segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Beata Ascensão do Coração de Jesus, Cofundadora - 24 de fevereiro

    
Florentina Nicol Goñi nasceu em 14 de março de 1868 numa família de comerciantes de Tafalla, cidade da província de Navarra, Espanha e recebeu o nome de baptismo Florença.

     Ainda adolescente, entrou no Colégio Santa Rosa de Lima, na cidade de Huesca. O contato assíduo com a vida religiosa dominicana levou-a a interrogar-se imediatamente sobre a sua vocação, que pouco a pouco começou a definir-se na sua alma.
     Em 22 de outubro de 1885, aos 17 anos de idade, entrou no noviciado das Dominicanas de Huesca, fez profissão no ano seguinte e tomou o nome de Ascensão do Coração de Jesus. As devoções ao Sagrado Coração e à Virgem do Rosário serão o seu apoio na sua vida de sacrifício e de apostolado.
     Depois de ter emitido os primeiros votos, começou a trabalhar como professora, no colégio onde fora aluna, o qual passou a ser o seu campo de apostolado que duraria 28 anos. As testemunhas guardavam dela a recordação de uma excelente educadora, ao mesmo tempo suave e forte, compreensiva e exigente. A partir desta época, com outras Irmãs, desejou ocupar-se dos mais pobres, mesmo nos países remotos dos quais recebia notícias pelas revistas missionárias.
     Um acontecimento negativo permitiu-lhe realizar as suas aspirações. O Estado anticlerical fechou a escola em 1912, as religiosas perderam uma boa parte do seu trabalho e das suas atividades de apostolado. Desejando trabalhar em favor das missões, as Irmãs escreveram cartas para a América Latina e para as Filipinas propondo os seus serviços. Madre Ascensão estava "pronta para qualquer sacrifício".
     O Servo de Deus Frei Ramón Zubieta, O.P., perito em viagens missionárias difíceis, missionário no Peru, foi para a Espanha e aceitou a sua proposta.
     Em 1913, aos 45 anos, Madre Ascensão partiu com a primeira expedição, formada por cinco religiosas e três missionários, estabelecendo-se primeiro em Lima, onde ficou à espera de poder partir para o Vicariato Apostólico de Urubamba y Madre de Dios (atualmente, Porto Maldonado), na selva peruana.
     Para as pessoas de Lima parecia ser impossível elas atingirem este objetivo: nunca ninguém tentara tal itinerário, porque era necessário passar pela Cordilheira dos Andes e viajar por rios perigosos. No entanto, após 24 dias de viagem, para a admiração de todos, elas conseguiram atingir o local situado na confluência de dois grandes rios, Madre de Dios e Tambopata, através dos quais então se realizavam todas as comunicações locais.
     Depois de poucos dias, as religiosas abriram um colégio para meninas e um internato para as jovens mais pobres e deserdadas, dando a sua preferência às nativas. Logo começaram a chegar enfermos graves em busca de ajuda e as religiosas passaram a abrir as portas da sua casa também para eles, enquanto esperavam uma solução melhor. Depois, elas mesmas começaram a visitar os doentes e a prestar-lhes os primeiros socorros, abrindo sempre novos campos de apostolado.
     Madre Ascensão manifestava uma grande fé e vivia as práticas de oração em estreita observância. Estava sempre unida a Deus durante as viagens de barco, no dorso de um burro, de canoa ou a pé, enquanto descobria as belezas da Cordilheira dos Andes e da selva. A sua experiência de Deus era tão arrebatadora, que ela chegava a dizer: "Não posso explicar o que a minha alma experimenta... Nunca me senti tão próxima de Deus, como nos meus 16 meses na montanha".
     No início, nem Madre Ascensão, nem D. Zubieta tinham a intenção de fundar um Instituto religioso, mas terminaram por tomar tal decisão, seguindo o conselho que receberam de um Padre dominicano. O dia 5 de outubro de 1918 foi escolhido como data para dar início à vida da nova Congregação, os Missionários Dominicanos do Santíssimo Rosário, com uma cerimônia solenemente celebrada na Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Lima.
     A Congregação nascente contava com quatro casas, das quais uma era a sede do noviciado. Madre Ascensão foi nomeada a primeira Superiora-Geral e dedicou à congregação o resto da sua vida terrena, exercendo uma verdadeira maternidade espiritual muito perpassada de doçura, sendo ao mesmo tempo uma combatente cheia de coragem.
     Gradualmente a sua Congregação tornou-se internacional. Madre Ascensão fez numerosas viagens no Peru e na Espanha, indo mesmo por duas vezes até a China. Pode-se dizer que "a Beata Ascensão do Coração de Jesus é uma das maiores missionárias do século passado" (Cardeal Saraiva Martins).
     Deste apostolado frutuoso, a cruz é o preço: "não se salvam as almas sem se sacrificar a si mesma", dizia ela frequentemente às Irmãs. Ela mesma ofereceu-se como vítima ao amor misericordioso de Deus (pode pensar-se aqui na oferta de Santa Teresinha em 1895). Pouco depois ter sido eleita uma terceira vez como Superiora Geral caiu doente e morreu em Pamplona (Navarra) a 24 de fevereiro de 1940.
     Foi declarada venerável em 12 de abril de 2003 e beatificada em Roma no dia 14 de maio de 2005.
 

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