Em 1870, Eurósia tinha quatro anos quando
foi viver com a família em Marola, aldeia do distrito de Torri di Quartesolo (Vicenza).
Ela ali permaneceu durante toda a sua vida. Apenas frequentou as duas primeiras
classes elementares, de 1872 a 1874, pois ajudava o pai nos trabalhos do campo
e a mãe nos trabalhos domésticos. Todavia esta instrução foi suficiente para
que ela aprendesse a escrever e a ler, particularmente a Sagrada Escritura, ou
outros livros religiosos, como o catecismo, a História Sagrada, a Filoteia
e as Máximas eternas de Santo Afonso de Liguori.
Além das atividades domésticas, Eurósia
ajudava também sua mãe no ofício de costureira, profissão que ela irá exercer
mais tarde. Rica em qualidades humanas e religiosas, Eurósia sempre se mostrava
atenta às necessidades da sua família.
Aos doze anos recebeu a Primeira Comunhão.
Desde então ela era assídua ao Sacramento Eucarístico, recebendo-o todos os
dias de festa religiosa, já que então não se praticava a comunhão quotidiana; só
bem mais tarde, em 1905, foi publicado o decreto de São Pio X autorizando a
comunhão diária.
Eurósia inscreveu-se na Associação das Filhas
de Maria na paróquia de Marola, sendo assíduas às suas reuniões. Observava
rigorosa e escrupulosamente os estatutos da mesma. O fervor de sua piedade
mariana cresceu ainda mais sob a influência do santuário vizinho dedicado a
Nossa Senhora do Monte Berico, ponto de referência da sua devoção, porque desde
Marola o santuário era bem visível no alto da montanha onde fora construído.
Eurósia tinha como objeto das suas
devoções o Espírito Santo, o Presépio, o Crucifixo, a Eucaristia, a Santíssima
Virgem e as almas do Purgatório. Foi uma apóstola no seio de sua própria
família, no meio das suas amigas e na paróquia, onde ela ensinava o catecismo
às crianças. Também ensinava corte e costura às jovens que frequentavam sua
casa.
Aos 18 anos, Eurósia era uma jovem séria,
piedosa e trabalhadeira. Suas virtudes e a sua estatura física eram notadas, o
que fez com que vários pretendentes desejassem contrair matrimônio com ela, o
que ela sempre recusou.
Em 1885 Rosina (assim a chamavam também na
família) foi tocada por um acontecimento trágico: uma jovem esposa, sua
vizinha, morreu deixando três filhas ainda pequenas órfãs. A mais velha delas
morreu também pouco depois. As duas outras tinham apenas 20 meses e 4 meses,
respectivamente. Um tio e o avô, doente crônico, viviam com o pai das duas
órfãs. Eram três homens de forte caráter que se afrontavam verbalmente ao longo
do dia.
A situação emocionou muito Rosina: durante
seis meses, todas as manhãs ela passou a se ocupar das crianças e pôr ordem na
casa. Seguindo o conselho de seus pais e do pároco, depois de muito rezar, ela
aceitou casar-se com o viúvo, Carlos Barban, bem consciente dos sacrifícios que
ela iria enfrentar. O pároco diria mais tarde: “Foi na verdade um ato heroico de caridade para com o próximo”.
O casamento foi celebrado em 5 de maio de
1886; o casal teve nove filhos. Além de seus filhos, das duas órfãs e de outras
três crianças recolhidas pelo casal, Mamãe Rosa - como a chamavam depois do seu
casamento - ofereceu carinho, cuidados assíduos, sacrifícios e uma sólida
formação cristã. Uma dessas crianças, Mansueto Mazzuco, entrou mais tarde no
convento da Ordem dos Frades Menores Franciscanos, onde passou a usar o nome de
Frei Jorge.
Uma vez casada, Eurósia executava com
grande fidelidade as suas obrigações de vida conjugal, e vivia numa profunda
comunhão com seu marido. Tornou-se sua conselheira e seu conforto, demonstrou
um terno amor aos seus filhos, uma capacidade de trabalho fora de normas, uma
grande capacidade para responder às necessidades do próximo, uma intensa vida
de oração e amor a Deus, uma grande devoção à Santíssima Eucaristia e à Virgem
Maria.
Tornou-se para a sua família um verdadeiro
tesouro, a mulher forte de que fala a Sagrada Escritura. Ela soube gerir as
economias familiares, bem magras, mas conseguia dividir com os pobres o pão de
cada dia. Ela demonstrou as suas qualidades extraordinárias quando seu marido
faleceu após uma longa doença.
Ingressou na Ordem Terceira Franciscana e
viveu o seu espírito de pobreza e alegria, de trabalho e de oração, a atenção
delicada para com o próximo e o louvor a Deus Criador, fonte de todo o bem e de
toda a nossa esperança.
A família de Mamãe Rosa era verdadeiramente
um exemplo de família católica. Ela soube educar e ensinar os filhos a rezar, a
obedecer, a ter o temor de Deus, a oferecer os sacrifícios quotidianos, a amar
o trabalho e todas as virtudes cristãs.
Nessa missão de mãe cristã, Mamãe Rosa
sacrificou-se e consumiu-se num longo e permanente serviço, dia após dia, como
uma luz sobre o altar da caridade. No período de 1918 a 1921, três dos seus
filhos foram ordenados sacerdotes: dois diocesanos e um franciscano, Frei
Bernardino, que foi o seu primeiro biógrafo.
Mamãe
Rosa morreu no dia 8 de janeiro de 1932. O seu corpo repousa na igreja
paroquial de Marola. Eurósia foi beatificada no dia 6 de novembro de 2005, em
Vicenza (Itália) pelo papa Bento XVI.
Fontes: http://alexandrina.balasar.free.fr/eurosia_fabris_pt.htm;
L'Osservatore Romano,
de 11-XI-05.
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