Eteldreda (lat. Ediltrudis; ingl. Audrey e
Ethelthryth), filha de Anna, rei da Anglia oriental, e de sua esposa Saewara.
Seu pai era cristão e fez muito pela conversão do seu reino e do Wessex. Irmã
das Santas Sexburga, Etelburga e Vitburga, ela nasceu em Exning em Suffolk. A
sua vida transcorreu em grande parte na segunda metade do século VII (636-679),
quando grande era o fervor dos Anglos, recentemente convertidos.
Segundo o desejo dos pais, em 652, muito
jovem, ela desposou Tondbert, Rei de Gyrne, com o qual viveu em perpétua
continência. Três anos depois, enviuvou e retirou-se na Ilha de Ely, que havia
recebido do marido como dote de núpcias. Ali viveu vida solitária por cinco
anos, dedicando-se à oração a maior parte do seu tempo.
Em 660, por motivo de família, talvez para
assegurar alianças políticas, casou-se com Egfrido, o filho mais novo de Oswy,
rei da Nortumbria. Ela aceitou este casamento com a condição de que o jovem
marido se empenhasse em respeitar a sua virgindade. Como dote, ela recebeu algumas terras em Hexham, que doou para São Vilfrido
de York fundar a basílica de Santo André. São Vilfrido foi seu amigo e guia
espiritual.
Quando de
seu casamento, Egfrido era um adolescente e Eteldreda, vários anos mais velha,
obteve sua estima e afeição imediatamente; ela exerceu uma pura e nobre
influência sobre ele. Ele se sentava junto a ela, dela adquiria sabedoria
e ele a ajudava em suas boas obras.
Em 670, aos 24 anos, Egfrido subiu ao
trono da Nortumbria. Enquanto Rainha, Eteldreda se deleitava no convívio com
monges e monjas, e convidava para o palácio aqueles mais distinguidos pelo
saber e piedade (entre eles São Cutberto, o jovem prior de Lindisfarne).
Egfrido, que por
doze anos fora um mero e humilde adorador de sua bela esposa, agora,
arrependido da condição aceita por ocasião do casamento, pediu ao santo bispo
Vilfrido que o desobrigasse daquela promessa. Após um período de disputa e
seguindo o conselho de São Vilfrido, Eteldreda se retirou no mosteiro de
Coldingham, onde sua tia Santa Ebba, era abadessa, e ali recebeu o véu, isto é,
tornou-se monja em 672.
Temendo represálias de Egfrido, Santa Ebba
sugeriu que Eteldreda, acompanhada de duas monjas de seu mosteiro, procurasse
outro refúgio. Ela então foi para sua Ilha de Ely. Muitas são as histórias
relacionadas com os perigos de sua jornada.
Eteldreda restaurou a antiga igreja de
Ely, destruída por Penda, rei pagão dos Mercians, e construiu seu mosteiro ao
lado do que atualmente é a Catedral de Ely. Em 673, Eteldreda iniciou o governo
do mosteiro duplo que dirigiu até sua morte, em 23 de junho de 680.
Ela dirigiu o mosteiro deixando um grande
exemplo de piedade, abstinência e todas as virtudes monásticas. Embora se
tratando de uma grande dama que crescera num ambiente brando, ela passou a usar
tecidos rústicos. Ela se negava o uso do banho quente, um luxo muito em uso
entre os ingleses de seu tempo. Ela só se permitia esta indulgência nas grandes
festas do ano.
Muitos de seus velhos amigos,
relacionamentos e pessoal da corte seguiram o seu exemplo; muitos colocavam
suas filhas sob seus cuidados; monges e padres a procuravam como a um guia
espiritual.
São Vilfrido não
havia retornado de Roma, onde obtivera de Bento II privilégios extraordinários
para a fundação, quando Eteldreda morreu de um tumor no pescoço, que ela mesma dizia
ser uma punição pela vaidade com que usara colares em sua juventude. Na
realidade foi uma praga que atingiu várias de suas monjas.
Depois de sua morte, sua irmã, sua sobrinha e sua
sobrinha-neta, todas princesas reais e duas delas rainhas viúvas, seguiram-na
como abadessas de Ely.
Dezessete anos após sua morte, seu corpo
foi encontrado incorrupto: São Vilfrido e o médico Cinefrido estavam entre as
testemunhas. O tumor do pescoço, retirado por seu médico, estava curado. As
roupas em que seu corpo fora envolvido estavam tão frescos como no dia em que
ela fora enterrada. Seu corpo foi colocado em um sarcófago de pedra de origem
romana, encontrado em Grantchester, e enterrado novamente.
Ao longo de muitos
séculos seu corpo foi objeto de devota veneração na famosa igreja que surgiu em
sua fundação. Muitos milagres aconteciam junto ao seu túmulo. A Abadia de Ely
foi dirigida por princesas da mesma família e por muitos anos foi muito famosa.
O túmulo de
Eteldreda foi meta de peregrinação até a Pseudo-Reforma: em 1539 a Abadia de
Ely foi dissolvida por Henrique VIII, e em 1541 o túmulo da Santa foi destruído
pelos seguidores aquele rei. A Catedral de Ely começara a ser construída no
século XI; a Abadia de Ely sofreu menos do que outros mosteiros, mas mesmo
assim, as imagens bem como os vitrais da catedral foram destruídos. A catedral
foi restaurada nos séculos XIX e XX.
A Santa era particularmente invocada
contra as doenças da garganta e do pescoço. Os doentes de tais males costumavam
usar gargantilhas adquiridas no seu santuário. As gargantilhas eram chamadas
Tawdry (abreviação de Saint Audrey, o nome de Eteldreda em inglês).
Uma mão da santa é
venerada na Igreja de Santa Eteldreda, em Ely, que goza da distinção de ser a
primeira igreja na Grã-Bretanha restaurada para o culto católico.
Etimologia: Etel, do anglo-saxão: “nobre pela
riqueza”. Inglês: Ethel.
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