1993. Seus restos mortais são venerados no Santuário de Auco-Rinconada de Los Andes por milhares de peregrinos que buscam e encontram nela o consolo, a luz e o caminho reto para Deus.
     Santa Teresa de Jesus dos Andes é a primeira Santa chilena, a primeira Santa carmelita descalça fora das fronteiras da Europa e a quarta Santa Teresa do Carmelo, após Santa Teresa de Ávila, Santa Teresa de Florença e Santa Teresa de Lisieux.
 
 
     Juana Fernandez Solar: faleceu aos 19 anos de idade. ...tinha os olhos cor de jacinto e 1.73 m de altura... praticava hipismo
     “Joana era tímida e de caráter suave. Fugia de toda a exibição. Era sensata e equilibrada. Chamava a atenção pela sua precocidade infantil, inteligência e piedade”.
     A frase que mais identifica a nossa jovem é esta, de Teresa dos Andes (Joana) a seu irmão Lucho: “Jesus Cristo, esse Louco de Amor, tornou-me louca!”
Do Blog da OCDS

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Santa Gema Galgani, mística - 11 de abril

    
     Gema Maria Humberta Pia Galgani, Gema Galgani, como é mais conhecida, nasceu a 12 de março de 1878 em Borgo Nuovo, um vilarejo situado perto de Lucca, Norte da Itália.

     Seu pai era um próspero químico e descendente do Beato Giovanni Leonardi. A mãe de Gema era também de origem nobre. Henrique Galgani e Aurélia Landi proporcionaram um ambiente de virtude favorável para desabrochar uma grande santa dos tempos modernos. Os Galgani eram uma família católica tradicional que foi abençoada com oito filhos. Batizaram a filha como "Gemma" que, em italiano, significa joia.
     Ela foi a quinta a nascer e a primeira menina da família, desenvolveu uma atração irresistível pela oração desde muito pequena. Essa atração pela oração lhe veio de sua piedosa mãe, que lhe ensinou a fé católica; foi ela também que infundiu em Gema o amor por Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado.
     Já aos cinco anos lia o Ofício de Nossa Senhora e o dos defuntos. A piedade desenvolvera nela uma majestade de porte que não se costuma encontrar em idade infantil. Embora fosse a mais jovem aluna de sua classe, inspirava tal respeito, que era tratada como a mais velha. Nada se fazia sem ela e todas as colegas a estimavam. Com fisionomia serena, mostrava-se sempre a mesma, fosse elogiada ou repreendida.
     Sua mãe morreu de tuberculose quando Gema tinha apenas sete anos e desde então passou a ter muito trabalho doméstico e muitos problemas pessoais e espirituais. Mas ela os suportou com paz e extraordinária paciência. Desde muito cedo experimentava fenômenos sobrenaturais como visões, êxtases, revelações, manifestações sobrenaturais miraculosas e estigmas periódicos.
     Seu pai faleceu quando Gema tinha 18 anos e ela passou a residir na casa de Mateo Giannini como serviçal doméstica. Ela desejava entrar para o convento das Passionistas em Lucca, no qual o seu confessor era diretor espiritual, mas devido à sua fragilidade física, saúde precária, que incluía uma meningite espinhal, e por ter visões místicas, foi rejeitada. Mais tarde, Gema curou-se graças à intercessão de São Gabriel da Virgem Dolorosa.
     Aos 21 anos era humilde, dócil, respeitosa, incapaz de uma leviandade ou de um capricho. Ouvia duas missas antes que os outros levantassem: uma em preparação para a comunhão e outra em ação de graças. Ao regressar da igreja, juntava-se imediatamente às criadas para cuidar dos mais novos, tirar água, arrumar os quartos, lavar a louça, auxiliar a cozinheira e atender aos enfermos da casa.
     Mesmo depois de ter visto a face de Jesus Crucificado, sofrido com Ele e contemplado os grandes mistérios da Redenção, encontrava-se perfeitamente disposta a presidir os divertimentos das crianças.
     O Sacerdote que frequentava a casa dos Giannini comentou que ela praticava as virtudes com tanto entusiasmo, constância e serenidade de espírito que pareciam ser naturais para ela. Estava acostumada a praticar com heroísmo a virtude da obediência. E, de modo especial, em relação à palavra do Pe. Germano de Santo Estanislau, C.S.S.R., seu diretor espiritual.
     Entre 1899 e 1901 Gema sofreu por 18 meses os estigmas da Crucificação de Cristo (stigmata), além das marcas dos espinhos e dos açoites de Jesus. Experimentou visões de Cristo e da Virgem Maria e do seu Anjo da Guarda. Quando em êxtase, fenômenos sobrenaturais (supranormais) manifestavam-se nela, entre os quais a mudança do som de sua voz e o falar em linguagem usada na época de Cristo (aramaico), da qual não poderia ter conhecimento, visto que apenas poucos luminares em Roma foram capazes de decifrar suas visões e revelações (fenômeno conhecido como glossolalia religiosa).
     Gema tinha uma imensa devoção à Sagrada Eucaristia. Ela escreveu ao seu diretor espiritual: "Se o Senhor pudesse ver, provar, e se dar conta das boas dádivas que Jesus me dá! Digo, Pai, que não há um minuto em que eu não sinta a Sua doce presença. Ele se revela cada vez mais amoroso. Hoje, na Comunhão, Ele estava quase brincalhão, Ele disse: 'Vê, Gema, tenho no meu Coração uma filhinha que eu amo muito, e por quem Eu sou muito amado, (ela) está sempre me pedindo amor e pureza, e Eu, que sou o próprio Amor e a própria Pureza, derramei sobre ela tanto desses tesouros quanto é possível a uma criatura humana possuir. Sempre preservei a pureza do coração dessa criança como o coração de alguém escolhido pelo próprio Divino Esposo, e eu a preservei como um lírio imaculado do Paraíso em meu puro amor'".
     Gema não esquecia nenhum meio de defesa contra os ataques que sofria por parte do demônio: cruz, relíquias dos santos, escapulários, exorcismos e, acima de tudo, recurso filial a Deus, à Maria Santíssima, ao Anjo da Guarda e ao seu diretor espiritual.
     Morreu placidamente, sem agonia, na data de uma importante festa litúrgica, como sempre desejou: era uma hora da tarde do Sábado Santo, dia 11 de abril de 1903.
     Sua popularidade aumentou em 1943, quando foram publicadas suas cartas para o Pe. Germano. Além das memórias, dela nos restaram os colóquios de 150 êxtases, anotados pelas piedosas senhoras que a cercavam.
     Foi beatificada em 1933 e canonizada pelo Papa Pio XII em 1940.
     Esta jovem italiana, falecida no início do século e quase desconhecida no Brasil, é certamente um providencial modelo de serenidade, espírito de renúncia, pureza e radicalidade antidemoníaca para a juventude intemperante e agitada da época do rock.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Beata Margarida Rutan, Virgem e mártir da Rev. Francesa - 9 de abril

    

Margarida Rutan nasceu no dia 23 de abril de 1736, em Metz, então sob o reinado de Francisco II de Lorena, e foi a oitava de quinze filhos. Margarida foi batizada no mesmo dia de seu nascimento na Igreja de Santo Estevão de Metz.

     Seu pai era Carlos Gaspar Rutan e sua mãe Maria Forat. Eram pais exemplares que deram a seus filhos uma religiosidade forte, tanto que outras duas irmãs de Margarida, Francisca e Teresa Antonieta, se tornarem Irmãs nas Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo. Ambas morrem jovens: a primeira em 1764, a segunda em 1770.
     Aos 18 anos, Margarida sentiu um forte desejo de dedicar sua vida ao Senhor, e informou à família a decisão de se tornar também religiosa das Filhas da Caridade. Mas não lhe foi concedida autorização até a idade de 21 anos.
      Em 23 de abril de 1757, data de seu batismo e seu aniversário de 21 anos, Margarida ingressou na Casa-Mãe do Instituto, em Paris, no subúrbio de Saint-Denis. Em setembro daquele ano, a Irmã Margarida terminou o período de formação inicial e foi enviada pela Comunidade "em missão" a vários hospitais na França, onde ela estaria a serviço dos doentes.
     Consta que ela foi enviada a Pau em 1757. Ainda se sentiam os efeitos das grandes festas de canonização de São Vicente de Paulo (1732) e nos 15 anos de estadia em Pau, Irmã Margarida viveu num contexto ainda fortemente impregnado de recordações das virtudes e da santidade do Fundador.
     A pedido do Bispo e do administrador do hospital da cidade de Dax, que necessitavam de uma Irmã particularmente hábil e capaz para administrar o hospital, a Superiora decidiu enviar Irmã Margarida. Ela chegou no mês de agosto de 1789. Documentos e testemunhos atestam os dotes de ótima organizadora da nova Superiora, a qual contribuiu para a melhora da estrutura do hospital, pela sua ampliação e pela construção de uma nova capela. Não foi inferior a sua contribuição ao quadro assistencial dos doentes. Diversos soldados, feridos em combate, eram enviados ao hospital e as Filhas da Caridade atendiam-nos com diligência.
     Dia a dia a figura da nova Superiora conquistava notoriedade e prestigio, o que a tornava conhecida também dos chefes da Revolução.
     Devemos nos recordar que Irmã Margarida chegou a Dax em 1789 na idade de 43 anos, e desenvolveu seus trabalhos nos anos os mais duros e violentos da Revolução Francesa. E ela, como pessoa de proa, foi perseguida pelos revolucionários, pessoas embebidas de ódio contra a Igreja e a monarquia. Em Dax funcionava uma Sociedade Popular, o Comitê de Vigilância e Representantes do Povo, do qual faziam parte personagens animadas de forte ódio contra a Igreja.
     Em 3 de outubro de 1793, todas as Irmãs que serviam em hospitais ou escolas, se viram diante da escolha: ou fazer o juramento da nova constituição revolucionária, ou retirar-se do emprego. As Filhas da Caridade do hospital de Dax recusaram o juramento com todas as suas conseqüências.
     Em dezembro 1793, uma delegação da Sociedade Popular da cidade de Dax, expôs ao Comitê de Fiscalização queixa contra o hospital de Dax e a superiora, trazendo várias acusações contra ela.
     Irmã Margarida foi acusada de corromper e enfraquecer com a sua falta de civismo os soldados revolucionários e republicanos que foram hospitalizados para tratamento, e foi acusada também por ser reconhecida como nobre e não respeitar os sans-culottes da cidade (assim eram chamados os revolucionário). O Comitê considerou que as acusações tinham fundamento e a declararam antipatriótica, contrária aos princípios da revolução, fanática, supersticiosa e aristocrata.
     Irmã Margarida foi colocada na prisão no dia 24 de dezembro de 1793, junto com outras 54 senhoras, no ex-convento das Carmelitas, transformado em prisão feminina, enquanto os homens eram encarcerados no ex-convento dos Capuchinhos.
     Em 3 de março de 1794, outras Filhas da Caridade do hospital foram encarceradas, porque demonstraram na sua conduta “aristocracia”, “fanatismo”, “superstição”.
     Em 28 de março de 1794, foi feita uma investigação em sua cela, onde foram encontrados folhetos e objetos que, segundo o julgamento dos revolucionários, eram provas de seu espírito antirrepublicano e de seu envolvimento com personagens contrários a revolução.
     Na prisão, Irmã Rutan fora mantida em total isolamento e submetida a toda sorte de interrogatórios judiciais, nos quais não lhe foi concedido o direito de se defender. No final do último interrogatório, os juizes emitiram a sentença, que seria executada no mesmo dia. Após a leitura da sentença, a Irmã Margarida queria responder a essas acusações injustas, mas a um sinal do presidente, o rufar de tambores ecoaram tão alto que encobriram a voz dela.
     Após quatro meses de cativeiro, a Irmã Margarida foi executada com o Pe. Lannelongue, seu companheiro de martírio. A Irmã Margarida teve as mãos atadas atrás das costas e foi em seguida amarrada ao Pe. Jean Eutrope Lannelongue. Quando a procissão começou a se mover, a Irmã Margarida cantou o Magnificat. Era a tarde de 9 de abril de 1794, quarta-feira da Semana da Paixão. No domingo seguinte foi a Páscoa da Ressurreição.
      Os dois soldados mais próximo da carroça não conseguiam esconder a profunda tristeza pelas duas vítimas inocentes que iam acompanhando ao cadafalso. Margarida, sentindo-se tocada pelo sentimento deles, depois de tentar em vão consolá-los como um sinal de amizade, deu a um o seu relógio e ao outro o seu lenço.
     Na chegada, Margaret olhou para a guilhotina, parando por um instante a contemplá-lo; o carrasco que estava nas proximidades, tentou arrancar o lenço que lhe cobria o pescoço, mas ela com um gesto o interrompeu.
     Ela subiu as escadas com passo firme, se ajoelhou e abaixou a cabeça, pronta para receber o golpe mortal. A cabeça caiu, mas a alma, acompanhada de muitas pessoas pobres que ela serviu, entrou no reino dos céus para receber a palma e a coroa do martírio.
     A Irmã Margarida Rutan foi beatificada no dia 19 de junho de 2011, em Dax, França.