Ainda adolescente, entrou no Colégio Santa
Rosa de Lima, na cidade de Huesca. O contato assíduo com a vida religiosa
dominicana levou-a a interrogar-se imediatamente sobre a sua vocação, que pouco
a pouco começou a definir-se na sua alma.
Em 22 de outubro de 1885, aos 17 anos de
idade, entrou no noviciado das Dominicanas de Huesca, fez profissão no ano
seguinte e tomou o nome de Ascensão do Coração de Jesus. As devoções ao Sagrado
Coração e à Virgem do Rosário serão o seu apoio na sua vida de sacrifício e de
apostolado.
Depois de ter emitido os primeiros votos,
começou a trabalhar como professora, no colégio onde fora aluna, o qual passou
a ser o seu campo de apostolado que duraria 28 anos. As testemunhas guardavam
dela a recordação de uma excelente educadora, ao mesmo tempo suave e forte,
compreensiva e exigente. A partir desta época, com outras Irmãs, desejou
ocupar-se dos mais pobres, mesmo nos países remotos dos quais recebia notícias
pelas revistas missionárias.
Um acontecimento negativo permitiu-lhe realizar as suas aspirações. O
Estado anticlerical fechou a escola em 1912, as religiosas perderam uma boa
parte do seu trabalho e das suas atividades de apostolado. Desejando trabalhar
em favor das missões, as Irmãs escreveram cartas para a América Latina e para
as Filipinas propondo os seus serviços. Madre Ascensão estava "pronta para
qualquer sacrifício".
O Servo de Deus Frei Ramón Zubieta, O.P., perito em viagens missionárias
difíceis, missionário no Peru, foi para a Espanha e aceitou a sua proposta.
Em 1913, aos 45 anos, Madre Ascensão partiu com a primeira expedição,
formada por cinco religiosas e três missionários, estabelecendo-se primeiro em
Lima, onde ficou à espera de poder partir para o Vicariato Apostólico de
Urubamba y Madre de Dios (atualmente, Porto Maldonado), na selva peruana.
Para as pessoas de Lima parecia ser impossível elas atingirem este
objetivo: nunca ninguém tentara tal itinerário, porque era necessário passar
pela Cordilheira dos Andes e viajar por rios perigosos. No entanto, após 24
dias de viagem, para a admiração de todos, elas conseguiram atingir o local
situado na confluência de dois grandes rios, Madre de Dios e Tambopata, através
dos quais então se realizavam todas as comunicações locais.
Depois de poucos dias, as religiosas
abriram um colégio para meninas e um internato para as jovens mais pobres e
deserdadas, dando a sua preferência às nativas. Logo começaram a chegar enfermos
graves em busca de ajuda e as religiosas passaram a abrir as portas da sua casa
também para eles, enquanto esperavam uma solução melhor. Depois, elas mesmas
começaram a visitar os doentes e a prestar-lhes os primeiros socorros, abrindo
sempre novos campos de apostolado.
Madre Ascensão manifestava uma grande fé e
vivia as práticas de oração em estreita observância. Estava sempre unida a Deus
durante as viagens de barco, no dorso de um burro, de canoa ou a pé, enquanto
descobria as belezas da Cordilheira dos Andes e da selva. A sua experiência de
Deus era tão arrebatadora, que ela chegava a dizer: "Não posso explicar o que a minha alma experimenta... Nunca me senti tão
próxima de Deus, como nos meus 16 meses na montanha".
No início, nem Madre Ascensão, nem D.
Zubieta tinham a intenção de fundar um Instituto religioso, mas terminaram por
tomar tal decisão, seguindo o conselho que receberam de um Padre dominicano. O
dia 5 de outubro de 1918 foi escolhido como data para dar início à vida da nova
Congregação, os Missionários Dominicanos do Santíssimo Rosário, com uma cerimônia
solenemente celebrada na Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Lima.
A Congregação nascente contava com quatro
casas, das quais uma era a sede do noviciado. Madre Ascensão foi nomeada a
primeira Superiora-Geral e dedicou à congregação o resto da sua vida terrena,
exercendo uma verdadeira maternidade espiritual muito perpassada de doçura,
sendo ao mesmo tempo uma combatente cheia de coragem.
Gradualmente a sua Congregação tornou-se internacional. Madre Ascensão fez
numerosas viagens no Peru e na Espanha, indo mesmo por duas vezes até a China.
Pode-se dizer que "a Beata Ascensão
do Coração de Jesus é uma das maiores missionárias do século passado"
(Cardeal Saraiva Martins).
Deste apostolado frutuoso, a cruz é o preço: "não se salvam as almas sem se sacrificar a si mesma", dizia
ela frequentemente às Irmãs. Ela mesma ofereceu-se como vítima ao amor
misericordioso de Deus (pode pensar-se aqui na oferta de Santa Teresinha em
1895). Pouco depois ter sido eleita uma terceira vez como Superiora Geral caiu
doente e morreu em Pamplona (Navarra) a 24 de fevereiro de 1940.
Foi declarada venerável em 12 de abril de 2003 e beatificada em Roma no
dia 14 de maio de 2005.
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